Os comentários em defesa de médicos e professores e policiais me impressionaram.
Que vocês todos — Caetano, Adroaldo, Cal — me perdoem, mas antes de mais nada, custava dar uma olhada nos salários praticados ao redor do Brasil? Está tudo aí, disponível facilmente na internet.
Vamos lá.
Em 2008, a Universidade Federal do Piauí — o Piauí, saca? O Piauí — abriu concurso para professores. O menor salário oferecido era de 4,8 mil reais. Salário que não dá para comprar sequer um livro, como se vê.
No ensino médio a coisa, obviamente, não é tão boa. A Prefeitura de Vitória abriu concurso para professor, e o salário básico inicial é de 1.441 reais, por 25 horas semanais. Não é um grande salário, mas além de ser apenas o inicial, o que pressupõe uma melhora gradativa, não é exatamente o “meio salário mínimo” da lenda.
Para os médicos: a Fundação Hospitalar de Sergipe acabou de abrir concurso. O salário para médicos, por 36 horas de trabalho semanais, é de 6 mil reais — além de gratificações que chegam a 2.400 reais. No PSF, a coisa é bem diferente. Os salários em várias regiões do Brasil podem chegar a 12 mil reais, e 500 reais a mais por cada plantão de 12 horas.
O salário inicial de soldado de primeira classe em um concurso aberto recentemente no Paraná é de 1.818 reais. Em outro concurso, da Polícia Militar de Goiás, é de 2.711. Em Sergipe, um soldado de primeira classe da PM ganha 3.012 reais; um coronel, 12.401.
Todos, obviamente, estão passando fome.
Só um dado a mais sobre médicos: no Brasil, há o dobro de médicos recomendados pela OMS. Isso deveria significar pressão salarial para baixo. Desculpem os amigos que fizeram o juramento de Hipócrates, mas é mais ou menos a mesma razão que permite que vocês paguem esses salários vergonhosos que vocês pagam para suas empregadas (que infelizmente não podem fazer greve e ainda têm que aturar vocês reclamando de ter que assinar a carteira, porque senão ela bota vocês “no pau”): a lei da oferta e procura. É o Estado, e a possibilidade de chantageá-lo usando aquele bando de “jacarés” como reféns, que permite que os salários continuem altos — e que as pessoas continuem acreditando no seu chororô.
Mas o que todo mundo parece deixar de lado é o seguinte: não interessa o salário. Pode ser 10, 1.000 ou 100.000 reais. O que interessa é que, quando esses vagabundos prestaram concurso, sabiam exatamente quanto iam ganhar. Fazer o povo de refém depois é sacanagem.
Talvez eu seja meio calvinista, mas ainda acredito no cumprimento de contratos. Se você me oferece 10 reais para consertar a pia de sua casa, eu posso aceitar ou não. É um direito meu. Mas se eu aceitar, tenho o dever de fazer o meu serviço bem feito. Quem — dos médicos, professores, PMs ou garis que lêem este blog — já contratou os serviços de um pedreiro e depois começaram a aparecer diversos custos que não estavam previstos certamente se sentiu lesado. Pronto. Agora vocês podem entender o que o povo, que fica à mercê da boa vontade de médicos e professores, sente.
Agora, o que realmente me irrita é essa brincadeira de nego defender médico vagabundo, professor safado — e ninguém defende os pobres publicitários? Eu trabalho 14 horas por dia, raramente tenho finais de semana (Ricardo, desculpa, mas é que tá complicado, mesmo), dia desses fiz uma moça ter um colapso nervoso por excesso de trabalho, minha assistente está com stress e já está aprendendo a dar esporro, quando a gente fica doente e vai para o médico (particular, porque assim a gente é atendido) e ele recomenda repouso a gente começa a rir da ingenuidade deles, metade das agências de Aracaju fala mal de mim pelas costas. E ganho pouco. E não faço greve, porque se eu perder meu empreguinho não tenho como comprar o Jack Daniel’s das crianças. Não tem um filho da puta que venha me defender? Ah, não. Eu também quero reclamar.
Rafael, você está ignorando a ação do tempo. A defasagem dos salários é uma realidade.
Você também está ignorando as diferenças entre os Estados e municípios. E daí que professor no Piaui tá ganhando bem? Bom pra eles, mas em outros lugares, não. E daí que PM de Goiás eles ganham 2700? Aliás, é 2700 pra soldado ou pra aspirante a oficial? No DF eles ganham 4500 de inicial. Mas não em outros lugares do Brasil, como SP, MG e RS.
E você vem me falar em salário de professor e PM de 1400 e 1800? Você pensa que isso aí é o quê pra quem tem família? Onde a especulação imobiliária é cruel e come solta, metade vai na moradia. E essas categorias recebem isso há anos e sentem a defasagem e a estagnação. Você fala como se ‘1800 inicial’ não significasse ‘1800 boa parte da vida’. Em muitos estados, é exatamente o que significa.
Enfim, você precisa entender que o argumento do ‘na hora do concurso sabiam quanto iam ganhar’ é inválido porque [1] quando o salário foi reajustado o dinheiro valia mais que hoje e [2] os planos de cargos e carreiras são quase inexistentes para boa parte dos funcionários estaduais e municipais.
E a comparação do ‘consertar a pia’ é ridícula e leviana. Consertar uma pia é algo instantâneo. Ser funcionário público é uma vida inteira.
Há uma distorção no que você diz pois os sindicatos são comandados por servidores com muito mais tempo de casa. É lógico que eles ganham muito mais do que você apontou. É lógico também que as greves têm motivação muito mais política do que pela defesa de uma categoria.
Não acredito que uma greve ocorra devido à insatisfação de quem entra agora.
Rafael, não acredito que o Brasil seja um país em que usufruir de uma vida confortável é viabilizado por “trabalhar duro”… entendo completamente o contexto pelo qual se passa essas querelas de sindicato público… E sem dúvida: quem entra no setor público sonha com a tal da vida fácil…
A diferença está entre ser idealista e pragmático. O idealista acredita no capitalismo do jeitinho que é ensinado na escola; o pragmático mergulha no típico oportunismo verde amarelo e aproveita o máximo das brechas que nossa sociedade oferece…
Minha maior curiosidade quando leio esse discurso manifesto teu é saber até que ponto vc se desvincula de tudo o que critica… e se isso é possível em nosso país…
Você pode estar muito indignado, mas se aparecer uma boquinha de contrato público na sua área de publicidade, mesmo que seja ganho na raça, você vai ser ético ao ponto de rejeitá-lo para não alimentar essa roda de desigualdade?
Em tempo, não sou funcionário público nem assalariado… muito pelo contrário, autônomo daqueles que matam um cachorro (pq leão é foda) por dia.
Caro Rafael,
Sou professor de uma universidade federal e concordo com tudo o que você falou. Lutar por melhores salários é direito inalienável de todos, mas não pode alegar salário (que nem sempre é assim tão) baixo para não fazer o trabalho direito e ficar de vagabundo. No final das contas existe uma saída: tá achando insuportável? Pede demissão!
Grande abraço,
Igor
Ah, eu sou professora e falo muito mal dos publicitários pelas costas e, se tiver oportunidade, pela frente também. 🙂
Não acho justo o que vc falou, mas penso que meus argumentos não vão te convencer de que 14 anos sem aumento é uma injustiça. E, por mais que eu soubesse que iria ganhar pouco, não esperava por isso. Nem falo das péssimas condições de trabalho…
Eu dispenso o filho da puta, mas vou defender você. Adorei! Melhor do que isso só quando o Lula disse algo como: greve de 90 dias sem desconto e reposição dos dias parados não é greve: É FÉRIAS. abs.Rodrigo
Rafinha, meu anjinho.
Quem mandou não estudar para ser médico? Tá vendo, você bem que poderia estar ganhando muito mais e ainda fazendo greve.
A inveja é uma merda.
Caetano,
Citei o Piauí porque o Piauí é, bem, o Piauí. A média salarial de professores universitários é alta em todo o país, até porque são salários federais. Antes de falar isso, no seu lugar, eu procuraria me informar sobre os últimos concursos para professores universitários.
Agora, o argumento da defasagem salarial precisa de números e cálculos mais avançados do que o que eu estou disposto a fazer agora, então vou ter que aceitar o seu argumento. Mas eu acho que o discurso recorrente das “defasagens”, sem ilustrar com dados reais, é vazio. Figura de retórica, apenas. Tenho a impressão de que, a acreditar no discurso, é tanta defasagem nos últimos 20 anos que os professores estão pagando para trabalhar.
Quanto aos 1800 significando 1800 pelo resto da vida, é o seguinte: primeiro isso significa 2880 reais se alguém quiser trabalhar as famosas 40 horas semanais. Não é um salário de fome. Não é alto? Não, se você comparar com o Eike Batista. Mas está acima da média nacional, e além disso é de certa forma o preço que você paga pela estabilidade, a certeza de não vai ganhar menos que isso pelo resto da vida. Pode se consolar sabendo que o Eike pode perder tudo um dia. Segundo, se sabe disso, por que fazer concurso? Se eu tivesse a certeza de que vou ganhar isso pelo resto da vida, eu correria disso.
Agora, isso não nega a professores o direito de lutar por salários melhores. O que não lhes dá é o direito de prejudicar milhões de estudantes em nome disso.
Outra coisa que me incomoda é que o mesmo professor que faz greve na rede pública ganha menos na rede particular, é obrigado a dar todas as aulas contratadas, e nunca faz greve. Por uma única razão: lá ele pode perder o seu emprego.
Quanto ao trabalho do encanador, a comparação não é ridícula, não. É o trabalho dele e necessário como o de um médico, professor ou publicitário. Você é que está desvalorizando o trabalho do sujeito – porque você entende o trabalho de um encanador como algo menor. Agora, como você disse, trabalho público pode ser para o resto da vida. Cabe esperar responsabilidade e ética de quem se propõe a prestar concurso sabendo o que lhe espera.
Luiz…
Não entendi direito a parte do seu comentário em que você fala sobre ética e publicidade. Não se está falando aqui sobre desigualdade, mas sim sobre a capacidade de assumir um compromisso e lidar adequadamente com isso.
Se eu fosse dono de agência e conquistasse uma conta de governo, eu adoraria. A questão é: se essa conta de repente passasse a me pagar pouco, eu simplesmente abandonaria a conta. Não faria greve para tentar conseguir um aumento – o que aliás seria impossível.
Rafael, recado anotado, não se preocupe. Como conversamos, sabia que o teu ritmo andava mesmo pesado. Ligarei de vez em quando, de preferência no início da semana. Se der, conversa boa eu sei que será. Só não sei se regada a Jack Daniel’s, pois como você disse, é das crianças. Mas o chope eu garanto.
Enquanto isso, deixe eu parar de navegar na internet e voltar logo ao meu próprio trabalho, mesmo neste feriado aracajuano 😉
Em real, as criticas são todas pertinentes, embora ainda existam exceções raras. Ainda há pessoas sérias, aqui e acolá se garimpado pode-se encontrar, tal e qual diamantes, ouro e rubis.
A questão central Rafael, tu levantaste a bola no exemplo do encanador, e teve gente que caiu como um patinho. A maior parte dos médicos, professores e policiais vê outras funções como inferiores e simplórias, coisa típica medíocre médio-classista.
Igualmente, não tenho qualquer pena dos publicitários, e questiono se eles eram ingênuos do que os esperava. Eu tenho é pena do FHC, do Freire, do Agripino e do Serra. E da Yeda claro!
Saudações Fraternas
defender publicitário é, no máximo, manobra diversionista. bando de putas nojentas que ousam ter ego? que tem a cara de pau de, por detrás de um vetor de Corel, achar que sabem alguma coisa de comunicação? ou ainda, MAIS que o cliente??!?
aqui também tá difícil, bicho. dia desses eu propus ao médico (unimed, óbvio) uma brincadeira: dar um diagnóstico, e indicar uma solução, sem usar as palavras “sono” ou “estresse”. ele riu, e então disse que a primeira coisa que eu deveria fazer para reduzir o estresse era dormir mais e melhor. não ri, fiquei sério olhando pra ele, até que ele ficou constrangido.
Parece que o blogueiro está sofrendo uma crise aguda de médioclassismo. Só isso justifica os ataques contra servidores públicos.
Rafael
O furo é mais embaixo.
Seus argumentos têm um viés bem liberal: o mercado resolve tudo. Se o cara não está satisfeito com o salário, bem, que vá para o mercado e tente ganhar mais. Se não conseguir, é porque o que ganhava estava de acordo com o mercado. É o mesmo argumento usado no século XIX contra o direito de greve.
Na disputa entre capital e trabalho, a greve surgiu com o único meio de fugir dessa lógica do mercado, que mantinha um contingente de reserva (desempregados) para eventualmente substituir os descontentes. Lula foi um dos protagonistas da reafirmação desse direito no Brasil.
Bem, no serviço público a situação é um pouco diferente. Quem paga os salários, a princípio, não está atrás de lucro. O Estado presta serviços ao povo, utilizando os impostos que arrecada. Assim, cada um de nós, através deles, paga os salários dos servidores públicos contratados para nos servir. E nós, como cidadãos e contribuintes, temos que definir que tipo de serviço queremos receber. E, infelizmente, a qualidade dos serviços depende muito da qualidade de quem os presta. Bons profissionais exigem salários dignos.
Mas às vezes o Estado age como o pior dos patrões. Inventa-se, por exemplo, que obrigatoriamente, por causa de um acordo com o FMI, temos que ter determinado superavit nas contas públicas. Mantém-se, assim, por anos, os salários dos servidores congelados, com a inflação corroendo o seu poder de compra e suas condições de sobrevivência cada vez mais depauperadas. Bem, dirá você, que peçam demissão. Simples. Pois é, vá dizer isto para um cara de 45 anos que está há 20 no serviço público, com compromissos financeiros que sobem com a inflação e um salário congelado. Despesas com filhos, aluguel, água, luz, condomínio, tudo subindo e o salário encurtando cada vez mais. E lá fora, desemprego.
Mas a greve no serviço público, da forma como é praticada no Brasil, tem um desvio fundamental: os caras continuam recebendo seus salários. Isto é uma distorção. Greve implica também em deixar de receber, e por tal razão as categorias mais organizadas sempre mantiveram um fundo de greve. Daí a afirmação de Lula de que não é greve, são férias. Portanto, somente vou achar legítima uma greve em que o trabalhador esteja arcando com a sua parte nos ônus dela decorrentes.
Mas também são um problema os ônus da outra ponta. Na iniciativa privada, o patrão fica sem o lucro. Já no serviço público, o cidadão fica sem os serviços. O crucial é que quem depende dos serviços do Estado é a população pobre e menos organizada. Ricos como você têm médico particular, não dependem do SUS. E seus filhos estão em escola particular. E o condomínio tem segurança 24 horas. Ou seja, a greve no serviço público sempre é contra os pobres e nunca contra as elites, que controlam o Estado, e serão afetadas somente pela passeata que eventualmente atravancar seu caminho no trânsito. A lógica dos grevistas é a de que a população, privada dos serviços, pressionaria os governantes para o seu restabelecimento, o que os obrigaria a negociar com os servidores.
Mas não é o que acontece. E exatamente porque os pobres, que são quem mais sofre com a lógica liberal do mercado que você defende, acham muito justo que ela seja aplicada também aos funcionários públicos, que, afinal, ganham mais do que eles. Ou seja, pensam exatamente como você. E disso se valem os governantes para arrostar intransigência, o que deixa os servidores numa situação complicada, no mínimo (talvez seja por conta desse quadro que os tribunais têm assegurado aos servidores públicos em greve o pagamento dos salários durante a mesma, contrariamente ao que decidem quando se trata de greve na iniciativa privada).
Na minha modesta opinião, de alguém que nunca trabalhou no serviço público e também pouco depende dele, os pobres merecem receber do Estado serviços de qualidade, semelhante àqueles pelos quais os ricos pagam. E isto somente é possível com uma gestão pública eficiente e com servidores que recebam salários dignos, também semelhantes aos pagos aos profissionais que prestam serviços aos ricos. Quadro que jamais atingiremos se prevalecer a sua forma de abordagem do problema.
Abraço.
Será que vocês não entendem que os governos (federal, estaduais e municipais) não têm interesse nenhum em melhorar os serviços públicos e pagar salários dignos aos servidores, só querem usar o Povo como massa de manobra? Não se iludam: só um governo de operários, soldados, camponeses e intelligentsia socialista pode derrotar o Capital estrangeiro, fortalecer o Estado Democrático de Direito, defender a educação e a saúde públicas, gratuitas e de qualidade e defender a dignidade do brasileiro. Eu quero um país decente, Ivan Pinheiro para presidente!
Quantos anos você tem? Será que ainda pode estudar um pouco mais e trocar de profissão? Poderia quem sabe ser árbitro de futebol e ganhar DOIS mil reais por jogo? Na AV. Maranhão em Teresina os lavadores de carro lavam em média 12 carros por dia a R$12,00 reais, e só a pintura e as rodas. Como domingo é lotado eles folgam apenas segunda feira pela manhã. E sem extresse. Lavam cantando, ouvindo música e discutindo futebol com os colegas do lado. sempre sorrindo para os clientes. Quase nunca vão ao médico. Acho que você está muito revoltado com a sua profissão e com a falta de um sindicato forte que possa quem sabe fazer uma greve por uma diminuição na carga de trabalho e um aumento no pagamento das horas extras? Tenho certeza de que a greve de vocês não nos prejudicaria em nada. Quem sabe ficaríamos até menos alienado com tanta publicidade alienante.
Pense bem antes que seja tarde. Mude de profissão. O que você acha do Banco do Brasil? Ou de uma cadeira na câmara de sua cidade? Ou ser um agente de saúde para combater as endemias? Qualquer que seja a sua escolha bôa sorte companheiro.
” Bem, no serviço público a situação é um pouco diferente. Quem paga os salários, a princípio, não está atrás de lucro. O Estado presta serviços ao povo, utilizando os impostos que arrecada. Assim, cada um de nós, através deles, paga os salários dos servidores públicos contratados para nos servir. E nós, como cidadãos e contribuintes, temos que definir que tipo de serviço queremos receber. E, infelizmente, a qualidade dos serviços depende muito da qualidade de quem os presta. Bons profissionais exigem salários dignos.”
Não eram dignos quando o sujeito prestou concurso? Então, por que prestou? E o sujeito que entrou no serviço público não é bom profissional, por isso aceitou o salário não-digno? Talvez, quem acha que não está recebendo um salário não-digno deva deixar quem quer trabalhar honestamente pelo salário anunciado antes do concurso trabalhar em vez de fazer estudantes e pacientes de reféns de pessoas egoístas e insensíveis. E o argumento de Rafael nem é tão liberal assim, ele não está dizendo que o Mercado resolve tudo, ele está dizendo que quem se comprometeu a prestar um serviço- em condições claramente anunciadas em edital- deve prestar o serviço ou cair fora, e que é injusto que certos funcionários tenham privilégios (fazer greves a torto direito, roubar o dinheiro suado dos contribuintes ao sonegar trabalho, etc) financiados pelo contribuinte e que estão completamente longe do alcance do contribuinte comum, que tem, sim, que sofrer para agradar ao Mercado e não conta com as regalias de certas categorias do serviço público. O cidadão é o patrão do serviço público, isso é razão mais do que suficiente para exigir que os funcionários do Estado trabalhem!
Adroaldo,
De novo, eu vejo apenas retórica vazia nos argumentos. Não vejo números ou fatos comprováveis. A questão da defasagem salarial, por exemplo. É mesmo? Eu vejo professores falando dos seus salários de fome, mas quando a gente vai ver, além de salário base tem triênio disso e daquilo, regência de classe, isso e aquilo. Médicos reclamando que recebem pouco, mas para trabalhar duas ou três horas por semana, os salários são exorbitantes.
Mas vamos lá. Então é viés liberal exigir que alguém faça o trabalho que concordou em fazer por determinado salário – aliás, para o qual se ofereceu – e que, quando precisar lutar pelos seus direitos, não fazer isso em cima de quem não pode se defender?
Rapaz, se isso na sua visão é ser liberal, pode me chamar de Adam Smith.
Na verdade, são vocês que querem que o Estado se contente com serviços de terceira enquanto paga salários superiores ao mercado. Que têm uma visão distorcida do Estado: que ele deve garantir a parcelas da classe média e alta salários altos e estabilidade vitalícia enquanto o povo recebe serviços porcos e indignos. Isso é reflexo de uma classe média que se apropriou da máquina estatal e que a utiliza para garantir vantagens às vezes indevidas.
Há muito tempo médicos – que por serem de classe média ou alta acabam sendo formadores de opinião – conquistaram a opinião pública acerca dos seus problemas. E eu, pessoalmente, estou pouco me lixando para quanto ganhem. Que seja 50 mil reais. Eu defendo o direito de cada um lutar por melhores salários. O que eu quero em troca é só uma coisa: trabalho. E que não façam isso negando seus serviços, mesmo pagos, ainda que mal, a quem precisa deles.
Também não gosto da hipocrisia dessa raça, que trata o Estado e a iniciativa privada de maneira diferente, ainda que ganhe mais no serviço público. Professor que ganha X em escola privada, dando todas as aulas contratadas, e 2X no Estado, faltando direto, não merece meu respeito quando faz greves intermináveis e prejudicam os alunos. É simples, e não vejo o que há de difícil de entender nisso. O Murilo certamente entendeu.
Tiago Aguiar,
Sim, existem exceções, e não são poucas. Conheço grandes médicos devotados ao serviço público. Excelentes professores com compromisso com o seu trabalho. Policiais sérios, honestos e com excelente visão (nos comentários ao post anterior temos um exemplo claro disso).
Mas exceções são isso: exceções.
Zé,
Como classe média, eu não utilizo os serviços de médicos e professores do Estado. Eles não me causam mais problemas – professores causaram uma vez, na universidade, mas isso já faz muito tempo. Na verdade, a classe média que não utiliza esses serviços específicos, e não sofre em suas mãos, é quem se dá ao luxo de defender os seus iguais, ainda que às custas dos pobres.
Tiagón,
Porra, não esculacha, chefia.
Eu ando me sentindo meio vagabundo hoje, por isso resolvi comentar ehehe.
Não acho que eu seja um filho da puta, mas creio que vc tenha razão.
Mas há um imbrólio ai, neste seu desabafo.
Pois ele esbarra sim num certo argumento em defesa ao estado mínimo.
Seria um bom argumento a ser defendido por um neo-liberal.
Acho que o que se discute sobre salários é, principalmente , uma questão histórica.
De tanto se batalhar por melhores salários, os prestadores de serviço público passaram a viver disso. Quando entram para a segurança, para educação ou para a saúde, por exemplo, já vão com mentalidade de que o salário do estado é uma droga. A coisa vira apenas uma relaçnao comercial, onde o importante é extrair o dinheiro sem qualquer contra partida. Assim esses profissionais passaram a procurar essas funções públicas apenas como garantia de dinheiro certo, inda que ‘pouco’.
Acho o problema é o viés mercantilista que tomou conta desses profissionais, sua preocupaçnao com a tal relação custo/benefíco.
Quantos desses profissionais já se perguntaram o quanto é deficiente os serviços prestados por eles? E eu não me lembro de uma greve em protesto pela baixa qualidade do ensino que não fosse apenas pela motivação salarial.
Obviamente a culpa fundamental é dos estados, que não manteem uma política adequada, tanto para a gestão propriamente dita como para a admissão de profissionais para prestaçnao desses serviços públicos.
Esse argumento de que no Piauí se ganha bem mais que em outros lugares não, é uma falácia. Primeiro porque parte do princípio de uma suposta igualdade, que não é justa, e é acima de tudo mentirosa. Eu não vejo esses senhores reivindicando ao Piauí direitos de igualdades no que diz respeitos à qualidade básica de vida para sua população, à agua por exemplo, para ficar num plano extremamente básico. O exemplo citado, o Piauí, no máximo serve como argumento piadístico. Nada incomoda o fato dele ser o estado extremamente pobre.
Por outro lado, na publicidade, incompetentes vão vender espaço em mídia, e estes não fazem greve, muito menos cantam de galo.
Do ponto de vista trabalhista, há uma certa ‘justeza’ no meio publicitário, pagasse bem pelo profissional que ‘rende’ ou enquanto ele rende. Além , é claro do fato de estarmos falando de dinheiro, que na maioria das vezes é privado.
Portanto, meu caro, eu não negarei seu direito de querer mais sempre.
Mas na média geral, e no fundo no fundo, pela relação custo beneficio, publicitários ganham muito bem.
Pode reclamar , mas não há como defende-lo eheheh.
Fm,
A questão salário/trabalho é justamente essa. É por isso que não vejo defesa de Estado mínimo. Eu não estou pedindo que demitam médicos, feches postos de saúde, ou privatizem a segurança (na verdade eu não gosto da escola pública como ela é, mas sobre isso já falei em outro lugar). Eu só estou pedindo que os sujeitos que são pagos para isso façam seu trabalho. É só isso.
Acho também que a mentalidade geral tem traços mais graves. É, como falei no comentário anterior, a idéia de uma classe média e alta que acha que o Estado tem que lhe dar o melhor de dois mundos – salários mais altos que o do mercado e estabilidade trabalhista – sem que eles tenham que dar a sua própria contrapartida.
Sobre o Piauí: quem disser que no Piauí se ganha bem mais simplesmente não conhece o lugar. Só isso. Citei o Piauí porque em outros Estados se ganha mais do que lá, na verdade. Eu, por exemplo, fiquei esperando que alguém se desse ao trabalho de checar o menor salário pago a professores do ensino médio de lá. Não é média salarial e tem vários flancos abertos, mas já seria um argumento concreto contra mim. Eu o teria usado bem, por exemplo. Mas ninguém foi checar os fatos. Apenas ficaram na retórica boba e simples da “defasagem salarial”. A defesa de um discurso que médicos e professores conseguiram fazer vencedor na batalha pela opinião pública.
Rafael,
Não consegui entender o seu texto, tá confuso. Você é contra a qualquer greve? É isso? Ou em relação a alguma greve em específico? Os professores da Universidade do Piauí estão em greve? Tá difícil discordar ou concordar. Mais ou menos assim, se eu discordar do seu texto vai parecer que eu sou a favor de uma greve de um profissional que ganha 12 mil reais. Se for contra, eu sou contra a greve de um professor que ganha R$950 (caso de professores em SP) reais, salários estes que não são ajustados anualmente.
Ou você tá querendo deixar a gente louco mesmo?
[]’s
Gustavo Amigo
Rafael,
Vc acha justo um policial rodoviário ganhar R$ 5.800 (nível médio!!!) ou um juizinho de comarca R$18.000, enquanto um prof. doutor de universidade federal com dedicação exclusiva e 40 h/semana ingressa no serviço público ganhando R$ 6.700? Isso é salário alto para alguém que ralou por no mínimo dez anos em graduação, mestrado e doutorado? Fala sério!!!!
W.
Bem, eu não afirmei que houve em seu post uma defesa ao estado mínimo. Nem creio que vc o faria.
Talvez tenha me expressado mal. O que quiz dizer é o que a leitura possibilitaria. Não seria uma leitura impossível.
Entretanto, acho que vc erra no diagnóstico sobre as classes. Eu não tenho nenhum dado oficial em mãos , me guio apenas pela constatação empírica.
Tenho muitos amigos que saíram da faculdades e foram em buscas de cargos públicos e escolas estaduais. E não são poucos. Diria até que são a maioria. E eles não pertencem às classes que vc condena, média e alta.
São todos da classe baixa, e pelo que relatam, os outros professores, seus amigos, são iguais a eles. O que torna sua tese um pouco mais complicada.
Dai que eu acho que o problema não são os burgueses. Pelo menos na prática.
Esses caras são realmente pobres, mas de maneira geral eles miram o estado como um organismo opressor, e ao mesmo tempo que criticam os alunos como seres abjetos, reivindicam junto ao estado opressor melhores salários, uma espécie de compensação pelo agrave social.
Mas há um certo distanciamento , bastante criterioso, entre eles, individuos que cursaram universidade e seus alunos, grotescos animais. Embora sejam todos da mesma classe social.
Eu não penso os professores somente como seres da classe media e alta, mas acho que eles, realmente, estão convictos de que o o estado tem que dar o melhor de dois mundos.
Percebo assim, que este é um sentimento que independe da classe. É quase um sentimento patriótico, de que o estado deva ser o ‘manteúdo’.
Talvez isso se justifique em sua expressão ‘ acho também que a mentalidade geral tem traços mais graves’.
A gravidade é que todos são igualmentes irresponsáveis como os seus teóricos burgueses.
Wagner, meu fio…
E você, acha justo que o Eike Batista seja bilionário e eu não? Acha justo que um sujeito qualquer pegue a Nicole Kidman e eu não? Acha justo que o Richard Gere seja mais bonito que eu?
O problema de vocês não é o salário ser bom ou ruim, pelo visto — até porque vocês entendem salário como prêmio pelos diplomas que têm, e nào pelo que realmente valem. É não ser muito maior que o de um simples “policial”.
Se esse pessoal trabalhasse mais não teria tempo para essas picuinhas.
Fm,
Vê só: eu concordo que isso valha para professores. Mas, por outro lado, praticamente não há médicos de classe baixa, o que valoriza ainda mais as exceções.
No caso da mentalidade, o problema na minha opinião é que o Estado brasileiro, historicamente, serviu basicamente para as classes mais altas e para alguns setores organizados da sociedade. Os melhores cargos, os melhores serviços.
Além disso, independente da classe de que os servidores são oriundos, a mentalidade é essa, de classe média ou alta. É uma maneira de ver o Estado que convém a eles.
Rafael,
De fato, muitos colegas meus aqui e em outras federais limitam-se a vir ao campus para dar suas aulas mal e porcamente e, de resto, ficam voando por aí. Zero de pesquisa, orientações ou atendimento aos alunos. Para esses, o salário tá de ótimo tamanho. Mas muitos de nós levamos a coisa a sério, não apenas dando aulas com assiduidade e dedicação, mas também orientando alunos de pós e fazendo pesquisa de qualidade, com publicações em periódicos internacionais de alta qualidade e aplicações concretas. Então, um policial rodoviário ganhar quase o mesmo que eu ou um juizinho de merda ganhar o triplo do que eu ganho me incomoda sim.
Por outro lado, é claro que ao ingressar na carreira docente eu sabia que a remuneração não era lá essas coisas, e olha que no governo Lula o salário dos docentes foi recomposto parcialmente de perdas historicas. É verdade também que remuneração baixa é a realidade dos profesores universitários também nos EUA e na Europa. O Stephen Hawking escreveu aquele livro “Uma breve história do tempo” (que todo mundo tem, mas ninguém leu) pra tirar o pé da lama e pagar os estudos dos filhos, pois mesmo ele, prof. titular em Cambridge, ganhava menos que um caixa de banco.
São as distorções da vida, claro. Do mesmo modo que deve te incomodar um mau caráter oportunista como o Nizan Guanaes cagar dinheiro…
Wagner…
Presumo que haja policiais rodoviários fazendo o seu trabalho com seriedade, e prestando um serviço que também é necessário à sociedade. Presumo até, apesar de ser necessário maior esforço, que haja juízes sérios e competentes.
Eles não merecem seus salários? Me desculpe, mas o discurso do “professor coitadinho” chegou ao ponto de nego procurar a própria miséria simplesmente comparando salários. Isso é maluquice.
Quanto ao Nizan, ele certamente não me incomoda. Pelo contrário, acho que foi em seu tempo um grande redator. Nem me incomodam outros que ganham muito, muito, muito, muito, muito mais do que eu. Esse é um conceito que eu, sinceramente, não entendo.
Rafael
Passo os números do meu Estado, RS.
Na rede estadual de ensino, para 20 horas semanais, o inicial é de 410 reais, brutos. Baita grana.
Tá bom, você pode dizer que ninguém é obrigado a fazer concurso pra ganhar essa merreca.
Mas um professor com 25 anos de serviço, 40 horas semanais, com pós-graduação e todas as vantagens possíveis incorporadas, não chega a ganhar 2.500 reais, brutos.
Como chegamos a esses valores? Arrocho em cima de arrocho, e com o tempo os governos foram aniquilando os salários dos professores estaduais. A maioria fez concurso para ganhar muito mais do que ganha hoje, em termos relativos, que é o que interessa (a não ser que você ache que um salário de 2.500 hoje seja melhor do que um de 1.500 em 1995).
Taí a classe média/alta que tanto te irrita quando resolve fazer greve para ganhar mais.
Ou seja, generalizações são sempre perigosas.
Abraço
Adroaldo,
2.500 reais são renda de classe média no Brasil. Não são o ideal, mas também não são o salário de fome da lenda, que é o que eu digo desde o início.
De qualquer forma, não é a greve que me irrita. O problema é utilizar estudantes como reféns, e não dar nenhuma contrapartida a eles. E no caso dos médicos, simplesmente nào atender os pacientes do SUS.
E não, ninguém é obrigado a fazer concurso para ganhar essa merreca. Eu, pelo menos, não faria.
Abração.
RAFAEL:
COM JA DISSE NO COMENTÁRIO DO POST ORIGINAL, CONCORDO PLENAMENTE COM VOCÊ E ASSINO EMBAIXO, PORÉM UMA PERGUNTA NÀO PARA DE MARTELAR EM MINHA CABEÇA.
“PORQUE TODOS OS PETISTAS (VIDE LULA, SIMILARES E VOCÊ TAMBÉM) DEPOIS QUE CHEGAM AO PODER PASSAM A ODIAR GREVE; PRINCIPALMENTE SE FOR GREVE DE FOME.
COISA ESQUISITA!
Não se deixem iludir por Serra, Dilma e outros sacerdotes do deus Mercado, só Ivan Pinheiro tem a coragem de enfrentar a máfia político-econômica que lucra o arrocho e enriquece (ainda mais) com a desgraça do Povo. Ivan Pinheiro é o candidato do trabalhador brasileiro!
Greve é um instrumento legítimo, mas, na minha opinião, com algumas restrições. Não acho que funcionários públicos devam ter direito a greve, pois não estão colocando nada em risco, nem emprego, nem salário, absolutamente nada. Como disse Lula, estão de férias.
Outro ponto é que é uma grande sacanagem fazer greve prejudicando a população. Isso vale para professores, funcionários da receita, médicos, transporte público, etc. Pô, não dá pra ser criativo e achar um jeito de lutar sem prejudicar os demais – por exemplo liberar as catracas em vez de deixar os ônibus na garage ? Ah, mas dá muito trabalho, né. Fazer greve é mais simples, porque não precisa fazer nada, mesmo quem não participa do movimento gosta, porque ganha uns dias de férias.
Desculpe Galvão, mas o salário dos professores de São Paulo (rede estadual) é mais baixo. E os aumentos dados aos professores do estado hoje são gratificações, não aumentos de verdade. Não entendo sua raiva com relação ao direito de greve. Como já disse, os bons pagam pelos maus.
Perfeito Rafael, mas é preciso tomar cuidado para não esvaziar completamente o sentido de uma greve. Ou seja, corre o perigo de condenar o meio e não os fins ehehe.
Uma outra coisa que acho bom lembrar é que as greves, dos professores, por exemplo, ocorre nas esferas estaduais, portanto não há qualquer sentido na afirmação de que agora não gostamos das greves.
Acho que o que se propôs aqui é uma outra leitura. Creio que não esteja em discusão a greve como instrumento de pressão. O que se debate são as responsabilidades de servidores públicos. E a melhoria dos serviços públicos sempre foi uma bandeira das esquerdas, portanto não há estranhamento.
Sim, eu concordo com vc rafael, essa é uma mentalidade de classe media ou alta, não a greve em si que é um instrumento legítimo, mas a reivindicação. Isso contamina qualquer classe. Principalmente num momento em que políticas públicas tira milhões da linha da pobreza.
Pois é sempre bom lembrar que , embora as greves sempre carreguem, junto com as reivindicações salariais, há sempre o protocolo de intenções por melhores condições de trabalho, de infraestruras, equipamentos processos de formação e qualificação etc . Mas tudo termina quando recebem 4 por cento de aumento em quatro vezes, e ai o apetite se encera.
Mas eu não sei se sua análise é justa ou se é apenas um caso de vício trabalhista.
No geral concordo com vc, mas fico com uma dúvida.
O grande momento dos serviços públicos no Brasil foi numa época em que os profissionais eram da classe alta ou média, dai fico pensando se esse ‘melhor’ que cobramos dos servidores atuais também não seja apenas coisa de uma mentalidade classe alta ou média.
Fabiana, você é de Minas, não é?
Rafael, seu argumento parte de que eles sabiam quanto iriam receber. Mas não dá pra ignorar a inflação e a diminuição do poder de compra. Com o tempo, eles já não receberão o que recebiam quando prestaram o concurso.
poutaqueparolhas …….
e OS ADÊVOGADOS ….. NINGUÉM VAI DEFENDER NÃO???!!!
A gente estudamos cinco ânu, temo que tirar a carteira da oabê (que mooitos não conseguem) e dae entrar na assistência pra tirar milzão por mêis, e ainda pegar tudo quanto é tipo de coisa que no fim não geram renda, e ainda aturar Juiz, Serventuário (nossa, depois desse gasto todo, não vou falar mais direito por um “mêis”), parte contrária, cliente, delegados, policiais, médicos e publicitários, que como uma pá de gente poraí, que chega, e como quem não quer nada, já manda a clássica: o sr. é advogado?
É … né mole não, mas tem pra todo gosto. Gente ganhando ao nível de jogador de futebol de primeira linha, e gente não ganhando nem pro gasto. E entre uns e outros têm os que não valem nada e os que valem muito. Certo é que no primeiro, a maioria tem melhores atributos, dentre os quais um bom “berço”, se é que vocês me entendem.
E os motivos também têm até pra calo de pé: o cara é ruim mesmo, ou apenas não deu aquela sorte (e aqueles bons contatos, ou boa tendência para ganhar “fácil”, aí inserido, muitas e muitas vezes, questões nem sempre bem resolvidas, explicadas, ou pura e simplesmente criminosas.
Têm os que ralam, e disso tiram boníssima renda, e os exemplos vão longe.
Como os médicos, são também odiados e ou amados. Depende se um deles salvou ou fodeu você, o que muitas vezes também não precisa, para estar aqui e ali.
Não é fácil, mas a gente gosta (eu hoje muito menos de quando entrei, por que a real é sempre muito diferente da ideal, em tudo). E é necessário, como é polícia, juiz e gari e lixeiro, etc…
Mais fácil é não gostar. A fama de ladrão rende boas piadas. ótimas. tão boas que adoro todas, mas gosto tbm das de judeus, putas, bixas, argentinos.
Como gosto deste blog, sempre tão certo em tudo que põe na tela.
Até mesmo agora, por que o serviço público em geral é mesmo posto à prova pelos próprios servidores. Não vai longe o tempo, e mesmo agora, em que simplesmente não trabalham, porém ganham.
Mas vamos falar sério: a gente não fode só o serviço público. A gente fode é mesmo tudo. A gente jogamos lixo nas ruas, e isso resume tudo. Sempre. O dia que isso, de fato, de verdade mudar, por estas plagas, aí sim, a isso sim, será diferente. Até mesmo os médicos e professores.
Quem é que fode com a fama dos advogados?
Pois é ….
Mas rafael … claro que falei disso, apenas pra levantar pra você cortar.
VAi com fé irmão.
Grande abrasssss
Deixa ver se eu entendi: “A greve é um direito inalienável de qualquer trabalhador”, mas “quando esses vagabundos prestaram concurso, sabiam exatamente quanto iam ganhar” como qualquer outro trabalhador, eu presumo.
Então apesar de ser um direito inalienável ela é injustificável afinal todo trabalhador, ou pelo menos a maioria, sabe quanto vai ganhar quando começa um trabalho.
Antes de mais nada sou professor em instituição federal, portanto “suspeito”.
Dito isso, eu acho que realmente as greves no serviço público têm sido abusivas. Não só por que os funcionários não podem ser demitidos e descontados no salário, como no setor privado. Mas também (ou principalmente) por que os que decidem (governantes) não são os prejudicados, ao contrário do setor privado. Se não aparecer na TV escola e hspital pode fazer greve eterna que o governo (e quem pode influenciá-los) não está nem aí.
Até por isso elas têm se tornado cada vez mais eficientes e hipócritas. Tanto que na última vez que houve uma ameaça de greve no meu trabalho (que não se realizou) eu fui contra.
Realmente, quem está recebendo salário tem que trabalhar. Pode estar puto, insatisfeito, mas tem que cumprir sua obrigação sim, isso não se discute. Não está mais valendo a pena? Tenta mudar, mas enquanto ficar tem que trabalhar.
Só que eu não concordo com o tom de “não pode reclamar por que sabia que ia ser assim”. Pelos seguintes motivos:
1) No serviço público em especial, mas também no setor privado, o salário de hoje não é o que você aceitou inicialmente. A inflação está baixa, mas 5% ao ano durante 5 anos representa uma perda de 1/4 do salário real. Posso dar como exemplo exatamente as universidades federais. Depois de 8 anos de governo FHC, particamente sem reajustes, o salário tinha um valor real inferior a 50% do valor que tinha FHC assumiu. Então quem fez concurso em 1994 não sabia que ia ganhar o que ganhava em 2002. O Lula recompos em boa parte as perdas, mas ainda está bem inferior ao valor de 1994. OBS: Eu, pessoalmente, não posso reclamar pois está melhor do que quando entrei em 2006, mas me preocupo com os próximos anos.
2) OK, não está satisfeito, vai para outro emprego. Só que isso não é tão simples assim, nem no serviço público, nem no setor privado, nem para empresários, nem para profissionais autônomos. O mercado, incluisive o de trabalho, não é essa maravilha ideal que se prega. Portanto, não é tão simples assim procurar outro emprego, como todos nós sabemos muito bem. Da mesma maneira que não é simples mudar o foco do negócio de sua empresa, ou mudar de profissão para um autônomo.
O empregado, seja público ou privado, tem, em maior ou menor grau, o recurso do protesto via greve. O autônomo ou empresário não tem, apesar de terem, também em maior ou menor grau, outras formas de pressão.
É obrigação do funcionário cumprir sua obrigação e trabalhar direito? Sim!!! Em especial no caso do servidor público. Mas simplesmente dizer que não deve fazer greve por que se não está gostado é só mudar de emprego é um argumento simplista demais.
3) Algumas profissões são melhor remuneradas do que outras e a vida é assim mesmo? É verdade.
Quando meus amigos que são médicos reclamam eu costumo lembrá-los que o que eles estão considerando salários ruins são o topo da pirâmede em carreiras que têm níveis de formação e exigências equivalentes.
É a lei de mercado que diz que um professor ganhar R$ 1.800,00 reais na rede pública é bom salário? É maior que a média salaria nacional (que inclui do executiivo ao gari? Perfeito!
Mas lembre-se que, pagando salário de nível médio (não precisa nem fazer curso técnico), vai ser difícil achar gente disposta a fazer 4 anos de faculdade de física, química, biologia, ou qualquer outra área, para depois ser professor e ganhar esse salário.
Aliás, acha-se sim quem considere o salário interessante: a maioria dos alunos que atualmente estão dispostos a fazer licenciatura são aqueles que não conseguem passar em mais nada. O normal é ter aluno de licenciatura em matemática que não sabe nem equação do segundo grau. Os alunos com bom preparo simplesmente não estão interessados na perspectiva de uma carreira de professor, devido aos baixos salários. Seguem exatamente a sugestão: não gostou, procura outro emprego.
Mas não tem problema pois esses alunos sem preparo farão cursos de licenciatura meia boca e irão mesmo dar aula na rede pública. Só não vale depois reclamar da qualidade do ensino público…
ATENÇÃO: Não estou dizendo que essa é a única causa da baixa qualidade do ensino público, mas no ensino de ciências é uns 70% do problema.
Abraços a todos.
“O normal é ter aluno de licenciatura em matemática que não sabe nem equação do segundo grau. Os alunos com bom preparo simplesmente não estão interessados na perspectiva de uma carreira de professor, devido aos baixos salários. Seguem exatamente a sugestão: não gostou, procura outro emprego.”
E quanto você acha que deveria ser o salário para atrair quem consegue passar em medicina e engenharia para o magistério? E por que aumentar o salários dos que já estão lá e não conhecem equações do segundo grau? Afinal, os sindicatos do ensino público têm horror a pagamento diferenciado por mérito, exames que mostrem quais professores realmente conhecem a matéria que lecionam, etc. No final, o pessoal que não conhece equação do segundo grau vai ganhar salário de popstar, mesmo fazendo mais do mesmo.
Gladstone, não disse que tenho uma solução, apesar de que você mesmo “cantou a bola”: pagamento diferenciado por mérito e desempenho. Detesto ver o pessoal desqualificado e os que fazem corpo mole tendo a mesma remuneração que quem está bem preparado e dá o sangue.
Mas como você mesmo disse os sindicatos de ensino são burramente e corporativistamente contra. Mas os administradores também não querem ter o trabalho de implantar: é mais fácil e barato pagar mal a todo mundo.
Sem falar na dificuldade em estabelecer critérios. O professor que dá aula em uma escola de periferia terá sempre seus alunos obtendo, na média, resultados piores do que os de uma escola central sem que isso signifique que ele é um professor pior. Isso para não falar nos professores (muito comuns) que tem índices de aprvação maravilhosos, apesar de seus alunos não saberem nem regra de três… Um sistema de avaliação tem que levar TODOS esses fatores em conta.
Como é complicado de fazer a administração não quer ter trabalho.. Já que o sindicato não quer mesmo junta a falta de fome com a vontade de não comer.
Mas meu questionamento não foi esse!
Eu chamei atenção para o fato que, permanecendo esse nível salarial para professores, não teremos gente capacitada no sistema de ensino público e, muitas vezes, nem mesmo no sistema privado.
Enquanto o magistério, que exige 4 anos de ensino superior, pagar menos que ocupações que exigem ensino médio mal feito, o que você terá é professor de português que não consegue escrever um parágrafo que faça sentido. E sempre tem uma faculdade disposta a dar diploma para um cara desses, desde que pague a mensalidade.
Repito: se o mercado de trabalho “julga” que R$ 1.500,00 está ótimo para um professor (principalmente da rede pública de ensino) por que está acima da média salarial do brasileiro, perfeito. Só que aí não vale reclamar. Lei da oferta e da procura: só atrairá gente com baixa qualificação com as consequências previsíveis para a qualidade de ensino….
Como falei no início, não disse que tenho a solução….
Abraços.
Interessante texto, mas o que irrita é essa constante desqualificação dos servidores públicos. O pessoal viaja…estudou em coleginhos particulares que adestram a mentalidade da petizada e quando tem um lugarzinho – ou melhor , um puxadinho, querem empurrar os outros para baixo. Quando que a educação no Brasil foi boa? Grande parte dos professores no início do século passado o eram por questóes alimentícias. A classe média boçal brasileira (pleonasmo esférico redudante) não põe o filho na escola pública não porque não queira a gratuidade do ensino, mas sim porque é tacanha e que acha que pobre não tem direito a sonhar com a educação e consequentemente a possibilidade de um futuro menos sombrio. Nos EUA (deem-me licença, já que aqui está um festival de loas ao ‘neoliberalismo, à competência, mérito – e mérito no Brasil é você ser ariano, ter um parente com bala na agulha ou conseguir uma mamata) o médioclassista põe o filho na escola pública não porque não pode, mas porque não se submete a que seu filho seja doutrinado em escolas religiosas, ou de elite com consequencias desastrosas.
Oi Rafael, é a primeira vez que comento aqui, apesar de freqüentar seu blog há muito. Aliás, parabéns pelo blog, ele é excelente.
Li este texto e todos os outros sobre o assunto. Concordo e subescrevo suas posições. Sendo médico, concordo com boa parte do que você escreveu sobre a categoria.
Extrapolando um pouco, mas ainda no mesmo tema, vejo com reticências o fato de milhares de diplomados brasileiros estarem rumando para o setor público (via concursos): porque (para a maioria) a justificativa não é a de fazer um trabalho que lhes é interessante, mas é apenas para obter a tal estabilidade, esse Santo Graal da última geração de diplomados brasileiros. Muitos vão trabalhar em áreas que não são a de origem, e tudo o que querem é um salário, pouco importa a função: nem que isso signifique ser agente fiscal em rodovias quando se tem um diploma de biólogo. O empreendedorismo, a criação de novas idéias, tudo é sufocado por essa nefasta tendência. E, depois, esses concursados páram as atividades, fazem greve para terem 0.02% de aumento. E o pior: essa gente seria incapaz de sair às ruas para pleitear, sei lá, urbanização na favela que eles vêem do alto das varandas de seus apartamentos.
Desculpe-me escrevi demais…
Abraço!
Cara, acho que só agora entendi de onde sai tanta revolta em alguns textos do site.
Você é comunista assumido e publicitário? Essa contradição, tendo de trabalhar ferozmente a favor de um sistema capitalista opressor, com técnicas covardes (não que você as pratique mas pelo menos vê em ação) de persuasão e profissionais medíocres deve ser absolutamente frustrante!
Como publicitário e médico (acho que sou o único representante no brasil haha) sou capaz de entender muitas das suas frustrações, principalmente em relação aos que atendem porcamente (isso me irrita profundamente!), que reclamam de planos de saúde mas continuam trabalhando para eles e principalmente dos “vagabundos” que não trabalham quando são pagos para tal.
Mas me diga, já que te irrita o fato dos médicos que não atendem pacientes do SUS. O que você acha que eles deveriam fazer para reivindicar melhores condições de trabalho, salário e estrutura do sistema de saúde em geral? Uma hora o governo tem de dar atenção ao que os profissionais da área sinalizam. Como fazer? Não concordo também em deixar pacientes reféns de algo que eles não têm culpa – e pagam com impostos inclusive – mas o que você sugere?
Rafael Galvão sou portuguesa de Portugal. Ao fazer um pesquisa, vi o seu Blog! Quando comecei a ler o texto fiquei a detestar ainda mais o Acordo Ortográfico!
Frases como esta, “Dirão que a primeira fase é bobinha….”. O que significa “bobinha” quando se escreve sobre uma Prespetiva Histórica. “Jery Lee tinha caído em desgraça porque comeu a prima….”
Que português é este que nos estão a impor e que nada tem a ver com a língua portuguesa de Camões, de Fernando Pessoa!
Já pensou que esta espécie de Blog é lido por toda a gente? Tem a noção que está a ultrajar a verdadeira língua portuguesa? Acho que deve rever tudo isto….