Como perder uma guerra de cervejas

A campanha da Nova Schin é um exemplo de planejamento acurado com uma solução criativa simples de doer, que basicamente se limita a traduzir o planejamento da maneira mais obviamente ululante possível.

Não é sorte. A campanha é da agência do Eduardo Fischer, o mesmo que criou a mais brilhante campanha de cerveja de todos os tempos, a “No. 1” da Brahma. Não é sorte porque as duas campanhas são absolutamente diferentes, já que tratam de produtos e situações diferentes. É uma campanha brilhante, e o resultado é que a Nova Schin já tem que olhar para trás se quiser ver a Kaiser e a Antarctica.

Enquanto isso, as respostas da Brahma e da Antarctica são de uma pobreza estrondosa.

Na Veja desta semana a Brahma veiculou um anúncio em que diz que “Brahma é a minha cerveja e sempre será”. A Antarctica, por sua vez, está com um comercial em que seus bebedores usam fones de ouvido pra evitar o apelo da Schincariol e tomar sua cerveja em paz. Deve querer dizer que a Schin é apenas propaganda, na melhor das hipóteses.

As duas campanhas são medíocres. A da Brahma por dar um apelo ufanista quando não é cabível; a Brahma é uma cerveja, não é uma pátria, não é sequer um time de futebol. A Brahma só é a minha ou a sua cerveja até o momento em que aparecer outra melhor.

Quanto à da Antarctica, que cerveja vagabunda é essa, cujos consumidores são incapazes de resistir aos apelos de uma boa campanha, e só tomam sua Antarctica com os ouvidos tampados?

Enquanto escrevia os parágrafos acima pensei em pelo menos duas soluções melhores para os problema das duas cervejas que se vêm ameaçadas pela Nova Schin. Eis uma sinopse simples para um comercial bem mais pertinente: Fulano chega num bar, Sicrano oferece sua cerveja para que ele experimente, Fulano se recusa, Sicrano insiste, Fulano experimenta — e pede outra cerveja.

Mas talvez isso seja muito simples. É preciso arranjar uma piadinha, alguma coisa para complicar o que deveria ser simples. É como o general que insiste em criar situações táticas criativas numa guerra quando a situação pede um simples bombardeio, para arrebentar tudo de uma vez.

A Antarctica e a Brahma bem que podiam experimentar isso.

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