Os livros da moda

Você já notou que acabaram aqueles “livros da moda”?

Eu tenho uma lista deles. “Rumo à Estação Finlândia”, “Tudo Que É Sólido Desmancha no Ar”, “1968: O Ano que Não Terminou”, “Minha Razão de Viver”, “Notícias do Planalto”, “Chatô: O Rei do Brasil”, “Estrela Solitária”. Livros que eram resenhados nas principais revistas nacionais, como a Veja, e que tornavam obrigatórios nas estantes das pessoas — tão mais obrigatórios quanto mais simples eram as estantes.

A fragmentação da mídia, a ascensão das redes sociais acabaram com eles. Dependendo do digital influencer, o livro que a namorada de um deles escreveu com pensamentos que ela julga inteligentes pode ter a mesma exposição que um hipotético inédito recém-descoberto de Balzac.

E com isso acaba também uma ponte, um ponto em comum entre as pessoas, uma razão para iniciar uma conversa com alguém, “Você leu o último do Fulano?”

É um mundo estranho, esse. Eu não gosto dele.