Ainda as eleições

O resultado da “pesquisa” sobre as eleições me surpreendeu.

A anterior tinha sido feita antes dos escândalos que que se multiplicaram a partir do Maurício Marinho. Seria de esperar, portanto, que os votos em Lula diminuíssem.

No entanto, não foi isso o que aconteceu. Lula teve 12 votos, Alckmin 10, 11 votaram nulo e a Gralha das Alagoas teve 5 votos. Na votação passada, Lula teve 8, Alckmin, Serra, César Maia e Heloísa Helena juntos tiveram 7, e 10 votavam nulo.

A pesquisa não tem nenhum valor por várias razões. Mas como todos os leitores podem ser considerados de, no mínimo, classe média, dá para pensar em uma possibilidade curiosa.

A classe média é, de longe, o segmento onde a queda de Lula tem sido mais acentuada. É por isso que essas eleições deverão ser um pouco diferentes da de 2002: as classes mais baixas é que sustentam Lula (e agora a oposição abre a boca para gritar que o povão não entende nada; não dizia isso quando esse mesmo povão apoiava Fernando Henrique).

Seria de esperar, portanto, que justamente aqui Lula agora tivesse menos votos que na “votação passada”. Mas não foi isso que ocorreu: pelo contrário, mais gente votou do que antes. O crescimento de Alckmin, que mal era lembrado na eleição anterior, não quer dizer nada: na época ele nem era candidato. Mas o crescimento de Lula, proporcionalmente menor, é uma surpresa curiosa. E talvez possa ser considerado um indicativo que a eleição está menos feia para Lula do que querem fazer parecer.

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Falando de pesquisas sérias: a do Ibope, em São Paulo, não é bem uma surpresa. É natural que Lula perca lá, embora a diferença deva deixar o pessoal responsável pela reeleição assustado. Mas a do Datafolha, nacional, ao não mostrar nenhuma alteração importante em relação à última diz uma coisa interessante: que a queda de Palocci não influiu nas intenções de voto. E olha uqe eles nem sabem dos bastidores tenebrosos que levaram à queda do ministro.

É cedo para afirmar isso, e Alckmin deve crescer mais com o decorrer da campanha. É a única vantagem do picolé de chuchu diet, não ter o nível de rejeição que Lula ou Serra têm e só poder crescer. Mas é bem provável que a maior parte do mal que se podia fazer à candidatura de Lula já tenha sido feita, a não ser que apareçam novos fatos, realmente graves.

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O jeito “republicano e responsável” da oposição tem feito um bom estrago, certo. Mas é engraçado que em alguns setores ela tenha feito justamente o contrário: reforçado a adesão a Lula por um sentimento de revolta contra seus métodos — como, por exemplo, os comerciais anônimos que o PFL veiculou há algumas semanas batendo pesado no PT, tentando desesperadamente vincular Lula aos casos de corrupção.

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Da seção de “dois pesos e duas medidas”:

Quando o governo tentava justificar seus erros, seu relacionamento incompetente com o Congresso e o caixa 2 com a alegação de que todo mundo faz isso, a oposição corria a dizer que isso não valia, que não podia justificar um erro com outro.

Agora que Serra rasga seus compromissos, o Fernando veio logo perguntar pelo Palocci. E num post que não defende o governo das acusações

Sei lá, podiam dizer que São Paulo chamou, que era um imperativo histórico, qualquer coisa.

Além disso, quando os escândalos do mensalão começaram a se suceder, reclamaram que o pessoal que defendia o governo tinha se calado. Mas agora eu não vejo muita gente defendendo as quebras de promessa de Serra ou os vestidos (40, não 400) da senhora Alckmin.

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Mas uma coisa não mudou.

Nas duas votações, o Ina falou, falou, falou e não disse em quem votava.

5 thoughts on “Ainda as eleições

  1. o Lula vai ganhar, não há dúvidas. O PT ainda vai colocar a campanha no ar, e imagina que não vão bater, ou que vão elevar às máximas potências o que foi feito de bom neste mandato. Coisa de proporções bíblicas.

  2. Não seja por isso, Rafael. Fosse Serra o candidato do PSDB, votaria nele sem dúvida nenhuma (aliás, como fiz em 2002, quando também votei em Genoíno para governador). Mas, como os tucanos cometeram o despautério de aceitar Alckmin, voto no candidato que o PDT lançar, seja ele Christovam Buarque ou Jefferson Peres.

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