Ninguém é besta de negar que Ella Fitzgerald é a maior cantora de blues que este mundo já viu. Ela é perfeita, tecnicamente, e tem os atributos necessários para aplicar essa perfeição em um gênero eminentemente emocional.
Mas Billie Holiday está acima de qualquer cantora, porque o seu domínio extrapola o da música.
Lady Day não tinha a maior nem a melhor voz do mundo. Tecnicamente, de acordo com os critérios clássicos, tinha uma vozinha no máximo regular. Mas àquela voz ela acrescentava uma carga de dor, de sofrimento, que nenhuma outra cantora jamais conseguiu imitar. (En passant, Janis passava, antes de mais nada, desespero e ansiedade; ela pertencia aos anos 60.)
Que se ouça Strange Fruit. Mais que a letra, é a voz de Billie Holiday que transmite a angústia e o sofrimento diante da cena narrada ali. Uma voz que parece ter 150 anos de vida, e uma vida carregada de sofrimento. Ou então Fine and Mellow (ou qualquer outra, estou citando apenas as que vêm à minha cabeça no momento).
Eu não sei o que cria uma cantora como Billie Holiday. Várias outras foram criadas em ambientes semelhantes e comeram o mesmo pão amassado pelo diabo, mas não chegaram ao patamar praticamente divino de Billie.
E tampouco sei explicar o que aquela mulher tem de genial. Acho que, no fundo, eu só não acredito que Billie Holiday possa ser explicada.
Rafa… Na terça passada, se não me engano, passou uma parte de um documentário sobre jazz no GNT. E passou a Billie Holiday cantando… Tão lindo… O pianista que a acompanhou durante muito tempo deu um depoimento. Vou tentar falar o que ele disse. Falou que tocava apenas para acompanhá-la, sem interferir muito. Disse que tentava, com o piano, agradá-la, tocar como ela se sentisse bem. Quando acertava, ela apenas olhava para ele com um sorriso. E isso bastava. Era apenas o que ele queria quando tocava pra ela. Puxa… Mostrou também o sofrimento do Charlie Parker. Morrendo com 34 anos de idade e com cara de 50. Sei lá… é heresia falar que os EUA produziram só o Bush e americanos ignorantes, né?
Também não saco nada de Blues. Depois de velha, não consigo “curtir” nada que seja meio depressivo.
Documentário interessante. Na minha opinião, Billie Holiday assim como a maioria dos cantores de jazz, blues, etc são sensacionais. Gosto de todos eles, sem exceção.
Obrigada,
Ivony.