Aturando o Halloween

Agora que já passou eu posso dizer: eu odeio Halloween.

Entendo que a gente importe algumas modas culturais dos anglo-saxões. Eles mandam no mundo há quase 400 anos, esse “intercâmbio de mão única” faz parte do negócio. Mas a comemoração do All Hallow’s Eve irlandês é incompreensível, pelo menos para mim, brasileiro e baiano.

(Quem quiser conhecer as origens do Halloween dê uma passada aqui.)

A facilidade com que o Halloween se espalhou por aqui tem uma explicação simples: uma elite que não cansa de abanar o rabo para tudo o que é americano, que tem vergonha de suas origens e vira o rosto para tudo o que tem cheiro de povo.

A história do Halloween pode até ser bonita, mas não é minha. Enquanto isso, o Brasil tem uma infinidade de tradições tão ou mais belas que o Halloween. Só para dar um exemplo, o candomblé tem uma riqueza de mitos impressionante. Trick or treat é especialidade, por exemplo, de Exu. Quem se veste de bruxa no dia 31 de outubro devia conhecer como Xangô carregou seu pai Oxalá, com as pernas quebradas, nas costas. Ou saber que, quando antes de beber derrama um pouco no chão “para o santo”, está pedindo permissão a Exu.

Tem mais. O sul tem o Negrinho do Pastoreio, o Curupira e o Caipora se espalham por todo o país. Se tem uma coisa de que o Brasil não precisa é de superstições importadas.

Mas podia ser pior. Nos Estados Unidos, os radicais religiosos ainda perdem tempo discutindo se o Halloween é só uma festinha de criança ou uma perigosa festa demoníaca.

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