Mulher Frankenstein Para Onanistas Fetichentos

Quem inventou o negócio foi o Bia, uns 3 anos atrás.

A idéia é fazer uma mulher ideal a partir das melhores partes de mulheres diferentes.

Como diz a Tata, homem tem alma de açougueiro, e sempre vê uma parte boa numa mulher feia. Não custa imaginar uma mulher inteira feita de partes boas.

Então fica assim a brincadeira: eu digo uma parte do corpo que gostaria de ver na Mulher Frankenstein para Onanistas Fetichentos e passo a bola para outra pessoa. Só uma. Essa pessoa fica obrigada, então, a acrescentar mais um elemento na dita senhora e indicar uma pessoa para continuar a brincadeira.

Vamos ver onde vai parar.

Eu começo:

A voz da Peta Wilson, a Nikita do seriado de TV.

E embora por uma questão de justiça devesse passar para o Bia, e tenha imaginado que com o Alex eu poderia começar a mulher de baixo para cima, eu passo a batata para o Idelber.

As alegrias que o Google me dá (XXXIII)

quero ver todos os tipos de cavalhos
Não entendi o que você quer dizer. Explique-se melhor. Você quer ver cavalos, como o Quarto de Milha, Árabe, Mangalarga, Puro Sangue Inglês? Quer carvalhos, cujas espécies eu não conheço porque não sou botânico? Ou quer ver caralhos, grandes como o de um jegue ou minúsculos como o seu?

mulherese e sexo anal depravado fotos
Ô, bichinho… Existem maneiras de fazer sexo sem ser depravado, embora eu não saiba por que alguém quereria algo assim em sã consciência. Mas sexo anal não é uma delas. Você está sendo redundante e desprezível.

aborto é uma questão ideologica ou religiosa?
Para o embrião é uma questão de vida ou morte.

sit de coroas que gostao homem maduro
Antes de te indicar um site eu tive que fazer algumas buscas. Achei Pró Jovem, Pro Uni, uns tantos por aí. Não achei nenhum para velhos analfabetos. Quer dizer, tinha o Mobral, mas esse fechou há muito tempo.

putas de aluguer baratos de aracaju
Aí já é sacanagem. O pessoal que mexe com turismo aqui se virando para arranjar uns roteiros decentes em Aracaju para descolar uns turistas de nível um pouquinho melhor, missão aliás difícil, e tudo o que uns portugas que não comem ninguém lá nas Oropa querem saber é de putas baratas para poderem voltar à Europa dizendo que fizeram uma farra aqui. Depois reclamam quando a gente faz piada de português burro. Puta brasileira em Portugal é o que não falta. O Manuel aí vai gastar dinheiro à toa.

mulheres não gostam de chupar
Não é bem isso, amigo. É que você tem um pinto feio. Por isso, um banho de loja — em último caso uma plástica, um lifting, algo assim — e umas agüinhas de cheiro devem resolver o seu problema.

eu quero ser o novo super herói da marvel
E o que a Marvel, que criou o Homem Aranha, os X-Men, o Capitão América, iria fazer com um mané como você?

acompanhantes itapetininga
Isso deve ser coisa do pai do Valdemar. Compreensível. Advogados são uma raça miserável, mesmo em Itapetininga. Mas mesmo eles, depois das noites longas de serão, sentem bater aquele calor no baixo ventre, se ressentem da solidão dos livros de doutrina, e então se vêem compelidos a procurar acompanhantes que pagam com o dinheiro duramente conquistado em um inventário. É nisso que dá ler Carlos Maximiliano.

rafael dando a bunda
Nos seus sonhos, filho da puta. Nos seus sonhos.

aeromoça com mais de 50 anos nua
Essa tara eu nunca tinha visto. É inexplicável. Por que aeromoça? O que elas têm de diferente em relação a coroas “terrestres” com a mesma idade? Não importa se voam a 12 mil pés, a gravidade ainda surte seus efeitos nefastos e os peitos caem em direção à terra. Pior ainda se forem da Varig, porque além de tudo aquelas coroas grossas eram um porre. Você é doente, amigo.

prática é correto dizer me dar uma dor
Conselho de mulheres que entendem do riscado: com a prática não dá mais dor, não. Faça o uso que quiser. É seu.

porque um tem penis maior que o outro
Porque uns nascem com sorte e outros, como você, não.

poema para fala com as mulher
Você, caro amigo, é o transexual da palavra. O transexual é uma mulher no corpo de um homem. Você é um poeta no corpo de um analfabeto. A vida tem dessas coisas.

quantos centimetros cresce o penis ao ano ?
Sabe, eu acho tão lindo essa coisa de esperança. Eu fico até com vergonha e pena de bater a real para o moço aí.

tiroteio na major miguel naked quem levou o tiro na cabeça e quem e bia de quem bia gostava era do major miguel naked
Esse é um segredo que pensei estar seguro, mas que pelo visto já se espalhou por aí. Foi nos tempos em que o Bia era um jovem irresponsável e com algumas dúvidas sobre sua identidade sexual — na época em que ele queria ser o Lou Reed e ouvia o Magic and Loss o dia inteiro. Ele gostou do major Miguel, sim, e o preferia naked porque o major era um homem peludo e forte, mas e daí? Isso é da conta de alguém? Foi um caso de amor bonito e ninguém tem nada com isso.

exemplos de dialogos intelectuais
Você não entenderia.

ver imediatamente mulheres transando
Rápido, que ele tem ejaculação precoce.

pesquisar texto há mais pessoas que desistir do que fracassam
Ou seja: o número de incompetentes é o mesmo, mas tem uns que tentam até o final.

mulheres goianas sao bonitas
Mas são p… Ah, deixa pra lá. Já cansei de brigar com os goianenses. Que venham os neopolitanos e os limeirenses.

fotos do campeao de dente de leite do goiania no jornal o popular em 1983
Tá vendo? Tá vendo? Depois dizem que é implicância minha. Eu largo mão dos goianenses, tento encerrar graciosamente uma rixa antiga, aí vem esse sujeito procurando por uma aberração dessas. Assim não dá.

que filme de sexo que eu estou altorizado a ver de sexo neste horario
“Brincando com o Alfabeto”, com a tia Bia Bedran.

pessoas perturbadas
É o que mais tem aqui. Não percebeu ainda?

sera que elas gostam do himem
Rapaz, gostam não. Porque assim que podem mandam o desgraçado para a casa do caralho.

que povo foi traduzido ao brasil para servir na escravidao
Os fenícios. Sério. Juro. Conta isso ao professor que ele vai te dar 10. Acredite.

mania de guardar tudo enrolado em papel
E eu que pensava que essa mania era só de maconheiro.

eu gostaria de saber se foi feito bruxaria pro meu irmao
Não foi, não. Ele é assim, desse jeito, por uma simples questão genética. Você também é assim. Conforme-se.

esfregar o nariz da crianca nas proprias fezes
Procedimento extremamente apropriado para pais que são filhos de uma cadela, como você.

simpatias acabar com mau cheiro na vagina
Água e sabão, minha filha, se é que você sabe que diabo é isso.

resenha por que quero ser alguem nesta empresa
Porque você está cansado de ser contínuo? Porque não suporta mais as humilhações, as ordens ríspidas dos chefes? Porque olhou para o seu futuro e viu que ele é tenebroso? Eu é que não sei. De qualquer forma, não pergunte isso a um consultor, porque ele vai esculhambar você e vai dizer que lhe falta drive, que se você é um fodido a culpa é sua, essas coisas que consultores dizem.

eu sou pobre pobre
Se fodeu, se fodeu.

trailes gratis filmes cu da gorda arreganhado
(Corta para Rafael de boca aberta, sem palavras, com os olhos arregalados e sinceramente assustado.)

carnaval de rua em americana
Oxente, e tem disso em Americana? Agora eu não vou dormir mais imaginando o Bia de colombina e o Brigatti, que hoje mora em Porto Alegre mas continua sendo americanense (ou limeirense? Não sei, não importa), de pastora nazista alemã.

mulher fudendo com outra mulher usando maranhao imagens
Depois de acabar de gargalhar, percebi que tinha que explicar aos diletos leitores que diabos é maranhão. O sujeito que escreveu isso é certamente paraibano. Na Paraíba, maranhão é como chamam vibrador. E isso é muito mais engraçado que a frase idiota do sujeito. Agora uma observação pertinente: eu sou paraíba, não paraibano. Há uma enormidade de diferenças fundamentais aí, e uma delas diz respeito à necessidade do uso de, bem, maranhões.

por de trás da persona… todo mundo adora um heroi. as pessoas fazem filas por eles torcem por eles gritam seus nomes. muitas vezes estes mesmo heroi tem necessidades comuns a todos
Eu, por exemplo, preciso comer três vezes ao dia e dormir umas sete horas por noite.

homem com 70 anos dando o cu
Ah, meu amigo, tenha dó e comprensão. Aos 70 anos, afinal, se a língua enrolou e os dedos entrevaram, que mais lhe resta fazer?

você apareceu na minha vida devargazinho
E foi ficando, foi ficando… Ela saía para trabalhar e você ficava em casa, devargazinho… E foi ficando, foi ficando… Porra, vagabundo, vai trabalhar. Deixa de ser encostado.

rafael o guru do amor
Meu filho, você é maluco, não é? Eu não sou guru do amor. As lições que tenho para dar são de sacanagem, de cafajestagem, lições que um homem decente e moderno, assim tipo pós-feminista, não ia gostar de receber. As lições que posso dar são cínicas e são velhas; você no entanto quer saber outra coisa, é um homem sincero que quer saber como conquistar o grande amor de sua vida, ou que você pensa ser o grande amor da sua vida. Conselhos meus apenas conspurcariam a sua própria inocência, apenas lhe tornariam um outro cínico, destes de que o mundo está cheio. E eu tenho pecados demais nesta vida, tenho contas altas demais para acertar com Deus para carregar nas costas mais este desvio. Por isso vá ler Vinícius, vá ler Mário Quintana, eles são os gurus de que você precisa. Este lugar não é para você. Falo isso como um velho viciado em heroína, em seu último lampejo de decência, negaria uma dose a um garoto jovem, inocente e ansioso. Vá embora. Não me ouça. Quebre a cara, mas é quebrando a cara que a gente aprende nesta vida, é sofrendo e chorando pelo que se perdeu ou pelo que nunca se teve; não é dando ouvidos a gente como eu, velhos quase quarentões que, pelo menos, ainda ficam enternecidos quando vêem adolescentes apaixonados se dando as mãos na porta do colégio.

As delícias do home schooling

Infelizmente, o Hermenauta já falou sobre o assunto antes de mim.

Mas isso aqui é só para lembrar: a defesa do home schooling — o direito de qualquer cidadão a educar seus filhos em casa — no Brasil, como é permitido nos Estados Unidos, é um crime contra o país.

O diálogo a seguir poderia acontecer no interior de Alagoas, mas poderia também acontecer em qualquer grotão de São Paulo:

— Por que o senhor tirou seu filho da escola?

— Ah, dotô, agora ele tá fazendo romiscúli comigo. Eu tô ensinando ele.

— Mas por que ele está ali, cortando cana?

— Ele tá tendo aula prática de… De… De pranta.

— Certo. Então assine aqui, por favor.

— Onde é que eu boto um X?

Troque “cortando cana” para “vendendo bala no sinal”, e o diálogo seria possível em absolutamente todo o país.

¡Que venga Limeira!

O Luís Henrique, orgulhoso e aguerrido morador de Limeira, deixou um comentário neste blog sobre um texto antiquíssimo em que eu falava sobre a demissão do Bia pelo Jornal de Limeira:

Concordo plenamente que o jornal errou, e perdeu a grande chance de se mostrar imparcial.
Só porque um burro fez o que fez, isso não te dá o direito de diminuir nossa cidade e muito menos nossa população generalizando como foi generalizado em seu têxto. Voce não deveria expandir suas críticas a cidade de Limeira atacando indiretamente sua população. Antes de ir a India, dê uma passada por aqui, te garanto que você vai se supreender. Não sou limeirense, mas tenho orgulho dessa cidade que provê o sustento e o conforto de minha família.Com relação ao tamnho de nossa cidade, é bom que o senhor saiba que ela está de braços abertos para te receber. Espero que você seja ético o suficiente para publicar esse manifesto em seu blog. Quem não estiver contente, mude-se!

O “manifesto” foi publicado porque não li a parte do “ético”. Desafios como esse são a maneira mais fácil de garantir o bloqueio de um comentário. Mas foi bom que eu tenha publicado, porque descobri uma coisa importante.

Limeira é a Neópolis do sudeste.

Logo que voltei a Aracaju, escrevi um post sobre Neópolis. É um dos que mais gosto no blog, porque afeta uma doçura que normalmente não tenho. Mas o post, que aparece em sétimo lugar quando alguém procura pela cidade no Google, inadvertidamente gerou em vários neopolitanos neopolitanos uma revolta e uma indignação inacreditáveis.

De maneira bem parecida, o comentário sobre Limeira também desagradou o Luís Henrique.

A mesma reação provinciana, a mesma pressa em defender o lugar onde nasceu ou que lhe acolheu. Eu já vi isso antes, e confesso que gosto de ver: cidades que podem ou não ser agradáveis, mas que certamente têm em seus habitantes pequenas misturas de orgulho do torrão natal e complexo de inferioridade.

O comentário do Luís Henrique é bem vindo porque brigar com os ribeirinhos neopolitanos e os michês goianenses já estava me deixando cansado.

Eu não conheço Limeira. Eu não quero conhecer Limeira. Não entendo porque alguém quereria conhecer Limeira. Quando penso em Limeira imagino que, como qualquer cidade do interior, ela provavelmente tem algo que seus cidadãos alardeiam ser o maior do Brasil, ou o melhor: o maior pé de laranja lima do Brasil, o melhor pastel de vento do país, algo assim.

Graças à minha total ignorância sobre a cidade, fiz algumas perguntas ontem ao Bia e ele confirmou minhas suspeitas: Limeira já foi a auto-nomeada “capital nacional da laranja”, e hoje se diz “capital nacional da semi-jóia e folheados”.

Limeira, portanto, não pode se dizer “jóia do planalto”, essas coisas que finzinhos de mundo dizem; no máximo é a bijuteria do sudoeste. Um brinco Rommanel encrustado na orelha de São Paulo. Apenas para efeito de referência aos leitores sergipanos que porventura ainda leiam este blog, Limeira poderia ser comparada à cidade de Itabaiana, que também se diz capital do ouro vagabundo.

O comentário do Luiz Henrique apenas comprova o que eu intuía: que a cidade, pelo visto, é pequena demais para qualquer pessoa.

Eu já estava de saco cheio de brigar com neopolitanos, mesmo.

A era do rádio

A idéia não é minha, é do Lula Vieira, da agência de publicidade carioca V&S. É tão óbvia, e tão simples, que assim que é ouvida nos faz pensar em como todos somos idiotas por não termos percebido isso antes.

Diz respeito ao rádio. Que como todo mundo sabe é um veículo que já teve seus dias de glória, decaiu e achou algumas saídas, basicamente em torno da música (em Sergipe as rádios FM acharam uma outra vertente, os programas de debate político durante as manhãs). O rádio é um lutador, sem nenhuma dúvida.

A idéia do Lula Vieira diz respeito à questão da publicidade no rádio. Mídia barata, útil em alguns casos, mas cada vez burocrática, sem criatividade. É muito comum que, em vez de escrever um spot específico para o meio, agências peguiçosas simplesmente copiem o áudio do comercial de TV.

Isso é fácil porque os formatos de anúncio em múltiplos de 15 (30, 45, 60 segundos) foram desenvolvidos pelas televisões para garantir a viabilidade da programação em rede. Sem esses formatos pré-definidos, redes de televisão seriam impossíveis. Graças a eles, a televisão pode reservar blocos para exibição nacional e deixar espaço para os comerciais das emissoras locais, sabendo que não vão entrar em conflito com os nacionais. Essa esquematização em blocos de tempo fixo é necessária e foi o que possibilitou à televisão a sua consolidação definitiva. É um formato tão dominante que qualquer pessoa que trabalhe com propaganda sabe como é difícil sair dele.

Mas ao contrário do que acontece na televisão, as redes de rádio são exceções, como a Jovem Pan e a Transamérica. A maior parte das emissoras são independentes e têm programação própria e local. Elas não têm que adequar sua programação e sua grade comercial às exigências da rede. Elas podem fazer o que quiserem.

Mesmo dentro da estupidez dos múltiplos de 5, as rádios normalmente oferecem uma flexibilidade maior em sua programação. O que elas não percebem é que não há problema em aumentar essa flexibilidade até o limite do possível: e em vez de tabelas que oferecem apenas os blocos tradicionais, cobrar por segundo, e não por formatos pré-definidos de comerciais.

Uma emissora de rádio poderia, muito bem, veicular um spot de 23 segundos. Poderia veicular um jingle de 70 segundos. Ou seja, um comercial poderia ter exatamente o tempo necessário, nem mais nem menos.

É bem provável que o meio se beneficiasse com essa mudança. Que o rádio se tornasse um veículo mais criativo, e mais atraente para pequenos anunciantes — que ainda são a maioria no meio. Talvez esse formato possibilitasse que as pessoas brincassem mais com as possibilidades que o meio traz.

Mas ninguém pensa nisso. A insistência nos blocos de múltiplos de 15 mostra burrice e preguiça.

Rafael, underground

Dia desses a Lucia Malla disse que eu sou underground. Achei engraçado.

Até onde eu sabia, estou classificado entre as pessoas bem adequadas ao sistema. Governista, chapa branca, defensor intransigente dos governos municipal, estadual e federal, preguiçoso. Meu referencial cinematográfico é a Hollywood de tempos idos, minha literatura preferida é a francesa, a música de gosto é a negra americana, e gosto de louras, morenas, ruivas, negras, índias, japonesas, gigantes e anãs, desde que tenham bunda grande e peitos bonitos. Prefiro o Batman a Robert Crumb. Minha namorada diz que o sujeito de Californication é igual a mim, mas ela só diz isso na TPM.

Não há absolutamente nada de underground em mim. Até meus pés estão acima do solo.

Underground, para mim, é adolescente com piercing na sobrancelha escrevendo um fanzine xerocado falando da última banda punk de Lancashire e saindo por aí com universitárias feias cuspindo um monte de teorias do cinema e elogiando o último filme iraniano ou afegão que ainda não viram e bebendo vinho barato ou rum com coca-cola.

Eu nunca fui punk, nunca fiz fanzine, nunca gostei de mulher feia, detesto xerox, gosto é de bourbon e tenho sérias dúvidas de que fui adolescente algum dia. Ou se deixei de ser.

Sobre a Veja e o Nassif

Os comentários no post sobre o Luís Nassif e a Veja são interessantes. Ainda mais porque os defensores da Veja partiram para o contra-ataque com uma raiva insuspeita.

Parecem esquecer que o post não é uma defesa do Luís Nassif. Ele provavelmente tem seus motivos para bater de frente com a Veja, assim como os fornecedores de dossiês da Veja têm os seus para bater no governo. O que importa, aqui, é a veracidade dos fatos e das conexões expostas por Nassif. Se a Veja publica um dossiê verdadeiro, com fatos checados, ela está fazendo jornalismo. Se o Nassif revelou fatos reais sobre a revista, ele também fez bom jornalismo. É o que importa. Se ele bate na mãe é problema dele.

Mas em nenhum momento — repito: nenhum — o Kbção, o Malavolta, a Livia Pulido, o Adriano ou quem quer que seja se debruçam sobre o que é realmente importante: os fatos. De maneira extremamente pobre, limitam-se a falar gracinhas, a desqualificar o Nassif e a jogar fumaça, tirando o foco do ponto central da discussão: as prática da Veja.

O Kbção, especificamente, se esmera em desviar do ponto central levantado pelo Nassif e partir para o aspecto político, enquanto as reportagens do Nassif lembram é que a Veja trata mesmo é de dinheiro. Por exemplo, fala que a cruzada anti-Veja começou quando Lula chegou ao poder. É mentira. A revista sempre teve uma orientação política clara, que se poderia identificar com o PSDB paulista, e eventualmente fazia bons acordos comerciais travestidos de jornalismo, como uma matéria enorme e famosa sobre alimentos geneticamente modificados, sem nenhuma fonte mas praticamente gritando “Monsanto!”. Mas com a saída do PSDB do poder começou um processo de radicalização que ultrapassou os limites da opinião política para descer à mentira e à chantagem. A lista de matérias feitas apenas para atacar o governo, ainda que sem provas ou testemunhas, cresce a cada dia. A Veja não pára.

Por exemplo, o Kbção fala que o Dirceu era “fanzoca da revista”. Ele com certeza é mais inteligente que isso. Deve saber que essas são relações que fazem parte do jogo político, e nada é de graça. E porque se os termos desse jogo não são elogiosos para o Dirceu, são ainda piores para a Veja.

Em vez de atacar o Nassif ou falar dos “petistas” que perseguem uma revista tão boa e respoeitável, gente como o Kbção e o Malavolta deveria tentar responder algumas perguntas simples:

  • Os fatos narrados pelo Nassif são verdadeiros?
  • Se não são, quais as evidências de sua falsidade?
  • Se são verdadeiros, isso é bom jornalismo?
  • Uma revista que faz esse tipo de coisa é uma boa revista?

Não respondem, não podem responder. Então partem para o contra-ataque, ignorando a mensagem e desqualificando o mensageiro.

Com isso tentam relevar o fato de que o que a Veja faz hoje é o mesmo que qualquer pasquim de interior faz. A diferença está na “catiguria”, para citar uma conhecida colega dos jornalistas da Veja: em vez de chantagear por anunciozinhos de 10, 20 mil reais, seu jogo está na casa dos milhões. São apenas escroques de alto coturno.

Essa é a revista que se apressam em defender.

A Alessandra definiu bem o papel da imprensa. Sua função não é pegar nos calcanhares de ninguém, como a Veja não pegou nos calcanhares do governo FHC. É informar, analisar e explicar. Pegar nos calcanhares é função da oposição, qualquer oposição; é uma função política. O Kbção, o Malavolta, o Cláudio gostam da Veja por isso, porque ela é um panfleto que se sujeita a ser ferramenta de luta política; por essa razão vale a pena ignorar o fato de ela também ser um instrumento de chantagem e de negócios escusos. E se se ignora isso, pode-se esquecer também que ela faz parte do jogo político e perdeu o direito de se auto-intular praticante de bom jornalismo.

O inimigo do meu inimigo

A idéia foi do Idelber. E é um meme curioso, que deu vontade de escrever. Então lá vamos nós.

1 – Proselitismo ateu me incomoda, porque me parece uma contradição em termos. Talvez porque no meu meio específico seja mais fácil ser ateu do que crente. E embora eu não seja ateu, para mim seria mais fácil explicar o mundo como a conseqüência de necessidade atômica de estabilidade do que como a obra consciente de um velho de barbas brancas ou uma tal “força cósmica superior”.

Mas quando vejo religiosos repetindo como verdade e novidade as mesmas bobagens que falam há milênios, quando me pedem para crer no Santo Cabaço de Maria, falseando a história e pregando a ignorância e o obscurantismo, uns pervertidos fanáticos movidos pela força interior que apenas a desistência de pensar pode dar, tenho vontade de colocar no meu carro um adesivo bem grande: “Deus inventou o Universo. Mas quem inventou Deus?”.

2 – Tenho todas as críticas do mundo a Windows. O bichinho tem problemas estruturais. Tem um sistema de ativação que enche o saco de qualquer pessoa. É chamariz para virii e dá paus indesejáveis com certa regularidade. E é caro.

Mas quando vejo os fanáticos do Mac e do Linux pregando contra a Microsoft, o Grande Satã, eu me incomodo. Porque se em vez de empreender uma jihad anti-Microsoft o pessoal do Linux se empenhasse em construir um sistema operacional realmente útil e amigável, teríamos uma boa alternativa para o usuário comum às janelas de tio Bill, em vez de um sistema operacional que aparentemente só presta para servidores. E porque, no caso da Apple, um bando de bocós se apaixona por seus computadores (que só são realmente melhores que um PC para editar imagens e vídeo) como se fossem mulheres, e defendem um sistema caro e elitista só porque os computadores são incomparavelmente lindos (mesmo quando não passam muito de calculadoras avantajadas, como o MacBook Air). Nessas horas eu tenho vontade de perguntar por que, afinal, tanto o Linux como a Apple ocupam fatias insignificantes no mercado de computadores domésticos, e de entoar canções de amor ao Office e seus arquivos .docx.

3 – Tenho várias críticas ao kinemanacional. Não concordo com as louvações excessivas que fazem, por exemplo, a filmes como “Cidade de Deus”, que tem defeitos sérios como a locução em off, absolutamente amadora, e algumas situações e soluções fáceis de roteiro. Não entendo quando falam da denúncia da criminalidade quando essa quase sempre foi a base do cinema carioca e com filmes excelentes como “Mineirinho Vivo ou Morto” e “Assalto ao Trem Pagador”. Também acho que há uma certa leniência e oportunismo em produtores de cinema, uma grande tendência a mamar nos peitos flácidos da puta velha chamada República. Gente que, como o Cacá Diegues, gosta do dinheiro do povo mas não gosta da idéia de devolver, como no caso daquelas contrapartidas sociais.

Mas quando vejo as críticas feitas ao financiamento público do cinema, geralmente profissões de fé no Libérrimo Mercado — profissões de má fé, talvez seja melhor dizer — eu fico com vontade de assistir a “O Magnata”, o filme do Chorão.