O Doni escreveu há algumas semanas um post dizendo que o Linux é o melhor de todos os sistemas operacionais.
Eu gosto do Windows. Acho os computadores da Apple uma gracinha, as coisas mais lindas que existem; mas são computadores caros demais que só fazem sentido em nichos específicos, particularmente edição de vídeo e, como me lembrou a Lucia Malla uma vez, edição de imagens muito grandes. Todo o resto um PC com Windows faz, mais rápido e por metade do preço. O MacOs é um excelente sistema operacional, mas com péssima relação custo/benefício.
Quanto ao Linux, eu prefiro nem começar (e antes que alguém diga que é só antipatia, eu gostaria de lembrar que já instalei algumas versões do Linux no meu computador, do Red Hat 8 às últimas versões do Ubuntu). Ao lado estão os programas que mais uso no computador, com exceção do Word. Para alguns deles, o Linux certamente oferece algumas alternativas quase razoáveis. Para internet e aplicativos de escritório, por exemplo, o Linux pode quebrar o galho — embora qualquer comparação do OpenOffice com o Microsoft Office seja, principalmente, um exercício de boa vontade.
Mas para praticamente todo o resto, eu preciso do Windows. Tenho a impressão de que se as pessoas passassem menos tempo inventando versões diferentes para o Linux e se concentrassem em aplicativos realmente úteis, e melhores que os da Microsoft, o cenário seria um pouco melhor. O mundo do Linux é confuso, excessivamente variado para quem, como eu, não quer perder tempo brincando com um sistema operacional. O melhor exemplo que posso dar é a página de download do VLC, o melhor media player disponível: uma versão para o Windows, uma para o MacOS — e uma porrada de versões para as porradas de versões do Linux.
O Doni que me perdôe, mas definitivamente o Linux não é essa maravilha toda. Se fosse, a essa altura os computadores de todo o mundo estariam usando esse sistema operacional. Mas as pessoas preferem o trabalho de comprar ou piratear o Windows do que simplesmente passar pela pequena tortura que é fazer as coisas funcionarem no Linux. É um raciocínio simples e lógico: se alguém prefere o trabalho de piratear alguma coisa em vez de simplesmente utilizar o que é gratuito, é porque o objeto pirateado lhe traz mais vantagens.
Eu já vi bastante gente comprar computadores que vêm com o Linux pré-instalado e passar para o Windows. E não é gente com alguma necessidade específica em informática: pessoas que simplesmente querem acessar internet, usar programas de escritório e jogar um pouquinho.
O virtual monopólio do Windows, antigamente, era explicado pela base instalada de programas. As pessoas usavam o bicho porque os outros usavam. Mas à medida que mais necessidades são resolvidas na internet, com a consolidação do cloud computing, essa explicação se torna mais insuficiente. Infelizmente, os defensores do Linux não explicam esse pessoal. Provavelmente porque sua mentalidade é excessivamente técnica. Vêem as qualidades intrínsecas do sistema operacional, com mentalidade de engenheiro, e esquecem da vida real. Não é isso que as pessoas querem. Eu, pelo menos, quero um sistema operacional que simplesmente possibilite as coisas que eu preciso fazer. O MacOS é suficientemente bom, mas caro demais. O Linux é barato, mas não resolve os meus problemas. Me resta o Windows.
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O post do Doni me lembrou que à medida que o tempo passa vou ficando cada vez mais burro nessas coisas de computador. E gosto disso.
Já vão longe os tempos em que eu mexia no config.sys e no autoexec.bat do Windows 3.1. Hoje quero basicamente usar o que já vem pronto. O jeito como aprendi a usar um computador, há cerca de 15 anos, ainda é o meu preferido. Gosto de cada coisa em sua pasta. Não gosto dessas coisas virtuais, desses atalhos que a Microsoft insiste em fazer em nome de uma tal “usabilidade” tipo “Meus Documentos”. Prefiro coisas mais cartesianas e mais óbvias. Talvez por isso ainda use tanto o Windows Explorer.
Antigamente, a primeira coisa que eu fazia quando comprava um computador era particionar o HD em dois (com o velho FDisk do DOS). Hoje meu computador já vem com dois HDs, e assim separo um disco para programas e outro para arquivos. É mais prático assim, porque tenho mania de formatar o HD de vez em quando: acredito piamente que o Windows é biodegradável e estraga com o uso. Um HD externo faz com que eu não precise mais gravar constantes DVDs de backup. Mas gravo assim mesmo, do que é mais importante. Seguro morreu de velho. Não gosto dessas coisas de backup na internet. Sou um velho que guarda dinheiro no colchão.
Uso o Firefox desde as versões 0.x. Nunca usei o Internet Explorer (com exceção de uns meses malditos entre o Netscape 4.74, ruim de doer, e o lançamento do Netscape 7, substituído logo em seguida pelas primeiras versões realmente funcionais do Mozilla). Já experimentei o Opera, muito tempo atrás, mas nem me dei ao trabalho de olhar o Google Chrome.
Durante muito tempo usei o Zone Alarm e o Norton Antivírus. Hoje uso o Avast!, e o firewall do Windows quebra bem o meu galho. O PGP garante que os dados mais importantes para mim continuem seguros.
Não costumo rodar jogos no computador, que instalava eventualmente para minha filha, apenas — ela gosta de arrebentar alienígenas e de mandar pingüins para o espaço. Mas o Chess Titans, que vem com o Vista, é perfeitamente adequado para mim: eu, que sou um jogador de xadrez abaixo do medíocre, vivo ganhando do computador porque no Chess Titans dá para roubar. Já joguei, no entanto — e até hoje, considero os melhores jogos da história –, SimCity, Civilization e Quake I, os dois últimos por mais de dez anos. Nunca gostei de video-games (Atari ou Nintendo não me dizem absolutamente nada) e não sei pegar num joystick. Nunca vou saber.
Já houve um tempo em que virtualmente todos os programas do meu computador eram pirateados, a começar pelo Windows. Hoje, com exceção do próprio Windows, que já vem instalado, e do Office, que compro porque me evita dor de cabeça, dou preferência a programas open source. Não porque me incomode com a filosofia por trás deles, mas porque são bons, gratuitos e simplificam minha vida. A Adobe, no entanto, ainda continua me incitando à marginalidade.
Alguns programas não entram no meu computador. O Nero, por exemplo — há uma infinidade de programas gratuitos e infinitamente mais leves que fazem a mesma coisa. No meu caso, um já vem instalado de fábrica, e eu fico com ele mesmo. De modo geral, a exuberância de programas gratuitos à disposição não me diz muita coisa. Eu não gosto da maioria dos programas incensados por aí. Acho o Picasa, por exemplo, uma coisa meio tosca que só emporcalha o computador. Minhas fotos eu resolvo com o Photoshop e o Windows Explorer.
Olhando para trás, vejo que há poucos programas que abandonei ao longo do tempo. Troquei o CuteFTP pelo Filezilla, Eudora pelo Thunderbird, ICQ pelo Windows Messenger. Com o surgimento do DivX experimentei um bocado de players: mas nada bate o VLC. Já usei o iMesh para trocar arquivos, fiquei com o eMule durante muito tempo, mas o µtorrent é bem razoável e quebra o galho, embora eu baixe poucos arquivos hoje em dia. Não tenho mais paciência.
Outros programas foram embora porque não são mais necessários. WSGopher, Secret Agent (um leitor de cache da web, algo bem útil há 15 anos), Trumpet WinSock, Free Agent (leitor de newsgroups Usenet que o excesso de informação me fez abandonar), mIRC. Usei tudo isso. Não uso mais, e já há algum tempo.
Não me imagino com uma página no Twitter. Tenho perfil no Orkut e no Facebook, mas entro ali só de vez em quando, quando alguém me adiciona. Não consigo me comunicar através daquilo. Prefiro o Messenger, e gosto muito de e-mail. Gosto ainda mais do meu e-mail no meu computador, embora o Gmail seja tão bom que quase me faz acostumar com webmail. Perdi a conta do número de e-mails que já tive; mas o tempo passou e hoje uso basicamente duas, além do e-mail do trabalho.
Resumindo, eu sou um velho que gosta das coisas do jeito antigo.