IA

Primeiro testo o ChatGPT e me assusto, porque peço um roteiro de comercial passando um briefing mínimo e o que recebo é melhor que muita coisa que já recebi de agências, com briefings bem melhores.

Diabo, é melhor até que muita coisa que eu já fiz.

Agora Júnior me manda um vídeo do Gen-2, que cria e edita vídeos a partir de textos.

Eu mando para Peneluc, e aviso:

“Vamos nos acostumar a tomar no cu, porque é isso que vai sobrar pra gente.”

Peneluc, tão mais cético que eu, responde:

“E você acha que não vai ter uma porrada de robozinho tomando no cu no lugar da gente?”

A verdade não está lá fora

O History Channel era uma das razões pelas quais assino TV. A outra, provavelmente, é o TCM. O resto — programas como o do Anthony Bourdain e os peitos da Nigella Lawson, um ou outro filme mais novinho, Charlie Sheen nas reprises de Two and a Half Men — é brinde que vem de graça.

Mas isso foi há algum tempo. Sobrou o TCM. Porque um canal que deveria se dedicar à história (e que já exibiu excelentes programas, como uma bela série sobre Roma) passou a me brindar com programas que ultrapassam com várias cabeças de vantagem a idiotice: “Alienígenas do Passado”, “MonsterQuest”, “Caçadores de OVNIs”.

Isso faz com que eu perca tempo me perguntando: por que será que em pleno século XXI, este em que deveríamos estar usando roupas prateadas e veraneando na Lua, ainda há gente que acredita em monstro do lago Ness? Por que qualquer luzinha estranha no céu é uma nave espacial? Por que toda hora que um cachorro sarnento e pelado aparece morto surge também um idiota para dizer que é o Chupa-Cabras? Por que alguém, em plena era de satélites cobrindo cada centímetro quadrado da Terra, acha que um bicho do tamanho do Abominável Homem das Neves poderia continuar existindo sem ser visto por quase ninguém?

Eu não sei as respostas para isso e duvido que alguém saiba — ou, pelo menos, que alguém possa responder a essas perguntas com um mínimo de civilidade e sem uns três palavrões bem ofensivos. De qualquer forma, essas coisas me incomodam, sim, mas não são o pior.

São os programas sobre ufologia que realmente me tiram do sério.

Não se trata de negar a possibilidade de vida inteligente fora da Terra. É até improvável que ela não exista (embora Carl Sagan, em seu “Cosmos”, tenha calculado que vida inteligente pudesse existir em uns 10 planetas, se tanto; é um cálculo muito conservador, talvez, mas mais próximo da realidade que as federações intergalácticas dos filmes de ficção científica). O problema é outro: é acreditar que eles venham sistematicamente para cá, para este planetinha simpático, a despeito de todas as impossibilidades.

Imagine o tanto de trabalho e recursos necessários para mandar uma nave espacial através de um sem-número de dobras espaciais até esta bolinha azul. Por que alguém viria para cá, olharia escondido para nós como um voyeur excessivamente tímido e voltaria para o buraco de onde saiu é algo que me foge à compreensão. Mas eu tenho uma pista.

Sempre desconfiei que ufologia é basicamente uma espécie de deísmo atualizado para a era atômica — e é por isso que ETs sempre parecem com a gente, têm cabeça, tronco e membros. Assim como obrigamos Deus a nos criar à Sua semelhança, criamos ETs parecidos conosco; ultimamente Deus anda fora de moda, então arranja-se outra coisa inexplicável em que ter fé. Essas nossas criações, por definição, precisam ser maiores do que nós, algo que fuja à nossa compreensão e que tenha poderes mágicos — e quer mágica maior que andar por aí em velocidade superior à da luz, feito um neutrino despirocado?

Essa não é a única semelhança entre ufologia e outros tipos de fé. Não importa, por exemplo, que visitas de extra-terrestres sejam uma implausibilidade física. É justamente nessas horas que a malucada apela para a fé, para a ignorância: “Claro que é possível a uns ETs com cara de fuinha viajar 300 milhões de anos-luz para nos saudar com um ‘Klaatu barada nikto’ nas fuças. É que eles têm tecnologia que a gente não conhece.” Ou para o fuxico puro e simples: “Não, eu nunca vi um ET, mas um primo do amigo de meu cunhado foi abduzido.”

É exatamente como dizer que Deus existe porque existe, e fim de papo. É o tipo de argumento que, como qualquer teoria de conspiração, se baseia na ignorância.

A essência da fé mais burra e a da ufologia são as mesmas. É a idéia de que necessariamente existe algo acima da nossa capacidade de compreensão, algo no qual acreditamos apesar da falta de provas. Ou seja, Deus e ET são a mesma pessoa; a diferença é que antigamente Deus era mais batuta, mandava um povo inteiro andar quarenta anos no deserto para ver um terreno; hoje, no máximo telefona para lá. Por outro lado, antigamente jogava fogo, sal e enxofre em uns cusdemundo como Sodoma e Gomorra, coisa vagabunda com que um Deus que se respeite não deveria perder tempo; hoje, a gente vive sob a ameaça d’Ele invadir a Terra em astronaves gigantescas criadas em CGI e destruir o mundo inteiro.

E aqui está a pista para entender por que tanta gente acredita nessa estultície: porque isso nos dá a impressão de importância, remetendo a um tempo em que achávamos que éramos o centro do universo. Se não somos mais a criação predileta de Deus, vamos procurar alguém que nos valorize e respeite como merecemos.

Esse pessoal dos discos voadores só não parece perceber o quanto esse tipo de bobagem, e especialmente os indícios que eles alegam serem provas de suas teorias lisérgicas, são obscurantistas e anti-humanistas. Negam acima de tudo a capacidade de imaginação e de realização do ser humano — para eles, um egípcio de 4 mil anos atrás não poderia construir uma pirâmide; uns incas de merda (aquele povo incompetente que levou um cacete memorável de Pizarro) jamais poderiam construir Macchu Picchu.

A desumanidade desse pessoal é tão grande que eles parecem duvidar que o ser humano sequer pudesse criar a idéia de Deus — os deuses, dizia o Von Daniken, eram astronautas. É a síndrome do “not invented here” adaptada ao homem. Ou ao menos um grave exemplo de baixa autoestima existencial.

É verdade que a situação já foi pior, durante aquele período da história humana que cheirava a patchuli e em que se acreditava que adentrávamos a era de Aquário (Deus do céu, isto é a era de Aquário?). Essas idéias, por mais mirabolantes, por mais ilógicas, se mostravam adequadas àquela nova consciência telúrica, àquela coisa cósmica meio odara em que tudo era tudo e nada era nada — e você ainda tinha que mastigar 50 vezes cada garfada de arroz integral. O tempo passou, o sândalo saiu de moda, nos acostumamos à tecnologia, à fissão do átomo, ao Concorde e aos ônibus espaciais, e então passamos a pensar menos nessas coisas.

Mas vaso ruim não quebra e eles continuam por aí. É difícil para mim entender a razão, mas há milhares de ufólogos no Brasil. Há até associações que juntam esse pessoal. Tem gente que se ressente da existência de crentes? Eu me ressinto da existência de ufólogos — e diabo, ninguém nota a ironia contraditória nesse nome? Porque ufologia é obscurantismo disfarçado de pseudo-ciência.

Para piorar, ufólogos tendem a acreditar em conspirações malucas. Eles realmente acreditam que os governos sabem que somos visitados cotidianamente por ETs vindos de quadrantes aos quais nem a Enterprise chegou, e escondem isso de nós. Se não vemos ETs por aí não é porque eles não estão na Terra, mas porque há um grande complô do governo, qualquer governo, para esconder a verdade.

E isso é o que mais me impressiona: a idéia de complô, de uma grande conspiração orquestrada pelos governos para nos manter na ignorância. Para mim é ainda mais difícil acreditar que o SNI e sua sucessora Abin tenham competência para esconder esse tipo de fato da população do que acreditar na existência de ETs congelados como picanha num açougue. O que prova a imbecilidade desse pessoal é a crença na hipótese absurda de que esses governos, que sequer conseguem esconder as trapalhadas cotidianas que cometem, poderiam guardar um segredo de tamanha grandeza. Na verdade, a Nasa sequer consegue guardar as amostras espaciais que possui; como conseguiria guardar segredos como picolés de ETs, que escapam mais fácil, é coisa que me foge à compreensão.

O fato é que o governo sequer esconde de mim a existência da Ana Maria Braga; por que iria esconder a existência de um disco voador é coisa que, sinceramente, jamais vou conseguir entender.

Adeus ao Movable Type

Durante quase cinco anos, este blog rodou sobre uma plataforma específica de blogagem, o Movable Type.

Foi o Movable Type, e sua simplicidade e variedade de recursos, que me fez sair do Blogger.

Dutrante muitos anos não tive nenhuma queixa. Nos entendíamos bem, eu e ele. Mas na semana passada, por algum motivo, ele deu um pau federal. O pessoal do suporte disse que era problema com um banco de dados corrompido, pode ser. Mas como fazia tempo que eu precisava atualizar a versão do MT, decidi que não iria reinstalar aquela versão do bicho.

A idéia lógica seria migrar para o MT 4, mas não consegui. Nem sequer a ajuda do Tiagón foi suficiente para me guiar na instalação de algo que era muito simples e que agora simplesmente não conseguia rodar.

O MT hoje tem duas versões, Movable Type Open Source e Movable Type Personal. Eu sequer conseguir rodar a versão Open Source — até porque o movimento do código livre está mais interessado no WordPress do que no MT. A versão Personal rodou — mas apenas se eu usasse HTML em vez de PHP, o que seria impensável.

Era trabalho demais para mim. Ainda mais porque, como uso o método Michael Corleone para lidar com coisas inanimadas — “tudo é pessoal” –, eu não perdoava o MT por ter dado um problema tão grave justamente numa semana difícil. E ter-me feito sacrificar meu domingo em busca de uma solução para o blog. Isso é imperdoável.

E assim, a partir do dia da graça de hoje, este blog passa a rodar o WordPress. Não porque tenho alguma admiração — ou deixo de ter — pelo movimento do código livre; não porque acho o WP melhor ou pior. Mas porque funciona, e essa é a única razão válida para qualquer coisa.

Fica aqui a tristeza por ver o que fizeram do Movable Type. Era um grande software. Lá pelos idos de 2003, 2004, todos gostavam dele. Quando lançaram a versão 3, e mudaram seu sistema de preços, a comunidade do código livre caiu de pau em cima deles, considerados traidores do movimento. Mesmo assim tinham um bom programa nas mãos. A versão 4 tentou remendar as coisas, criando essa tal versão Open Source e correndo atrás até mesmo do look and feel do WP, mas não acho que tenha mais jeito: eles perderam o bonde da história.

E no fim das contas sobrou para mim. Os danos são poucos, mas bem variados: vários links antigos para este blog foram quebrados. E quem lia este blog por rss terá que assinar tudo de novo; a seguir, os novos links:

Posts: http://www.rafael.galvao.org/feed/
Comentários: http://www.rafael.galvao.org/comments/feed/

Pois é.

Ser ou não ser, ou ser e não ser

Em agosto, o New York Times publicou uma matéria sobre um filósofo de Oxford, Nick Bostrom, que aventa a possibilidade de estarmos todos vivendo numa simulação de computador. Não teríamos sequer um corpo de carne e osso plugado a alguma coisa, como em “Matrix”. Seríamos bits, apenas, equações matemáticas extremamente elaboradas. Uma espécie de Second Life em computadores quânticos de 57689a geração.

Na verdade, essa idéia não é propriamente nova. Muita gente — eu inclusive — já pensou nisso pelo menos uma vez na vida. E embora a reportagem não faça nenhuma menção ao fato, já foi explorada em um filme chamado “O 13o Andar”, feito há alguns anos com a belíssima Gretchen Moll.

Eu pensava que a filosofia de verdade, aquela metafísica grandiosa que lida com coisas ou conceitos maiores que ao ser, era coisa da época dos escolásticos e que Kant tinha dado um basta nessa conversa mole. Eu estava enganado, como sempre acontece. O computador, esse trequinho que uso para escrever e que o Bia usa para fazer sexo virtual, abre possibilidades interessantes.

O mais engraçado é que, se a idéia de um simulador controlado diretamente por alguém é relativamente pobre, a possibilidade de sermos apenas bits em um computador se realimentando constantemente a si mesmo, numa espécie de moto contínuo absolutamente dialético, é fantástica. Deus é um computador. Que grande idéia.

Eu não me importaria em ser um joguinho de computador, como não ligaria em ser uma criação divina. Não faz muita diferença. Como disse o filósofo David Chalmers na reportagem do New York Times, o teclado em que datilografo este post não seria menos real para mim só por ser composto de bits. Em qualquer mundo ou de qualquer matéria, eu continuaria esse ser que um dia fez a delícia do sexo feminino, e por enquanto isso me basta.

Mas mesmo assim não consigo evitar imaginar que — no caso de um cenário bobinho como aquele do simulador, de eu ser uma brincadeira de um nerd espinhento que melhor faria se fosse encher a cara na rua — haveria algumas coisas que eu poderia fazer. Por isso, meu senhor que neste momento me vê escrevendo isto, tome vergonha na sua cara de nerd trancado em casa comendo Cheetos. Se isso é um jogo, vamos ganhar. Arranja aí uma mega sena para mim. Se não dá para fazer isso de modo liso e honesto, eu não estou preocupado. Se vire. Dê seus pulos. Foi você — ou eu deveria escrever Você? — quem começou o jogo. Arranja um cheat desses que websites oferecem a jogadores preguiçosos. Vamos ganhar essa merda.

A grande colaboração da HP para a segurança deste país

Diálogo travado no início da noite de terça-feira, 23 de outubro de 2007, no chat da HP:

Renata: Boa noite

Renata: Obrigado por entrar em contato com o Centro de Soluções da HP Brasil. Em que posso lhe ajudar?

Rafael Galvão: Boa noite.

Renata: Obrigado por entrar em contato com o Centro de Soluções da HP Brasil. Em que posso lhe ajudar?

Rafael Galvão: O meu notebook, um dv9000, foi roubado. A bateria estava queimada. Se não me engano a HP não comercializa esse modelo no Brasil, portanto ele deve ser raro. Há alguma maneira de localizar o ladrão caso ele procure comprar a bateria?

Renata: Senhor Rafael, para melhor atendê-lo, é necessário efetuarmos algumas perguntas durante o atendimento, podemos prosseguir ?

Rafael Galvão: Claro.

(…)

Renata: Correto, um momento, por gentileza.

Rafael Galvão: Olá?

Renata: Senhor Raphael, obrigada por aguardar, infelizmente não é possível que o meliante responsável pelo furto de seu equipamento, seja localizado desta forma, por gentileza entre em contato com os órgãos públicos responsáveis pelo ocorrido.

Rafael Galvão: Sim, eu já entrei.

Rafael Galvão: A questão é:

Rafael Galvão: De posse do número de série do produto, não é possível que as autorizadas saibam quando ele for para o conserto?

Renata: Senhor Rafael, tratando-se de um equipamento importado, o mesmo não possui suporte técnico no Brasil, e como informado acima, não é possível que a HP localize o equipamento.

Rafael Galvão: A questão é que ele vai precisar comprar uma bateria. Isso me parece simples.

Rafael Galvão: Ou seja: vocês não fornecem o número de série para a rede de autorizadas, em casos assim?

Renata: Senhor Rafael, o equipamento mencionada não foi introduzido ao Brasil, consequentemente, Centros Autorizados da HP do Brasil não efetuam reparos nestes equipamentos, por gentileza, o caso deverá ser tratado pelos órgãos responsáveis pelo ocorrido.

Rafael Galvão: Não estou dizendo que vão efetuar reparos.

Rafael Galvão: Estou dizendo que vão procurar e vocês vão dizer a eles: “senhor, não efetuamos reparos”.

Rafael Galvão: Mas vão ter acesso ao número de série.

Rafael Galvão: Pelo menos em Aracaju, onde foi roubado?

Renata: Senhor Rafael, não são comercializadas peças deste equipamento em revendas ou Centros Autorizados da HP do Brasil, por gentileza, entre em contato com os órgãos responsáveis pelo ocorrido. Mais alguma dúvida?

Rafael Galvão: Não, nenhuma.

De volta para casa

Uso o Mozilla Firefox desde as versões 0.qualquer.coisa. É, disparado, o melhor browser disponível no mercado, apesar de alguns problemas — principalmente o jeito como manipula a memória.

Mas demorei a migrar para o cliente de e-mail da Mozilla, o Thunderbird. A razão era simples e tinha um nome: Eudora.

Desde 1996, aquele foi o único programa de e-mail que usei. Foi instalado no meu computador pelo Maurício Vivas, junto com outras peças paleontológicas como o Secret Agent. Free Agent e alguns outros.

O Eudora era um programa fantástico. E para mim, seu grande atributo era a maneira como manipulava arquivos anexados às mensagens. Basicamente, ele separava automaticamente os anexos e os salvava em um diretório qualquer. Assim, mensagens e arquivos eram tratados de forma diferente. Você podia salvar uma mensagem e apagar o anexo, por exemplo.

Isso era muito útil para quem, como eu, costuma guardar suas mensagens e prefere os anexos em outro lugar, eventualmente. Só o Eudora possibilitava essa flexibilidade.

No entanto, ele foi piorando com o tempo. Passou a usar o Internet Explorer para visualizar mensagens em HTML, o que é sempre uma temeridade. E, o mais importante, era um programa comercial. No entanto, ele era tão bom que valia a pena perder algum tempo procurando cracks para ele.

Só mudei para o Thunderbird, em 2004, quando surgiram as soluções para os meus problemas: uma maneira (complicadíssima) de converter meu arquivo de e-mails para o programa da Mozilla e o TB Attachment Tools, que possibilita a separação de arquivos e mensagens e que ainda hoje é muito superior à ferramenta semelhante incluída recentemente no TB.

Não me arrependo. O TB é excelente. E em muitos aspectos, é imensamente superior ao Eudora.

Parece que mais gente foi abandonando o Eudora, assim como eu. Nos últimos anos ele vinha sendo sangrado pelo TB e, principalmente, por aquela gambiarra chamada Outlook Express. Recentemente, também pelo Gmail, provavelmente o melhor webmail já feito até hoje. No fim das contas, as pessoas não tinham mais motivos para continuar pagando pelo Eudora.

E então, no mês passado, a Qualcomm, a dona do Eudora anunciou uma decisão importante.

Ela fez o mais lógico. Cansada de participar de um mercado que provavelmente lhe dava prejuízo e no qual jamais teria alguma chance, pela simples razão de a concorrência ser imbatível porque é gratuita, a Qualcomm abriu o código fonte do Eudora e o passou para a Mozilla, que deve lançar uma nova versão, gratuita e livre, em fevereiro de 2007.

E assim os órfãos do Eudora podem esperar tempos de maravilhas pela frente.

Não é insensato imaginar um Mozilla Eudora que tenha tudo o que as versões anteriores tinham, além de melhorias como arquivos mais facilmente exportáveis e nenhuma sombra do IE. E tudo isso de graça.

Eu sou fã do Thunderbird. É o programa que uso atualmente e recomendo a todos. Mas mesmo assim, eu tenho uma certeza: se o novo Eudora foi minimamente bom, eu vou abandonar o TB. Sem pensar duas vezes.

Eu estou voltando para casa.

Pelo fim da sociedade da informação

Em quase dois meses sem computador, eu perdi minha principal fonte de informações, a internet. Mais de 200 feeds RSS, vários jornais, várias revistas. De repente, tudo isso desapareceu.

Pode parecer uma tragédia. Mas eu só consegui aprender uma coisa: que tudo isso é absolutamente desnecessário.

Essa “sociedade da informação” é uma convenção. Alguém lhe oferece o máximo de informação disponível e você, em troca, passa a acreditar que realmente precisa dela.

Há pouco mais de dez anos, eu fiquei maravilhado com o mundo de informação a que a internet passava a dar acesso. Jornais que só eram encontrados em aeroportos ou pontos turísticos, com alguns dias de atraso, se tornavam imediatamente disponíveis. Revistas como a Atlantic Monthly disponibilizavam mais de 100 anos de arquivos, o que incluía inéditos de Mark Twain e contos de alguns dos maiores escritores americanos. Parecia um sonho.

Mas depois de dois meses sem ler nada disso, cheguei à conclusão de que ninguém precisa de tanta informação (Caetano Veloso, quando ainda pensava, percebeu isso há quarenta anos: “quem lê tanta notícia?”). Deixei de acompanhar o que acontecia no mundo, a não ser quando, zapeando pela TV, via uma manchete ou outra nos canais de notícias. Tecnicamente, e com exceção da entrevista de Lula a Pedro Bial, eu não sabia o que acontecia no mundo.

E mesmo as notícias que eu vi ou li não fizeram a mínima diferença.

As pessoas podem até gostar de saber o que acontece. Mas gostar é uma coisa, precisar é outra. Algumas pessoas, claro, realmente precisam de informação — mas ela é sempre restrita e, de preferência, não se encontra nas páginas dos jornais. Nesse último mês a minha ignorância a respeito do que jornais veiculavam não mudou nada no mundo, como era de se esperar, mas principalmente não mudou nada em minha vida.

A informação realmente relevante chega até as pessoas de uma forma ou outra. As pessoas que encontrei trocam informações, sim, mas nenhuma delas é dependente dessa nova tecnologia de informação. O que lhes interessa, mesmo, são notícias locais. A expectativa de A em relação à queda ou não da verticalização. Os últimos movimentos de B para conseguir uma coligação com C. Estão pouco se lixando para quando mineiros ficaram presos em algum cu de mundo. Não querem saber da última capa da Der Spiegel. Essas coisas não lhe interessam porque não mudam em nada as suas vidas.

Claro, há a ilusão de “conhecimento”. Efêmero, e geralmente um pobre substituto a informação mais permanente e, de certo modo, mais relevante. Uma revista a mais significa algumas páginas de Proust a menos, por exemplo; é uma troca que se faz em função de um benefício que, acredita-se, virá depois. O problema é que esse benefício não existe. A informação de que a maior parte das pessoas necessitam normalmente está ao seu lado, e geralmente chega a elas sem que seja necessário o recurso a esse bocado de ferramentas que lhe soterram de informação.

A arte abstrata moderna é uma convenção de faz-de-conta: eu digo que algo é arte e você acredita, apenas porque eu digo e porque combinamos isso previamente. O excesso de informação dos tempos atuais é uma variedade desse 171, e é por isso que a internet é uma obra de arte.

Fiz uma limpeza das boas nos meus feeds no Bloglines. Não preciso de quase nada daquilo. A informação realmente relevante para mim, hoje, está ali na janela, e amanhã vai fazer sol e eu vou para a praia.

Caridade

Via Neto Cury:

Quem ainda não tem uma conta de e-mail no Gmail — que agora pode ser integrada à sua conta no Orkut — pode conseguir a sua simplesmente indo aqui, um distribuidor automático de convites.

Basta inserir seu endereço de e-mail atual e clicar em Get invite.

Se você já é usuário do Gmail e quer doar 50 convites para o distribuidor, copie a seqüência completa abaixo e cole no campo Convide um amigo na sua página do Gmail:

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