Cheia de graça

Poeminha de Bertolt Brecht, em tradução de Aires Graça.

Fosse eu a escrever isso — reclamaram tanto de uma bobagem, de eventuais usos heteredoxos que eu daria à combinação de crucifixo e bunda de freira — e me crucificavam.

MARIA SEJAS LOUVADA

Maria sejas louvada
Como és tão apertada
Uma virgindade assim
É coisa demais p’ra mim.

Seja como for o sémen
Sempre o derramo expedito:
Ao fim dum tempo infinito
Muito antes do amen.

Maria sejas louvada
Tua virgindade encruada
‘Inda me pões fora de mim.
Porque és tão fiel assim?

Por que devo eu, que dialho
Só porque esperaste tanto
Logo eu, o teu encanto
Em vez doutro ter trabalho?

8 thoughts on “Cheia de graça

  1. Caro Rafael, o Brecht teve que fugir do país e vagou pela Europa até ir pros Eua. Seria tudo por causa do poeminha? Em todo caso, o lance do crucifixo e a freira não acho que seja motivo pra escandalo. Tenho certeza que muita freira faz uso regular da prática. Alias, vou perguntar pras minhas amigas freiras. Vou dizer que foi voce que mandou.

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