Sedna, o planeta que nunca existirá

Nas últimas horas tenho dito mais palavrões que o normal. É assim que estou me referindo à descoberta de um provável décimo planeta no Sistema Solar.

Não é pelo planeta em si. Não me incomodo com os problemas do vizinho do 304, quanto mais com um pedaço de gelo a 13 bilhões de quilômetros de onde me sento. Me importa ainda menos que a exclusão de Plutão do Sistema Solar, que está sendo discutida atualmente. (Tanto Plutão quando esse dejeto de freezer podem fazer parte do cinturão de Kuiper e não ser exatamente planetas.)

A questão é que essa onda politicamente correta está chegando a exageros absurdos.

A tradição cosmológica do meu planeta reza que batizemos os outros planetas do Sistema Solar com nomes de deuses greco-romanos: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e Plutão. Até as 63 luas de Júpiter têm nomes gregos. Um novo planeta deveria receber um nome semelhante; em homenagem à era de conhecimento que pretensamente vivemos poderia ser chamado de Minerva, por exemplo.

Mas os nerds da NASA decidiram que não, que devemos ser menos eurocêntricos, e nesses tempos em que os EUA e suas neuroses regem o mundo tudo é possível. Resolveram dar o nome (provisório, ainda) de Sedna.

Sedna, fico sabendo agora, é uma deusa dos esquimós, responsável pela criação dos seres marinhos. Muito importante, como se vê. Fundamental para a compreensão do mundo em que vivo, para a tradição filosófica e literária do planeta. Jung tem um estudo sobre os arquétipos mitológicos em que fala extensivamente de Sedna. Milhares de livros foram escritos sobre a cosmogonia esquimó. Chamar o décimo planeta de Sedna é um reconhecimento justo ao seu impacto decisivo na evolução cultural de nossa sociedade.

“Mas é essa a questão”, pode dizer um dos nerds da NASA. “Temos que dar espaço a outras manifestações culturais além daquelas nascidas na Ásia Menor.” Então tá. Multiculturalismo é bom, bonito, e dá bom assunto de conversa em mesa de bar. Os esquimós são bonitinhos, também, com seus corpos untados de banha de foca e baleia e seu extinto hábito de oferecer a própria mulher a seus hóspedes. Os esquimós são muito legais. Seus deuses devem ser, também. Eu não tenho nada contra os índios que vieram do frio.

Mas as pessoas precisam se dar ao respeito de suas tradições. E nem amarrado eu chamo aquele picolé de Sedna, a partir do momento em que ele for reconhecido como planeta.

8 thoughts on “Sedna, o planeta que nunca existirá

  1. claro que existe o decimo planeta!!!!!! você acha q nao pode existi so porque nao foi você que descobriu… se toca cara nada e escoberto por a caso… tudo eh feito programado p ter dias e horas para ser descoberto. e chego o dia da sedna ser descoberto.

  2. Bom eh claro que existe o planeta sedna por que a nasa mostro e confirmou q o planeta existe e naum tem como desprovar pq ele tem semelhanças de todos os planetas

  3. Ora, pois, eu não vejo nada de errado. Às vezes, temos que fugir um pouco do padrão, para poder chamar a atenção. E outra: deve-se lembrar de que os tempos são outros, os outros planetas foram descobertos há bem mais tempo. Naquela época, a mentalidade do é mais fácil imitar/copiar a idéia (original) do que usar uma nova ainda prevalecia, lembrem-se disto. Até.

  4. Pelas barbas do Profeta.

    Quando começarem a dar a corpos celestes os nomes das húris do Paraíso, eu começarei a me preocupar.

    Dispois, esse negócio de ser ou não ser planeta não é tão aleatório assim, não.

    abçs

  5. O Homem vive ate hoje procurando uma razão para a sua existência, quem sabe se ela esta tão perto.
    e nos não percebemos.
    Tradição e ema fantasia criada pela sociedade
    Se fosse concreta seria única como a ciência.

  6. Na verdade se o nome ao tal picolé dado foi Sedna e assim sendo nomeado por estadunidenses, fica evidente que a idéia foi sampleada de um não norte americano, a sociedade do norte nada cria só imita, por isso se infiltra em qualquer cultura essa idéia é tão antiga quanto Roma. Na verdade não me faz qualquer diferença se o tal planeta é mesmo um planeta ou até mesmo um detrito espacial que ganhou órbita por algum motivo qualquer à bilhões de anos atrás. Se não foi até agora reconhecido como planeta, é por quê não faz diferença alguma. Não vou andar mais leve nem mais pesado pelas ruas por quê existe um planeta a mais neste sistema solar, e tão pouco a acelerão da gravidade sofrerá mudanças. Se preocupem com a mudança do eixo magnético da terra, isso sim provocará mudanças extraordinárias na nossa realidade… Cuidado terrestres!

  7. “Mas as pessoas precisam se dar ao respeito de suas tradições”, diz você. O fato é que essas tradições são bem problemáticas. Por exemplo, se tradição fossem mantidas você (eu também) seríamos servos boçais mortos de fome, trabalhando o tempo todo! Ou você acha que seria um príncipe da Renascença ou um senador romano? Jogar do lado da tradição geralmente dá em besteira…

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