Curling

Quando fizerem uma retrospectiva de 2010, tenho quase certeza que um dos destaques do ano vai ser o curling, que apesar de ser um esporte antigo apareceu de verdade nas Olimpíadas de Inverno de Vancouver. Ninguém sabia que aquilo existia. Eu, pelo menos, não sabia. Talvez os velhinhos paulistas que ficam jogando bocha suspeitassem de que algo assim poderia existir; eu confesso a minha total ignorância.

Até assisti uns pedaços de uma ou duas partidas. E eu simplesmente não assisto esportes que não entendo, como esse tal de curling, e aqueles que francamente detesto — rugby me irrita profundamente, por exemplo.

Mas o curling tinha umas dinamarquesas bonitinhas, e as meninas deslizando pelo gelo eram uma imagem bonita de se ver — quase tão bonita quanto duas moças se pegando numa piscina de lama ou de gel. No fim das contas, estavam jogando um jogo absolutamente imbecil para capturar as atenções de uma humanidade que agora se alimenta prioritariamente de novidades, por mais bobas que sejam.

Curling é basicamente bola de gude jogada por empregadas domésticas. Pelo que entendi — e confesso que não entendi muito — uma fica tentando afastar a chaleirinha da adversária do buraco — em Aracaju chamavam “biloco” — enquanto uma dupla de empregadas mui devotadas vão varrendo o chão.

Pensei seriamente em sugerir à minha empregada que montássemos uma equipe. Íamos fazer sucesso. Eu joguei um pouco de bola de gude na infância, ela varre bem. Daria certo.

Mais comentários vagabundos

É engraçado que os comentários aos posts anteriores tenham derivado quase exclusivamente para a questão da greve de funcionários públicos.

Por favor, releiam os textos ou pelo menos o último comentário do fm. As greves abusivas são apenas um detalhe. É o cotidiano de professores desinteressados e incompetentes, de médicos que vão aos hospitais uma hora por dia, que irrita e que era objeto dos textos.

De qualquer forma parece ser necessário explicar novamente.

Qualquer funcionário público tem direito — e às vezes o dever — à greve. O problema começa quando essas greves são abusivas. Quando prejudicam sistematicamente outro setor da sociedade, geralmente os mais indefesos. É o problema das greves dos professores, do jeito que são feitas. O blog propôs uma alternativa as greves aos professores; ninguém discutiu isso. Apenas reafirmaram o mesmo discurso velho, cansado e extremamente corporativista.

A atitude cínica de “eu finjo que trabalho e você finge que me paga” é nociva, deletéria e falsa. Porque os salários do Estado não são os salários de fome apregoados no início de cada discurso, e porque, no mínimo, o Estado paga muito mais do que o que recebe. Esse é o problema. (Quanto à defasagem salarial alegada por tanta gente, eis um comunicado a todos aqueles que pretendem prestar concurso público e estiveram fora do planeta Terra nas últimas 3 décadas: seu salários certamente sofrerão algum tipo de defasagem ao longo dos anos. Pronto. Agora a desculpa das perdas salariais não vale mais para a ausência de trabalho.)

O argumento do “não está satisfeito, vá embora” é simplista, como diz o Akakiev? Talvez. É ético, ao menos, e é o que milhões de pessoas que trabalham no setor privado por salários semelhantes fazem a vida inteira — logo, não é exatamente o fim do mundo. O que importa, mesmo, é que a reação a essa idéia reflete, ao menos em parte, uma certa mentalidade de expropriação do Estado por parte de uma parcela de funcionários públicos. As pessoas querem que o Estado lhes ofereça tudo — bons salários, garantia de emprego por toda a vida, excelentes condições de trabalho — sem dar o que precisam dar em troca.

São socialistas quando se trata de receber do Estado, mas capitalistas na hora de dar.

Mas o meu problema está no prejuízo causado à sociedade em nome de direitos — às vezes privilégios — de alguns.

Fazer greve no Estado é como bater na mãe: você pode até estar errado, ela pode até ficar sem falar com você durante anos, mas no final ela vai lhe perdoar. Lula — que fez greve no setor privado e contra os interesses de uma ditadura que, apesar do que diz a Folha, não era nada branda — deixou claro que greve nos termos que os professores fazem não é greve, são férias. Ainda assim, a greve é um direito básico de cada trabalhador, público ou privado. O problema está no abuso, e principalmente, no uso do povo — que não pode se defender — como refém.

O ponto central do post, ao contrário do que diz a Nicolle no seu desabafo autobiográfico e revoltado no post anterior, não é o de que funcionários públicos não podem reclamar. Podem e devem. O que não podem é deixar de fazer o trabalho para o qual foram contratados sabendo de antemão qual seria o seu salário; ao defender a melhoria desses salários, não podem prejudicar sistematicamente os seus clientes.

Isso não pode ser tão difícil de entender assim.

Ninguém, aliás, lembrou do ponto de vista de pacientes e alunos: eles pagam impostos. Têm o direito constitucional a saúde e a educação. No entanto, porque alguns funcionários públicos acham, com ou sem razão, que seus salários não são justos, esses direitos lhe são negados constantemente. É por tudo isso que o discurso da Nicolle é bonitinho e indignado, mas também repleto dos lugares comuns de sempre:

Por 2000 reais você lutaria contra traficantes no morro do alemão, na rocinha ou na maré? E se eu acrescentasse que eles estão em maior número, mais bem armados e talvez até mais organizados que você? Por pouco mais de 500 reais você trabalharia de segunda à sexta sob condições de trabalho precárias das escolas públicas brasileiras? E se eu acrescentar aí que a escola referida fica numa comunidade carente, seus alunos estão sendo recrutados para o tráfico e até ameaças de morte você recebe?

A Nicolle não parece ter compreendido o texto e o mundo. A resposta para as duas perguntas é “não”, mas responder isso me parece idiotice: é o que eu digo desde o primeiro post, e o que o Akakiev e o fm compreenderam. A questão é: se eu aceitasse, eu daria a aula. É só isso. O que não dá para aceitar é alguém fazer concurso, sabendo quais são as condições que lhe esperam, e depois dizer que não vai dar aula ou atender seus pacientes porque o salário é baixo, sendo que não pode ser demitido ou penalizado por isso.

Mais ainda, me incomoda profundamente o cinismo de professores que trabalham ao mesmo tempo na rede pública e na rede privada de ensino, sendo que na privada ganham menos, não fazem greve e, o que é mais importante, dão aula de verdade. O Akakiev poderia me explicar, por exemplo, por que é que há professores decentes de matemática na rede privada de ensino, sendo que esta, com exceção dos salários altíssimos dos professores de cursinho, pagam consistentemente menos que o Estado? O salário não é justificativa suficiente, portanto. Se fosse assim não existiria servente de pedreiro competente.

A personalização de histórias também é algo que, certamente, não deveria fazer parte de um debate. A Nicolle citou o exemplo da mãe, que fez concurso para ganhar 330 reais. Fez por “falta de alternativas”. Não é essa a questão, no entanto. É: ela deu as aulas que precisava dar? Enquanto as pessoas continuarem olhando para os setores de educação e saúde do Estado como assistência social — “eu não tenho emprego então vou catar algo no Estado” –, as coisas não vão melhorar nunca.

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Uma das coisas que me irritam, e que esqueci de mencionar no primeiro post mas que o comentário do fm acabou me lembrando: classe média reclamando que é quem mais paga impostos e a que menos recebe serviços públicos em troca.

A classe média recebe, sim, pelos seus impostos. Recebe muito mais do que os pobres. Ela reclama de não usar os professores do Estado ou o serviço de saúde: mas recebe saneamento, pavimentação, iluminação pública, segurança, sistema de trânsito, coleta de lixo. Os serviços prestados pelo Estado à classe média são consistentemente melhores que os prestados às classe mais baixas.

E isso acontece por uma razão: a classe média tem acesso à mídia e pode reclamar. Um miserável fica feliz quando o Estado tira, finalmente, o esgoto de sua rua. Os padrões da classe média são mais altos, coisas desse tipo são impensáveis.

Mas como é ela a prestar aqueles serviços específicos aos pobres, então a coisa muda de figura. Aí é o Estado que não presta, que paga mal, e isso lhes desobriga de fazer o básico: o seu trabalho.

Comentários vagabundos

Os comentários em defesa de médicos e professores e policiais me impressionaram.

Que vocês todos — Caetano, Adroaldo, Cal — me perdoem, mas antes de mais nada, custava dar uma olhada nos salários praticados ao redor do Brasil? Está tudo aí, disponível facilmente na internet.

Vamos lá.

Em 2008, a Universidade Federal do Piauí — o Piauí, saca? O Piauí — abriu concurso para professores. O menor salário oferecido era de 4,8 mil reais. Salário que não dá para comprar sequer um livro, como se vê.

No ensino médio a coisa, obviamente, não é tão boa. A Prefeitura de Vitória abriu concurso para professor, e o salário básico inicial é de 1.441 reais, por 25 horas semanais. Não é um grande salário, mas além de ser apenas o inicial, o que pressupõe uma melhora gradativa, não é exatamente o “meio salário mínimo” da lenda.

Para os médicos: a Fundação Hospitalar de Sergipe acabou de abrir concurso. O salário para médicos, por 36 horas de trabalho semanais, é de 6 mil reais — além de gratificações que chegam a 2.400 reais. No PSF, a coisa é bem diferente. Os salários em várias regiões do Brasil podem chegar a 12 mil reais, e 500 reais a mais por cada plantão de 12 horas.

O salário inicial de soldado de primeira classe em um concurso aberto recentemente no Paraná é de 1.818 reais. Em outro concurso, da Polícia Militar de Goiás, é de 2.711. Em Sergipe, um soldado de primeira classe da PM ganha 3.012 reais; um coronel, 12.401.

Todos, obviamente, estão passando fome.

Só um dado a mais sobre médicos: no Brasil, há o dobro de médicos recomendados pela OMS. Isso deveria significar pressão salarial para baixo. Desculpem os amigos que fizeram o juramento de Hipócrates, mas é mais ou menos a mesma razão que permite que vocês paguem esses salários vergonhosos que vocês pagam para suas empregadas (que infelizmente não podem fazer greve e ainda têm que aturar vocês reclamando de ter que assinar a carteira, porque senão ela bota vocês “no pau”): a lei da oferta e procura. É o Estado, e a possibilidade de chantageá-lo usando aquele bando de “jacarés” como reféns, que permite que os salários continuem altos — e que as pessoas continuem acreditando no seu chororô.

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Mas o que todo mundo parece deixar de lado é o seguinte: não interessa o salário. Pode ser 10, 1.000 ou 100.000 reais. O que interessa é que, quando esses vagabundos prestaram concurso, sabiam exatamente quanto iam ganhar. Fazer o povo de refém depois é sacanagem.

Talvez eu seja meio calvinista, mas ainda acredito no cumprimento de contratos. Se você me oferece 10 reais para consertar a pia de sua casa, eu posso aceitar ou não. É um direito meu. Mas se eu aceitar, tenho o dever de fazer o meu serviço bem feito. Quem — dos médicos, professores, PMs ou garis que lêem este blog — já contratou os serviços de um pedreiro e depois começaram a aparecer diversos custos que não estavam previstos certamente se sentiu lesado. Pronto. Agora vocês podem entender o que o povo, que fica à mercê da boa vontade de médicos e professores, sente.

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Agora, o que realmente me irrita é essa brincadeira de nego defender médico vagabundo, professor safado — e ninguém defende os pobres publicitários? Eu trabalho 14 horas por dia, raramente tenho finais de semana (Ricardo, desculpa, mas é que tá complicado, mesmo), dia desses fiz uma moça ter um colapso nervoso por excesso de trabalho, minha assistente está com stress e já está aprendendo a dar esporro, quando a gente fica doente e vai para o médico (particular, porque assim a gente é atendido) e ele recomenda repouso a gente começa a rir da ingenuidade deles, metade das agências de Aracaju fala mal de mim pelas costas. E ganho pouco. E não faço greve, porque se eu perder meu empreguinho não tenho como comprar o Jack Daniel’s das crianças. Não tem um filho da puta que venha me defender? Ah, não. Eu também quero reclamar.

“Das coisas que me irritam”, ou “Vai trabalhar, vagabundo”

Médico reclamando do Estado e dos planos de saúde.
Eu confesso: desenvolvi um preconceito invencível contra médicos. Não gosto deles como categoria profissional — na verdade não é um simples desgostar, é desprezar, mesmo.

Poucas coisas me irritam mais que ver médico do Estado ou da Prefeitura, que na hora de prestar concurso faz fila de dobrar a esquina, se recusando depois a trabalhar e justificando sua canalhice profissional com a alegação de que os salários são baixos.

Fazem isso porque podem, porque contra o Estado tudo parece ser permitido.

Nas últimas décadas, com o surgimento do SUS, o Estado ampliou bastante a estrutura de saúde pública no país. Algumas cidades, como Aracaju, têm cobertura de quase 100%. Mas a ampliação da estrutura não significou necessariamente melhoria dos serviços, e o principal calcanhar de Aquiles do sistema público de saúde é justamente esse: a qualidade no atendimento.

O mundo está cheio de médicos que deveriam ser expurgados de profissão que se pretende tão nobre. Profissionais que não atendem direito os pacientes, gente que faz exames em 3 minutos sem sequer olhar para o doente à sua frente. Isso, claro, quando vão trabalhar, porque o salário do Estado é garantido, eles podem simplesmente faltar e cuidar de outros empregos.

Quando alguém tenta fazer esse bando de vagabundos trabalhar, a coisa fica feia. Recentemente, um hospital público de Aracaju instalou um sistema de biometria para checar a frequência dos médicos. Colocaram cola nos leitores ótico.

E quanto aos planos de saúde, que segundo eles pagam muito mal, é simples: basta ter vergonha na cara e evitá-los. Montem seu consultório. Mas não: eles precisam dos planos de saúde para fazer algum nome, conquistar alguma clientela.

Médicos me irritam por uma questão de dignidade, se não profissional, humana. Eu tenho a impressão de que eles acham que, porque estudaram por seis, sete anos, merecem tratamento diferenciado em relação ao resto da humanidade. Como se o trabalho real fosse a faculdade, e o resto da vida uma aposentadoria confortável.

Jogador de futebol beijando a camisa do clube.
Ninguém jamais viu Pelé beijando a camisa do Santos, ou Garrincha beijando a camisa do Botafogo, nem Nilton Santos; ninguém jamais viu Zico e Júnior fazendo um gol e correndo para a torcida beijando para mostrar o seu amor ao time em jogaram suas vidas inteiras e com o qual até hoje têm ligações fortes.

Mas hoje qualquer jogadorzinho vagabundo recém-contratado, depois de uma passagem por uns 20 clubes, faz um gol e sai beijando a camisa do time, exatamente como beijará a camisa do próximo, e do seguinte.

Devem fazer isso para mostrar que quando forem contratados por outro clube vão defender a outra camisa com a mesma empolgação.

Mas não precisa disso. Basta fazer a sua parte. Jogue bem, o melhor que puder. E não finja amor, que amor por um clube tem são os idiotas que, por razões absolutamente irracionais, resolveram torcer por um time de futebol.

Publicitário reclamando de cliente.
Essa é clássica, e eu mesmo já fiz isso nos meus verdes anos. O redator reclama que o cliente achou seu título engraçadinho inadequado. O diretor de arte reclama que o cliente achou seu leiaute confuso.

É uma arrogância típica da profissão, de gente que se acha artista em vez do que verdadeiramente é: mascate. Talvez seja uma arrogância necessária, mas nem por isso correta.

Uma das coisas que aprendi na vida é que normalmente o cliente sabe mais sobre seu público consumidor do que publicitários podem sonhar em saber. Então publicitários aparecem com ideias bonitas, que às vezes só interessam a eles mesmos — olha que leiaute bonito! Olha que título engenhoso! –, e depois reclamam quando o cliente, que sabe quanto custa em seu bolso e em sua caixa registradora uma campanha mal-feita, ou inadequada, reclama que aquela ideia não vende o suficiente.

Isso num mundo ideal, claro. Na realidade, hoje em dia o mercado anda tão ruim, é tudo tão objetivo e mediano, a cópia de modelos já existentes é tão pervasiva, que se algum publicitário reclama que o cliente não gostou de sua cópia, ele é um caso perdido de falta de vergonha na cara.

Professor universitário fazendo greve e dizendo que é para melhorar a educação.
Professores, ao contrário do que gostam de dizer, não têm os piores salários do país. Pode checar: confira o valor do salário mínimo e compare com a média salarial de professores do ensino público estadual e municipal do lugar onde você mora.

Pode ser maior? Pode, sim. Na verdade, o salário de todo mundo pode ser maior. O meu certamente deveria ser. Mas não são os salários mais baixos do mundo. Na verdade, graças ao papel do Estado como principal empregador de professores, o salário médio de professores subverte a lei da oferta e da procura.

A greve é um direito inalienável de qualquer trabalhador, e ninguém deve sequer questionar isso. Eu, particularmente, acho que no caso dos professores há outras maneiras de fazer greve; por exemplo, dar aula normalmente mas não baixar notas ou frequência, por exemplo, que é o que conta para a burocracia do Estado. Mas a prática é mais complicada. Os professores fazem greve por 3, 4 meses pedindo, digamos, 40% de aumento salarial e cuidam de meter na pauta de reivindicações uma vaga “melhoria das condições de ensino”. No final, aceitam quaisquer 0,5% de aumento — em três vezes sem juros — e, para os alunos que ficaram sem aula, passam um trabalho vagabundo qualquer que valeria as notas perdidas.

No fim das contas sobra para os estudantes. E eu tenho a impressão de que uma das causas da decadência do movimento estudantil foi justamente o fato de DCEs e uniões secundaristas embacarem alegremente no vagão das greves de professores, esquecendo de defender os seus próprios direitos.

Professor botando a culpa no aluno.
Há muito tempo este blog se pronuncia contra a escola pública. E uma das principais razões disso são os professores. Há problemas de gestão, também, e muitas vezes a falta de segurança é um problema real para muitos professores da rede pública.

Mas quando um professor reclama da falta de interesse de seus alunos e utiliza isso como justificativa para o baixo nível da educação, está dando uma prova de incompetência absolutamente vergonhosa. Não há muito o que discutir. A questão é tão simples que até assusta: se os alunos estivessem dispostos a aprender sozinhos, não precisariam de professor.

Policial reclamando de salário.
O sujeito quer ser puliça para bater no povo e ser otoridade. Faz concurso para ganhar mil, 2 mil, 3 mil reais. E depois reclama que é mal pago.

Ah, vai sentar em cima do seu cassetete.

Não reconheço em nenhum, absolutamente nenhum funcionário público o direito a utilizar seu salário como desculpa para não trabalhar. Ele sabia quanto ia receber quando foi alegre fazer o concurso. Não está satisfeito? Vá embora. Peça demissão.

Lula, o cachalote

Este blog anda calado sobre política.

Não é por desinteresse — até porque quem sabe como ganho o leitinho das crianças sabe também que esse é um assunto que muito me interessa.

Mas eu não falo sobre política ultimamente porque gosto muito da história do Essex.

O Essex era um baleeiro americano afundado por um cachalote em 1820. Apenas oito marinheiros sobreviveram; e para isso tiveram que comer sete de seus companheiros. Ouvi falar dele pela primeira ao ler “Moby Dick”, aí pelo início da adolescência (aquela edição azul da Abril Cultural em dois volumes, alguém lembra dela?). E até hoje a história de seus sobreviventes é, para mim, uma das mais interessantes da história da marinharia.

E nada, nada me tira a sensação de estar assistindo a uma réplica das tribulações dos sobreviventes do naufrágio do Essex quando vejo os percalços do PSDB ao defender sua candidatura à presidência da República, uma candidatura que mesmo antes de ser lançada parece malsinada a compartilhar a sina dos sete marinheiros comidos para garantir a sobrevivência de seus companheiros.

Tudo isso por causa não de um cachalote, mas de uma lula.

As alegrias que o Google me dá (XLI)

fleiras dando o cu
fleiras flagradas sem caucinha

Eu tenho certeza de que, embora sejam buscas diferentes, foram feitas pela mesma pessoa, com o mesmo problema de dicção — ou, o que é mais provável, de falta de intimidade com o portuga velho de guerra. No entanto, esse pequeno fetiche pelas moças velhas vestidas de pinguim me deixou sinceramente comovido. É preciso ser um artista e ver além para entender a beleza conceitual que há — ou, no mínimo, que pode haver — por baixo dos hábitos das noivas de Cristo.

fotosgarotos de pau grande
Só conheço um. Se chamava Garrincha. Te interessa?

july travesti goiania
Peraí. Eu já sabia das putas e dos michês. Agora os travestis de Goiânia estão aparecendo aqui também? É guerra declarada, então, e este blog não vai dar quartel a esse povo. Chega.

balada liberal goiania
E Goiânia tem balada que não seja liberal? Com tantas moças de vida airosa e tantos moços dedicados ao prazer de outrem — e também, fico sabendo agora, travestis que fariam a festa de 50 Ronaldos? Isso é redundância, meu filho, e este blog não perde tempo com essas coisas.

fotos de homens com o saco de fora
Salta uma foto do Papai Noel pra bichinha do 512!

porno paraguaio
Ah, isso acontece muito quando a gente compra filme pirata na rua, sabe? Você pede uma Sylvia Saint e recebe um Mandingo. São as agruras do mercado negro. Conforme-se.

simpatias para se apaixonar novamente
Só conheço uma: o tempo. Mas algo me diz que nem todo o tempo do mundo vai ser suficiente para enfiar algum juízo nessa sua cabecinha tola.

machocomendomacho
Isso não existe. Nem isso, nem ET de Varginha, nem chupa-cabras. Isso é desculpa de goiano.

minha bunda tem dendê
Duvido. Rabada não leva dendê, ô mané.

feitiço para homem soltar mais dinheiro
Ô, minha filha, além de puta você é macumbeira? Assim já é sacanagem. Escolha uma, porque puta macumbeira já é demais até para mim, e olha que eu conheço cada coisa de dar medo em padre.

meninos de 14 anos tem q ter o penes de quatos cetimetros
Assim procura desesperado o garoto com o pênis de 5 centímetros em busca de algum consolo.

metodos para crescer um penis de um adolescente gratis
Já esse, mais sabido, não quer se comprometer. Carrega nos artigos indefinidos para que ninguém pense que é o dele. “Não, que é isso, era apenas um caso hipotético”. O garoto pode até ser mal dotado, mas já aprendeu que tem coisa com que é melhor não demonstrar muita intimidade.

rafael galvao estranho ver alguem que foi tao importante para você e depois de muito tempo você a vê e ela ja nao lhe diz mais nada
Infelizmente, minha história e meu histórico são um pouco diferentes, e eu não sei de onde você tirou essa idéia absurda. Porque por alguma razão que me foge à compreensão, essas moças maravilhosas que foram importantes na minha vida sempre têm algo a dizer quando me vêm. E começam sempre com a mesma expressão: “Seu filho da puta.”

tenho uma lista que quero colocar em ordem alfabética. como fazer?
Comece assim: primeiro vem a letra A. Depois a B. Agora a C, e daí por diante.

quem vai ganha a copa de 2002
Aposto que vai ser o Brasil. Se você botar mais cenzinho eu aposto que a final vai ser com a Alemanha; e por quinhentos eu aposto em dois gols de Ronaldo. E aí, vai?

deve-se foder quantas veses por dia
Depende muito do que você está fodendo. Se for a paciência dos outros, por exemplo — como está fodendo a minha agora –, recomenda-se que nenhuma. Se for a sua mulher, eu diria que nenhuma também, porque tenho certeza de que ela é um bagulho estúpido, tanto que casou com você.

simpatia para deixa homem doce
Desculpa pela grosseria a seguir, mas eu já não aguento mais pedidos de simpatias e sobrou para você: enfie dois quilos de rapadura no rabo dele e veja no que dá.

sugestão de atividades para o inicio do ano para quarta serie
Aqui neste blog? Para um bocado de meninos chatos, catarrentos e remelentos de 9 ou 10 anos? Minha filha, você veio ao blog errado. Mas deixa eu fazer um esforço e tentar te oferecer uma sugestão: ensine um joguinho para eles. Chama-se roleta russa e vai lhe poupar muitos dissabores ao longo do ano. Além disso, titio Rafael agradece de coração.

adolescenia agora é até os 30 anos
Para algumas moças, é sim. Para uns rapazes também. Mas deixa eu calar a boca, porque senão as adolescentes de 30 vão voltar a este blog para me xingar e, sem que lhes seja perguntado, dizer que “eu não sou assim!”, enquanto sonham com o príncipe encantado sentadinhas diante do computador aberto numa sala de bate-papo do UOL, se empanturrando de pipoca.

o que que eu achei do filme hotel ruanda
Se você não sabe, como eu vou saber? Eu não sei quem você é. Nunca lhe vi mais gordo. Provavelmente não ia gostar de lhe conhecer. A verdade é que, por mais que lhe doa eu dizer isso, eu não me interesso nem um pouco por você e muito menos pelas suas opiniões a respeito de qualquer filme. Vá resolver seus problemas de identidade em outro lugar, se faz favor.

onde mora fernando henrigue cardoso
No limbo, coitado. E doido para mudar de vizinhança.

o que há de novo na vida particular de richard gere
Dizem que ele arranjou um gerbil novo.

o que sao emofilicos ?
São moços emo que, quando apanham dos punks ali perto da Galeria do Rock em Sumpaulo, não param mais de sangrar.

jogos de homens pagar boquetes em homens
O que é a sexualidade que não se assume, hein? Funciona assim: o sujeito está louco para abocanhar aquele rapaz bonito e forte. Mas não quer assumir, e então fica com esses subterfúgios de joguinhos, “mas olha, eu sou homem, tá?” Meu filho, solta logo a porra da franga e seja feliz.

telepatia burrox
Burrox deve ser o nome de uma máquina telepática destinada aos bobos que acreditam nessas coisas.

por que a nigeria deve insvestir seu banco no brasil
Por minha causa. Porque eu sou um brasileiro que tem uma grande herança para receber, mas para isso eu vou precisar do número de sua conta e você, caro nigeriano, vai poder ganhar um bom dinheiro sem fazer nada. E aí, topa?

como recomessar a minha vida completamente sozinha?
Primeiro, volte para a escola e aprenda a escrever direito. Tire o diploma de madureza. Arranje um emprego. É provável que no trabalho você conheça um rapaz legal com quem queira casar de novo. E quando ele finalmente lhe der um pé na bunda, porque ninguém aguenta gente burra por muito tempo, volte aqui e escreva: “Como recomeçar minha vida completamente sozinha”. E você não terá voltado à estaca zero, porque pelo menos aprendeu alguma coisa.

fiz as massagens mas meu penis nao cresceu
Depois que eu parei de rir de você — você realmente fez as massagens, foi? –, fiquei pensando em como deve ser triste se ver diante de promessas não cumpridas. Não interessa se você é um bobo que acredita nessas coisas, que acredita que o seu pequeno problema tem solução além da resignação: alguém lhe fez uma promessa que não cumpriu, riu da sua dor, e isso definitivamente não se faz. Não se zomba dos outros por essas coisas, não mesmo.

bem vinda leva hífen?
Se a Benvinda a que você está se referindo for uma moça de vida airosa que conheci há muito tempo, ela levava outra coisa.

interpretação da letra de get back
Jojo was a man who thought he was a loner
But he knew it couldn’t last
Jojo left his home in Tucson Arizona
For some California grass

Jojo era um amigo de Ringo Starr que fumava uma maconha danada. Ele pensava que ia fumar seu baseado sozinho, mas apareceu um monte de gente querendo dar um tapa. Aí, não. O baseado ia acabar logo. Então ele foi embora do Arizona, onde só tinha cowboy bebendo cerveja, e se aboletou em São Francisco. Lá ele se instalou em Hashbury, e caiu na esbórnia. Mas o dinheiro acabou. E trabalhar não era com ele. Jojo passou a filar os baseados dos outros.
Get back, get back to where you once belonged
Os outros maconheiros, em coro, então, passaram a gritar para Jojo: vai embora, filho da puta, antes que você acabe com a maconha da gente.

pode misturar rivotril com viagra?
Olha, posso dar um conselho? Tome só o Viagra, porque a não ser que eu esteja enganado seus problemas começaram só porque você é broxa.

se tomar citalopram de manhã a noite posso beber alcool
Pode. Mas vai beber sozinho, porque você vai virar um daqueles bebuns chorões, e não tem coisa mais chata que bebum chorão, eles pegam no seu pé, começam a chorar por qualquer coisa, ficam pegajosos e tentam te abraçar, dizem que são seus amigos duzentas e cinquenta vezes, e você acaba ficando com vontade de lhes dar uma porrada nos cornos.

yoko ono e muito feia ou e impressao minha?
É impressão sua. É porque você a viu de costas.

teoria da bunda quanto ao sexo
A bunda é uma pragmática, tem essas frescuras de teoria, não. Ela sabe que no final vai sempre sobrar para ela, e se conforma fazendo biquinho.