Nunca é tarde para tripudiar

Ano passado nós, flamenguistas, tivemos que ouvir o Idelber debochar do nosso time a quase cada post sobre futebol.

Seguindo o mau exemplo do MarcosVP, nos chamava de mulambada (como se vascaínos cheirando a bacalhau tivessem moral ou história para chamar alguém de mulambada, como se o ápice de sua carreira não fosse um “tri-vice” no Carioca dado pelo Flamengo), destilando a mágoa por ter perdido um campeonato brasileiro há quase um quarto de século.

Ah, o Idelber nos provocou. Debochou até não poder mais, ria dos neguinhos na geral do Maracanã, aqueles que levam na cabeça copos com xixi. Ele ria, e eu imagino o trotskista rindo de olhos fechados até a barriga doer, até as lágrimas descerem livres pelo seu rosto.

Com os olhos fechados o Idelber não viu o Atlético rolando ladeira abaixo.

Mas o tempo passa, sempre passa.

Outro ano começou. A cada novo jogo, humildemente envergamos nossos molambos para ver o nosso time jogar na primeira divisão, esperando que das faltas cobradas por Renato saiam os gols que evitarão, pela primeira vez em muito tempo, que cheguemos à última rodada torcendo para que não sejamos rebaixados, que não passemos por essa humilhação atroz na história de um time, que não tenhamos que nos consolar cantando no estádio enquanto o nosso time é rebaixado, como se a dedicação da torcida compensasse o vexame.

Enquanto isso os lordes mineiros colocam sua melhor roupa para ver o Galo, hoje um capão, enfrentar a segunda divisão, jogando contra portentos do esporte bretão como São Raimundo, CRB e Remo.

Mas isso não é nada. Este post não existiria se na última quarta-feira, em outro campeonato, o Flamengo não tivesse enfiado quatro gols no Atlético. Quatro a um, o resultado clássico que define, em qualquer dicionário, uma goleada.

Deve ser muito chato levar uma surra dessas de um montão de molambos.

E não importa que o Flamengo perca hoje à noite; não importa sequer que o Flamengo seja desclassificado pelo Atlético, por difícil que seja. Não importa que a Copa do Brasil não seja o Campeonato Brasileiro, não importa que tenhamos perdido domingo para o Internacional, não importa nem mesmo a hipótese absurda de que a partir de agora o Atlético ganhe vinte partidas seguidas do Flamengo. Nós, que achamos que o tripúdio é o que há de mais verdadeiro no futebol, sabemos que amanhã poderá ser a nossa vez de sofrer as humilhações mais escarninhas, e não alimentamos a ilusão de que o Idelber deixará de aproveitar a sua chance, se a tiver.

Mas, por enquanto, saudações rubro-negras, Idelber.

9 thoughts on “Nunca é tarde para tripudiar

  1. O mais engraçado é que na sede do Galo neste exato momento, a fila pra comprar ingressos está dobrando o quarteirão. Todo mundo lá batendo palmas e cantando o hino. Eu, flamenguista que sou, fico me deliciando e enquanto o jogo não começa, fico imaginando outra bordoada hoje, hehehehehe.

  2. Saudações mesmo!

    A evolução do time é clara, como disse o Milton.

    Agora, Rafa, será que o Kléber Leite tem algo a ver com isso??

    o que vc acha??

  3. Com atraso por causa da viagem, saudações recebidas, logo depois do pior jogo da história de Galo x Mengo – jogo visto no boteco, não no estádio, sábia decisão.

    Carpe diem, stalinista, porque este ano caem quatro e sobem quatro. E se acontecer o que espero que aconteça – e o que manda a lógica do futebol – tanto na A como na B, tu terás um dezembro melancólico.

    I’ll be back 🙂

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