Aviso aos navegantes

Há uma coisa chamada hotlinking que é uma grande canalhice. Você exibe uma imagem no seu site, mas ela está armazenada em outro lugar. Ou seja: quem paga os custos da imagem é outra pessoa.

No meu caso, eu pago pela hospedagem e tenho limites de tráfego. Se esse limite for atingido, o blog simplesmente sai do ar, a não ser que eu pague por mais tráfego.

Alguém fez isso com a imagem do filme do Tim Burton incluída aqui. Sem sequer avisar. Se pedisse, eu provavelmente teria deixado.

Pena.

Última Leitura

Durante muito tempo admirei a revista Primeira Leitura, desde os tempos em que ela se chamava República. Não interessava que ela tivesse uma linha claramente identificada com um setor de um partido, o PSDB: ela tinha uma grande qualidade, a de dar densidade ao debate ideológico. Nos anos Lula se tornou uma revista de oposição e de contradição ao governo, assumidamente, e em princípio isso é bom. Era uma revista inteligente, instigante.

Agora, com a saída do José Roberto Mendonça de Barros, seu publisher, a impressão que fica é a de que a densidade se foi e restou a mais rasteira propaganda política. A Primeira Leitura, nesta última edição, praticamente se limita a boletim de informações do PSDB; diminui-se, se despede do bom papel histórico que desempenhou durante muito tempo.

É irônico, porque Mendonça de Barros deveria ser, em tese, o sujeito a dar esse tom politiqueiro. Era ele o sujeito ligado, em várias esferas, a Fernando Henrique Cardoso. Mas enquanto se podia divisar na revista do Mendonça de Barros uma certa coerência e qualidade ideológica, na nova Primeira Leitura só vê a mesma velha e má politicagem.

Quem lê a revista com um pouco de atenção pode ver que a chamada de capa (“O PT cai do cavalo”) não corresponde à realidade. Um partido que tinha 187 prefeitos e em 2005 terá 411 não está estatelado no chão. Só porque perdeu São Paulo e Porto Alegre? Perdas muito importantes, óbvio, mas não decisivas no que se refere às próximas eleições. Os números apresentados na própria revista mostram um crescimento significativo do PT, algo que os políticos gostam de chamar de “capilaridade”. Isso não compensa a perda de São Paulo, mas representa muito mais no projeto de solidificação do partido.

Além disso, Marta não perdeu porque o paulistano é preconceituoso, porque é mulher ou porque o povo deu um sinal vermelho ao governo federal. Marta perdeu porque não soube fazer política, porque começou a fazer obras tarde demais, porque aumentou muito as taxas municipais, porque esnobou o PMDB, porque fez um acordo espúrio com Maluf e deixou que isso saísse de controle, e em muito menor medida porque realmente passa arrogância.

Querer nacionalizar uma derrota que se deve a questões locais, como acontece em absolutamente todas as eleições municipais desde 1992, é excesso de oportunismo. É esse o problema da revista: entrou de cabeça na disputa por 2006. E o PSDB sequer precisa disso: ninguém tem dúvidas de que Serra vai fazer uma excelente administração para garantir densidade eleitoral em uma eleição em que, apesar do que a revista diz, Lula parece ser imbatível, sim. Vai ser um governo populista, demagógico — e isso não é necessariamente ruim –, e certamente tentará recuperar espaço nas áreas mais pobres, onde Serra foi mal votado. Isso é política. Faz parte do jogo.

Ao negar essas verdades, tão óbvias que Júlio César já conhecia, a Primeira Leitura está empenhada em espalhar o mito do “republicanismo” do PSDB. Diz que o PT faz oposição irresponsável, ao contrário do PSDB, coerente e cheio de princípios. A verdade, como sabe qualquer prefeito que tenha feito oposição ao governo Fernando Henrique, é bem diferente: entre 1995 e 2003, prefeitos de oposição foram tratados a pão e água. Pode-se criticar a esquerda brasileira por suas posições, com razão, pode-se criticar diversas atitudes do governo, também com razão; mas não às custas da elevação do PSDB à categoria de vestal impoluta da democracia. O tom de campanha se revela quando a revista bate repetidamente na tecla de um cabo eleitoral que barrou a entrada de Serra em um buraco qualquer, mas não faz uma só referência à diretora de escola que barrou a entrada de Marta, algo por sinal ilegal.

Mesmo isso seria tolerável se a revista não perdesse muito de sua inteligência. Uma entrevista com Celso Lafer, por exemplo, se resume a um amontoado de críticas à política externa de Lula. Se o Cláudio Humberto estiver certo, Celso Lafer era o Ministro das Relações Exteriores de Fernando Henrique que humilhou o país a que servia tirando os sapatos num aeroporto americano. Isso não é exemplo de política externa. Mais: um dos pontos em que o governo do PT vem se destacando é justamente esse. Obviamente não é a “invenção da soberania” que alguns setores mais burros do PT querem, porque o governo FHC também foi muito bom nisso; mas tem avançado, e muito. Criticar justamente essa área é perder o juízo e abusar da má-fé.

Cada vez mais — com a Primeira Leitura abdicando de sua inteligência, com a Veja encastelada no seu autismo jornalístico, com a IstoÉ merecendo o apelido cruel dado pela Veja (QuantoÉ), com Carta Capital vendendo suas matérias para o governo federal — eu fico achando que é melhor comprar uma edição da Atlantic Monthly ou da Nossa História e, se quiser saber o que acontece por aqui, assistir ao Jornal Nacional. Pelo menos é de graça.

E vou me poupar o prazer duvidoso de ler um dos mais novos colaboradores da Primeira Leitura: o indefectível Olavo de Carvalho.

***

A Veja desta semana traz várias matérias elogiosas a Lula. Alguém poderia me informar se a Abril andou conseguindo empréstimos federais?

Uma vez Flamengo

Esta foto mostra um dos meus dois grandes momentos como torcedor de futebol. A outra foi a Copa do Mundo de 1994.

Mas mesmo a Copa não significou o que o Mundial Interclubes de 1981 significou. Se em 1994 ganhamos porque os outros eram piores, em 1981 ganhamos porque nenhum outro time, em todo o mundo, era tão bom quanto o Flamengo. Nenhum jogava tão bonito, nenhum deu tantos jogadores para a seleção de 1982, na minha opinião a melhor de todos os tempos.

Ganhávamos na bola, com o talento de gente como o maior lateral direito de todos os tempos, Leandro, e do melhor jogador brasileiro que vi jogar — preciso falar o nome dele? E se fosse necessário ganhávamos também no braço, como aprendeu o Cobreloa nas finais da Libertadores.

23 anos depois, ainda sei de cor a escalação daquele time campeão do mundo: Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico. Não dá para contar o número de botecos espalhados pelo Brasil que ainda têm na parede a foto daquele time.

Mas também 23 anos depois acabei de ver o Flamengo suar para ganhar de um time vagabundo. Fazia um ano que eu não via um jogo do que um dia foi conhecido como Mengão: o último foi um Fla-Flu melancólico no Maracanã, 1 a 0 para o Flamengo. A única coisa em comum entre os dois times é a presença de Andrade, agora como técnico, tentando salvar o time de uma humilhação que, como jogador, nunca imaginou passar.

Há algo de triste quando, assim que termina o jogo, um dos melhores jogadores em campo — que por acaso sofreu um frango humilhante — cai em prantos e recebe o apoio ostensivo dos companheiros, que o carregam nos ombros. Aquele é um time desequilibrado, emocionalmente em frangalhos, que já não sabe o que fazer além de jogar o futebol indigno que finge jogar. É vítima de sua própria incompetência e da tragédia cômica em que se transforou o futebol carioca.

Fosse outra a situação e eu até torceria pelo rebaixamento, como tanta gente torce. Mas isso não iria resolver nada. O Fluminense foi rebaixado três vezes, e é isso que se vê; o Botafogo foi rebaixado, continua trocando passes medíocres em campos medíocres. O rebaixamento não resolve nada porque o problema do futebol no Rio de Janeiro não está apenas em Caixa D’Água, como querem os cronistas esportivos; está na própria estrutura dos clubes, corrupta, viciada. Uma estrutura em que todos sugam o que podem, em que todos são coniventes porque todos tiram alguma vantagem, de dirigentes a torcedores organizados. São parasitas que se alimentam da desgraça de um time que um dia foi o melhor do mundo.

É provável que ontem o Flamengo tenha conseguido sair de vez da zona de rebaixamento em 2004. E isso não quer dizer nada. Quer dizer apenas que no ano que vem mais uma vez vamos ter, como únicas emoções dadas pelo time de mais de 30 milhões de brasileiros, a expectativa pela possibilidade de rebaixamento. A única solução possível seria demitir todos, reconstruir tudo do nada, o que não seria difícil para um clube que recebe, todo ano, milhares de adolescentes desesperados por uma chance. Mas é impossível, por causa da infestação de parasitas.

No último jogo do Flamengo a que eu tinha assistido, tive que sair antes do final, para evitar as confusões de costume na saída do Maracanã. Não pode haver o melhor retrato do time que, vale a pena repetir, já foi o melhor do mundo.

Make love, not spam

O Lycos acaba de lançar um screensaver interessante.

É simples: enquanto ele está ativo, fica mandando pedidos para sites de spammers; milhares desses screensavers mandando pedidos simultaneamente fazem com que esses sites funcionem mais lentamente, e aumentar a banda consumida. A idéia não é tirar o site do ar, mas aumentar seus custos.

Eu já perdi uma conta de e-mail para spam, e neste blog recebo algumas dezenas de comentários de spammers por dia, que o MT-Blacklist bloqueia (os sujeitos são tão canalhas que não querem que cliquem em seus endereços; fazem isso para garantir melhores posições no Google).

Já instalei o screensaver. É até divertido ficar vendo os gráficos dos ataques. E o sentimento de vingança é sempre gostoso.

Invasão de privacidade

Tia, há algumas semanas:

— Rafael, você tá namorando?

— Não.

— Ah, sei. Só ficando, né?

— Não.

— Tá sozinho?

— Não.

— Não entendi.

— Nem eu.

***

Mesma tia, há uns 10 anos.

— Rafael, ninguém sabe de sua vida particular.

— Se soubessem não seria particular.

***

Mesma tia, há uns 15 anos, mesmo tipo de pergunta.

— Olha que legal, tia: se as pessoas não perguntam sobre a minha vida, eu não pergunto sobre as delas. Já imaginou o quanto de problemas isso evita?

***

Daqui a uns cinco anos eu devo postar uma nova pergunta, igualzinha. E uma resposta muito parecida.

As alegrias que o Google me dá (XV)

miami vice moda
Você chama aquilo de moda? Barba por fazer, blazers com a manga dobrada? Os anos 80 foram uma hecatombe estética, meu amigo. E Miami Vice foi o arauto do apocalipse, ao espalhar uma noção de moda pela qual a Flórida deveria arder no inferno. A Flórida não entende de moda; entende de aposentado reumático e de muambeiro. Eu tenho certeza de que aqueles furacões que assolam a região são castigo divino.

como xingar a mae
A sua ou a dos outros? Embora eu concorde que xingar a própria mãe seja mais ousado, lhe dê maior senso de afirmação e de libertação edipiana, xingar a dos outros é sempre um prazer. E isso é muito fácil. Basta pensar em algo que implique que ela não é a mais absoluta santa do mundo, e dizer isso de forma desprezível. É batata. Aproveite e diga para a sua devolver minha cueca.

argumentos contra a vida extra-terrestre
Eles são maus. Quando são bonzinhos, colocam tudo a perder falando bobagens como “Klaatu barada niktu”. Por causa deles, o mundo é cheio de teorias absurdas sobre OVNIs. Mas daí a propor seu extermínio são outros quinhentos. O que eles fizeram contra você? Por que você quer exterminá-los?

pessoas morando no artico
Passam um frio danado.

galos de rinhas onde comprar
Fale a verdade: você nunca viu uma briga de galos em sua vida, não é?

escravos sodomizados no brasil
E mais uma violência contra os negros no Brasil é cometida. Mas muito mais importante e comum era o que acontecia às escravas. E a graça das coisas é que elas não foram sodomizadas com tanta freqüência quanto se entregaram prazerosamente ao sinhô. O resultado, graças a Deus, é um país de mulatos. Para você ver que os portugueses não eram tão ruins assim.

sobre as histórias de asterix. procure informações sobre seus autores como criaram seus personagens etc.
É por isso que eu não vou com a cara do Google. Olha o seu caso, companheiro. Você fala com ele cara a cara, tem o trabalho de dizer exatamente o que quer — e então ele faz uma sacanagem e te traz até aqui.

bill haley and the comments historia
Essa banda aí eu não conhecia. É um blogueiro que resolveu formar uma banda, é isso?

homem pensando pintura rodin
Eu ia falar uma gracinha qualquer. Mas percebi que estou ficando esnobe (o primeiro filho da mãe que disser que sempre fui, apanha). Então lá vai: o nome é “O Pensador”, meu caro, e não é uma pintura. É uma escultura.

yellow submarine letra traduzida
Na cidade onde nasci
Tinha um maluco maneiro
Vendia uns troços legais
Bastava você ter dinheiro

O Marcelo viajava tanto
Que de gordo virou um magrelo
Mas não ligava, porque estava
Viajando num submarino amarelo

Tudo doidão num submarino amarelo
Submarino amarelo, submarino amarelo
Tudo doidão num submarino amarelo
Submarino amarelo, submarino amarelo

A gente passava o dia na maresia
O Jorjão quis fazer uma suruba
E foi passando a mão na minha bunda

(Aqui entra a banda: porororó, pó, pó)

Tudo doidão num submarino amarelo…

Faz três dias que eu não como
Pra pagar o bagulho vendi meu cello
Mas tudo bem, porque eu tô viajando
No nosso submarino amarelo

Tudo doidão num submarino amarelo…

porra de polinomios
13 anos, o rapaz. 7a série. E no entanto já está revoltado contra o ensino de matemática. Não é bem uma busca que ele faz, mas um desabafo contra o fato de ter que aprender algo que provavelmente nunca usará. Mais um para a tese “O Google é meu amiguinho imaginário”. Eu sinto sua dor, meu rapaz.

fotos de homens feios nus
Foi o padre, não foi?
“Padre, eu pequei.”
“Como, meu filho?”
“Eu tive pensamentos impuros, padre.”
“Só isso, meu filho?”
“Eu… Eu… Eu me toquei, padre.”
“Meu filho, sua penintência é rezar 10 Ave Marias, 15 Salve Rainhas e procurar fotos de homens feios nus na Internet.”
“Por que as fotos, padre?”
“Para evitar que você tenha pensamentos impuros novamente, meu filho.”

sexo mais canalha e degradante
Estou tentando imaginar. Não consegui passar de uma noitada com a Zezé Macedo e a Wilza Carla, mas tenho certeza de que a pessoa que procurou por isso consegue pensar em coisas mais assombrosas.

Quem escreveu o iliada e a odisseia
Paulo Coelho.

programas de computador para gerenciamento de salão de beleza
Conheço um, o Gossip 1.0. Já vem com templates de fofocas e maledicências inclusos.

os homens preferem casar com as virgens
Nem todos, minha filha. Por isso, levante a cabeça e se alegre. Coloque aquele vestido sem decote e vá para a quermesse. Você ainda tem chance de deixar o caritó. E esqueça de uma vez aquele cafajeste, que te prometeu casamento e depois deu no pé.

filmes rapidos porno
Você se refere a astros com ejaculação precoce, é isso?

profissões no nordeste na época de lampião
Soldado das volantes que saíam caatinga afora atrás dos cangaceiros. Com sorte, poderiam ser promovidos a cabo e se tornar autoridades em um lugarejo esquecido por Deus como Poço Redondo, em Sergipe, e Olho d’Água do Casado, em Alagoas.

historia dos moteis
Não há uma só história. Há muitas histórias, algumas belas, outras trágicas. Histórias de vida, como as de tantas e tantas crianças concebidas em um motel. Histórias de baixaria, como a Consuelo Badra levando porrada na saída de um deles. Histórias de morte, como o namorado da Arósio se suicidando na frente dela. São histórias de riquezas, de garotas de programa cobrando mil reais por noite, e histórias de miséria, de putas baratas dando por meia hora em motéis que cobram 6 reais — 7 com vídeo.

coisinhas bonitinhas sobre bebe
Neste bloguinho você não vai achar nadinha.

pilula do dia seguinte responsabilidade
Você quer alguém que lhe dê justificativas por você estar se entupindo disso em vez de usar outros métodos anti-concepcionais, não é? Lugar errado. Este blog é pro-choice, e não pro-stupidity.

cearense no sentido pejorativo
O termo cearense não admite uma conotação pejorativa. Já a expressão “cabeça chata”…

fotos de trintões
Me dá seu e-mail que eu mando uma. Com dedicatória e tudo.

fotos de acidente doméstico
Vá a um desses sites de maternidades que mostram as fotos de recém-nascidos. Ali tem um um bocado.

resumo do livro tudo tem seu preço
Faço por milzinho.

exemplos altruista de gene egoista
Os últimos que conheci foram internados como casos graves de esquizofrenia.

imagens do pacto de xuxa com o demonio
Irmã, tem certeza de que você quer mesmo ver isso (aleluia!)? São imagens tenebrosas, irmã (aleluia!). Eu vi e saí correndo para vomitar, que Deus me abençôe. Me dá o endereço da sua igreja para o pastor me exorcizar, porque eu estou com medo. Aleluia, irmã, Deus seja louvado.

fotos de de adolescentes que querem so namorar
Por “só namorar” você quer dizer não fazer saliência, é isso? Pois minha amiga, eu sinto te dar más notícias. Nenhum adolescente quer só namorar. Se só namoram é por causa daquelas adolescentes insensíveis que ficam regulando mixaria.

mais cara garota de programa
Por que você quer saber? Você não poderia pagar a moça. Curiosidade besta. E além disso, tenha certeza de que ela não vale tudo isso.

história do pão sírio
Essa foi meu avô quem contou. É a história de um amigo dele, o Salim, que veio para o Brasil com 2 anos de idade. As meninas da época achavam o nariz aquilino, as sobrancelhas grossas extremamente sexies. Diziam que ele era um pão. Durante muito tempo o Salim fez sucesso no Sírio-Libanês, até o dia em que casou. Esse foi um dia de choro e corações partidos no Rio de Janeiro. (Deus do céu, a que ponto de idiotice eu consegui descer.)

vida mulheres butão
A vida das mulheres do Butão não me diz nada. As mulheres da vida do Butão são mais interessantes.

história da praça da inglaterra salvador
Até hoje ela relembra com saudade a época em que era o centro econômico da Bahia, e faz questão de contar para aqueles que se sentam em seus bancos com um pouco de tempo nas mãos. Fala com nostalgia dos bilhões de dólares que movimentou em sacas de cacau. Ela só não conta que aqueles dias passaram, que o dinheiro migrou para a cidade alta, para lugares que quando ela nasceu sequer existiam, como a Av. ACM. Não conta que embora ainda haja tantos bancos à sua volta, não é ali, no Comércio, que a cidade da Bahia mostra sua força, não é ali que as decisões são tomadas. E aqueles que se despedem dela e dão uma última olhada para trás vêm apenas uma velha senhora de dignidade perdida, em uma zona decadente, próxima demais do cais do porto.

doenças do penis masculino com ilustrações
A mais comum, como sabem os tantos e tantos adolescentes quem vêm dar inadvertidamente a este blog em busca de respostas inexistentes, é o nanismo. Caso sério. E parece que é endêmico.

personagem biblico que subiu ao ceu se morrer
Se morrer? Elias morreu e foi levado em uma carruagem de fogo. Jesus morreu mas ressuscitou 3 dias depois. Eu não conheço nenhum personagem bíblico que não tenha morrido, não. Só Deus, que já estava lá, e o diabo, que não volta mais. Esses não contam, são hors-concours. Explique-se melhor.

poema de racismo da raça negra
O mais próximo disso é uma palavra de ordem: “Morre branco, viva nagô”. Era o que os participantes da Revolta dos Malês gritavam, se não me engano. E cá para nós, eu assinaria embaixo.

frases de sexo q deixam os homem malucos
“Tá, eu dou.”

frases ditas por florence nightingale!
“Esse morreu! Aquele perdeu a perna! Merda, por que inventei de vir pra Criméia?”

honra ofendida com sangue do ofensor é vingança
Não sei do que ele te xingou, mas percebe-se que você está transtornado. Infelizmente, meu pobre amigo humilhado, não vivemos mais em um mundo de duelistas nem de fazedores de tocaias. Vivemos em um mundo de advogados. Processe o desgraçado e arranque até as roupas do corpo dele.

deu a louca na terra [animais que estao saindo de seu ambiente e estao indo para outro].
Que bom que você foi específico. Acredite em mim, isso é raro. O Google agradece. Mas além de pítons na Flórida e os lendários jacarés do esgoto de Nova York, eu só consigo lembrar de Edmundo, que foi dar vexame em Florença.

criança fodendo mulheres adulta
Não seria o contrário, doente?

fotos porno das maes tiradas pelos filhos
Edipianos são visitantes recorrentes a este blog. Mas este parece ter chegado a um nível de perturbação que eu nunca tinha visto antes.

meu site sumiu do google
E você ainda reclama? Pelo menos você está livre dos tarados procurando por incesto e pedofilia. Veja os itens acima.

contra-razões de apelação usuario entorpecentes
O doutor aí pegou um caso difícil. Mas alguém quer apostar comigo que seu cliente é traficante, e não apenas usuário?

história infantil o sapo alpinista surdo
“Olha a avalanche!”
“O quê?”
“A avalanche!”
“Fale mais alto!”
“Olha a avalanche!”
“O q…”
E aí o sapo morreu.

mulheres reclamam penis pequeno
É uma medida extremamente válida de proteção feminina contra a canalhice masculina. É usada como último recurso. Se você a tratar bem, ela vai relevar essas miudezas. Mas não apronte com ela. Porque você dificilmente sobreviverá à crueldade de uma mulher magoada. Ela vai te chamar de joinha. (Por que joinha? Faça o sinal de positivo, de “tudo jóia” com o seu polegar. Pois é. Desse tamanho.)

lista as diversas religiões do mundo
Você já conhece a Igreja Rafaélica de Todos os Tostões? Não? Então leia seu manifesto. Você não precisa de nenhuma outra. Todas as respostas para sua angústia existencial estão aqui. Para a minha penúria também.

estrangeirismos blog projeto de lei
What the…? You mean they want us to stop using foreign words? Bloody hell, I’m all for it.

mulheres que fumam hollywood
Prefiro mulheres que fumam cigarros mais fracos. Mulheres que fumam cigarros mais fortes que eu me deixam meio intimidado, sabe? Sei lá, parecem mais machos do que eu… Eu fico me sentindo meio florzinha.

como moram os esquimos antigamente
Os esquimós chegaram ao Ártico com a colonização espanhola. A tradição ibérica de casas com grandes pátios internos foi alterada então, por causa do calor insuportável. Os pátios viraram varandas externas, e as casas foram construídas em ruas estreitas e sinuosas, para facilitar a circulação de ar, o aproveitamento da sombra e a manutenção da temperatura em níveis toleráveis para os europeus. Blog é cultura.

senso de imigrante sergipanos para são paulo na decada de 30
Você está superstimando os descendentes do cacique Aribé. Eles não precisavam de sexto sentido, de nenhum poder extra-sensorial para descer para São Paulo em vez de subir para São Pedro, os dois destinos tradicionalmente permitidos a paraíbas. Era só subir no pau de arara e o motorista se encarregava do resto.

teorias de oxum
Oxum não é de teorias, meu amigo. Oxum é de amor, é de cafuné na rede numa tarde de maio, e o amor não permite teorias.

falsa acusação de sexo implicando a moral
É quando dizem que você pegou a baranga mais baranga da vizinhança, sem que isso seja verdade. Sua reputação vai lá para baixo, então; e durante muito tempo você não poderá falar nada que será automaticamente lembrado desse fato, e todos vão fazer pouco de você. Você não tem moral para mais nada. Por outro lado, isso é libertador. Provavelmente vai demorar um pouco até você perceber isso, mas pense com carinho no assunto. Dica: quem come qualquer coisa está sempre mastigando.

safado cachorro sem vergonha versao masculina
Puta.

qual a fraqueza de caráter de hamlet
Ser. Ou não ser.

musica vanderlei esperando avioes
Sem ofensas, mas o Vanderlei é mineiro, não é?

motel alibi bahia
Eu pensava que o melhor nome de motel baiano era o Kama Sutra (apesar dos arrepios que me dá, porque fomos convidados a dar o nome do motel, passei uma tarde imaginando nomes que beiravam a pornografia, e quem ganhou foi a Publivendas com esse — aliás, com justiça). Mas Álibi é muito melhor.

camareiras de hotel sex
A camareira mais sexy que eu já vi foi num hotel de Atenas. Ela tinha jeito de Rita. Devia se chamar Rita Cassiopoulos.

blogs de mamãe adolescentes
Eu fico com o pé atrás em relação a pessoas sem sorte, sabe? E mamães adolescentes se encaixam nessa categoria.

miseria diferente de riqueza
Se você não contasse eu jamais iria desconfiar. Mas olha, com boa vontade pode-se ver que são parecidas. Quem está na miséria não tem nada a perder. Quem é rico pode se dar ao luxo de perder alguma coisa. Miséria e riqueza são libertadoras, se você consegue transcender. É bem verdade, cá para nós, que a liberdade da riqueza é mais interessante.

como fundar uma igreja
Me dê seu endereço para eu mandar uns obreiros darem um jeito em você. Eu odeio concorrência.

qual o tamanho do pinto de um japones
É maior que o seu. Ou seja: nem isso você vai ter como consolo. Conforme-se.

porque tarzan não passa de uma lenda
Quem te disse isso? Ah, já sei: você acreditou naquelas histórias de que Tarzan foi criado por um sujeito chamado Edgar, não é? Ah, homem de pouca fé. Tarzan existiu, sim. Era um pouco diferente da lenda que se criou, entretanto: a verdadeira Jane era uma babuína. Charmosa e amorosa, mas babuína.

anuncios falando sobre numeros romanos
Vai haver uma exposição só desses anúncios em Cafarnaum, dia XXIII de VII de MMV. Você não pode perder. Compre seus ingressos antecipadamente na Rua Caio Públio, DXXII. E concorra a descontos de até XXXV%!

quem eram os kolkhozes?
Os kolkhozes eram os integrantes da polícia secreta de Stálin. Ficaram famosos por sua truculência e por dar sumiço nos desafetos do regime. Foi um kolkhoz que tacou a picareta na cabeça do Trotski, sabia?

historinhas de natal para hora do conto ensino fundamental
Ah, salvaram a professorinha! Você quer casar comigo?

onde tratar gonorreia
Ahn… É no pinto, não é não?

como fazer para achar um cheque que sumiu
Reze para São Longuinho e dê três pulinhos.

fotos de um pênis
Este conseguiu dar dignidade a uma busca que acho só engraçada, porque, sabe Deus como, conseguiu soar como Bergman e seu “Cenas de um Casamento”. Agora eu fico tentando imaginar o que é um pênis bergmaniano. Deve ser um pinto que fala, fala e não faz nada, sempre com uma sensação de desastre à frente.

o talento não pode mais ser confundido com genialidade
Não diz isso que você acaba comigo.

cicatrizes pênis fotos
O velho coloca aquela coisa inútil para fora da calça. Mexe, mostra uma foto da Brigitte Bardot nua — nada. Apenas nervos e veias e pele enrugada, tudo isso sem utilidade hoje, não cresce mais — a única coisa que continuou a crescer, para baixo, foi o seu saco. Lembrando dos bons tempos em que seu companheiro, hoje inerte em sua mão, lhe deu grandes emoções, ele passa a contar as cicatrizes. “Essa foi a Maria. Essa foi a Cotinha — ai, como ela era boa… Essa foi a Deusdeth.” E as lembranças tornam mais toleráveis sua decadência e a morte que se aproxima.

Um pouco diferente de My Lai, mas só um pouco

Aí por 1977, 1978, havia três pilotos de helicóptero portugueses em Aracaju, funcionários de uma firma, a Votec, que prestava serviços para a Petrobrás (na época ainda com acento).

Um deles se chamava Marques. Outro era filho de um general que havia sido chefe do PID, o grupo de gente mais legal que Salazar conseguiu juntar, caído em desgraça após a Revolução do Cravos.

Ambos eram pilotos excepcionais, mas aí terminavam suas semelhanças.

O filho do general era um homem fechado, alto, louro, esguio; era bom a ponto de fazer “stall de badalo”. O avião, em um movimento pendular, sobe na vertical e desliga o motor; flutua por alguns segundos e cai. Embica para baixo e o piloto só então retoma o controle. O movimento é esse, o de um pêndulo, e é dessa semelhança que ele tira seu nome.

Em um avião não é uma acrobacia fácil de fazer, mas é relativamente comum; em helicóptero é praticamente suicídio. E esse piloto fazia isso uma ou duas vezes por mês. Em baixa altitude, o que é mais suicida ainda.

Marques tinha uma personalidade diferente da do filho do general. Era moreno, baixinho e falastrão. Era tão bom piloto quanto o outro; costumava ir do aeroclube de Aracaju para as plataformas “esquiando” as ondas, ou seja: voando muito baixo, acompanhando o sobe e desce das ondas, sem no entanto deixar que os patins do helicóptero as tocassem.

Também em 1977, 1978, havia um menino que ia ao aeroclube vender pirulitos. Era deficiente mental, mas isso não o impedia de levar sua tábua de pirulito toda tarde aos pilotos. Esses meninos logo se tornam pequenas personalidades locais, e isso ajuda nas vendas.

Um dia Marques o chamou.

Pegou o menino e o amarrou no patim do helicóptero. Levantou vôo, o menino amarrado ao patim, e passou alguns minutos fazendo as acrobacias de sempre. O menino, quando finalmente desceu e foi solto, foi embora correndo e gritando, com uma expressão de pânico tão absoluto que quem viu até hoje não esquece. Ele nunca mais voltou ao aeroclube e ninguém voltou a ter notícias dele.

Por isso Marques foi denunciado à Polícia Federal. Não teve problemas em assumir o que fez porque não via mal nenhum naquilo. Era apenas uma brincadeira, era assim que ele via aquilo. A empresa foi obrigada a tirá-lo de Aracaju.

O filho do general era um homem mais sério. Não era de falar muito sobre o seu passado. Mas quando passava a confiar em alguém podia explicar o comportamento de Marques.

Ambos eram veteranos das guerras coloniais portuguesas. Haviam servido em Angola.

Às vezes, quando sobrevoavam uma aldeia, recebiam um comunicado do quartel-general. Havia a suspeita de que aquela aldeia abrigava guerrilheiros, e eles recebiam ordem de atacar.

Os helicópteros portugueses eram equipados com metralhadoras Boffors, suecas. Disparavam 3 mil tiros em um minuto. Seu efeito era o de uma varredura no chão. 15 minutos de tiroteio e não sobrava absolutamente nada do alvo. Eram tão eficientes em sua função que foram proibidas pela Convenção de Genebra.

O trabalho macabro dos pilotos não terminava aí, no entanto. Terminado o bombardeio, os pilotos eram obrigados a descer e inspecionar o que havia sobrado da aldeia. Nunca sobrava nada. A não ser que se conte escombros fumegantes e cadáveres estraçalhados como sobras.

De cabeça baixa, lágrimas escorrendo pelo rosto, o filho do general admitia: não foram uma nem duas vezes. Foram várias. E em todas o procedimento era o mesmo: devastar as aldeias, pousar e checar o destroços.

Marques, por sua vez, tinha orgulho do que tinha feito. Era a sua forma de aceitar as atrocidades que tinha cometido, ou sido obrigado a cometer.

Enquanto isso, eram obrigados a ver os navios soviéticos aportarem e descarregar armas para os guerrilheiros abertamente, sem poder fazer nada. Porque uma coisa é atirar em minombuanas de um país insignificante, outra é atacar um navio da segunda maior potência do mundo. Para Angola, pelo menos, aquele era um mundo mais equilibrado. Portugal acabou saindo do país, rabo entre as pernas, mas deixou para trás milhares de mortos em um país destroçado, e levou consigo homens com sérios traumas de guerra.

No dia da libertação de Luanda Angola bateu seu recorde de atropelamentos, porque grande parte dos guerrilheiros jamais tinha visto um automóvel em sua vida.

A mesma Revolução dos Cravos que fez os funcionários do Ritz coletivizado contarem aos “doutoires turistas” que sonhavam com a volta dos antigos donos, para acabar com a bagunça em que o hotel havia se transformado, obrigou esses homens destruídos a procurar novos meios de vida. E eles às vezes, no meio da labuta, brincavam com meninos amarrados ao patim do helicóptero.

O filho do general morreria alguns anos mais tarde, no Paraná: levantou vôo contra o sol e não viu o cabo de alta tensão à sua frente.

Tatona, a rima

A Tata acaba de ser indicada para o Prêmio Esso de Jornalismo em criação gráfica para jornal.

Detalhe: se ganhar, vai ser seu quarto Esso. Eu não conheço outro jornalista que tenha quatro Essos nos costados.

E com ela carregando tanto prêmio, ando chamando a mãe do Vítor de Tatona. Só por causa da rima.

Aqui você descobre por que estou chamando a moça por um adjetivo tão doce. Nada mais justo.

Outro detalhe: quando ela ganhou o último, eu disse que embora fosse justo ela tinha outras peças de que eu gostava mais (por favor, não fale isso com ela: você vai ter que ouvir explicações sobre o pioneirismo do projeto, ela vai se indignar por você não gostar tanto da série, etc., etc…).

Desta vez eu não falei nada. Só babei.