Os vagalumes que não acendem o rabo

Um post antigo sobre a Coleção Vagalume é daqueles que recebem poucos comentários, mas constantes. Quase todos discordando, claro, que concórdia não é o subtítulo deste blog. Para uma sociedade que respeita o livro como um crente respeita a religião dos outros, mas que encara o exercício de ler como uma dieta, ação adiada sempre para a próxima segunda-feira, dizer que a coleção é medíocre e imprópria para ser adotada como padrão escolar é quase como xingar a mãe do sujeito de coisas piores do que ela já é. É ignorar que, para muita gente, ler alguns livrinhos de cerca de 50 páginas, por aí, lhes traz legitimidade e a devida inserção na sociedade.

O que não parecem ter entendido é que não há nada de mau em ler aqueles livros. Eu li muitos; eram bom passatempo, livrinhos que se lia em meia hora. Mas poderia dizer que também li Sabrina, Júlia, Bianca, Tex, Mônica, Sidney Sheldon, Harold Robbins, Tio Patinhas; e daí? A questão nunca foi essa. O problema não são os livros, bons ou ruins, e sim o fato de o sistema educacional brasileiro ter feito uma escolha mediocrizante ao priorizar essa coleção como padrão literário para os estudantes. Goste-se ou não dela, para todos os efeitos a Coleção Vagalume é sub-literatura.

A outra questão que o post defendia era simples: a Coleção Vagalume não formou mais (ou melhores) leitores que livros de autores de nível muito superior. Continuamos sendo um país de analfabetos e iletrados; mas agora com cada vez menos referenciais. Talvez venha daí o antagonismo que os comentaristas criaram entre os vagalumes e Machado de Assis (que não foi citado no post mas que as pessoas parecem ter como sinônimo de boa literatura em língua portuguesa. Preferiram passar batido pelo Eça que citei; daquele pelo menos ouviram falar).

Essa comparação quase automática com o bruxo do Cosme Velho talvez seja o maior indicativo de que a coleção Vagalume não cria leitores. Eles sequer compreendem que Machado pode ter livros densos como “Quincas Borba”, mas também bobagenzinhas românticas como “Iaiá Garcia”; não compreendem porque, pelo visto, depois de “E Escaravelho do Diabo” nunca mais leram nada. Talvez por isso, por colocarem tudo em um balaio só, eles façam como o Fábio Lopes e digam que não se pode “fomentar o gosto pela leitura com Machado de Assis”. Não apenas criam um antagonismo que não existe, como fazem supor uma questão muito interessante: para esses comentaristas, antes da Coleção Vagalume ninguém neste país lia qualquer coisa. Porque não se pode fomentar, etc.

Nos anos 80, claro, o Brasil virou um paraíso de literatos. Patrícia:

Não há uma só pessoa que tenha sido alfabetizado na década de 80 que não se lembre de um livro da coleção vaga-lume. E ainda se lembrar dos titulos e das historias… Só por este motivo já esta provado a importância e a influência dos livros da coleção vaga-lume.

Lembrar não é o problema. Eu lembro daquela banda que cantava Vamos a La Playa, ô ô ô ô ô. Mas isso não faz deles algo minimamente importante. Falar nisso, lembro também da topada desgraçada que me arrancou um naco de dedo em 1983.

Se alguém conseguir me mostrar qual a vantagem de, por exemplo, (inserir aqui qualquer título da coleção Vagalume) sobre “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, eu ficaria muito grato. Eu não consigo ver nenhuma. Porque, independente do seu nível de compreensão, o livro do defunto autor é sempre adequado a qualquer nível — já a partir da ideia do defunto autor, que se não lhe parece insólita e instigante é porque você leu mais livros demais da Coleção Vagalumes do que recomendou o doutor. Não é necessário que se compreenda Machado no nível de um Harold Bloom. Basta ler e gostar. Ninguém está pedindo que se discuta aspectos sociológicos ou psicológicos do sujeito da ABL como numa aula de mestrado.

Se alguém consegue entender um livro qualquer daquela coleção — por exemplo, os policiais para retardados de Marcos Rey — consegue entender também “A Mão e a Luva”. Consegue entender, até, “Memorial de Aires”, o livro mais superestimado da literatura brasileira. Mas as crias dos vagalumes que não acendem o rabo, criadas com o vocabulário reduzido e os raciocínios simplórios desses livros, parecem esbarrar nas dificuldades intransponíveis criadas por uma mesóclise. Não conseguem entender que Machado é fácil, é de uma simplicidade enganadora; e que não há nada de mau em ser enganado dessa forma.

Mas mesmo agora acabo enveredando por aspectos acessórios do texto. O ponto central daquele post era o de que a intenção das escolas, ao adotarem como prato principal a Coleção Vagalume, não tinha sido realizada. Ela não formou leitores. As livrarias não estão mais cheias hoje por causa dela. O resultado é que continuamos analfabetos — mas agora com mais orgulho e auto-condescendência, porque em algum momento da vida conseguimos ler, sei lá, “O Caso dos Meninos Estupefatos na Ilha do Girassol”.

Emanuelle:

Jamais uma criança de 10 anos vai se interessar por um chatíssimo José de Alencar, com sua linguagem incompreensível até para pessoas acima de 20 anos…

Jamais é tempo de menos. Eu tinha 10 anos quando saí da Graça, onde morava, e fui andando até a Ediouro que ficava na esquina da Av. Sete com a Politeama para comprar “O Guarani” (junto com “As Viagens de Tom Sawyer” e “Winnetou”). Tinha lido “Iracema” no ano anterior e gostado. Crianças de 10 anos se interessam por Alencar, sim, até porque heróis épicos como Peri e mocinhas louras e virginais como Ceci falam mais alto para essa idade; mais velhos, o que a gente quer é vida fácil e mulheres mais fáceis ainda.

Difícil é entender que uma pessoa de 20 anos ainda corra atrás do cearense. De qualquer forma, o conceito de linguagem incompreensível só é justificado quando as pessoas, além de não serem expostas a boa literatura, também são alijadas da boa gramática por professores analfabetos certos de que, assim como eles, crianças não conseguem entender nada.

É o exemplo do Diogo Basso:

Li Memórias Póstumas de Brás Cubas aos 21 anos, e a muito custo. Se eu me deparasse com esse livro aos 12 tenho certeza que não passaria nem da primeira página (quem já o leu sabe porque). Aos 12 eu lia a série Vaga-Lume, e até pouco tempo tinha pra mim que o melhor livro que eu já tinha lido era um justamente dessa coleção (Açúcar Amargo).

Se aos 21 você não consegue ler nada melhor que o que lia aos 12, você tem problemas sérios. Está explicada a dificuldade em entender um livro tão absurdamente genial. “Açúcar Amargo” deve realmente ser melhor que os outros três livros que o Diogo leu.

Diogo é um exemplo vivo de um dos problemas mais graves da sub-literatura ensinada nas escolas: ela baixa o nível e acostuma ao que é menor. É como o sujeito que toma Canção a vida inteira e estranha o gosto de um Almaviva. As pessoas parecem criar uma ojeriza instintiva a literatura um pouco mais elaborada. Jamais leriam um Osman Lins, por exemplo, para citar um de que a imensa maioria deles jamais ouviu falar.

Mesmo assim, gente como o Mauro Cesar se irrita:

Rafael, percebe-se que você não entende absolutamente nada sobre formação de leitores e é graças a gente como você que o Brasil patina nos indicadores de leitura. Leia esse artigo aqui e aprenda um pouco:
http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=1244

Eu pensava que o Brasil patinava nos indicadores de leitura porque, além de questões sociais mais graves e mais decisivas, professores preguiçosos e mal-formados ajudaram a baixar o nível do ensino. Porque o que sobra neste mundo é gente que adota a demagogia burra como modelo de vida, e se irrita com quem acha os seus valores e suas idéias inadequados. Mas o Mauro, com a arrogância da ignorância que é peculiar em quem tem orgulho de cada livro ruim que leu, viu neste pobre blogueiro um ser nocivo à sociedade. Preciso agradecer a ele.

O Alexandre Franco mostra outra conseqüência:

Infelismente , nao concordo com vc , se hoje eu me interesso, pela leitura ,é porque tive uma introduçao gostosa, sem pressao

O Alexandre tem razão. Eu, concordo, que, pressão, nessas, horas, torna, tudo, mais, traumático. Carinho e paciência, em momento tão importante, são fundamentais. Ouvi falar de mulheres que se tornaram frígidas por isso, pela pressão na hora da introdução. Tem uns escritores por aí que são uns cavalos. Mas acho que agora entendi. Alguns preferem a Coleção Vagalume para evitar esses traumas: porque são pequenos e fininhos.

No fim das contas, eu fico é com o comentário do Elton:

Acho que entendi o seu ponto de vista: nada contra a molecada ir na biblioteca e ler os livros da coleção vaga-lumes por diversão, mas o uso destes livros pelos professores como a base de cursos de literatura, ou melhor, de leitura, não é adequado. Não duvido que tenha gente por ai usando Paulo Coelho com o mesmo intuito. Nada contra os que voluntariamente se prestam a ler este tipo de porcaria, mas existem coisas mais adequadas de se colocar em uma sala da aula. E vamos parar com essa estória de que ler qualquer coisa aumenta o nível intelectual, como se passar os olhos sobre letras pretas em fundo branco tivesse alguma propriedade mágica. Muitas vezes o efeito de certas leituras é exatamente o contrário, como não me deixa mentir a imprensa nacional.

Eu não escreveria com mais concisão e simplicidade. E por isso continuo afirmando que, se é para ser analfabeto, que se seja analfabeto em algo realmente bom. Pelo menos é uma ignorância mais nobre, se é que há alguma nobreza nisso.

Republicado em 06 de agosto de 2010

É mister John Daniel’s para você

Ah, Adriano

A primeira reação que tive ao ver seu comentário foi pensar: como alguém pode não gostar de Jack Daniel’s? Eu reconheço em todos o direito a seus gostos. Mas não admito que alguém ouse não venerar a Lady Day, e não reconheço que se não goste de Jack.

Mas é John Daniel’s para você, Adriano. Cuidado aí com a intimidade. Jack só se deixa chamar por esse nome por quem realmente gosta dele. Por quem o conheceu aos poucos, em noites longas em que risos se misturaram a lágrimas; mas principalmente por quem ele conhece de verdade, por aqueles de quem ele conhece a alma. Não vá afetando uma intimidade que você não tem nem quer ter. Mister John Daniel’s.

Há umas poucas coisas na vida que precisam de ritual. Um ritual simples, porque rituais complicados tiram a alegria do viver, e os prazeres se perdem na necessidade de seguir os passos dos outros. Jack sabe disso. Ele não lhe diz o que fazer. Sequer coloca a mão no seu ombro, porque sabe que a sua dor não passará com isso; em vez disso, apenas fica do seu lado, calado, olhando para você. É só disso que você precisa.

Aquele que lhe apresento como John Daniel’s só pode ser entendido por quem sabe que se fechar os olhos pode ter pesadelos. Sonhos ruins, perversos, que lhe farão acordar com medo, procurando um ar que lhe pareceu faltar. Por quem, como um Ebenezer Scrooge atormentado pelo passado, está sempre sujeito a fantasmas que chicoteiam com lembranças que você queria enterradas.

Existem poucas coisas que se deve fazer sozinho nesta vida. Uma delas é deitar em um sofá no escuro, só você e os milhões de demônios que atormentam a sua consciência, que lhe fazem ter calafrios pela canalhice que você cometeu um pouco antes, pela mulher que você machucou, pelo amigo que você ofendeu. É só ali, naquele sofá, que você pode entender por que sabe que vai magoar uma mulher, sabe que é errado, ao mesmo tempo em que admite resignado que não conseguirá evitar.

E nessas horas, nesse sofá no escuro, só duas companhias lhe são permitidas. Uma delas é Billie Holiday ou Chet Baker; você pode escolher qualquer um dos dois porque eles, como ninguém mais, sabem cantar o que se passa em sua alma. Quando Chet com voz tão pequena canta I Fall in Love Too Easily, ou Billie que não tem mais esperanças destroça o seu coração com Solitude, então você entende, e não são necessárias outras palavras. Só eles sabem quem você é, só eles olham para você sem raiva, sem pena ou sem censura. Certo, eles dizem “mas que merda você fez, hein?” Mas dizem também “tudo bem, eu também fiz.” E então, por alguns instantes, você sente que não está sozinho no mundo; que alguém consegue entender tudo aquilo que passa tão rápido por sua cabeça, tão rápido que nem você consegue compreender. Só eles podem traduzir, em palavras que dizem mais do que parecem dizer, aquilo que você jamais teria coragem de falar. E mesmo assim apenas naquele momento, num sofá no escuro, apenas você, a música, a fumaça azulada do cigarro e o perfume que vem de um copo.

Esse copo de Jack Daniel’s é a sua outra companhia, Adriano, e só ela. Cada dose tem que ser dupla; se você vai colocar gelo que seja apenas o suficiente apenas para esfriar. Só isso. Mais nada. Ninguém para falar que essa merda foi envelhecida em barris de carvalho no cu da Escócia. Ninguém para vir com viadagem sobre a qualidade da água das highlands. Ninguém para encher seu saco. Só você, a música e seu copo.

E os seus demônios.

Jack é diferente, Adriano. É diferente, por exemplo, de um Johnny Walker com roupinha de nojentinho dizendo em falsete keep walking, keep walking. Johnny é um filhinho de mamãe inglês que anda por diletantismo, porque cansou do Bentley com motorista, um maricas que nunca precisou pegar um ônibus na vida; Jack é alguém que sofreu e fez sofrer, que desaba na mesa do boteco depois de chorar por ela, e que se conseguir voltar para casa vai voltar a pé, mas não porque tem que “keep walking”: vai voltar a pé porque é assim que as coisas são. Johnny se acha grande, se acha o dono do mundo. Jack, e todos nós, sabemos que porra nenhuma interessa, que é tudo uma grande brincadeira, e que a gente às vezes chora enquanto ela não acaba. Sabemos que não somos nada, mas que nossas pequenas tragédias são enormes.

Só Jack entende o que há de inexorável nesta vida; as suas tantas promessas não cumpridas, os compromissos a que você não compareceu, só ele entende que você mente sendo sincero. Jack sabe; Johnny não fala nossa língua.

Jack Daniel’s é para quem se arrepende. Não acredite em quem diz não se arrepender de nada nesta vida, porque esse é um idiota, não merece sequer sentir o cheiro do milho. Ou então, pior, não viveu, tem o orgulho néscio de nunca ter errado porque só tomou as decisões certas na vida e não sabe de nada, de nada. De nada. É só outro idiota. E de idiotas o mundo está cheio, é contra eles que Jack nos protege.

Só não gosta de Jack Daniel’s quem nunca fez nada errado; quem nunca se arrependeu de nada. Quem nunca viu uma mulher chorar na sua frente, por sua causa, e só sentiu enfado; quem nunca jurou um amor que não sentia por causa de um rabo maravilhoso e peitos que precisavam ser engolidos por sua boca; só não gosta de Jack Daniel’s quem nunca puxou os cabelos dela sabendo que ela ia gostar, quem nunca deixou o seu colo marcado de vermelho como quem diz você é minha. Só não gosta de Jack Daniel’s quem nunca ouviu “desse jeito você acaba comigo”.

O resto não vale a pena. O resto é Logan, nome que não merece sequer um sobrenome, bastardo que é.

Por isso não, Adriano. Jack Daniel’s, não. É mister John Daniel’s para você. Marque hora com antecedência. E então pode falar mal o quanto quiser, porque ele não vai se importar.

Republicado em 04 de agosto de 2010

 

A triste sina dos caralhetes de triste figura

Em parte, foi o pinto pequeno que tirou a graça das Alegrias do Google.

A dor de adolescentes inconformados com a própria mesquinhez representa a maior parte das buscas neste blog. Isso me dá a certeza de que pinto pequeno é uma endemia que está se espalhando de maneira inexorável pelo país e por Portugal, contaminando mais e mais adolescentes, tornando suas vidas um misto de desânimo e de falsas esperanças.

Esperanças que, por causa de minha má índole, são enterradas de maneira um tanto sádica quando chegam a este blog.

Mesmo assim eles vinham, e vinham, e vinham, e por causa da maldade que Deus fez com eles de repente se tornou impossível ver outras frases no Awstats. São justamente essas frases, que só aparecem aqui uma vez, as mais interessantes — e paradoxalmente os pintos pequenos se tornaram grandes demais para este blog, e sua sombra cobriu as Alegrias do Google. Ou seja: neguinho foi sacaneado pela Providência e quem paga o pato é este pobre blog.

Agora é a hora da vingança. Fiz um apanhado dessas ocorrências nas Alegrias do Google já publicadas. Não há nada de novo, claro. Não consigo mais fazer piadas de pinto pequeno. Mas será algo realmente útil. A partir de hoje, quando os pobres adolescentes chegarem aqui em busca de um alento, encontrarão todas as respostas em um lugar. Ou melhor, a resposta, porque todas elas são variações de uma só: “meu filho, você se fodeu.”

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Não tem. Pinto pequeno é o castigo para um pão duro como você.

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171.

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O doutor Rafael Galvão responde: “Minha senhora, depois de ver as fotos do seu filho, tudo o que posso dizer é que ele é um hermafrodita”. Espero que isso ajude e lhe tranqüilize. E se a senhora não gostou da resposta, pense: em vez de dar uma resposta tão séria, tão circunspecta, eu podia ficar debochando da miséria minúscula que o seu filho apresenta e que vai lhe trazer infelicidade pelo resto da vida.

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Diz aí: se aumentasse você hoje seria um sujeito feliz e enooooorme, não é?

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Olha, amigo, seu momento de dor — “Por que, Deus, por quê?” — é compreensível. Mas não rasgue sua túnica ainda. Não cubra a cabeça com cinzas. Você sempre pode namorar a Marta Suplicy, aquela que disse que o importante não é o tamanho da varinha etc.

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Método bife: coloque o miudinho numa tábua de carne. Com um martelo, bata até o toquinho ficar grande. Esse método, no entanto, tem um grave efeito colateral: fica grande, mas também fica mole.

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“Sacanagem, ela pegou meu pênis e mostrou rindo para as amigas.”

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Meu filho, é mais fácil aprender português. E nem isso você aprendeu ainda.

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Normal. Por exemplo, você é deficiente mental e também tem um, não tem?

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Tente um pepino. No seu caso, um pepino japonês já representa um grande avanço.

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De cabeça baixa, envergonhado?

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Este blog tem realizado reiteradas tentativas de ajudar, sabe? A gente dá conselhos, oferece o ombro, diz palavras de encorajamento. Mas nem sempre adianta. Não tem psicanalista freudiano lacaniano junguiano que dê jeito.

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Método piada de negão: amarre uma pedra bem pesada ao pobrezinho. Ande com ela para cima e para baixo. Se ao fim de duas semanas não tiver aumentado, console-se: pelo menos na cor está igual ao Long Dong Silver.

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Por quê? Não é o seu, nunca vai ser o seu, você não pode querer que seja o seu. À parte isso, tens em ti um pequerrucho menor que o de todo mundo. Agora, mudando um pouco de assunto: viu como se pode fazer poesia a partir da miséria humana?

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Método bungee jump: amarre uma corda elástica à glande do seu pequeno amigo. Pule da Rio-Niterói. Se não der certo, volte aqui para reclamar.

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Método ioga: sente em um tatame, em posição de lótus. Esvazie a sua mente. Murmure “ommmmm” até cansar. Então repita o mantra: “Jai punjab Rajiv” — que significa, em dialeto da Cachemira, “Quero que esta porra inútil cresça”. Se você se concentrar bastante, mas bastante mesmo, sentirá o seu terceiro olho abrir e o miudinho aí crescer. Se não der certo é porque você não conseguiu se concentrar. E se você não consegue nem se concentrar, infeliz, como é que pode querer ter um pinto maior?

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Normalmente o palavreado dos que estão insatisfeitos com sua anatomia é um pouco menos educado. Fico pensando no sujeito que escreveu isso. Um homem tranqüilo, dono de bom vocabulário, que vive imerso em livros e de repente, ao tomar banho, percebe que talvez o tamanho daquilo ali no meio de suas pernas talvez seja insuficiente. E então, fleumático e racional, senta-se ao computador e pergunta ao Google como é que se resolve isso.

rasputin era bem dotado
Mas morreu. De que adiantou todo aquele portento? Por isso, caro internauta que aderna até aqui em busca de soluções para suas limitações, lembre-se da moral da história: mais valem 10 centímetros na mão do que 30 no caixão.

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Aos 23 anos, dizem os médicos, seu pintin… ops, seu pênis já está do tamanho definitivo. Mais que isso ele não cresce. Portanto, vá direto ao último item destas “Alegrias” e veja as sugestões que eu tenho para dar no seu caso.

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É o erotismo contido naquelas coisas miudinhas, aqueles pequenos detalhes que tanto excitam uma mulher.

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Eu não queria dizer. Porque iria correr o risco de você entrar em depressão, tentar até se matar. E eu não quero isso na minha consciência. Minhas contas com Deus já estão no vermelho há muito tempo. Mas tenho o dever de responder; portanto se sente, antes de tudo. Isso. Agora peça para lhe trazerem um copo d’água com açúcar. Bebe. Bebe tudo. Agora respire fundo. Respirou? Então lá vai: graaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaande.

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E eu quero um Lear Jet. Senta aqui do meu lado e vamos esperar.

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Não, meu amigo, é broxa, mesmo.

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É uma medida extremamente válida de proteção feminina contra a canalhice masculina. É usada como último recurso. Se você a tratar bem, ela vai relevar essas miudezas. Mas não apronte com ela. Porque você dificilmente sobreviverá à crueldade de uma mulher magoada.

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É maior que o seu. Ou seja: nem isso você vai ter como consolo. Conforme-se.

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Fica assim não, meu filho. Olha só, não vale a pena se preocupar com detalhes tão pequenos. Uma mulher vai amar você independentemente de ser bem dotado ou não. Vai dizer que tamanho não é documento. Ela vai estar mentindo, mas o que a gente não faz por amor?

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Olha, ser mal dotado assim não é nada. Ruim mesmo, no seu caso, é ser pobre. Deus foi mesmo mau com você.

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Miudinho, vou te dar um conselho tão bom que deveria ser vendido, a preço exorbitante: deixe essa palhaçada de lado e arranje uma mulher pequena.

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Não, Minduim. Se ela te amar de verdade, não vai ligar para pequenos — pequenos, mesmo — detalhes anatômicos seus.

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Sinto informar, ô pequerrucho: é maior que isso aí que não balança entre suas pernas.

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Pelo menos você tem dois, né? E aqueles que só têm um miudinho? Deixe de chorar de barriga cheia, rapaz. Isso é feio e Deus castiga.

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Chame uma moça bonita e que tenha mãos macias. Peça para ela friccionar o dito cujo por alguns minutos. O resultado é garantido. Só não é duradouro, mas acho que a essa altura você não vai se importar.

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O velho coloca aquela coisa inútil para fora da calça. Mexe, mostra uma foto da Brigitte Bardot nua — nada. Apenas nervos e veias e pele enrugada, tudo isso sem utilidade hoje, não cresce mais — a única coisa que continuou a crescer, para baixo, foi o seu saco. Lembrando dos bons tempos em que seu companheiro, hoje inerte em sua mão, lhe deu grandes emoções, ele passa a contar as cicatrizes. “Essa foi a Maria. Essa foi a Cotinha — ai, como ela era boa… Essa foi a Deusdeth.” E as lembranças tornam mais toleráveis sua decadência e a morte que se aproxima.

o que fazer com penis pequeno?
01 – Pedir esmola, exibindo a chaga aos que passam e esperando que se condoam de sua triste situação.
02 – Se fantasiar de anjinho de igreja no carnaval.
03 – Andar nu. Ninguém vai notar nada.
04 – Dizer que isso não é um pênis, é só o seu umbigo com hérnia.
05 – Entrar para o circo e estrelar um número ao lado da mulher barbada.
06 – Descolar um trocado trabalhando como modelo vivo para estudantes de arte que estudem o período clássico grego.
07 – Se tornar famoso ao iniciar um grande movimento para obrigar a Johnson & Johnson a fabricar camisinhas mais apropriadas.
08 – Transformar em vantagem a adversidade. É mais fácil convencer as mulheres a, err… variar um pouco. Elas vão acreditar quando você disser que não vai doer.
09 – Fingir que é criança e tentar se dar bem com pedófilas.
10 – Conformar-se.

Apelo

O Bia tem um apelo a fazer. Se alguém puder ajudar, é só entrar em contato com ele.

Tem um senhor aqui em Limeira, Durante Gullo, setenta e tantos anos, que sofre há mais de vinte anos de depressão profunda, não sai de casa pra nada. Sua única, ÚNICA, diversão — se é que podemos chamar assim — é ver e rever filmes velhos que ele tem em VHS. Ele não tem DVD, só o videocassete. E nem quer ter DVD, já que todo seu acervo é em VHS.

Tomei contato com ele há mais de cinco anos, quando mencionei um filme antigo em uma coluna de jornal… Ele ligou para o jornal e conseguiu meu telefone. Desde então ele me liga com alguma regularidade, pedindo para que eu arrume esse ou aquele filme para ele. Já consegui alguns.

Pois ele me ligou na semana passada IMPLORANDO por um filme: “A Canção Inesquecível, filme de Michael Curtiz, biografia disfarçada de Cole Porter. Não acho o filme para comprar em lugar nenhum, mas vai passar dia 17/02 no canal pago TCM. Se alguém tiver a TCM e puder gravar esse filme numa fita, bem, para o senhor Durante Gullo, ele mesmo me disse, não há dinheiro que possa pagar.

Quem puder fazer isso vai direto para o céu.
Eu me encarrego das despesas de postagem, etc…

Tem ainda mais dois filmes que o sr. Durante Gullo deseja assistir e não encontramos: o primeiro e original “Gunga Din” e “Aeroporto ’77“. Se alguém souber onde podemos conseguir, avise.

E também se puderem espalhar por aí, em posts, listas de e-mail, esse apelo, agradeço de coração. Pode parecer besteira, ou muito pouco, para quem não gosta de cinema. Mas acreditem, para Durante Gullo, ver esses filmes mais uma (ou algumas) vez(es) antes de morrer fará muita diferença.

Déda, Edvaldo e a reeleição

Da coluna do sergipano Cláudio Nunes, que em pouco tempo se tornou referencial em jornalismo político no Estado:

Déda, Edvaldo e a reeleição
09/02/2007, 04:59

Para quem está estranhando, a bateria de criticas que o prefeito Edvaldo Nogueira (PCdoB) está recebendo nos últimos dias é o reflexo do que ocorreu no Pré-Caju, quando o governador Marcelo Déda (PT) declarou que deseja votar em Edvaldo para prefeito de Aracaju. Se por um lado é sintomático este arsenal de criticas, por outro é de se estranhar que boa parte delas esteja vindo de setores ligados diretamente ao grupo político que elegeu Marcelo Déda (PT) governador de Sergipe.

Estranho porque o projeto é o mesmo. Ou seja, em outubro de 2008, quando for realizado o primeiro turno para a disputa do cargo de prefeito de Aracaju, não estará apenas em jogo a administração Edvaldo Nogueira. Estará em jogo o julgamento da população aracajuana ao grupo político ao qual Edvaldo é apenas o representante atual na Prefeitura. E mais ainda: será o primeiro teste eleitoral da nova administração estadual, que estará com um ano e 10 meses à frente dos destinos de Sergipe e certamente terá que apresentar muitas ações em todo o Estado e principalmente em Aracaju.

Se por um lado essa tentativa de desestabilização da administração municipal tem por objetivo retirar Edvaldo Nogueira de uma possível candidatura à reeleição, por outro lado é um instrumento que está sendo bem utilizado pelos adversários nos bastidores, que já disseram publicamente que ganhar a Prefeitura de Aracaju é a certeza da sobrevivência política de algumas lideranças que foram derrotadas nas últimas eleições estaduais. Mais direto. A quem interessa uma possível divisão do grupo que comanda a prefeitura de Aracaju? Quem está excluído?

O certo é que a maioria do grupo político que elegeu os governos de Marcelo Déda e de Edvaldo Nogueira sabe que o apoio a atual administração municipal não é o fortalecimento individual de Edvaldo Nogueira — que é apenas uma peça no atual contexto do grupo político que está no poder — mas de um projeto coletivo que representa a manutenção do espaço de poder não só na prefeitura de Aracaju, mas em vários outros municípios e culminando com a eleição estadual de 2010.

A estratégia de tentar uma briga política entre Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira já foi descartada. Os dois são como gêmeos siameses que preferem continuar unidos a tentar a separação, já que estão unidos por partes vitais, como o coração e o cérebro. Ou seja, se não conseguem separar os dois a tentativa agora é de desacreditar a administração perante a população. Seria normal essa tentativa se ela tivesse nascido apenas no grupo da oposição, mas não dentro do próprio grupo que dá apoio aos governos estadual e municipal.

A candidatura de Edvaldo Nogueira à reeleição deve ocorrer naturalmente, porém ninguém tente separar Edvaldo de Déda ou vice-versa. O governador já deixou claro que Edvaldo é leal e competente e está inserido no processo de mudanças efetivamente desde quando vice-prefeito de Aracaju, onde passou administrando por cinco anos ao lado do petista. Déda sabe que a candidatura à reeleição de Edvaldo e a manutenção da Prefeitura de Aracaju no grupo político de que faz parte passa por um elenco de obras e ações dos governos estadual e federal na capital. Colocar interesses pessoais à frente de um projeto coletivo de um grupo é temerário e pode levar alguns a beber do próprio veneno, ficando no isolamento político.

Comentários sobre o cinema de autor

A questão é: o Marcus, caindo no golpe da teoria do cinema do autor, justifica a tal “autoria” ao dizer que diz que “ninguém pega o mesmo roteiro e o ‘interpreta’ em outro filme.” Na verdade, isso acontece o tempo todo. O nome disso — bastante comum, aliás — é “refilmagem”. Às vezes o mesmo diretor faz isso com seus próprios filmes, como Hitchcock em “O Homem que Sabia Demais” e Hawks com “El Dorado” e “Onde Começa o Inferno”. É por isso que ao diretor cabe, com mais propriedade, o título de intérprete. O problema é que o pessoal chama essas “interpretações” de “autoria”.

E vão mais longe. “Na versão final está exatamente aquilo que o diretor quis que estivesse lá”, disse o Marcus. Isso não é verdade. Eu tenho uma pergunta a fazer: quem é o autor de Touch of Evil e de The Magnificent Ambersons?

Qualquer pessoa que conheça um pouquinho de cinema responde na lata: Orson Welles. E pode falar horas sobre a qualidade desses filmes e sobre o estilo claro, definido de Welles neles — qualidade que eu, por exemplo, reconheço: naquela ex-lista de 100 melhores filmes, os dois estavam lá. A seqüência de abertura de Touch of Evil é uma das mais fantásticas de toda a história.

Certo.

Touch of Evil foi modificado de tal maneira pelo estúdio (o “autor” não teve acesso à edição e sequer foi convidado para a pré-estréia) que, assim que viu o filme, Welles escreveu um memorando de 58 páginas pedindo uma série de modificações. The Magnificent Ambersons, por sua vez, teve até um final feliz colocado a fórceps e à revelia do gordinho, final que tirou muito da força e do sentido do filme.

A tese que o Marcus acolhe poderia ser derrubada facilmente por uma frase do René Clair, segundo a qual um filme só se realiza completamente quando o diretor e o roteirista são a mesma pessoa. Ele tem quase razão. De qualquer forma, Clair estava deixando bem claro que um filme não pode ser, nunca, a “obra de um sujeito só”. Não dá. Porque é indústria, porque é um processo coletivo e porque parte de um elemento estrutural que é o roteiro.

O valor que o Marcus e a turma do cinema de autor dão a modificações, reivindicando com isso toda a autoria, é baseado nessa confusão proposital (tipificada, a propósito, no artigo 171 do Código Penal brasileiro).

E de onde ele tirou a idéia de que é cada vez mais raro um produtor tomar decisões sobre o filme é um mistério. Porque denota, no mínimo, desconhecimento sobre sets de filmagem. Hoje e sempre. O nome Weinstein, para citar apenas um em atividade, não quer dizer nada? Como falou uma vez o Nelson, quem manda é o dono do dinheiro. Porque cinema pode até ser arte (só às vezes, apesar da generalização do Marcus), mas sempre é indústria.

Se por outro lado mais diretores passam a ter mais poder de decisão, é porque hoje eles são, também, produtores. Isso é mais comum em mercados menores. A Criss, por exemplo, citou o Almodóvar. É um dos exemplos mais ineptos que podiam ser dados. Seria bom olhar para a ficha técnica de seus filmes. El Deseo é sua produtora, o roteiro é dele — espalha não, mas ele precisaria ser incompetente demais para deixar o filme com a cara do best boy. Não vale citar como exemplos de “autores” diretores que também são roteiristas e produtores, porque aí não há discussão. Porque ele tem, sim, a cara do diretor. A cara do produtor. E a cara do roteirista.

Quanto ao papel da montagem, no que o Marcus tem razão, é preciso lembrar que durante muito tempo os diretores sequer eram autorizados a entrar na ilha. Só quem conseguia eram diretores que também eram produtores, como Capra, Hitchcock, Ford, Hawks. Não é coincidência que são justamente esses os diretores “redescobertos” pelos franceses da nouvelle vague.

Depois de horas e horas enfiado nessas sucursais do inferno, eu posso dizer: um bom editor faz uma diferença absurda em qualquer obra. Um mau também. Mas isso eu digo desde sempre. E volto ao ponto de partida: o problema da teoria do autor é querer transformar uma arte coletiva em trabalho de um homem só. Não é assim. Nunca foi. Nunca será.

O Gabriel lembrou que na maior parte das vezes um filme pode ter a cara do diretor — e quem seria louco, por exemplo, de esquecer que grandes diretores têm uma marca bem clara, como Hitchcock? O problema é que, se Hitchcock tinha uma marca autoral forte, era porque era também produtor de seus filmes, e porque já chegava ao estúdio com os mais completos storyboards de que se tem notícia — não é demais lembrar que ele era diretor de arte em agências de publicidade inglesas antes de migrar para o cinema. O mesmo vale para diretores como John Ford. Ao mesmo tempo, todos esses grandes diretores costumavam trabalhar com o mesmo pessoal, que agregava suas contribuições de maneira bem clara.

Mas…

Pegue as duas versões de “Psicose”, por exemplo. A primeira versão, de 1960, é radicalmente diferente da segunda, de 1998. Neste caso tivemos dois filmes partindo do romance de um mesmo autor (ops!), Robert Bloch, realizados com o mesmo roteiro, do Joseph Stefano. Por que os dois filmes são radicalmente diferentes?

Ainda assim, o nome do bicho é “Psicose”, não é? A interpretação de Lawrence Olivier em “Hamlet” é bem diferente de qualquer outra versão, como por exemplo Mel Gibson. Mas deixa de ser Hamlet? Um dos dois passou a ser o autor da obra?

O Edkallen, contestando a citação dos filmes de Altman, citou a diferença entre livros de fases diferentes de Machado de Assis. Mas a questão é que, além de haver uma progressão clara nos livros do gaguinho, em qualquer dos casos dá para saber que os dois livros são dele. É o mesmo estilo, facilmente reconhecível. Isso não acontece com os três filmes que citei. Eu sequer lembrava que “Doutor T” é de Altman. Não há sequer uma unidade de pensamento, quanto mais de estilo. Ao contrário de Hitchcock, Ford e tantos outros. Que não eram apenas diretores.

Se sua tese estivesse correta Hollywood teria feito grandes filmes nos anos sessenta/setenta em quantidade comparável ao período de 40/50, o que não ocorreu. Afinal existiram roteiros incríveis, recheado de idéias e inovações nas décadas mais recentes. Porém não existia mais o talento e perspicácia de Billy Wilder ou Frank Capra para filmá-los.

O argumento do Ed está torto. Os anos 70 foram o ápice do que de mais próximo se chegou do “cinema autoral” nos EUA, período que chegou ao fim no começo dos 80, com um sujeito chamado Michael Cimino. Além disso, eu poderia dizer que o período de 40/50 foi justamente o ápice do studio system, em que quem dava as cartas era, de forma quase ditatorial, o produtor. Época em que muito mais que a cara de um diretor, cada filme tinha a cara do estúdio em que era feito. Seria falso, também, mas talvez fosse mais apropriado dizer que se Hollywood não fez tantos bons filmes foi justamente porque faltou bons produtores como naquela época.

E ao citar Wilder e Capra, o Edkallen entra numa arapuca. Qualquer um sabe que eles só puderam dar suas “caras” aos seus filmes porque capitaneavam suas próprias unidades de produção; e o austríaco, além disso, era prioritariamente um roteirista. Um filme de Wilder, decididamente, era de Wilder. Mas não por causa de sua direção; o que torna um filme de Wilder brilhante é justamente a qualidade específica do roteiro, da história a ser contada — desafio qualquer um a mostrar alguma grande inovação visual em um filme seu. Enquanto isso, um roteiro de Wilder (como um livrode Machado de Assis) é facilmente reconhecível. Assim como os roteiros de Woody Allen.

E o Gabriel ainda se perguntou como algumas pessoas ainda lembram do Godard. É a mesma pergunta que eu me faço, cionstantemente. Aí lembrei de “Acossado”, um filme absolutamente brilhante. E lembrei que o roteirista é um sujeito chamado François Truffaut, para mim o melhor daquela geração. Talvez isso explique um pouco a decadência posterior de Godard. E uma prova de que o que faz um filme ainda é o conjunto, a partir da obra do roteirista.

No fim das contas eu fico com o Paulo Thiago, diretor brasileiro, que disse simplesmente: “Cinema é roteiro e ator.”

Canto de amor e desamor para Maroca

Eu não sabia quem era a Maroca. Sabia apenas que mora perto de mim, mas não perto demais, e sabia também que sua voz chegava fraca até mim.

Não sabia nada sobre ela, ainda não sei, e quando me apresentei dei nome falso para que ela não soubesse quem era este seu admirador secreto. Preferi amar Maroca assim, oculto e em silêncio, uma espécie de Cyrano frouxo na penumbra diante de sua Roxana: “A causa disso tudo, eu sei como explicá-la: é no meu coração que vos recebo a fala; meu coração é grande, é fácil de encontrar; pequena é a vossa orelha, e custa a procurar; a minha fala sobe… a vossa vem de cima…”

Desde o início me apaixonei pelo seu nome; só a paixão justifica que alguém cite Ronstand. Maroca. Poucos nomes tão brasileiros, tão antigos; talvez apenas Rita, Rita que tem gosto de jaboticaba. Maroca: Maria chamada pelo apelido com carinho pela tia, talvez uma tia que ainda mói café em pilões caseiros. Maroca é nome de passarinho, nome leve como um coleirinha. Maroca chamada assim pelas amigas, todas em blusas brancas abotoadas até quase o pescoço, com golas de renda e olhares que não são oblíquos porque só quem tem olhar oblíquo são as Capitus da vida, pelo menos é assim que me parece.

Maroca é um nome que só lembra coisas boas, como um retrato amarelado de família feliz pendurado na parede do quarto da avó.

Maroca era adorável porque não era egoísta, porque dividia o pouco que tem. E foi assim, por sua generosidade e desprendimento, que a Maroca cativou este pobre blogueiro. Uma generosidade tão grande que até me fez escrever a palavra “cativar”, palavra que só me lembra livros ruins lidos por misses.

Mas a Maroca mudou, como uma moça numa música de Chico Buarque. Ela está diferente, e por isso este post de desabafo. De repente ela deixou de ceder aos meus apelos, deixou de me mostrar os seus tantos encantos, passou a fingir que eu nem existia; e a Maroca sabe, como eu sei, que o desprezo é pior que o ódio, porque o desprezo é a não-existência, é o vazio; e além da Maroca, nada conseguia sobreviver ao vácuo.

Maroca se tornou igual ao Marcos e ao Tonzé, que também moram perto de mim e dos quais eu não tinha nada a falar, além de lamentar seu egoísmo e sua incapacidade de partilhar. É com raiva e desalento que escrevo isso enquanto bebo os últimos goles do meu copo de Jack Daniel’s: para ver se esqueço a Maroca. A Maroca que de repente jogou fora o que tinha de angelical e de bom, que virou uma pessoa pequena como o Marcos e o Tonzé. Maroca me decepcionou, me fez sentir como um marido apaixonado que vê sua mulher lhe dizer, com a frieza daqueles em quem não existe mais amor, que ele não significa mais nada para ela.

De repente eu não tinha mais wi-fi em casa, porque a vagabunda da Maroca resolveu fechar a sua rede.

Ah, Maroca, quer saber? Eu não te amo mais.

Republicado em 02 de agosto de 2010

Em Aju tudo se sabe

Acabei de saber que, além de um casamento oficial, eu tive outros dois “não-oficiais”.

Só não me disseram quem foram as duas infelizes, as pobres coitadas que tiveram que me aturar. Mais estranho ainda porque não lembro de um porre tão prolongado que me fizesse esquecer esses dois “casamentos”.

Sabe Deus quantas besteiras já fiz na vida, mas não costumo repeti-las. Muito menos duas vezes.

Agora eu quero saber quem foram elas. Porque preciso tomar uma atitude, agora mesmo.

Se forem feias vou fazer questão de desmentir esse boato torpe. Eu só caso com mulher muito bonita, porque meu coração é fraco, fraco, eu amo como as criancinhas e como o Bandeira.

Se forem bonitas, vou querer saber nome e telefone. Acho que vou tentar uma reaproximação, uma boa noitada, para lembrar os velhos tempos. Porque, afinal de contas, grandes histórias de amor não podem terminar assim.