De volta ao futuro

Nos próximos dias, este blog vai recauchutar alguns posts de quatro anos atrás.

As razões são simples.

Um dos trolls de estimação de blog, vendo o que ninguém vê e achando que Serra realmente tem alguma chance de ganhar esta eleição que, ainda nem começada, o mostra em queda constante nas pesquisas, lembrou que a alternância de poder é necessariamente algo benéfico. O Jean disse que acha que a Petrobras nunca esteve na mira da privatização. E quase todo mundo parece achar que Bolsa Escola e Bolsa Família são a mesma coisa.

Pode parecer loucura, mas é como se o PSDB/DEM tivesse ficado congelado no tempo. Uma espécie de Austin Powers político, eles ainda não compreenderam que os parâmetros para que se possa discutir avanço mudaram. O PSDB/DEM continua sem conseguir apresentar uma alternativa real, diferente da que apresentaram em 2002 e 2006. Eles têm na cabeça o mesmo modelo que implementaram no país e continuam a implementar em São Paulo.

O mais grave na situação do PSDB/DEM não é sequer o fato de que eles não souberam como trazer o país ao atual patamar de desenvolvimento: é o fato de que eles não sabem o que fazer com o Brasil atual.

O que parece difícil que eles entendam é que alternância de poder é boa se ela não representa retrocesso. A volta do PSDB/DEM ao poder significa exatamente isso: uma volta indesejável a uma fase do país que, 8 anos depois, já devia ter sido esquecida, porque foi superada. Eles ainda não conseguiram responder às perguntas básicas: para que vocês querem chegar à presidência da República? Qual o projeto de governo de vocês? O que vocês têm a oferecer que seja melhor do que o governo Lula tem feito e a Dilma pretende fazer nos próximos anos?

Sem apresentar uma alternativa concreta, o discurso de alternância do PSDB/DEM é pouco mais que “por favor, me dê o poder de volta”.

Os posts serão republicados com algumas variações porque o nível de argumentação do PSDB/DEM não é apenas baixo: é velho, também.

15 thoughts on “De volta ao futuro

  1. O PSDB/DEM hoje nada mais representam em termos sociais no Brasil. O bloco hoje representa apenas uma elite burguesa clássica que morre de medo da esquerda e se posiciona contrária a esta e votaria em qualquer guaipeca que represente este sentimento. Este extrato social é diminuto e pouco representativo.
    Assim, para ganhar apoio popular, PSDB/DEM não podem assumir em voz alta sua apostila. Estão sem discurso, sem plataforma. Sem base social e sem propostas não há como vencer uma eleição, nem no Brasil nem em qualquer lugar do mundo.
    As pessoas ao votarem são muito pagmáticas e são levadas ao raciocínio basilar de questionar se a sua vida melhorou ou não. Fora os de coração cheio de ódio às esquerdas (podem chegar a 30 %), o potencial de Dilma é fabuloso e pode representar vitória no primeiro turno.
    Lembrem que Alckmim na eleição passada conseguiu a façanha de ir ao segundo turno (agradeçam ao mensalão) e fazer menos votos que no primeiro (mais 1 milhão a menos!!), fato inédito nas democracias ocidentais.
    O Brasil pode ficar tranquilo que teremos uma presidenta que fará deste país uma potência internacional.

  2. Rafael,
    “… vendo o que ninguém vê e achando que Serra realmente tem alguma chance de ganhar esta eleição que, ainda nem começada, o mostra em queda constante nas pesquisas, lembrou que a alternância de poder é necessariamente algo benéfico.”
    Tem certeza absoluta que Serra não ganha? Veja bem, não estou questionando a capacidade de Dilma ou dizendo que ela não seria uma boa presidente, eu estou perguntando se os tucanos já são carta fora do baralho.
    Agente 65,
    “O Brasil pode ficar tranquilo que teremos uma presidenta que fará deste país uma potência internacional.”
    Já não somos? A propaganda do Governo Médici, digo, Lula às vezes me confunde. Pelo menos, já temos “saúde de Primeiro Mundo”, segundo o presidente, o que é ainda melhor do que ser super-potência.

  3. rapaz, fico chocado como vc é parcial nas suas análises. desmerecer a estabilidade da moeda, a privatização da telefonia. tudo bem teve coisas muito ruins antes de Lulla, mas agora no governo delle tb tiveram coisas ruins.
    o mensalão, o fisiologismo como nunca se viu antes na história desse país, a politica externa deplorável e o alinhamento com ditaduras, o desprezo pelos dissidentes cubanos e a intevenção em Honduras.
    ps: e vc ainda acredita mesmo q Dilma vai ganhar, é??? só se for com o gabarito da “Proconsult”…

  4. Eles ainda não conseguiram responder às perguntas básicas: para que vocês querem chegar à presidência da República? Qual o projeto de governo de vocês? O que vocês têm a oferecer que seja melhor do que o governo Lula tem feito e a Dilma pretende fazer nos próximos anos?

    Me diga qual o projeto de governo do PT? O que o PT/Lula/Dilma tem a oferecer de melhor do que na época do PSDB/FHC?

    Em alguns ponto o governo PT foi mais eficiente que o do PSDB, em alguns o PSDB foi melhor, mas querer dizer que na época do FHC era uma mer** e que hoje vivemos (ou que viveremos com a Dilma) uma era de ouro da historia brasileira só pode ser um serio de caso de miopia e surdez.

    Leio seu blog há um bom tempo, e gosto dos seus textos, mas esse fanatismo/histeria seu com o Lula/PT é meio exagerado. Numa analise desse governo, além das coisas boas, é preciso lembrar do mensalão, dos casos de corrupção (que foram muitos, na era FHC teve? teve sim, mas agora não podemos dizer que foi melhor ou que tiveram menos), da relação com o Irã, Sudão, Cuba, aparelhamento e inchamento das estatais, autarquias publicas, ministerios, etc.

  5. Rafael,

    Sou leitor do seu blog a muito tempo, e há uma questão que eu nunca te vi analisar à fundo: a corrupção e inchamento do estado no atual governo.

    Tem corrupção e cabideiro de empregos com o PSDB/DEM? Com certeza! Mas você não acha que faz bem trocar o cabideiro de tempos em tempos?

    E também apoio o que o Anderson falou. Boa parte do Brasil de hoje é herança do FHC. Que proposta concreta a Dilma está apresentando?

  6. Dispor-se a tentar levar alguma luz à mente de simpatizantes do PSDB/DEM/PPS é coisa de masoquista. É impossível dialogar com essas pessoas, pela simples razão de que elas não possuem argumento algum. Sequer tem uma noção clara do que é o Brasil de 2010. A base de conhecimento dos que odeiam o governo Lula é toda fornecida pela Veja, Folha, Estadão, Globo et caterva. Ou seja, eles não tem como argumentar porque vivem em uma realidade paralela, na qual o Brasil é um pária na comunidade internacional, está sempre a beira de um colapso economico e é um navio a deriva, devido à “paralisia administrativa”, seja lá o que isso signifique. Perda de tempo achar que esse tipo de gente seja capaz de produzir qualquer coisa que se possa ler ou ouvir, e que contenha um mínimo de raciocínio lógico.

  7. Vamos lá, o PSDB de fato não tem um projeto concreto de governo, uma hora afirma a clássica medida de diminuir o papel do Estado na vida do brasileiro, na outra, numa tentativa deseperada de atrair os votos, afirma que não apenas vai manter os beneficios do governo Lula como também vai “aperfeiçoa-los”.

    A unica coisa que isso demonstra é que o PSDB já completou a sua metamorfose e se transformou numa versão tupiniquim do RP, que na última eleição americana também mantinha essa postura confusa: O candidato hora criticava o governo impopular do qual fazia parte, ora afirmava manter as controversas medidas tomadas pelo partido, o que (somado ao carisma do partido adversário) resultou na perda do governo. A unica diferença disso com o PSDB, é que os tucanos nessa eleição são de oposição e, naquela eleição, os republicanos eram situação.

  8. Com relação ao comentário do “Zé”.

    Dos comentários que vi aqui, os “favoráveis” ao FHC apresentarem argumentos, ou tentaram. Você, ou ele, bem o “Zé”, só disse que num tem como levar luz a simpatizantes, e no mais ele num disse nada. Então pelo que vejo o difícil é levar luz a essas pessoas, num digo que elas tem trocar de lado, mas pelo menos discutir alguma coisa com argumentos melhores do que foram apresentados no texto do post e nesse comentário.

    Veja os comentários do Tulio e do Deluvio, concordo com que eles disseram, essa cegueira com que outros fizeram é estranha e perniciosa. Como disse no meu 1º comentário é preciso avaliar cada caso, ver o que teve de bom e de ruim, num é só achar que tudo que o Lula fez é obra de Deus. Poxa, a politica externa do Brasil é vergonhosa, casos de corrupção tem aos montes e a Dilma, convenhamos, não tem capacidade para ser síndica de um prédio sem moradores ainda mais para presidente!!!

  9. Túlio,

    Dilma Rousseff vai ser a próxima presidente da república. E olha que a campanha nem começou ainda.

    Dilúvio,

    Deixe de ser mentiroso. Ninguém aqui desmereceu a estabilidade da moeda. Nem falou das privatizações, embora se você quiser a gente possa começar a falar da roubalheira que foi tudo aquilo. Fisiologismo como nunca se viu neste país? Em que país mesmo você vive?

    Anderson e Alexandre,

    É impressão minha ou vocês estão tentando torcer os fatos? Não é Dilma quem tem que apresentar propostas — sua principal proposta é continuar o que o governo Lula. Ela é a continuidade do governo Lula. As propostas estão aí, sendo realizadas ou já projetadas.

    São vocês que precisam apresentar propostas que justifiquem a mudança. São vocês que precisam dizer por que cargas d’água esse modelo atual não deve continuar e ser substituído. Apontem o que está errado — mas com base, por favor, e não apenas discurso vazio — e digam exatamente como vão melhorar.

    Anderson, você realmente acha que a política externa do Brasil é vergonhosa? Pelo amor de Deus. Vamos tirar a questão financeira de vista — até porque é vergonhoso para o governo FHC uma comparação. O governo Lula emancipou o Brasil da dependência crônica dos EUA. Fortaleceu o Mercosul, diversificou a lsita de parceiros comerciais do Brasil e enterrou a Alca, e as vantagens disso você pode ver na reação à crise de 2008. Lida com o Irã de maneira adulta e desapaixonada, com mais sensatez do que FHC jamais foi capaz. E seus ministros não tiram mais os sapatos nos aeroportos americanos.

    Deus do céu, até Jânio Quadros teve uma política externa mais altiva que a de FHC.

    Em vez de tentar inverter o ônus da prova, eu sugiro que vocês ponham a cabeça para pensar e tentem aparecer com algo concreto, e não apenas spinning. Digam o que vão fazer da economia, das políticas sociais, da política externa.

    Embora eu saiba que é difícil apresentar conserto para um país que dá certo.

  10. “Embora eu saiba que é difícil apresentar conserto para um país que dá certo.”

    Isso se ele SÓ desse certo. Se você acha o governo perfeito, ok. Mas parece que acha assim só porque este é do PT.

    O que não lhe tira a razão no objeto do post: o PSDB não tem real projeto de governo, exceto o que o Serra disse até agora (quase nada).

  11. Não é Dilma quem tem que apresentar propostas — sua principal proposta é continuar o que o governo Lula.

    Essa foi a melhor do ano!!! Já que atingimos o ápice da perfeição de um governo e não precisamos mais de proposta nenhuma, vamos transformar o Lula em REI dessa selva e deixar tudo como está pra sempre.

    E alguem me fala, existe MERCOSUL???

  12. Vamos ver o que diz um economista argentino sobre o Mercosul:
    (copiado e colado do rsurgente de Marco Weissheimer)

    Artigo do economista argentino Jorge Beisntein, professor na Universidade de Buenos Aires, analisa o significado político da candidatura Serra e as implicações da proposta feita pelo tucano de flexibilizar o Mercosul. Beinstein escreve:

    As declarações hostis ao Mercosul feitas por José Serra diante de empresários da Federação de Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), deveriam ser tomadas como um sinal de alarme não só no Brasil, mas também na maior parte dos países da região. As declarações do candidato direitista aparecem como um convite ao suicídio do sistema industrial brasileiro que ficaria exposto à feroz concorrência na América Latina de países desesperados por aumentar suas vendas.

    A proposta de Serra vai na contramão da tendência global dominante rumo às integrações periféricas que aparecem como respostas às crescentes dificuldades das economias das potências centrais (EUA, União Européia e Japão). O que Serra propõe é um caminho perverso: sair do processo integrador periférico e submeter-se completamente às turbulências do mercado internacional sem nenhum tipo de escudo protetor regional ou periférico trans-regional. Deste modo, o Brasil passaria a fazer parte da estratégia de recomposição geopolítica imperial dos EUA, onde um dos capítulos decisivos é a desestruturação das integrações periféricas tanto na Eurásia quanto na América Latina.

    Serra propõe substituir o Mercosul e as demais alianças periféricas (Unasul, BRIC, etc.) por um conjunto de tratados de livre comércio. A retirada política do Brasil significaria automaticamente um decisivo aumento da influência dos EUA na América Latina, abrindo o caminho para suas estratégias de desestabilização e conquista.

    No esquema Serra, sem a rede protetora de aproximações e acordos políticos, econômicos e culturais, o Brasil teria só um caminho para prosseguir em seu desenvolvimento comercial em um mundo cada vez mais difícil: o da competição selvagem respaldada por salários e impostos reduzidos, ou seja, apoiada na miséria crescente do grosso de sua população (começando pelos assalariados e seguindo pelas classes médias), no apequenamento do Estado e, inevitavelmente, na expansão das estruturas repressivas destinadas a manter a ordem social e política; em resumo, na deterioração acelerada das liberdades democráticas. Como vemos, o processo começa com um discurso comercial e culmina necessariamente com um modelo político claramente autoritário.

    Deste modo, Serra passa a formar parte do leque de políticos latinoamericanos de raiz neoliberal, nostálgicos das velhas relações neocoloniais com o Império. Estes dirigentes superados pelas tendências integradoras e autonomizantes hoje dominantes na periferia lançaram-se a uma reconquista desesperada dos governos. O tempo joga contra eles, a realidade vai lhes escapando, o senhor imperial que desejam servir está enredado em seus próprios e muito graves problemas, tornando-o cada vez mais irracional. Há um aumento da irracionalidade nos sistemas de poder do centro decadente do mundo e também em seus serventes periféricos.

  13. Eles acreditam na imprensa…

    fico pasmo!

    Não entendem o que foi o Collor, não podem entender o que foi o FHC, nem o que foi o “Mulla”.
    Eu tenho dó…
    É uma benção que eles não me visitam

  14. Sei, o argentino está dizendo isso para o bem do Brasil, claro. Ou serão saudades antecipadas do tempo em que Lula traía os interesses do Brasil em benefício dos governos corruptos de Paraguai, Argentina, Bolívia e Venezuela? Será medo de que Serra governe para os brasileiros, não para os bandidos que governam esses países? Em vez de sugar o Brasil, esses governos terão que trabalhar.

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