Sobre Rafael Galvão

Quando este blog começou, eu morava no Rio. De lá para cá muita coisa rolou debaixo da ponte, e então eu vejo que sete anos se passaram. É tempo demais.

Comecei este blog por duas razões: dar minha opinião sobre o que quisesse e fazer dele um exercício, me desobrigando de escrever em “publicitês”, e porque na época eu tinha suficiente tempo livro para me divertir com isso.

Ele começou no Blogger.br, e se chamava Pensamentos Mal Passados e tinha um subtítulo: “Um pouco de nada, e nada de muito importante”. Pedi à Dani Parahyba que fizesse um template novo para mim, a partir de um layout que fiz, e finalmente o blog passou a ter a minha cara. A Dani mudou as cores e o resultado ficou melhor do que eu pretendia. Além disso, o blog passou a se chamar Rafael Galvão; o subtítulo sobreviveu mais algum tempo.

Em 2004, cansado do Blogger, comprei hospedagem e transferi o blog para o Movable Type, na época a melhor plataforma de blogs disponível. Além de RSS e outras bobagens, eu passei a fazer meus próprios templates. E cansava rápido dos layouts, e entre 2004 e 26 fiz uma infinidade deles. De alguns lembro bem, até hoje. O primeiro layout tentava aproveitar da melhor maneira possível as idéias do layout anterior, mas isso acabou logo.

Depois, com o tempo cada vez mais escasso, passei a simplesmente pegar templates prontos. Em 2008 o Movable Type se revelou incompatível com o meu servidor e eu mudei para o WordPress, o que acabou de vez com a possibilidade de eu mesmo fazer meus templates.

Praticamente todos os blogs que foram contemporâneos deste se foram para o paraíso dos blogs. Singrando, Escrúpulos Precários, XX Ama XY, Monicômio e NCC, Smart Shade of Blue, Homem Baile, o Tiro e Queda do Bia. Eu sinto falta deles. Tinham talento e leveza, coisas que foram ficando cada vez mais raras na blogoseira. Essa é a minha geração, uma geração que escrevia porque gostava e porque precisava — a ponto de ter cogitado se chamar Blogniks em 2005 –, e que tinha o descompromisso que, na minha opinião, é o que faz um blog. Nós não precisávamos ser lembrados que blog é conversação. Nós sabíamos disso.

E o blog foi mudando, se tornando mais auto-consciente. De uma enxurrada de posts diários (em agosto de 2003 foram 100 posts, a maioria bem curtos) ele passou a publicar um por dia, depois um a cada dois dias — e em todo o ano de 2009 foram 89. Os posts, de modo geral, foram se tornando cada vez mais longos.

Quase dois mil posts, quase 20 mil comentários, e um blog que, apesar de tudo, me dá orgulho. Porque a modéstia é uma moça que eu vi de longe muito tempo atrás, e eu acho que este blog teve alguns bons momentos. Não me envergonho da maioria dos textos, e de alguns eu gosto muito.

Foram tantos blogs que li e admirei nestes anos: o do Ina, o do Milton, o do Allan, os tantos do Marcos, o finado do Tiagón, tanta gente. E isso me lembra que apesar de não acreditar em internet, acabei fazendo grandes amigos a partir do blog. As longuíssimas conversas com o Alex e com a Tata (que eu ainda amo, e vou amar para sempre); a Carol, inesquecível, que me deu com seu marido uma tarde agradabilíssima em Notting Hill; a Viva e o Bruno numa noite inesquecível no Belmonte; a Raquel se perdendo em São Paulo comigo; a Malla que ainda me impressiona pela sua tranquilidade; o Doni na Cinelândia e no Picuí; o Ricardo no Ferreiro ou num boteco de Copacabana; o Idelber nos botecos de fim de noite ou me contando que “Uzbequistão bom, Tadjiquistão ruim” — ou algo assim; e o Bia, talvez o único que lê isto aqui desde o início. Eles provavelmente não sabem o que aprendi com eles. Talvez algum dia eu conte.

Mas a vida passa. Nesses sete anos tanta coisa aconteceu. Mudei de cidade, meu apartamento se incendiou e fiquei sem ter onde morar durante alguns meses, me mudei, me mudei de novo, me mudei mais uma vez e agora não quero mais sair da frente do rio, namorei mais do que é saudável, fiz um bocado de campanhas — algumas inesquecíveis, outras nem tanto –, fui diretor de marketing e secretário de comunicação de uma prefeitura, e diretor de marketing de um governo. Casei de novo, separei de novo. Minha filha, que era quase um bebê quando este blog começou, cresceu para se tornar uma das pessoas que mais admiro neste mundo.

E com tudo isso o tempo passou e escrever um blog deixou de ser tão divertido e sete anos é tempo demais para se escrever um blog e é por isso que este acaba aqui. Obrigado.

De novo D. João

E D. João VI voltou à minha cabeça essa semana. Ainda aquela questão sobre a genialidade estratégica dele, que tanta gente parece ter como certa.

O que define um estrategista genial é a capacidade de ver o que ninguém vê e definir as táticas necessárias para concretizar essa estratégia. Ele está à frente dos outros. Estrategista genial era Lênin, por exemplo, que no comecinho do século passado percebeu que havia uma brecha na teoria marxista e que uma revolução socialista poderia ser feita em um cu de mundo como a Rússia, queimando a etapa do desenvolvimento capitalista, e se mandou para a Estação Finlândia.

Por outro lado, em nenhum momento D. João compreendeu que, diante do estado de Portugal e das possibilidades do Brasil, a correlação de forças que caracteriza as relações entre uma metrópole e sua colônia poderia ser invertida.

Estrategista genial D. João seria se, confrontado pelas Cortes Portuguesas, se revelasse um monarca magnânimo e concedesse graciosamente a independência a Portugal. Ele poderia até anistiar a terrinha da indenização que o Brasil, tendo sido outro o desenrolar da história, teve que pagar à metrópole.

D. João não podia fazer isso porque era e se sentia português, e era incapaz de ver além disso. Em nenhum momento a sua lealdade, o seu compromisso e a sua identidade estiveram fora de Portugal. Talvez não fosse isso o que a maior parte dos portugueses deixados na mão de Junot pensava, mas para D. João essa era uma das verdades absolutas da vida: ele era português, e Portugal era o centro do seu mundo. Essa visão arraigada, claro, não lhe impediu de ver o óbvio: sua escolha pela Inglaterra em detrimento de Napoleão foi feita em função do fato simples de que Portugal dependia em praticamente tudo do Brasil. O futuro, do ponto de vista da importância econômica entre os dois países, estava aqui. Portugal, àquela altura, jamais poderia ser maior do que era. O Brasil, por sua vez, sozinho poderia ir além dos mais alucinados sonhos de Camões. No entanto, nem essa percepção lhe fez tomar a decisão que seria mais acertada

(Antes que alguém cite inadvertidamente a Revolução Americana como exemplo comparativo de qualquer coisa, é bom lembrar que essa estratégia não daria certo para a Inglaterra. Embora a velha Albion tenha lutado ferozmente para manter seus domínios americanos, naquele momento avançava com rapidez na invenção da revolução industrial. Ao bom rei Jorge, caso forçado a escolha semelhante, valeria mais a pena manter a Inglaterra que um amontoado de 13 colônias que, afinal, basicamente produziam tabaco. Além disso, os Estados Unidos são uma invenção americana: aquelas 13 colônias expandiram seu território e criaram a maior potência do século XX comprando e roubando terras de espanhóis, franceses, mexicanos, russos e, principalmente, índios. O Brasil é uma decididamente uma invenção portuguesa.)

O problema em todos os revisionistas que tentam resgatar a imagem de D. João VI é que exageram na dose e caem no erro oposto. Certo, El Rey não era de todo desprovido de talento; o problema está na confusão acerca de sua natureza. Se D. João tinha talentos, não estavam na capacidade estratégica: estavam na política.

Nisso, todos os relatos concordam: D. João sabia lidar adequadamente com as circunstâncias — o que certamente fez no Brasil, negociando com inteligência as relações entre a elite brasileira e a nobreza portuguesa, ainda que de sua forma hesitante e reativa. Esse deve ser um traço estilístico dos Bragança: é algo que D. Pedro II, outro estadista luso-brasileiro injustamente admirado, também fez sistematicamente ao longo de seu reinado, trocando gabinetes regularmente para manter o equilíbrio de forças e uma estabilidade que lhe beneficiava. O que D. João sabia era interpretar as correlações de força ao seu redor — ou seja, era um bom tático. É isso que faz um bom político. Algo diferente do que faz um bom estrategista, que é simplesmente ver mais longe o que poucos veem.

Em sua história de fuga e rendição, o lance realmente genial de D. João se daria em 1821 quando, ao ver que a elite brasileira estava querendo fazer a independência, aconselhou seu filho a tomar a frente de um movimento pelo qual a família real não era minimamente responsável. Esse senso de oportunidade, se olhado com isenção, é digno de admiração.

Mas isso é política. É a capacidade de se posicionar diante de uma situação apresentada e tentar tirar o melhor dela. D. João era um bom político, de uma estirpe e um estilo que definiu a cultura política brasileira. Só que isso não faz dele um grande estrategista.

***

Essa postura diante de D. João me parece se dever a um certo “modo carioca” de olhar o Brasil, derivado da permanência da cidade como capital econômica, cultural e política ao longo de quase dois séculos. Porque a vinda da família real foi tão importante para o Rio, deveria ter sido na mesma medida para o país inteiro, também.

Por causa dessa presunção se chega a conclusões absurdas. Começam confundindo a renovação de costumes trazida pela chegada dos Bragança com renovação social, o que não é necessariamente a mesma coisa. Além disso, tem gente que credita à vinda da família real a continuidade da unidade territorial brasileira. No post anterior sobre o assunto, o Hermenauta de saudosa memória lembrou que deveríamos considerar a hipótese de a América portuguesa ter se dividido, como aconteceu com a espanhola.

O André Kenji lembrou que há diferenças significativas que levaram à fragmentação do império espanhol e do sonho bolivariano. Que os espanhóis mantinham colônias autônomas, e enfrentavam grandes obstáculos geográficos, como os Andes, algo diferente da situação brasileira.

Mas tem mais. Muita gente olha para a Confederação do Equador e diz que se não fosse a presença da família real no Brasil, a pressão pela independência e as muitas diferenças regionais fatalmente fariam com que a colônia se subdividisse em uma série de republicazinhas bolivarianas. Bobagem.

Essa atitude centralizadora diante de movimentos separatistas já era parte da administração brasileira antes da vinda da família real — e os pedaços de Tiradentes espalhados entre o Rio de Janeiro e Ouro Preto confirmam isso. Se a Inconfidência Mineira não precisou da presença de D. João tomando banhos no Caju para ser esmagada exemplarmente, tampouco precisaram os tantos outros movimentos que se deram depois.

Foi a formação de uma certa elite administrativa brasileira que garantiu a unidade territorial do Brasil. É engraçado que as pessoas deixem de lado o fato de que essa unidade foi seriamente ameaçada e mantida a ferro e fogo em um período posterior da história nacional: a Regência. Foram aqueles quase 10 anos que definiram de uma vez o que seria o país, quando movimentos importantes como a Cabanagem, a Sabinada, a Balaiada, mesmo a Revolução Farroupilha foram combatidos e vencidos. Meio século depois, a lembrança dessa época certamente foi fundamental para que o país cometesse o crime genocida de Canudos.

Se a alguém se deve o tamanho do país, seria antes ao Padre Feijó que a D. João VI.

Thor Heyerdahl

A revista Náutica de setembro passado trouxe uma matéria sobre Thor Heyerdahl e sua famosa expedição Kon Tiki. A revista dá a entender que a teoria que Heyerdahl defendia era válida e provável. Aí lembrei de uma National Geographic antiga, de janeiro de 1971, que traz na capa um relato da viagem do Ra II, também construiído por Heyerdahl.

A viagem do Ra II foi feita para que Heyerdahl tentasse provar uma das teorias curiosas que costumava elaborar: como egípcios e mesoamericanos construíram pirâmides, deveria ter havido algum contato entre eles antes da descoberta da América por Colombo. Para provar essa teoria Heyerdahl construiu um barco de junco e viajou até a América. A primeira não deu certo e ele afundou a 600 milhas náuticas de Barbados. Construiu um novo barco, o Ra II, e aos trancos e barrancos conseguiu chegar à ilha, com o barco fazendo água e meio submerso.

Com isso, Heyerdahl mostrou que a sua teoria era possível.

Mas ele já era famoso muito antes disso. No final dos anos 40, tentou provar que a Polinésia foi povoada pelos sul-americanos. Partiu do princípio de que ventos e correntes marítimas favoráveis, no sentido leste-oeste, tornavam a sua teoria mais plausível do que a ideia normalmente aceita, de que as ilhas do Pacífico Sul — a última região do globo povoada pelo homem, há coisa de pouco mais de mil anos — foram povoadas no sentido oeste-leste. Apontou uma série de indícios linguísticos para embasar sua teoria. Precisava provar também que era possível à tecnologia dos nativos incas da época navegar em direção ao oeste através do maior oceano do mundo. Com a expedição Kon-Tiki, construiu uma balsa para provar sua teoria. Depois de pouco mais de 3 meses no mar acabou dando nas ilhas Tuamotu.

Assim como provaria mais tarde com o Ra II, ele mostrou que era possível, disso não há dúvida. O problema é que nem tudo que é possível é provável. Heyerdahl esqueceu do óbvio: toda a história da exploração por mar se dá no contravento, ou na certeza de sua existência. Não há outra maneira possível.

A explicação é muito simples: velejar contra o vento — especialmente antes da invenção da vela latina, aquela triangular — era a única garantia que qualquer explorador tinha de que conseguiria voltar, caso sua busca não desse em nada. A viagem mais difícil seria a de ida; e quando a comida e água começassem a terminar, era só dar meia-volta que chegariam rapidamente em casa, dentro de um período de tempo facilmente demarcável — e muito menor que a viagem de ida.

Resumindo, um explorador só saía mar afora tendo a certeza da volta.

Colombo só velejou rumo à América, achando que ia encontrar a China, porque já conhecia o regime de ventos do Atlântico Norte, com ventos de leste à altura das Canárias e de oeste um pouco mais acima. Cabral só chegou ao Brasil porque tentava refinar a descoberta de Vasco da Gama de que, afastando-se da costa da África, havia a garantia de ventos melhores — ele apenas afastou-se demais. Os vikings e os irlandeses só chegaram à Islândia, à Groenlândia e à Terra Nova porque conheciam os ventos e a geografia da região e sabiam quais seriam as condições de volta. Um dos tantos motivos que impediram que os chineses, muito mais avançados em navegação do que os europeus até o século XVI, chegassem à América foi a dependência confortável do regime de monções do Índico, que garantiam vento de popa na ida e na volta em um espaço perfeitamente delimitado e que lhes trazia lucros suficientes no comércio.

Nenhum navegador, por melhor que fosse, sairia Pacífico afora a favor do vento, porque isso seria garantia de morte certa. Esse era o principal elemento lógico que tornava a teoria de Heyerdahl fantasiosa. Se a matemática favorecia os sul-americanos, já que a ilha de Páscoa é mais próxima do continente, esses outros fatores se revelavam muito mais importantes.

Ou seja: era possível chegar à ilha de Páscoa com a tecnologia disponível na época. O problema era ter a vontade e a falta de juízo para fazer isso. Heyerdahl só fez essa viagem porque sabia que havia terra a oeste. Difícil seria fazer uma bobagem dessas sem saber absolutamente nada além da certeza de que seria extremamente difícil voltar.

Essa é a principal razão pela qual americanos em geral não tinham absolutamente nenhuma tradição de navegação. A terra e a navegação costeira lhes oferecia tudo de que precisavam; e o regime de ventos e correntes marítimas como a do Brasil não incentivavam muito esse tipo de exploração. Era exatamente o contrário do que acontecia com os polinésios, com pouca terra, condições favoráveis e a mais fantástica habilidade marinheira de toda a história da humanidade.

Foi contra isso que Heyerdahl se “insurgiu”. Quando se defende a sua teoria boba, a única razão é o que parece ser uma certa arrogância europeia, ainda que extremamente sutil. Parece ser um raciocínio curioso: como é o que os incas, maias e astecas chegaram a civilizações tão imponentes e não se aventuraram no mar? É mais ou menos como se perguntar por que portugueses e espanhóis esperaram até o século XV para atender ao que parecia ser a sua vocação natural, e transformaram a Europa de um continente vagabundo e atrasado na civilização que dominaria o mundo nos séculos seguintes. Heyerdahl parecia acreditar que grandes civilizações como a europeia necessariamente dariam grandes exploradores. A tese de Heyerdahl era burra e arrogante — a começar pela idéia de que a Europa era “grande” naquele momento, o que não condiz com o desprezo com os orientais receberam um Vasco da Gama andrajoso, sujo e mendicante –, e é impressionante como ainda hoje tantas pessoas, provavelmente entusiasmadas com a aventura em si do Kon Tiki, digna de todos os elogios possíveis, celebram essa teoria.

A página em português da Wikipedia, de uma mediocridade assombrosa, não contesta a tese de Heyerdahl. A versão em inglês é mais completa; lembra que a comunidade científica nunca levou a teoria do norueguês muito a sério, e que pesquisas de DNA recentes provaram que a teoria de Heyerdahl é só uma grande bobagem bonitinha.

O triste é precisar de exames tecnologicamente sofisticados para provar que uma bobagem é só uma bobagem.

It’s Alright, Ma (I’m Only Sighing)

E aí vem alguém e tenta me explicar que uma bandinha nova com uns meninos remelentos enchendo o rabo de dinheiro mas fingindo desespero é a nova sensação do rock? Rock eu aprendi ouvindo Beatles e Stones (até o Exile, pelo menos) e Who e Chuck Berry.

Uns anos atrás o Bia veio babando por um tal de Vic Chesnutt, e aí eu fui ouvir e peraí, e botei o Bringing it All Back Home ou o Blonde on Blonde para tocar, e o fanho continuou me parecendo mais forte e mais moderno que o entrevadinho agora defunto.

Olha como tal bandinha é pesada. Ah, cumpadi, vai ouvir os primeiros do Led Zeppelin. Ou os primeiros do Black Sabbath. Em um tempo em que as pessoas elogiam o Aerosmith, isso deve soar como heresia.

E num tempo em que chamam aquela música horrorosa que toca nas Jovem Pans da vida de rhythm ‘n’ blues, me pergunto o que é que eu faço com Otis Redding. E ainda não sei por que ouvir Camera Obscura se tenho tanta coisa das Supremes na cabeça ainda. Como não sei por que ouvir Vanessa da Matta se a Gal dos anos 70 era tão brilhante.

O fato é que nada, nada mais chama a minha atenção. Nada do que eu ouça deixa de parecer derivado, repetido, requentado. Vivo em uma época em que a música pode até soar nova para quem não tem 60 anos de memória musical na cabeça, mas eu tenho uma memória boa e um HD maior ainda. Eu desisti de ouvir música.

Uma pequena bibliografia dos Beatles

Uns anos atrás publiquei aqui uma pequena bibliografia dos Beatles. Alguns anos e alguns livros depois, é hora de atualizar a lista.

The Complete Beatles Recordings
Mark Lewisohn
Comissionado pela EMI como parte das comemorações do seu centenário, em 1988, acabou se transformando no livro definitivo sobre os Beatles no estúdio de gravação — e foi ali, no estúdio, que os Beatles se tornaram o que são. The Complete Beatles Recordings é um diário de todas as sessões da banda, provavelmente o livro mais acurado que já se escreveu sobre ela. Infelizmente fora de catálogo há muitos anos, se tornou uma bíblia de beatlemaníacos, o livro a que se recorre para dirimir dúvidas. Ainda espero a chance de colocar novamente minhas mãos sobre um exemplar, é o único fundamental que falta na minha estante. Mas essa espera já foi pior: os anos passaram e veio a internet, um repositório muito maior de informações. O livro mostrou ter lacunas e erros. Mas continua sendo o livro mais importante já escrito sobre o dia-a-dia dos Beatles, e necessário para que se entenda a dinâmica que fez da banda a maior de todos os tempos.

The Complete Beatles Chronicle
Mark Lewinsohn
Lançado depois do Complete Beatles Recordings, é basicamente um roteiro das atividades dos Beatles ao longo de sua existência. Inclui as gravações, descritas de maneira mais resumida, assim como um relato das apresentações ao vivo e gravações de filmes, apresentações em TV, etc. Tem também uns bons resumos históricos e críticos sobre cada ano da banda, com excelente critério de julgamento. Foi relançado há alguns anos e vale muito a pena.

The Beatles Anthology
The Beatles
Parte do projeto Anthology — que incluiu também o documentário hoje disponível em DVD e os três CDs duplos (ou álbuns triplos em vinil) –, é a história dos Beatles contada por eles mesmos. É aceitável, e certamente uma fonte inestimável, apesar deles, claramente, saberem bem os limites da verdade a que podem chegar e evitem tocar em temas polêmicos. Há pouca coisa realmente nova, mas serve como um resumo definitivo do que cada um deles tem a dizer sobre sua história, a sua versão edulcorada para a posteridade. Independente disso, é um livro fantástico como objeto, com um projeto gráfico de fazer cair o queixo. Alguém já disse que, antes que uma biografia, é uma celebração dos Beatles; e como perguntaria McCartney, o que há de errado nisso?

The Love You Make
Peter Brown
Brown era funcionário da Apple (citado por Lennon em The Ballad of John and Yoko), e este é um relato de insider. Foi o primeiro livro a revelar, de forma confiável, o lado menos aceitável da banda que dizia que tudo o que você precisa é amor. As chantagens sexuais sofridas por Brian Epstein, os maus negócios feitos por ele em nome da banda, a promiscuidade generalizada, os problemas graves de Lennon com heroína, os processos de paternidade sofridos por McCartney, as picuinhas internas e brigas por dinheiro que levaram ao fim. Longe de ser o melhor livro para se ter, se você vai ter um só, é um daqueles livros necessários para que se tenha uma visão mais completa da história da banda.

Shout
Phillip Norman
Foi a primeira biografia realmente decente dos Beatles. Lançada no começo dos anos 80, apresentava um panorama abrangente sobre a banda. Infelizmente tem muitas falhas factuais, e até mesmo investe numa teoria conspiracionista absurda sobre a morte de Brian Epstein. Além disso, como Norman tem aparentemente ligações mais próximas com Yoko Ono, tenta passar uma visão excessivamente deletéria de McCartney. No início dos anos 2000 o livro sofreu uma revisão geral, mas sua essência continuou. Mais recentemente Norman escreveu uma biografia insípida sobre John Lennon, lançada no Brasil.

The Lives of Lennon
Albert Goldman
O livro de Albert Goldman foi recebido como um exemplar particularmente imaginativo do Notícias Populares, e o paradoxo que o cerca é curioso. Parece ser universalmente desprezado, mas é utilizado como fonte por todos os biógrafos posteriores dos Beatles. Goldman é malévolo, perverso, publica muitos erros factuais e de avaliação, muitas suposições absurdas que tenta passar como fatos, e dá ouvidos demais a fofocas e mentiras puras e simples; mas sua capacidade como pesquisador é reconhecida, e ele fez um livro importante para a compreensão do maior mito dos Beatles. O livro é achincalhado por todos, mas no que diz respeito à maior parte dos fatos nunca foi desmentido — Yoko Ono, por exemplo, nunca ousou processar o autor, e processos na época eram o café da manhã dos ex-beatles. Sem demonstrar simpatia ou compaixão por nenhum dos seus personagens, o autor revelou alguns detalhes sujos sobre a banda e sobre Lennon e Yoko que, apesar de inicialmente descartados como pura fofoca maldosa, por não se adequarem à imagem idealizada de Johnandyoko que eles tentaram passar, foram mais tarde comprovados. É também um bom mergulho sobre a personalidade de Lennon; e Goldman foi o sujeito que deixou claro a todos que o ídolo que ele tenta destruir aqui era uma mistura única e fascinante de carisma e talento gigantescos e uma personalidade complexa e muitas vezes detestável.

Here, There and Everywhere
Geoff Emerick
Emerick foi o engenheiro de som da maioria das gravações dos Beatles a partir de Revolver, e peça importante na evolução sonora da banda. É o relato de um sujeito que não apenas os conheceu, mas trabalhou com eles onde realmente importava, o estúdio. É um livro fundamental para entender a dinâmica e os processos das gravações, assim como a evolução da sua visão musical e, incidentalmente, de suas relações pessoais. Por outro lado, Emerick é ligado a McCartney até hoje, o que o leva a proteger em demasia a imagem do seu amigo. Isso faz com sua visão seja deturpada em vários aspectos, e o livro acaba se encaixando muito facilmente no esforço de revisionismo de McCartney. Emerick está na lista, e George Martin não, por uma razão: ele parece compreender melhor o seu papel real na história do que Martin, embora aqui e ali dê a impressão de tentar diminuir o papel do ex-patrão.

Beatles Gear
Andy Babiuk
É o livro mais específico dessa lista: uma história dos instrumentos e equipamentos de som utilizados pela banda desde a sua formação — indo do Zenith de McCartney e o violão “garantido contra rachaduras” de Lennon ao Fender VI usado nas últimas sessões. É um acessório importante para quem tenta entender o que havia na música dos Beatles. Incidentalmente, é o livro que melhor explica, em termos cronológicos, o processo de desligamento de Stuart Sutcliffe da banda.

Many Years From Now
Paul McCartney
Oficialmente a autoria é de Barry Miles, mas isso é apenas um disfarce para a autobiografia de Paul McCartney até o fim dos Beatles; o ghost writer apenas levou um crédito maior, provavelmente para que Macca pudesse agregar credibilidade a algumas de suas opiniões, se sentir mais livre para falar as bobagens que quisesse e soltar as farpas que bem entendesse. Isso quer dizer que é um relato parcial em que omissões e distorções dos fatos formatam melhor a versão de McCartney. De qualquer forma, abrangente e bem detalhado, é importante para a compreensão da história dos Fab Four.

You Never Give Me Your Money
Pete Doggett
Livro recente, dedicado às relações comerciais entre os Beatles a partir do começo do fim e os 25 anos de processos e contraprocessos posteriores. Cobre uma lacuna existente nas outras obras a respeito da banda, que tratam do período de maneira normalmente mais superficial e se apoiam nos estereótipos do Allen Klein ladrão, do Brian Epstein incompetente mas devotado e dos meninos que só queriam fazer música. Apesar de alguns erros crassos, o livro tem um bom senso de história dos Beatles, um bom nível de imparcialidade e boa apreciação musical; mas falha em não voltar atrás e detalhar a maneira como os contratos de Brian Epstein foram firmados. É um livro importante para entender o processo de separação da banda.

The Beatles: The Biography
Bob Spitz
Spitz se beneficiou da passagem do tempo e da abundância de material biográfico para escrever um livro abrangente e bem equilibrado, que tenta fugir dos mitos sem explorar em excesso aspectos sensacionalistas. O resultado é a biografia mais completa dos Beatles, com um excelente grau de neutralidade. De modo geral Spitz tenta sempre ver todos os lados de uma questão, e mostra um bom entendimento do que era a dinâmica interna da banda. Consegue ter os fatos em boa perspectiva e evita dourar pílulas. Tem um número talvez excessivo de erros factuais — alguns graves, como errar a data da reunião em que Lennon “pediu o divórcio” ao resto da banda, e muitos outros menores; mas com exceção de Many Years From Now, Anthology e Can’t Buy Me Love (de Jonathan Gould, e recomendado de modo geral), é o único traduzido para o português, o que faz dele a melhor biografia dos Beatles disponível no Brasil.

***

O livro definitivo sobre a banda ainda não foi publicado — está sendo escrito neste exato momento. Todas as biografias dos Beatles, sem exceção, contêm erros, e muitas têm defeitos de interpretação e compreensão; mas há alguns anos, Mark Lewisohn anunciou que estava escrevendo uma biografia que deveria se estender por três volumes. Lewisohn é o sujeito que mais entende de Beatles no mundo, é próximo de todos os ex-beatles e é um bom historiador. O primeiro volume deveria ter sido publicado em 2008 e o último em 2016; a Amazon inglesa agora promete o livro para setembro deste ano, e o título será The Beatles — The Biography: Tune In, Vol. 1 (o que me leva a crer que o segundo se chamará Turn On e o terceiro, Drop Out; títulos adequados, a propósito). Quando finalmente for publicado, vai dispensar virtualmente todas as biografias dos Beatles, o que inclui a maioria dos livros recomendados aqui.

A vingança dos clones

E-mail recebido de repente, não mais que de repente:

A. Gusmão
to rafael.galvao, me

Boa tarde Rafael.
Favor fazer o depósito referente a 23/12/2010 no valor de R$ 950,00.
Banco itau
Ag.: XXXX (fica em Copacabana)
Cc.: XXXXX

Até onde sei não tenho nada alugado no Rio, e tampouco conheço algum Gusmão. Isso, no entanto, obviamente não podia ser empecilho para uma resposta adequada e respeitosa, porque credores merecem sempre alguma explicação. Pelo menos os dos outros, porque aos meus já estou acostumado e não ligo mais.

Caro A.,

Infelizmente, não posso pagar agora.

Para não parecer que deixo de pagar por má vontade, coisa que minha saudosa mãe ensinou a nunca fazer, deixo abaixo uma rápida explicação das tribulações por que tenho passado nos últimos meses.

Minha mãe faleceu e minha mulher decidiu se separar de mim, levando consigo muitos dos bens que amealhamos juntos. A esta altura, ela está se divertindo com o meu melhor amigo, ou melhor, ex-amigo. O mesmo para o qual emprestei uma soma considerável há alguns meses, e que, se não me pagou até agora, dificilmente pagará.

Além disso, estou de aviso prévio no emprego; meu hábito de beber incomodou a um dos chefes, que tem me perseguido desde que entrou na empresa. Como medida de precaução, subloquei um quarto para uma amiga que, desde que a Help fechou, também tem passado por sérias dificuldades. Os vizinhos têm estranhado o constante entra e sai de homens do meu apartamento — já que, como o senhor sabe, eu sempre fui um homem caseiro —, mas essa medida me ajudará a pagar o aluguel eventualmente.

Por tudo isso, peço a sua compreensão no sentido de me dar um prazo para regularizar minha dívida.

Obrigado.

Eu até começo a aceitar que tenha clones poetas, carnavalescos e quetais mundo afora. Mas caloteiro, não. Aí já é sacanagem.

***

Mas não terminou por aí: Nova carta para seu Gusmão.

Um cinema em cada esquina

Eu devia ter comentado na época, mas achei tão insano que era melhor não falar nada. Durante a campanha eleitoral, no entanto, o tema voltou à baila. Dilma tocou no assunto e a candidata do PSOL ao governo de Sergipe, Avilete Cruz, também defendeu a proposta de implantar uma sala de cinema em cada cidade do interior que tenha entre 20 e 100 mil habitantes (e outras mais importantes que fizeram o PSOL pedir desculpas à sociedade sergipana pela sua candidatura e tornaram a senhora, professora bem intencionada mas absolutamente despreparada, motivo de piada entre seus conterrâneos). O assunto ainda é válido. Apesar de insignificante, porque é o tipo de proposta que nunca, nunca sai do discurso.

O caso é simples: eles podiam muito bem anunciar que vão criar uma escola de datilografia em cada município, um realejo com um macaquinho dançante em cada esquina ou uma fábrica de escarradeiras para atender o pujante mercado nacional. Daria no mesmo.

Não é apenas que essa ideia seja absolutamente impraticável, como comentou o Inácio Araújo. O problema é que a defesa desse tipo de coisa representa uma visão atrasada do valor do cinema, como arte e como equipamento urbano, e principalmente do papel das políticas públicas de cultura.

Já faz algum tempo que os cinemas perderam sua função original, por mais que isso doa em saudosistas como eu. Os cinemas de rua estão acabando porque as pessoas simplesmente não vão mais a eles, na maioria dos casos. Se os multiplexes de shopping sobrevivem, não é porque são o único lugar onde se pode ver um filme, ou mesmo o lugar onde se pode vê-lo numa tela grande; mas pela experiência social que oferecem. Ir ao cinema hoje é um passatempo caro, que vale não pela apreciação da arte cinematográfica, mas por equivaler, de certa forma, à ida a um restaurante mais sofisticado ou uma viagem a uma cidade vizinha.

A importância dada ao cinema, ao edifício em si, acaba sendo supervalorizada e deturpada, quando se faz a equação entre o mundo desejável e o possível. E mascara uma incompreensão absoluta do papel da sétima arte, da política nacional de cultura e do mundo em que vivemos. Ao Ministério da Cultura e à intelligentsia nacional o que deveria importar não é se vai haver ou não cinemas em cada grotão deste país, mas se as pessoas terão ou não acesso à informação cultural.

Porque não é o suporte físico que faz o valor de uma obra: é o que ela conta e como ela conta. Mais nada. Telas cada vez maiores com resoluções que aos poucos vão se aproximando do ideal já fazem dos aparelhos de TV um suporte tecnológico melhor que os projetores de que, por exemplo, Charles Chaplin ou D. W. Griffitth dispunham para exibir seus filmes. Oferecem uma experiência suficientemente adequada para a apreciação de uma obra cinematográfica — pensando bem, ainda têm a vantagem adicional de não trazer como brinde idiotas falando alto atrás de você, ou o barulho onipresente de pipoca sendo mastigada ou sacos plásticos sendo abertos. É uma situação melhor do que a vivida pela a maior parte dos cinéfilos de hoje, que viram os grandes filmes que precisavam ver em telas pequenas — na TV aberta ou por assinatura, em videocassetes ou DVDs. Não precisaram — e nem podiam, na verdade — ir a um cinema para ter acesso ao conteúdo de que precisavam.

Se o governo quer levar o cinema ao povo, antes de anunciar a ideia mirabolante de construir um cinema em cada município — o que não aconteceu sequer quando o cinema era o único lugar onde se poderia ver filmes, e o preço dos ingressos era muito mais acessível –, deveria em primeiro lugar fortalecer as TVs públicas e torná-las mais atrativas aos telespectadores. Devia levar banda larga de internet para mais pessoas. Deveria lembrar que, já que paga para que brasileiros façam filmes, poderia facilitar a distribuição e o compartilhamento desse conteúdo pela rede — ou seja, poderia definir e exigir as contrapartidas sociais que cineastas como Cacá Diegues denunciaram com horror que julgo genuíno. O futuro está aqui, é inexorável, e acontece independente de políticas culturais de governo equivocadas.

A valorização do cinema como experiência social compartilhada também deveria estar fora da alçada do Estado. Porque há outras maneiras, mais baratas e também necessárias, de valorizar a cultura e oferecer lazer ao povo. Outras formas de arte mais baratas e também relevantes podem ser incentivadas, e deveriam ser objeto de mais atenção do governo, mesmo que demagógica.

O exemplo mais óbvio é o teatro. Em vez de criar um cinema em cada cidade, mensagem que em sua utopia enche de alegria os corações de Luiz Carlos Barreto e da Globo Filmes, o governo poderia tentar criar um teatro em cada município, e descobrir formas de incentivar a formação de grupos locais. É até mais justificável: além de muito mais barato, o teatro é uma experiência artística irrepetível fora do palco, e justifica esse ardor estatizante. Tudo bem, a maior parte da produção será intragável — mas isso também vale para o cinema. Além disso, por mais importante que seja o cinema como elemento da formação cultural do povo, há um limite de bom senso a que se deve chegar. Por exemplo, por que é tão importante que alguém em Serra Talhada, Pernambuco, veja um filme sobre o submundo carioca ou as angústias existenciais de um morador do Morumbi? Por que não seria mais importante que ela pudesse criar seus próprios espetáculos de teatro, em que a sua sociedade se enxergasse e que pudessem ser compartilhados com outras regiões do país?

A ênfase no fomento ao cinema, quando chega a esse ponto, reflete muito mais as aspirações de determinado segmento social do que as necessidades culturais do povo brasileiro. A função do Estado não deve ser, intrinsecamente, garantir a produção de cinema. É garantir que o povo tenha acesso à produção brasileira de cinema. O financiamento da produção, nos termos e circunstâncias atuais, acaba sendo uma consequência necessária. É preciso ter isso em vista. Porque quando a razão das coisas é invertida o risco é que se chegue ao absurdo e ao total desvirtuamento da função de um Ministério da Cultura.

Cine Palace

Há meses, muitos meses que não vou ao cinema. Mas não é isso que me dói, é o fato de que não sinto falta, de que passo pelos cartazes dos filmes em exibição e não sinto vontade de entrar para assistir nada, eu me dou ao respeito e não vou ver “Nosso Lar” e não vou ver a última bobagem que Hollywood fez.

Talvez seja a idade, talvez seja o fato de que os filmes estão tão ruins, talvez seja o fato de que as redes de cinema homogeneizaram tudo cá no meu canto.

Talvez no fundo eu seja um nostálgico. Porque se em geral me vejo embasbacado pelas belezuras que os novos tempos trazem, se acho graça nas internets e nos celulares, nos twitters e nos blogs, com algumas coisas fica uma sensação de tristeza pelo que se perdeu. E não é apenas um tipo de vazio fraquinho ao ver que uma parte do meu passado se foi; é a sensação de que algo importante, e melhor, acabou para sempre.

Senti isso de novo ao entrar no prédio do antigo Cine Palace.

Treze anos atrás o último cinema sério de rua de Aracaju fechou. O Palace virou um bingo, menos mal; há até uma certa poesia nisso, um bingo também é um lugar de sonhos — mas depois o bingo também fechou, e agora estão terminando as obras que vão transformar o antigo cinema, que formou gerações de cinéfilos em seus 40 anos de vida, em uma loja popular.

O Palace tinha uma bela escadaria para o mezanino, mas ela foi demolida apesar de algumas pessoas terem tentado preservá-la. Agora o cinema não é mais nada, é só um vão enorme feito para acomodar mostruários e araras onde senhoras pobres comprarão roupas para seus filhos.

Uma vida atrás o Palace tinha bancos que foram confortáveis, mas já há 20 anos apenas rangiam — hoje, coitados, devem estar acomodando as bundas pias de evangélicos orando por um Deus que não os ouve. Tinha, acho que já disse, um mezanino onde as pessoas iam namorar ouvindo o barulho dos rolos de filme no projetor — eventualmente também os barulhos de tapas se uma mão ousava mais do que o permitido, ou muxoxos de um namorado que sabia que poderia conseguir mais do que já tinha. No hall de entrada, além de espaço para dezenas de cartazes, havia uma bombonière e um bebedouro, e uns sofás para quem chegava cedo demais e não queria entrar com o filme já começado, ou que esperava a namorada chegar, ela que provavelmente viria a pé da rua Santa Luzia ou da rua Campos.

Não é exatamente que eu sinta pena de quem nunca foi a um cinema de rua, porque essa arrogância de gerações passadas é falsa e injusta, é coisa de velho burro que não entende as novas maravilhas. Mas eu preciso lembrar que um cinema de rua como o Cine Palace era um local e um evento muito mais imponente, muito mais significativo, muito mais rico do que essas salas de exibição que hoje se amontoam em shopping centers.

Cinema de shopping é só mais uma loja, um elemento a mais em um mix comercial que tem basicamente o mesmo peso de uma Casas Bahia ou de um Ponto Frio, e pode ser substituído fácil por outra coisa. Mas um cinema de rua era mais que isso. Era, antes de mais nada, um marco urbano da cidade. Era um dos referenciais da identidade de um local, era motivo de orgulho de seus donos — que normalmente gostavam de cinema, não eram apenas executivos preocupados somente com o dinheiro que entra.

Agora eu penso em um exemplo simples da diferença entre um cinema e uma “sala de exibição”: hoje só se faz um tipo de cartaz para um filme. Mas antigamente, além do cartaz principal, havia ainda cartazetes que traziam cenas do filme e se espalhavam pela entrada e pelo lado de fora do cinema — eles tinham um nome específico, eu só não lembro qual era.

Talvez seja sinal de velhice inadiável e precoce, mas me sinto bem por saber que vivi um tempo em que as pessoas ainda fumavam nos cinemas; em que as bombonières no saguão eram um acessório, não o principal negócio do exibidor. Era um tempo em que as pessoas saíam para ver um filme, talvez mais do que ir ao cinema. E nessa pequena escolha de palavras há um mundo inteiro de diferenças.

Seria pretensão demais querer que a queda de um cinema fosse o início da decadência de um local; na verdade é o contrário, o fim deles é indício de que a vaca já foi para o brejo, e que o centro da cidade perdeu uma de suas funções sociais e perdeu o carinho e a consideração da elite de um lugar. O fim do cinema de rua é o anúncio de tempos diferentes, em que as lojas chiques serão substituídas por magazines populares, a butique onde a mulher do governador comprava agora vai dar lugar a uma Marisa ou a uma Binoca – ainda existe Binoca? –, as lojas de sapatos vão empregar arremedos de locutores que ficarão na entrada, microfone na mão e amplificador Wattson ao lado, anunciando as promoções e chamando os passantes para conferi-las. Quer dizer que à noite só restarão mendigos, prostitutas e ladrões.

Ô Amaral, meu poeta, você não lembra dos bons tempos do Palace? Eu penso em você quando imagino um menino véio amarelo do buchão chegando a Aracaju nos idos dos 50 ou 60 e vendo o mar e o cinema, porque eu sei que você pode fazer poesia disso — mesmo que não tenha tido esses alumbramentos todos. Eu não posso, infelizmente; você sabe que o meu negócio é sair no tapa com a vagaba da Musa, porque eu não gosto de mulher que me olha com desdém. Tudo o que posso é sentir uma tristeza imensa cada vez que um cinema que eu conheci é mutilado e humilhado, como o cine Palace agora.

Momentos antológicos do kinemanacional

Não levo o kinemanacional mais a sério do que deveria. Uma cinematografia que começa a se afirmar, muitos filmes sobrevalorizados, uns poucos subestimados (como “Cidade Baixa”, de Sergio Machado com roteiro dele e do Karim Aïnouz, autor de “O Céu de Suely”), e uma indústria que se autoalimenta e autoelogia.

Mas reconheço que há alguns momentos magníficos na cinedramaturgia nacional, que não foram e provavelmente jamais serão superados, e que ninguém me venha com um sueco aqui ou um francês ali, que nenhum deles conseguiu entender a esse ponto a verdadeira essência das coisas — acho que os italianos chegaram mais perto, mas isso não é grande coisa. É nessas horas que o kinemanacional se faz digno do seu nome.

Dona Flor e seus Dois Maridos (Bruno Barreto, 1976)
Vadinho você conhece, é o sujeito que todo baiano gostaria de ser.

Infelizmente santo de casa não faz milagre e quando ele pede a Dona Flor dinheiro para cair na gandaia sua mui devota esposa não entende a sua natureza, e se nega, não vai dar ao marido o dinheiro que reservou para a Santa Madre.

Mas Vadinho sabe das coisas, e sabe que não é justo que coisa tão material como o dinheiro seja destinada àquela que deveria se limitar a cuidar só das almas, quando poderia ser muito mais bem aproveitada num puteiro qualquer da Ladeira da Montanha — naquela época ainda havia puteiros na Ladeira da Montanha — ou num boteco do Taboão.

“Me dá o dinheiro, porra!”, e dona Flor, coitada, não entende a ameaça contida aí, e se nega mais uma vez, porque Flor não compreende que o medo ao Senhor não deveria ser maior que o respeito a Vadinho. E então ele dá uns tapas em Flor e toma o seu dinheiro e vai para a esbórnia — palavra bonita, essa: esbórnia. Mais bonita e mais elegante que “putaria”.

Não é por bater em dona Flor, que em mulher não se bate nem com uma rosa, a não ser que ela peça com jeitinho; não é por bater em Flor que Vadinho alcança a sublimidade. Mas por estar disposto a transgredir qualquer senso de limite quando se trata de satisfazer os próprios desejos, e por tirar o dinheiro a um padre ladrão, e por impor as necessidades da carne às vontades do espírito. Vadinho ali se torna o herói de tantos e tantos moços, e se tornou o meu também, pelo menos nos poucos anos em que a triste realidade da minha própria inapetência não me fez abandonar os sonhos de ser um Vadinho e me conformar em ser no máximo um Teodoro — é Teodoro o nome do desgraçado?

O Cheiro do Ralo (Heitor Dhalia, 2006)
“O Cheiro do Ralo” é daquelas obras que fazem as pessoas saírem do cinema achando que assistiram a um grande filme quando na verdade viram apenas um grande tipo, aquele interpretado por Selton Mello.

Mas há nele um instante absolutamente maravilhoso, uma cena que, pela primeira vez em muito tempo, me fez derramar uma lágrima compungido em um cinema lotado, na abertura de um festival quando eu ainda ia para essas coisas.

É quando Selton Mello, diante da bunda da Paula Braun, se ajoelha, se abraça a ela e, com o rosto afundado naquela protuberância calipígia, derrama um pranto emocionado.

Não são necessárias palavras para explicar o que essa cena tem de sublime. O moço ajoelhado prestando a justa reverência ao belo absoluto não é apenas um centurião romano espalmando a mão e gritando “Ave, César!”. Ali, Dhalia conseguiu resumir ema cena apenas toda a verdade da vida, e por essa cena o filme se tornou imortal.

Mulheres, Mulheres (Carlos Imperial, 1981)
Só por ser do Carlos Imperial a gente já fica achando que “Mulheres, Mulheres” é avacalhação. E é, não dá para negar. Pelo menos é avacalhação com pedigree razoável, porque o filme se diz inspirado em Pasolini. É a sina triste de certo kinemanacional, almejar coisas tão grandes mas se esborrachar no chão da má realização.

A referência italiana não esconde, no entanto, que esse é um filme tipicamente brasileiro: um homem em luto pela perda da esposa começa a delirar, e o resultado são cenas e mais cenas de putaria e sacanagem, às vezes evocando um Busby Berkeley, às vezes parecendo coisa de puta ruim de cabaré do interior.

Eu tenho a impressão de que o Imperial fez o seu casting nas termas do centro do Rio. Algumas são muito boas no seu mister; a maioria, no entanto, além das caras de piranha de fim de noite na finada Help, estão tão à vontade diante das câmeras como estariam diante do seu primeiro cliente.

O filme pretensioso e ruim tem uma pequena epifania, no entanto, quando Imperial em seu delírio enraba sua anja da guarda.

Não há cena mais bela e metafísica do que essa em toda a história do kinemanacional; pode até haver igual, mas superior não há, não pode haver: Carlos Imperial e sua barriga imensa e flácida, montado sobre uma anja da guarda com cara de puta do baixo meretrício de Cabrobó. As pessoas dificilmente entendem o que há de redentor nisso, não entendem o grande debate metafísico por baixo da barriga de Carlos Imperial, não entendem, e então a elas é negada a verdadeira sabedoria.

As alegrias que o Google me dá (XLIII)

lista dos atores dos filmes de holiwood anos 90
Máicon Jécson Oliveira, Greice Kely Ferreira, Willames Holden Nogueira, Ranfrei Bogar dos Anjos, Stéfany Menezes, Jhon Weyne Santos, Jhon Kenedy da Silva. E não ligue para o que o tabelião disser: o filho é seu e você dá o nome que quiser. Quem vai sustentar não é você?

quando cymbalta começa a ter reação
Eu não sei, mas se ele começar me avisa para eu sair correndo, tá?

modelo de redaçao pronta de quem sou eu
Começa assim: “Meu nome é Fulano. Eu sou um idiota incapaz de escrever uma redação escolar.”

goiano gosta de sexo
Claro que gosta. Desde que seja adequadamente pago. Goianos são bons profissionais e gostam do trabalho que fazem.

homen rico carente que tenha a pica grassa
Sonhar não é pecado, não paga imposto e ainda deixa a vida mais doce, não é?

tomava venlafaxina e troquei para a sertralina mas está demorando para fazer efeito
Quer saber? Passe logo para a purpurina, solte a franga e seja o que Deus quiser.

sinto fraca tonta mole tremedeira o que seria ?
É fome. Foi o Bolsa Família que atrasou esse mês.

como fazer para aumentar o penis natural
Má notícia: o natural vai ser sempre essa pouca titica que você tem. Por isso arranje logo um artificial, que esse pode ser do tamanho que você quiser.

eu preciso do cu do companheiro
O PSTU está avançando. Durante a campanha foi só o beijo gay. Mas o beijo excita, as mãos se tocam, e então o companheiro entra na roda.

site dos miches brasileiros na espanha
Vá em www.saudadesdegoiania.com.es.

qual a ideia defendida pelo autor sobre o filme o problema não é meu
Não sei. Esse problema também não é meu.

minhas carnes estao mole depois que deixei de tomar ormonios
E você pensando que a vida de travesti era um paraíso, hein? É não, minha filha. A beleza custa caro e exige sacrifícios, e isso quer dizer que você vai ter que cair na academia e na drenagem linfática como toda coroa.

o que É a covinha no queixo
É um cu facial.

contos eroticos com padres
Começa assim: “Senhor editor, sempre leio com prazer pio as epístolas neste conclave, mas nunca pensei que algo parecido fosse acontecer comigo. Até o dia em que aquele menininho puro, inocente e sedutor entrou na sacristia e me dirigiu um olhar lúbrico e sensual…”

como comer un cu sem dor
Vem cá… Essa preocupação toda… Ninguém tem tanta preocupação com o cu alheio, vamos ser sinceros. Não seria como dar sem dor, não? Eu acho que você está escondendo o jogo aí.

porque aparece o penis do meu amigo maior
Você devia ter percebido isso na hora de fazer troca-troca com ele. Não viu o risinho na cara dele, não?

meu filho acoda a noite com tremedeira
Isso é síndrome de abstinência. Volte a colocar cachaça na mamadeira dele.

testes se sou ninfomaníaca
Quando você descobrir se é ou não, volte aqui e me deixe o seu telefone, por favor.

sugestões de atividades com historias infantis envolvendo alguns valores
Aí depende. De quanto, em valores, estamos falando, mesmo?

no arquivo de fotos deste blog encontramos dona jesuína com o …
… seu amante, que lhe batia e ainda tomava o dinheiro que seu marido lhe dava, e um dia deu a louca e foi embroa para a Vila Mimosa.

rimas com o ornitorrinco
Sim, procurei com afinco
Uma rima para ornitorrinco
Achei apenas, sob um teto de zinco
Um velho terno sem vinco
Pendurado numa droga de trinco
— Aliás, mais que um: cinco —
E que mesmo assim estavam um brinco
Aí, quer saber?, deixei a rima para lá e mandei você ir se foder.

sexo puta 75anos
Ela tá pagando quanto, mesmo?

rafael o quereres
Tu não queres porra nenhuma que isso aqui não é a casa da mãe joana. Vai circulando.

de onde vem expressão cabra
É que cá no Norte, quando faltava mulher, a gente não passava aperto. Mas essas coisas acostumam e viciam, você sabe, e uns sujeitos começaram a preferir as cabritas às moças. E passavam a ser conhecidos pelo nome de cabras.

preciso ser corno como fazer
Algo me diz que você não precisa fazer nada. Basta esperar.

qual o nome do cantor que É considerado o simbolo mÁximo do rock and roll? em que ano ele nasceu?
Nelson Ned. Nasceu há 10 mil anos atrás.

fdp de google me dá um emprego ?
Ele ia, mas aí viu que você o xingou, e ficou magoado, e mandou você à merda. Passarinho que briga com pé de pau não tem onde ir dormir, e por isso só lhe resta tentar o Yahoo. E, se não for pedir demais, pense na razão de você estar desempregado e conversando com o Google.

cocar o peito fica como chupao
Só se for o chupão de um incompetente. Por isso, meu filho, se você está desconfiado das ações de sua namorada, que lhe apareceu descabelada, vermelha e com essa história, eu recomendo que largue logo essa moça. Não porque ela te trai. Mas porque te cornear com um incompetente desses já é humilhação demais.

um calice de vinho por dia pode se tomar com medicamento sertralina
Matéria de estudo, essa aí: cachaceiros também são vítimas de depressão.

rafhael galvão bibliografia
“Rafael Galvão, Esse Desconhecido”, de Zé da Silva;
“O Que Aprendi Com Rafael Galvão”, de John Holmes;
“A Verdadeira História de Rafael Galvão”, do Barão de Munchausen;
“Um Dia Eu Pego Esse Safado”, edição conjunta do SPC e do Serasa.

melhores videos engraçados da nova ortografia brasileira
O melhor é o da queda do trema. Ele se estabocou no chão, e ao ver a cena o fantasma do Houaiss tinha frouxos de risos.

40 coisas que ninguem sabe
Eu não vou te contar.

site rafael.galvao.org videos porno com rafael galvao
O que eu fiz, ó Pai, para merecer isso? Você faz idéia do grau de bizarrice a que chegaria um filme pornô com Rafael Galvão? Não, não, ninguém merece isso.

sou um ser latino americano
Nos anos 70 esse moço aí fumou tanta maconha, bebeu tanto chá de cogumelo que o efeito até hoje não passou.

nome de artista brasileiro que morreram de ais
Eu não sei, mas morrer de ai deve ser bom, e ninguém pode aspirar a morte mais doce do que essa, abandonado nos braços de uma morena sestrosa; e se não for sestrosa, que essas coisas de sestros têm cara de Ari Barroso, que ao menos seja bem vadia.

o que o nome renata si quinifica
Não, ele não se quinifica. O processo de quinificação, bastante complexo e que se dá apenas em ocasiões bem específicas, não se aplica a nomes. Só a sobrenomes.

qual a diferença entre projeto e campanha
Da maneira mais didática possível: José Serra queria ser presidente da República e se preparou para isso. Isso é projeto. Aí veio a Dilma e jogou o projeto dele no lixo. Isso é campanha.

explicaçao espiritismo sobre aborto espontaneo
É que o bebê teve juízo, sabe, e resolveu não ter uma mãe como você. É a base da teoria do livre arbítrio.

o menor pênis humano do mundo
Tadinho. Deve ter feito uma cacetada de pesquisas sobre o menor pênis — e aí o Google, esse canalha, lhe encheu de fotos de mosquitos, de galo, de coelhos. Então ele cansou, e acrescentou o “humano” porque de dor já basta a de ter um pintinho deste tamanhinho. Mas a julgar pelo destino aonde o Google lhe trouxe, não adiantou muito. A sina de algumas pessoas é muito triste.

porque chamamos a bunda de bumbum
Porque bunda é um nome que, se o mundo fosse justo, designaria apenas algumas poucas escolhidas, dignas desse nome e do respeito que lhes é consagrado.

quando vou dormir sinto uma tremedeira e espasmos
E está reclamando de quê? Sabe quantas moças e moços vão dormir todo dia sem direito a essa tremedeira e a esses espasmos, e sonham com alguém para chamar de seu? Por que você é uma pessoa tão mal-agradecida?

significado o nome jarlene
Significa que seu pai é um escroto de mau gosto.

como sacanear as pessoas
Faz assim, ó: primeiro monta um blog. Aí checa os idiotas e loucos que vêm parar nele através do Google. O resto vem naturalmente.

ver novas fotos do velório do rafael no cemitério
Sabe, eu não ligo em saber que tem gente por aí querendo me ver num pijama de madeira. É gente demais e se eu for me preocupar com isso não faço mais nada na vida. Não ligo sequer em saber que, dentre esses, tem uns com tanta raiva que querem ver as fotos, para ter certeza de que fui desta para melhor. Mas, porra, me dá pelo menos o direito de um velório bonitinho, num velatório desses com água, cafezinho e bala para os convidados.

penis de judeu e fino?
Não. É curto, porque eles cortam uma parte fora assim que nascem.

ela é meio gordinha google…me fala de uma mulher gostosa google que fala de mim pra voçê? mais gostosa google que fala de mim para voçê?
O que essa gordinha gostosa fala para o Google é que você é um ruim de cama e ainda por cima tem pinto pequeno e também tem chulé e é por isso que ela dá para o Clêmisson. Mas não eu. Eu juro que fiquei sensibilizado com a poesia que o seu diálogo como Google evoca, e como se não bastasse, achei lindo o ritmo dessa frase.

sedativos que ajudam retardar a ejaculaÇÃo
Claro que retardam. Você começa a dormir e aí é que não ejacula mais mesmo, e a mulher, que não é besta, vai dar para outro, que ela tem mais o que fazer do que dar para um mané que ou dorme ou tem ejaculação precoce.

procure no rei do sexo rafael
Nem venha puxando o saco e bajulando que eu não vou dizer o que você quer ouvir.

qual a sigla de motel que vem na fatura do cartao
como descobrir motel extrato

Duas perguntas, um mesmo chifre, talvez.

rafael galvano
Já não bastava a enxurrada de “rafaéis galvão” que têm aparecido neste mundo, maculando meu nome e jogando minha parca reputação no lixo, e ainda vem uma versão paraguaia, tipo Sorny, HiPhone, essas coisas? Puta que pariu, aí já é sacanagem demais, e eu vou mudar meu nome para Severino.

parei de beber e perdir o tesão
Pois é. Parando de beber você viu melhor a baranga com quem tinha se casado. Volte a beber e salve seu casamento.

vacilei meu filho me comeu
Prova de que a educação que seu filho recebeu é uma merda, hein?

rafael galvão inferno
Não, meu filho. Apesar de suas pragas, eu vou é para o céu.

sonhar com o animal teiú morto significa o que?
Significa que sua mulher vai ficar muito doente.

adeus amor eu vou partir
Tchau. Que não seja por falta de adeus.