Os lordes da Veja

Não sei se é só para mim, mas a Veja parece uma revista cada vez mais chata. Não só pelas matérias aparentemente pagas ou pelas posturas políticas escancaradas; mas pela forma como tenta convencer o povo a acreditar nas bobagens que diz.

A campanha que ela vem fazendo contra Lula chegou a um ponto que beira o ridículo. Nas últimas edições vem descendo a lenha na viagem ao Oriente Médio. Seu argumento básico é o de que deveríamos estar cortejando os países ricos, e não os pobres.

Uma nota na coluna Radar da edição desta semana, no entanto, traz uma informação bastante interessante: a Vale do Rio Doce está estudando a compra de minas em Angola, Moçambique, China, Gabão, Chile, Peru e Mongólia.

Até onde sei, o Gabão não é exatamente uma Suécia, nem Angola tem padrão de vida dinamarquês. É justamente por isso que a Vale está lá: porque países pobres oferecem um mercado aberto para um país sub-desenvolvido, mas não tanto, como o Brasil.

Esses mercados insignificantes, como os julga a Veja, podem representar uma boa oportunidade de negócios. A falácia da globalização nos termos americanos esbarra nas mesmas barreiras que prejudicam, por exemplo, o aço e o suco de laranja brasileiros nos EUA. É tudo muito bonito, mas na prática o buraco é sempre mais embaixo. E isso se formos pensar apenas em matéria-prima. Porque no que traz maior valor agregado, como produtos com alguma tecnologia e serviços, é simplesmente impossível vender para os países desenvolvidos.

Mas o Terceiro Mundo pode absorver mais produtos brasileiros, e são um mercado bastante interessante. Parece lógico vender para os mais pobres que o Brasil; alguém acha que a Gradiente conseguiria exportar aparelhos de DVD para o Japão? Improvável. Mas certamente poderia vender para a Costa do Marfim.

É por isso que, em que pesem equívocos graves como passar dois dias na Líbia e oferecer apenas 10 horas à Arábia Saudita (justamente recusados pelos sauditas, que se respeitam), a viagem de Lula é válida. Atitude não é só ficar reclamando contra Bush e Blair, é tomar providências. E estão fazendo isso.

Mas isso é só o que Rafinha Galvão acha. Os lordes da Veja devem saber mais. Os barões da Exame também — ontem mesmo eu estava olhando uma edição de 2000, com Peter Drucker na capa (na verdade uma cópia da Business 2.0), em que eles diziam que o risco de racionamento de energia em 2001 estava afastado.

4 thoughts on “Os lordes da Veja

  1. Olha, Rafinha Galvão, não é só pra você que a Veja está cada vez mais chata. Na verdade, faz uns dois anos que não procuro ler suas matérias. O que me irrita é justamente o que você falou dela: “mas pela forma como tenta convencer o povo a acreditar nas bobagens que diz”. A Exame é outra merda. Uma merda de verdade. Essa revista é uma porquice PSDBista da pior estirpe.

  2. o ze arbex esteve em limeira e o TQ entrevistou ele. estah liderando uma campanha contra a Veja, com apoio de varias entidades e sindicatos. a ultima (pior) da revista foi a materia de capa sobre os trangenicos (com 12 paginas) e SEM citacao de uma soh fonte. Hard!

  3. Esta revista nada mais é que mais um dos formadores/manipuladores de opinião desse país… Beijos sumido!!

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