Paris, 2013

Ela chega no Louvre e, em vez de tirar fotos do museu, em vez de tirar fotos da pirâmide de vidro que ela acha feia, que não combina com a sua visão muito própria de Paris, em vez de fazer as fotos que as outras adolescentes fazem para colocar no Instagram ou no Facebook, ela tira fotos justamente dessas pessoas que interagem com a pirâmide de vidro, porque são as gentes que chamam sua atenção, são elas que fazem suas fotos se tornarem interessantes.

Mundo, se você der errado, a culpa é sua e o problema é seu. Eu fiz mais que minha parte.

As vinhas da ira, pisoteadas

Ao que parece, Steven Spielberg pretende refilmar “Vinhas da Ira”, romance de John Steinbeck e filme de John Ford.

Além do fato de ser absolutamente temerário refilmar filmes do cânon cinematográfico, seja por quem for, há algo que faz pensar que essa versão, talvez, seja um tanto diferente da original de Ford. Algo mais adequado aos novos tempos e sua preferência por obviedades rasas, e ao novo diretor ainda mais óbvio e ainda mais raso.

Este blog dá aqui, em primeira mão, a sinopse dessa versão.

Na versão de Spielberg, Tom Joad é um garoto de seus 13 anos, injustamente acusado de um crime que, redundantemente, não cometeu. Seu pai, um homem simples mas forte, o típico trabalhador americano do Oklahoma, e obviamente seu melhor amigo, está disposto a qualquer sacrifício para salvá-lo; e assim coloca a família em um carro — ou, talvez, numa carroça puxada por um cavalo de guerra — e juntos aquela família pobre mas limpinha segue em direção à Califórnia.

É uma longa viagem pela estrada de tijolos amarelos, e durante ela a família passa por várias atribulações. No momento mais emocionante do filme, a doce avó de Joad morre tentando salvar seu neto de um dinossauro. Mais adiante, quando atravessam um belo campo de papoulas — que segundo os críticos significará uma alusão ao Taliban — Tom Joad é abduzido por extraterrestres, que o levam em uma aventura repleta de efeitos especiais até Aldebaran. Lá, Tom Joad inicia um pequeno romance com uma ET charmosa, interpretada pela Scarlett Johansson — porque todas as ETs são louras gostosas.

Mas ao final tudo dá certo. Joad volta à terra, com um carregamento de ouro trazido de Aldebaran, e toda a família (além da ET gostosa) será feliz para sempre.

É, é um roteiro ridículo e eu sei disso. Mas o que me assusta, mesmo, é que provavelmente é ainda melhor do que o filme eventualmente refeito por Spielberg.