As águas vão rolar

Certa vez, passei alguns dias bebendo apenas Evian. Quando tive que deixar esse péssimo hábito de lado, estranhava qualquer outra água mineral.

Em menor escala é o que está acontecendo aqui. A água mineral do Ceará tem um gosto esquisito. Como se tivesse um pouco de sal dentro dela. Quem diria que eu fosse sentir saudades da água de Nikiti.

Fim de feira

Uma das melhores coisas de vir a Fortaleza era comprar livros baratos. Uma livraria daqui, a “Ao Livro Técnico”, fazia uma liquidação de saldo que durante muito tempo ofereceu bons livros a um preço de sebo.

Nos últimos 3 ou 4 anos comprei dezenas de livros nessa brincadeira. Mas hoje voltei lá, e só consegui sair da livraria com dois. Acho que levei todos os que prestam.

A festa acabou.

Fortaleza

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Esta é a vista do meu quarto de hotel.

Mas é quando olho à minha volta, e vejo as cabecinhas chatas de tamanho avantajado socadas em pescoços inexistentes, os corpinhos pequenos e atarracados e as sobrancelhas grossas e unidas à la Chico Anysio, que finalmente percebo que estou no Ceará.

Yo no soy milonguero!

O Ministro da Justiça e Trabalho paraguaio chamou os brasileiros de “sem-vergonhas” numa entrevista, entre otras cositas más.

Ele acha que a fama de traficantes, ladrões e muambeiros que os paraguaios carregam é injusta.

Os traficantes do Rio, os atacadistas de muamba de Feira de Santana e os camelôs de todo o país, que vendem produtos comprados lá, concordam plenamente. É uma injustiça vil.

Mas que esse ministro é falsificado, ah, isso é. E olha o nome dele: José Burró.

Sexo nos anos 90

Quem insiste em baixar filmes no iMesh sabe que está sujeito a fakes dos mais variados (no eMule há menos fraudes). Parece engraçadinho, mas quano se lembra que cada filme tem cerca de 700 MB, é profundamente irritamente. Há pouco tempo baixei The 51st State pensando que era Tears of the Sun. E dia desses baixei The Sex Censor pensando que era outro.

Fazia bem mais de 10 anos que eu não via um filme pornô, com atenção. Ou seja, eu parei na década de 80.

Sacanagem nos anos 90 é engraçado. Os atores usam camisinha. Mas como o gran finale de qualquer trepada em filme pornô é aquela esporrada na atriz (?), os atores tiveram que desenvolver novas aptidões. Não direcionam mais à boca, sabe como é. O local preferido hoje são os peitos. (Como chamam isso? Cusparada espanhola?)

Assim que sentem o orgasmo chegando, se apressam em tirar a camisinha, que jogam em qualquer lugar. É uma cena bisonha. Às vezes a camisinha vai parar em cima do corpo da donzela, o que faz com que, a um provável grito do diretor (“Tira essa porra daí, caralho!“, o que deve dar margem a várias interpretações), o ator tire de forma atabalhoada e apressada o pobre preservativo de cima da atriz.

No meu tempo era melhor.

Bichos escrotos

No Zoológico do Rio, vendo os macaquinhos, os leõezinhos, o elefantinho e os gringos.

De todos os bichos, os que mais me chamaram a atenção foram dois espécimes altos, louros e de olhos azuis. Deviam ter vindo da Alemanha; não deu para ouvi-los falar. Mas deu para sentir o seu cheiro.

Ou melhor, o seu mau-cheiro.

Como fediam, aqueles bichinhos. A sorte é que, como todo bichinho europeu, passeavam livres e dava para nos afastarmos deles.

Bob has no hope anymore

Acabo de saber que Bob Hope morreu.

Duvido que um brasileiro normal com menos de 30 saiba quem foi ele. Mas quem, como eu, cresceu assistindo à Sessão da Tarde no final dos anos 70, quando a TV exibia uma enxurrada de filmes americanos dos anos 40 e 50, deve ter visto pelo menos uns cinco filmes dele. Ele era bom, e engraçado. Era provavelmente um dos grandes nomes do humorismo americano — o que quer dizer mundial. Fez uma dupla famosa com Big Crosby em filmes como Road to Morocco, Road to Bali, Road to Rio e Road to Putaquepariu, uma dupla que Jerry Lewis reeeditaria com Dean Martin. O meu preferido era The Paleface.

Ainda não li os obituários que vão pipocar mais tarde e nos jornais de amanhã. Mas fico imaginando a vida que esse cabra teve: foi rico, famoso, foi casado com a mesma mulher por quase 70 anos, todo mundo gostava dele, era bom jogador de golfe e, para contrariar o ditado de que o que é bom dura pouco, viveu 100 anos. Acho que ele não tem do que reclamar, não tem mesmo.

Esse povo todo, com quem cresci, está morrendo. Daqui a pouco é a vez de Jerry Lewis. E aí vai ser sacanagem demais.

Baobá, Brasil

Há apenas dois baobás em todo o país. Um fica no Jardim Botânico, aqui no Rio. O outro, no Passeio Público, no centro de Fortaleza.

Aos pés do baobá de Fortaleza putas decadentes esperam seus clientes em plena luz do dia.

No Jardim Botânico o baobá tem por companhia esquilos e turistas deslumbrados com aquela nesga domesticada de mata atlântica.

O baobá de Fortaleza se diverte muito mais.

Microsoft e Mozilla, juntos…

Pode ser só impressão. Mas nos últimos tempos, jornalistas que parecem ter um relacionamento muito íntimo com a Microsoft (ou com a bolsa dela) estão impulsionando o Mozilla. Gente como Paul Thurrot fala bem do browser, e ele não consegue falar bem de nada que não tenha a assinatura de Bill Gates.

Parece que o que andam dizendo é mesmo verdade: a Microsoft, que não atualiza o Internet Explorer há anos, está cedendo espaço ao Mozilla, que afinal de contas não é de empresa nenhuma.

O Mozilla é um browser infinitamente melhor do que o Internet Explorer. E com a guerra dos browsers vencida, talvez a Microsoft não tenha mais interesse em continuar desenvolvendo seu browser. Parece ser uma boa idéia. O Mozilla é muito melhor do que o IE jamais foi.

Ao mesmo tudo, pelo que se vê do desenvolvimento do Longhorn, o próximo Windows, praticamente tudo o que estiver no Windows vai poder acessar a Internet. Por isso, o que estou falando aqui pode ser só uma grande besteira.

O futuro é sempre interessante. E intrigante.