Da incompreensão e da injustiça humanas

Olha o que é a vida.

Você passa uma existência inteira tendo que lidar com uma falsa imagem de cafajeste e machista. Sua namorada, a mulher da sua vida, diz que você é cafajeste. A sua mãe, a outra mulher da sua vida, diz que você é cafajeste. Suas amigas dizem que você é cafajeste. A sua filha graças a Deus ainda não sabe o que é isso, e se depender da escopeta encostada atrás da porta não vai descobrir nunca, mas nem mesmo ela acredita nas histórias que você conta.

Ter fama de cafajeste é ruim e prejudicial, porque a moda é ser sensível, este é um século inapropriado para pobres paraíbas pouco sofisticados. Ter fama de cafajeste não vale a pena, isso é certo. Porque toda e qualquer mulher que você conheça tem uma amiga que diz “olha, ele é um cafajeste, vá com calma”, e por causa disso você acaba tendo que se esforçar mais, por causa de uma sociedade incompreensiva você acaba acuado, e para sobreviver se vê obrigado a utilizar, sim, de expedientes que talvez, com muita má vontade, pudessem ser considerados cafajestes, e faz sua aquela canção da Lílian: “Eu sou rebelde porque o mundo quis assim”. É ruim porque você não esquece de ter passado anos na universidade atrás de uma bunda — e ah, que bunda — que dizia que não daria para você porque você era safado, mentira vil e soez, mas ela dizia isso com convicção e certeza infundadas, e sabe você o mal que essas calúnias faziam à sua reputação na universidade, que já não era das melhores.

Tudo isso acontece enquanto você sabe que tem uma alma sensível e doce, que o gosto atávico por putaria e safadeza não faz de você menos humano e sensível, muito menos cafajeste. Você sabe como é bom ver o pôr do sol atrás das montanhas e o nascer do sol na praia, se enternece ao ver a lua emergindo amarela do mar, Iemanjá se desnudando diante de seus filhos. É essa discrepância entre o que percebem em você e o que você sente que entristece a sua alma.

E então você se aquieta, encontra uma mulher que ama e deixa de se preocupar com a imagem que o mundo faz de você, porque agora não passa os dias e as noites atento a oportunidades escondidas por um sutiã malcriado ou um jeans apertado, e se não pode deixar de olhar para peitos e bundas na rua não é como se olhasse para alvos em potencial, mas sim porque anos e anos de prática lhe deram uma capacidade formidável de avaliação e compreensão, além de uma acurada compreensão estética, visual e tátil, habilidade que não pode ser desperdiçada e que para seu orgulho deveria ser passada de geração a geração.

É justamente aí, quando você parecia ter superado todas essas injustiças, quando você finalmente tinha se erguido acima das gentes, que vem o desgraçado do Sergio Leo e esculhamba você.

E então você fica numa dúvida atroz que lhe consome os dias e atormenta as noites, porque não sabe se agradece ao sujeito por perceber que afinal de contas você tem uma alma feminina e sensível, como sempre tentou mostrar sem sucesso às pessoas, ou se manda o filho da puta tomar no olho do cu.

Republicado em 29 de setembro de 2010

12 thoughts on “Da incompreensão e da injustiça humanas

  1. Huahuahuahuahua. Essa bunda que te atazanou no tempo de faculdade, era masculina ou feminina?

    Hehehehe. Acho que também te amo, paraíba. Mas cuidado quando for liberar essa alma sensível que andou escondendo. Não o faça para qualquer um, tem muito cafageste na praça. (((-;

  2. … e você deve saber que cafajeste com “g” é ainda mais canalha. Rapaz, choveu gente hoje lá no blogue levada por essas suas demonstrações de carinho aí. Preciso falar mais dessas tormentas que revolvem o seu íntimo. Você é um sucesso.

  3. Moço,
    Queria saber se vc vai escrever algum post sobre a pendenga que está rolando na internet entre o Idelber, Nassif, Janaina Leite, Gravataí Merengue. Esse insinua que foi até censurado pelo Nassif. Uma confusão só. Idelber está mais quieto, mas entre nos comentários dele.

  4. O que ouço dizerem por exemplo, é que as mulheres gostam de homens com sensibilidade, porém, na maioria dos enlaces entre os sexos opostos… vejo elas é mesmo com cafajestes !!!

  5. Não sei não; as mulheres é que fizeram a cabeça do homem atual. Somos cafajestes na cabeça delas e acabamos acreditando nisso! Machistas? Elas são feministas, não? Então o que há de errado no machismo? Está na hora de colocarmos cada coisa em seu lugar correto.

  6. hahaha eu adorei! É a verdade, toda mulher em qualquer relacionamento diz alguma hora ‘ele é um cafajeste!’.

    Cai aqui de para-quedas, e estou te adicionando aos links para nao perder mais um post,dar sempre aquela passadinha.

  7. Rafael Galvào:

    Só uma pessoa totalmente desprovida de sensibilidade para não ver a diferença entre a morte de uma criança indefesa nas mãos de loucos com a morte de um padre leviano que demonstra desrespeito, até, pelos preceitos da bíblia não valorizando a própria vida.
    Você deveria ponderar melhor antes levar a público sua opinião. Você foi, no mínimo, desrespeitoso.

  8. Você reclama de maneira patética.
    Preferiria por acaso ser tachado de “bate fofo”? “bunda mole?”
    Existem diferenças entre canalhas e cafajestes…

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