Arafat

O tema me interessa, sempre interessou. Mas os dias passaram e eu ainda não tenho nada a dizer sobre a morte de Arafat.

O Marcus fez uma análise perfeita da situação; o Nuno Guerreiro também. Eu, de qualquer forma, nunca cheguei a uma conclusão sobre Arafat. Não por ter sido terrorista — Begin e tantos outros promoveram seus próprios atos do tipo, sem falar na resistência proto-israelense durante o domínio inglês; isso não o diminui, em comparação aos seus adversários. Terrorismo é método, apenas, utilizado por quem não tem tanques. Terrorista é coronel de pobre. Na verdade, o que sempre me deixou em dúvida quanto a Arafat foi sua tática.

Tenho ainda menos certeza de que Arafat era tão responsável assim pela violência palestina; não custa lembrar que o que detonou esta nova intifada foi a visita de Sharon à Esplanada das Mesquitas de Jerusalém em 2000, unicamente para fazer pressão política. Para ele deu certo, porque conseguiu se tornar primeiro-ministro. Para o povo israelense, nem tanto. E para o povo palestino, bem…

Mas não tenho certeza de que concordo com algo que o Guerreiro falou: de que é a hora de Sharon pendurar suas chuteiras.

Eu nunca me imaginei dizendo isso, mas talvez Sharon seja hoje uma das melhores opções para a esquerda israelense. Ele continua sendo o canalha que sempre foi, o assassino responsável por Sabra e Chatila ao apoiar a chacina de refugiados palestinos por milícias cristãs; mas se comparado a setores mais radicais da sociedade israelense, ele é quase um Gandhi.

Se ele, confiável para aqueles setores mais radicais, está enfrentando tantas dificuldades, eu não quero nem imaginar o que um sujeito mais decente enfrentaria.

5 thoughts on “Arafat

  1. Muito interessante seu comentário, Rafael. O engraçado é que eu lembro de algumas lideranças palestinas dizendo, após a morte de Rabin e a ascensão de Netanyahu, que era mais seguro negociar com uma liderança conservadora, pois ela teria mais respaldo na sociedade israelense para fazer cumprir os acordos.

    Nota-se visivelmente em Ariel Sharon o desejo de passar à história como o líder que pacificou a Palestina, mesmo que seus planos recebam críticas de todos os lados, e a esquerda israelense tenha votado neles mais por não ter outra opção.

    Eu não arrisco nenhuma previsão. Não tão dizendo que Bush também vai pensar nisso agora – sua biografia? Seria apressado ter otimismo agora, mas observemos com atenção o desenrolar da coisa…

  2. Sempre vi o Arafat como um mal nescessário à causa palestina. Hoje acredito que nem tão mal, nem tão nescessário.
    Ciao

  3. sabe meu comentário não tem nada haver com este post, faz tempo que leio seu blog, mas nunca comentei… dai um dia o professor de historia perguntou meu nome , ele torceu a boca e me chamou de Rita, poxa na hora lembrei do teu post, fiquei contente… dai por diante meu nome mudou de um nome complicado (Schweyka), para um nome simples e decidido… Ta certo não liga para a minha evasão… só lembrei…

  4. A Palestina não tem um estado estabelecido. O que veremos agora é um novo líder, aglutinando as decisões, e necessitando se impor. Não é o melhor retrato de um comando moderado pronto para negociar. Acho que as coisas vão se acirrar em um futuro próximo.

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