O Lobo do Arrocha

A Época desta semana publicou uma matéria sobre o processo de recriação de peças em campanhas eleitorais. Ou seja, tentou explicar por que slogans como “Deixe o homem trabalhar” são reutilizados por várias campanhas diferentes.

Os marqueteiros entrevistados deram a única resposta possível: porque funcionam. É simples assim. Isso aqui não é o festival de Cannes e o voto não admite comerciais fantasmas. O que interessa é ganhar a eleição. Mais nada. E numa guerra é imbecilidade se recusar a usar um tipo de canhão porque outro exército já o utilizou.

A matéria não quer dizer muita coisa para quem acompanha programas eleitorais. Mas me fez lembrar da sina do Paulo Lobo.

Paulinho, para quem não sabe, é um dos grandes músicos sergipanos. É também um grande redator publicitário, um grande cronista e o maior jinglista que esta cidade já viu. Pode ser encontrado, violão a tiracolo, em seu escritório no Mineiro, um bar e restaurante agradabilíssimo defronte ao rio, na Coroa do Meio, ao lado de ícones e ídolos como o Cleomar Brandi e sua garrafa de conhaque.

A matéria me fez lembrar do Paulinho porque aqui também a gente fez uma música com o “deixa o homem trabalhar”. O Paulinho fez a música rapidinho. Só que em vez do forró tradicional, elegante e sofisticado imaginado pelo Paulinho, o Cauê deu a idéia de transformá-la num arrocha, o que foi feito num arranjo brilhante do Alegria com a voz do Tiago.

Você pode ouvir o arrocha do Paulinho no site de Edvaldo. Procura pelo “Jingle Arrocha”. (Aliás, todos os jingles nessa página são do Paulinho, com exceção do Jingle Forró, que é do Zinho.)

É esse Paulo Lobo, artista cônscio de sua responsabilidade na perpetuação da boa cultura brasileira, homem que fez uma das mais belas e intensas campanhas internas (com direito a cartaz e jingle) já vistas apenas para conseguir ir ao show de João Gilberto, que de repente se vê em meio a um sucesso absoluto de uma música sua que ele diz não gostar.

A música está tomando conta da cidade. Outro candidato, o Almeida Lima, gravou um jingle com Dominguinhos, em que o refrão diz “A, A, A…” Essa é a nossa resposta. É o nosso “A, A, A”. Aracaju inteira requebra ao som do arrocha e faz troça do pobre Almeidinha, que não pára de cair nas pesquisas, coitado.

Mas o Paulinho se sente incomodado por tanto sucesso. 30 anos de uma bela carreira, um sujeito respeitado e sério, e de repente é um arrocha que toma a cidade de assalto, um filho bastardo, safado, gigolô, vagabundo e maconheiro, e com um jeito meio esquisito.

Resta a mim dar um conselho ao Paulinho.

Pára com essa viadagem de ser músico sério, Paulinho. Coloca uma blusinha baby look, uma calça apertada e rasgada em lugares estratégicos, e arranja duas putas daquele tipo que se equilibra mal e mal entre o “gorda” e o “gostosa” para dançar ao seu lado no palco. Bota uma tiara no cabelo e deixa para trás essa vida sofisticada e boêmia, porque a voz do povo é a voz de Deus, e depois de ouvir esse arrocha o povo quer que você se transforme no Lobo do Arrocha.

Você vai ganhar um dinheiro danado, Paulinho. E me deixa ser seu empresário, por favor.

7 thoughts on “O Lobo do Arrocha

  1. Mister Paul (ou Paulo Lobo),
    É melhor ser o Lobo do Arrocha do que uma Loba ruidosa. AAAUUUU, como diria Rosalvo Alexandre, o Bocão. Uma loucura. Então dê suas uivadas por aí. É capaz de vc acabar qualquer dia desses no Faustão que de bosta e bosta vai se mantendo na crista da onda. No mais, ouça o Joãozinho, e parta para o luxo que é a vida de um Pop Star brega, e acabe com esta mania de intectual que só trás miséria.

  2. Depois de ver o show de João no TCA e de ouvir o arrocha nos trios de Edvaldo, sou obrigado a concordar com Aristóteles, o que é brega? o que é chique? “Só sei que nada sei.” Ah, ah, ah!
    Valeu Rafa! Tô devendo um Red!

  3. é ..
    miguxo pacas
    mas deu pra entender a letra
    oq não deu pra entender foi mesmo o post
    mas se no fim das contas o paulo ficar mesmo famoso, do q não duvido, tbm quero uma boquinha ein
    bença tio
    😛

  4. Concordo Rafael,
    o Paulinho vai longe se começar a mergulhar nos experimentos do Arrocha. Eu, inclusive, defendo a teoria de que o arrocha é a base de todas as belas composições. Você já tentou dançar arrocha com Amy cantando Black to back? Dá certo. E Rehab? Cai como uma luva.

    Para mim o arrocha já existe há milênios e, como todas as coisas que os homens modernos subvertem, acabou se transformando em banalidade. 😉 Pense nisso.

    Beijos
    Kadydja

    P.S – visite meu blog, ele está renascendo. Sem muitas palavras, mas com muito sentimento.

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