Blogoseira em chamas — ou quase

Discussão curiosa, essa que está se espalhando na blogoseira a respeito do que chamam de monetização (eu chamo de descolar um troco) dos blogs.

É uma espécie de guerra verbal entre militantes de duas visões diferentes de blogoseira. Um lado vê a bichinha como uma oportunidade de ganhar dinheiro, uma espécie de nova fronteira; outro vê a dita como uma grande plataforma de comunicação social, também uma espécie de nova fronteira. É essa diferença de visões que gera a discussão.

Mas essa discussão já está cansando. Porque não tem solução, até porque não há realmente um problema. Principalmente porque estão partindo de um pressuposto errado.

O principal equívoco nessa discussão é o fato que os dois lados estão tentando definir o que deve ser a blogoseira, a partir de suas próprias visões de mundo. E isso é impossível: blogs, afinal de contas, não passam muito de uma ferramenta, e o que faz a diferença é a maneira como ele é utilizado. Isso quer dizer que tantos tipos de blogs e abordagens existem quanto existem pessoas diferentes neste mundo. Esse é um universo amplo demais. E que evolui a despeito das visões das pessoas envolvidas.

Ou seja, independente das vontades individuais ou mesmo de grupos, a blgooseira vai fatalmente comportar todas essas manifestações. Vai haver espaço para condomínios idealistas como o Verbeat ou o Insanus, e para empresas como o Interney.

Não há nada mais válido e justo do que alguém querer viver do que escreve em um blog. Nem tampouco de alguém que quer — e aqui eu parto descaradamente para a auto-defesa — usar a internet para falar as bobagens que bem entender, brigar com pseudo-feministas e quetais. Ou para quem quer simplesmente comer uma moça bonitinha e gostosinha e com bom remelexo, porque blogs para comer mulher são sempre uma boa alternativa, é só fazer uns textinhos bonitinhos beirando a pieguice, dizer que é gente boa, que respeita o sexo feminino — essas coisas que nego diz na cara de pau por causa da danada da testosterona.

E há espaço para todas essas manifestações. A questão é que a escolha quem faz é o leitor. Por tudo isso, a discussão é boba e desnecessária. Cada um faça o seu, como quiser. É tão simples.

(Obviamente, quem me vê falando assim acha que eu não gostaria de ganhar dinheiro com o meu blog. Equívoco, dos grandes. É claro que eu gostaria. Eu gostaria de acordar todo dia no começo da tarde, sentar diante do computador, escrever duas ou três bobagens, e depois ter a noite e a madrugada livres sabendo que no fim do mês teria dinheiro suficiente para as minhas garrafas de Jack Daniel’s. Mas também gostaria de ganhar dinheiro como gigolô de velhinhas carentes, mesmo gordo demais para isso; comer velhinhas carentes não deve contar como luxúria, não deve ser pecado sequer venial. No fim das contas, eu gostaria de ganhar dinheiro de qualquer jeito, velho avarento que sou, Gobseck da caatinga. Eu gostaria de tantas coisas.)

14 thoughts on “Blogoseira em chamas — ou quase

  1. Rafael, concordo com vc…entendo quem escreve blog pra ganhar dinheiro (eu tbém qria), entendo quem escreve blog por idealismo, entendo quem consegue manter o idealismo mesmo ganhando dindim…
    Agora, o que eu não entendo, de jeito nenhum, é por que uma pessoa tem um blog E NÂO escreve, como faz o nosso colega Alexandre, aí de cima, ehehehe.
    Bjos

  2. Já falamos um tanto sobre isso, bem pouco. Confesso que também acho muito sedutor me imaginar pagando contas com um blog. Ficaria o dia todo de bermudas, no conforto do meu cafofo. O melhor dos mundos: poderia levar o micro (e o cafofo) para qualquer lugar do planeta. Nossa, me pego em devaneios. Caribe? Tahiti? Sul da Itália? Ilhas gregas? Não há limite nos sonhos. Só na banda larga de cada recanto.

    Mas confesso um certo incômodo. Uso o blog para um desabafo, um tanto o quanto anticapitalista. Pega mal fazer da minha página um macacão de fórmula um. E a diagramação fica horrenda. Vejo coisas pavorosas. Ninguém entende onde começam os anúncios ou o texto do sujeito.

    Tem uma coisa pior. Tudo acaba numa mistureba entre comercial e editorial. Imagino então usar o blog para ganhar uma blogonauta gostosa. Falaria coisas fofinhas. Sensíveis. Aí, conforme as palavras das minhas cafonices verbais, apareceria um anúncio vendendo um “comece a namorar em um minuto”. É derrota total. O AdSense é uma praga perigosa. Perversa. Tenho medo.

    Bom, mas tudo isso são conjecturas. Não faço a menor idéia do quanto de grana é possível se ganhar com um blog. Uns 500 mil hits diários enriquecem o cara? Pagam as contas? Tem que escrever em 5 línguas? Mandarim sendo uma? Acho tudo meio complicado e difícil.

    Mas, se rolar, meu plano é trabalhar pela grana. Aí, poderia blogar em paz, certamente em outro blog, na Jamaica talvez. Ralação, mas com as contas pagas.

  3. Não se ganha dinheiro com bolg que é incompetente ou quem é financiado por certas instituições partidárias. O idealismo sugerido é “coloquial flácido para acalentar bovino”, o famoso conversa mole pra boi dormir; fim de papo.

  4. Até agora ainda não vi aonde o Interney ou qualquer um do IB ou da Blog Content disse que blogs tem que ser assim ou assado.

    No post do Interney que causou toda essa putaria ele explica bem que há espaço para todos. O pessoal do verbeat não entendeu e criticou… O Edney tentou argumentar nos posts que contestavam o seu.

    Mas nem acho que há uma briga aí.

  5. A pergunta que não quer calar: QUANTAS visitas diárias cada blog dessas “comunidades” tem por dia?

    Acho que o caso Perez Hilton responde todas as perguntas sobre esse assunto.

  6. Ih, essa discussão é chatinha mesmo. Gostei do seu blog, mesmo. Coloquei AdSense nos meus blogs porque gostaria de ter um dinheirinho para gastar.
    Acho que o j.noronha, dono d’O Fim da Várzea te pode dar uma idéia de quanto o AdSense rende. Ele tem muitas visitas e vive de blogs.

    Meu senão referente a problogueiros é o repeteco da fórmula mulé nua, que não foi o que Edney prometeu quando formou o Interney.net/blogs. Isso é chato pra dedéu:mulé melancia, meulé assim-assado. Arre, égua!

  7. Cada um ganha dinheiro como pode, né?
    Tem inúmeras vias ilegais pra ficar rico, e esse assunto nem vira mais polêmica… um dia esse caso cai na banalidade tbm.

  8. Recordando que hoje 18 de Abril tem a Blogagem Coletiva “O que voce faz para acabar com o analfabetismo no Brasil?”

    Eu também estou nesta.
    Abraços

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