A última enganação da Igreja

Ainda lembro dos problemas que “A Última Tentação de Cristo”, o filme de Scorsese, encontrou no mundo inteiro.

A Igreja Católica repudiou o filme alegando que não podia concordar com um Jesus que ia para a cama com Maria Madalena e que cedia à tentação de escapar à crucificação.

Milhares de pessoas comentaram a decisão da Igreja Católica. Atacaram os argumentos apresentados e lembraram que no final Jesus resistia, essas coisas. Ficou estabelecido, então, que esse era o tópico central do filme, e o ponto que incomodava a Igreja.

O filme não chegou a Aracaju, onde eu morava na época. O dono dos únicos cinemas da cidade alegou que não ia passar um filme herético como aquele; a verdade é que ele não exibia nada da UIP, distribuidora do filme, por questões financeiras. O sujeito era complicado: normalmente exibia os filmes com alguns meses de atraso, quando os preços baixavam.

Assisti ao filme em Salvador. Saí impressionado com o que me pareceu ser a miopia de meio mundo.

E até hoje acho que o papa e os cardeais, no luxo do Vaticano, liam os comentários que faziam contra sua “estreiteza” às gargalhadas.

A Igreja foi sagaz o suficiente para evitar tocar no ponto que realmente deve ter incomodado: um diálogo entre um anônimo Jesus e São Paulo, em que Aquele, assustado com as deturpações de Seus ensinamentos, é confrontado com a triste verdade: não interessava o que Jesus disse, interessava o que aqueles que O sucederam fizeram da religião.

A partir desse dia cheguei à conclusão de que a) a velha e boa Igreja Católica não nega os milênios de experiência; e b) críticos de cinema que realmente assistem aos filmes que resenham são cada vez mais raros.

3 thoughts on “A última enganação da Igreja

  1. Muito bom mesmo…
    É saudável ver Jesus 100% se humano que sabemos que Ele foi. Com fraquezas, medos e dúvidas, só assim daremos muito mais valor ao homem que foi Jesus com coragem de enfrentar a tudo por amor ao próximo. Sendo Deus ficaria muito fácil para Ele, mas mesmo sendo todo Deus e ao mesmo tempo todo homem com medo e com tudo Ele enfrentou.
    O filme mostra muito isto e só que é muito recalcado não percebe o quanto é importante ver Jesus como gente para poder ter também amor ao proximo. Amar Jesus é fácil,difícil é fazer o que Ele mandou.

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