Hoje é Dia de Santa Zita

Elas moram na sua casa mas não são da família, não são sequer amigas — e muitas vezes são mesmo inimigas. Raramente sentam à mesa com a família, e dormem em quartos do tamanho de closets.

Herdeiras involuntárias das relações escravistas que formaram o Brasil, empregadas domésticas fazem parte das relações mais complexas da sociedade brasileira, em que confiança se mistura à desconfiança,

Mas hoje é dia de Santa Zita.

Zita nasceu em Monsagrati, Itália, em 1218. Família de camponeses pobres, como sói acontecer quase sempre nesse ofício de santos; melhor apenas quando o futuro santo é um rico que se despoja espetacularmente de seus bens, como aconteceu uma vez ali perto, em Assis.

Aos 12 anos Zita foi trabalhar como empregada doméstica para a família Fatinelli, uma das mais ricas de Lucca. Antes que partisse, sua mãe lhe deu um único conselho: “Em tuas palavras e ações deves sempre perguntar: ‘Isto agrada ou não a Jesus?'”. (Imagino que deva também ter dado outro: “Feche as pernas, minha filha”, que esse conselho é sempre dado a meninas que vão viver longe de casa, embora raramente seja seguido.)

O Fatinelli, comerciante de lã e tecidos, era um sujeito grosseiro e tratava seus criados como menos que porcos. Todos os empregados da casa protestavam contra esse tratamento, menos uma. Isso. Ela mesma. A Zita.

Zita foi empregada ali por 48 anos, até sua morte em 27 de abril de 1278. Nas horas vagas, como toda postulante a santa que se ache digna desse nome, ia à missa todas as manhãs, visitava pobres, presos e doentes, e repartia com eles o pouco que tinha.

A versão oficial da Igreja diz que os outros empregados dos Fatinelli ofendiam, desprezavam e humilhavam Zita por invejarem sua “postura cândida e serena”. É uma idéia bonita, mas o mais provável é que essa atitude se devesse ao simples fato de ela manifestar uma disposição sobrenatural para agüentar desaforos e humilhações.

E então, quase sete séculos depois, Pio XII transformou Zita em santa padroeira das empregadas domésticas.

Talvez não pudesse haver santo mais apropriado. Zita não foi martirizada pela sua fé como Santo Estêvão. Não tem atrás de si uma grande obra evangelizadora como São Paulo. Santa Zita virou santa por seu sangue de barata, pela capacidade de aturar os desaforos do patrão. Zita é a imagem ideal da empregada, aquela sombra muda mas eficiente, tanto melhor quanto mais próxima do comportamento de uma geladeira ou batedeira.

Santa Zita também é boa padroeira por causa do seu nome.

Há tantos nomes chiques de santos, imponentes. São Tiago de Compostela, Santa Catarina de Sienna, Santa Teresa de Lisieux, uma infinidade de Nossas Senhoras de sobrenome imponente como Mont Serrat.

Prisioneiros de guerra têm como padroeiro São Leonardo de Noblac; professores, São João Batista de La Salle. Mas às empregadas fizeram a grande sacanagem de dar como padroeira Santa Zita, santa de não muitos milagres mas de nome apropriado a uma doméstica. Zita, coitada, não tem sobrenome, não lhe fizeram sequer a gentileza do topônimo; e a santa padroeira, que poderia ser Santa Zita de Lucca, é só a Zita, assim como a sua empregada não tem sobrenome porque não lhe interessa.

É por isso que Santa Zita é a padroeira das empregadas. Porque é uma santa que sabe o seu lugar. E que, provavelmente, folga aos domingos.

Vidas paralelas

Patrick numa casa de chá, falando sobre medicina e sobre a indisposição estomacal do dia anterior, tratada com chá de boldo:

— Eu namorei uma médica por dois anos, é por isso que sei essas coisas.

Rafael, desconsolado por ver que a vida nem sempre é um bom aprendizado:

— Eu namorei uma advogada por um tempão. E tudo o que aprendi foi a sacanear os outros.

A defesa extemporânea dos ascensoristas

Não dá outra: basta você arranhar um liberal para, debaixo da casca grossa do discurso da livre iniciativa, encontrar um bom e velho reacionário.

O André Kenji achou um artigo do Paulo C. Barreto no Instituto Millenium, em que o sujeito desce a lenha na iniciativa abortada do Sebrae de oferecer a pequenas empresas um software livre de gestão. O Kenji faz boas críticas ao texto do sujeito.

O absurdo do argumento do Paulo Barreto é, para começar, quantitativo: para garantir o trabalho de “dezenas de desenvolvedores e revendores de softwares que vivem desse segmento”, pretende-se abortar potenciais ganhos de produtividade de 800 mil empresas, pelas suas próprias estimativas. Esse mesmo pessoal que reclama do governo por atravancar o desenvolvimento econômico do país ao cobrar impostos altos reclama também quando ele oferece uma ferramenta para o aumento de produtividade. E não tem vergonha de propor obstáculos ao progresso do país em função da defesa dos interesses de “algumas dezenas”, em nome de algum princípio que não se sabe mais qual é.

Seu darwinismo econômico, que normalmente serve para justificar a manutenção dos lucros já existentes, tem limites muito claros. O governo tem que proteger modelos tecnológicos ultrapassados, se isso significa a manutenção do status quo. Deve prejudicar a maioria — 800 mil pequenas empresas representam quantos empregos, e podem gerar mais quantos? — por causa de uma minoria que se mantém aferrada ao passado. Por acaso, é a mesma atitude corporativista que acusam em sindicatos e quetais.

É por essa razão que o Paulo se arrisca em argumentos bobos como este:

Quem vai se arriscar a fazer um programa melhor se o Sourceforge.net – central de distribuição de lançamentos em software livre – fornece outro que faz o mesmo, e sem a chateação das telas “se gostar, pague ao autor”?

A resposta, que pode ser dada por qualquer autista de cinco anos de idade, é lógica: se o outro faz a mesma coisa, então ele não é melhor.

O fato é que não há argumentos suficientes para justificar sua posição. O acesso de 800 mil empresas a boa tecnologia significaria mais produtividade, mais lucros e mais empregos. Ponto. Se nesse processo alguns setores atrasados se perdem, o que se pode fazer? Quando são só trabalhadores em situação parecida, geralmente são estatísticas por cima das quais passar. Eu pensava que era essa essa a dinâmica do capitalismo e que esse era o seu melhor argumento. Por isso o espanto em ver os pensadores do liberalismo econômico defendendo uma posição tão contrária ao que diziam ser seus princípios.

Mas o problema é mais grave. Para tentar justificar essa posição injustificável, o Paulo Barreto ataca a própria idéia de software livre.

Dizer que o Linux só é o que é graças ao apoio de gigantes como a IBM e a Sun é, no mínimo, desconhecimento. Seria mais sensato — e mais de acordo com as leis de mercado — dizer que a IBM e a Sun aderiram ao Linux por ele ser o que é. Desde meados dos anos 90 o Linux é uma das principais apostas da comunidade de desenvolvedores. Representa a ponta mais visível de um movimento grande e que se espalha cada vez mais.

Mais que insistir em não ver o bonde passar, o Paulo parece desconhecer as dimensões do que pode se tornar o movimento open source. Para algo que se pretende think tank como o Instituto Millenium, como disse o Kenji, essa ignorância é uma falha grave. Eu recomendaria que lesse este artigo da Wired para entender melhor as coisas.

Além disso, para defender o ponto de vista dos gigantes o Paulo Barreto chama o auxílio de desenvolvedores de freeware e shareware. O problema é que, em primeiro lugar, o shareware não diz respeito ao modo de produção, mas sim ao modo de distribuição; segundo porque no caso do freeware, já que do ponto de vista puramente financeiro não há diferença, o problema é obrigatoriamente de qualidade, mesmo.

O que o Paulo Barreto está fazendo é simples. Está se comportando como ascensoristas, do tempo em que elevadores tinham portas de safona e eram movidos por alavancas por “profissionais altamente especializados”, embasbacados e revoltados diante do surgimento de elevadores automáticos.

Mas talvez nenhum desses argumentos seja necessário se você rolar a página até o final. É quando tudo o que foi dito ali cai no ridículo graças a uma única frase: “Instituto Millenium é gerado pelo WordPress“. Que, para quem não sabe, é um belo exemplo de software livre.

***

Mas o Kenji está equivocado quando diz que a escolha do software livre deve ser econômica, e não política.

Na verdade, a escolha deve ser feita menos por motivos econômicos econômicos que políticos. Claro que a economia representada pelos custos menores é importante. Muito. Mas o que é fundamental, mesmo, é que o software livre — que pode ser livremente alterado e reconstruído — é a ferramenta necessária para a construção de um projeto nacional de desenvolvimento tecnológico.

O Brasil nunca desenvolveu nada que prestasse no ambiente operacional da Microsoft, porque não era possível. Mas adquiriu uma posição de destaque no mundo do software livre com uma boa distribuição do Linux, o Conectiva (hoje Mandriva porque a empresa foi comprada pela Mandrake, um caso de globalização que deveria orgulhar o pessoal do Instituto Millenium e mostrar que mesmo em software gratuito há espaço para lucro).

Enquanto isso, do ponto de vista educacional e tecnológico as possibilidades oferecidas por programas como o Linux são inúmeras. São a garantia de que o país pode avançar tecnologicamente, pode criar massa crítica de cientistas e não apenas se conformar com o papel de mero apertador de patins. Significa, resumidamente, a possibilidade de desenvolver tecnologia e know-how. E conhecimento é uma das coisas que diferenciam países desenvolvidos da ralé analfabeta.

A discussão sobre a adoção estatal do Linux não começou no governo Lula: vem do governo de Fernando Henrique Cardoso e era umas das questões envolvidas na discussão do FUST. A diferença é que na época o ministro da Educação, Paulo Renato — que fez carreira como advogado da Microsoft — indicava uma opção preferencial pelo Windows. A decisão do governo Lula e de gente como Sérgio Amadeu e, indiretamente, Gilberto Gil de abraçar o software livre foi fundamental para que o país fizesse uma das mais acertadas opções de desenvolvimento de sua história, o que, com todos os problemas que o governo Lula enfrenta, indica uma concepção de país soberano. A isso, em outros tempos, costumavam chamar de projeto nacional.

La luna

Quinta-feira, 13 de abril de 2006, 17 horas e 47 minutos.

Daqui dá para ver o rio. Além do rio dá para ver a Ilha de Santa Luzia. Além da ilha, sobre a copa dos coqueiros, dá para ver um pedacinho do mar.

O sol que se põe a oeste e que agora não se vê deixa tudo com uma tonalidade azulada, um pouco mais escura a cada segundo, mas além do mar se ergue a lua, redonda, enorme, de um vermelho suave, um disco delineado com delicadeza quebrando a monotonia do azul uniforme.

Quinta-feira, 13 de abril de 2006, 18 horas e 30 minutos.

Tudo escuro, e a lua agora deixa um rastro prateado sobre o curso do rio, agora ela toda branca, exuberante, e o rastro da lua é quebrado pelas pequenas ondas que o rio faz com a maré cheia.

Tem uns momentos na vida em que você simplesmente está no lugar certo, na hora certa.

As alegrias que o Google me dá (XXVII)

transexuais dando o rabo
Ou: não importa o quanto se gastou na operação de mudança de sexo. Velhos hábitos não se perdem jamais.

frases de um namorado que tenha vergonha da namorada
“Não, é a empregada lá de casa.”
“Sei quem é, não, eu vinha passando e aí ela começou a me seguir.”
“Ela era bonitinha, embuchou de uns tempos para cá.”
“É, mas olha o rabão que ela tem.”

simpatia para separar um casal urgentemente
Rapaz… Você é gente ruim mesmo, hein?

historia das coca – colas eo carnaval de fortaleza
Ah, essa é bonitinha. “Coca-colas” eram as moças que, nos tempos da II Guerra Mundial, andavam com soldados americanos em Fortaleza, mostrando a eles a Praça do Ferreira durante o dia e a famosa hospitalidade cearense à noite, o que deixava os homens de lá na mão e transbordando de despeito, enquanto afogavam suas mágoas em copos de cajuína ou guaraná Wilson, sei lá.

novela alma gemia da globo
Sinopse: duas almas foram separadas por suas obras na Terra — uma foi para o Purgatório, outra para o Inferno. A alma que ficou no Inferno olhava para cima e via a outra, no Purgatório, comendo do bom e do melhor enquanto ela se ferrava. E a alma gemia, gemia a não mais poder…

como se pratica zoofilia caseira
Bem, primeiro você pega aquela lagartixinha branca que corre pelas paredes de sua casa. Ela é tão branquinha, quase transparente, tem uma cara de desamparada. Tem gente que acha isso sexy; talvez zoófilos achem. Aí leva para um restaurante de comida a quilo, aqueles que anunciam comida caseira. Tem que ser dos mais vagabundos, para vir formiga junto. E em vez de comer a lagartixinha num motel, onde ela pode se perder ou se afogar na banheira de hidromassagem, você volta com ela, numa caixinha, para comer em casa.

historia sucedida en mesopotamia dela historia universal
“Mesopotamia Della Historia Universal” era um restaurante famoso na São Paulo dos anos 70, se não me engano dos mesmos donos do Leopolldo. Foi fechado quando a Saúde Pública descobriu cocô de dromedário no quibe cru.

bebe esquisito q nasceu em brasilia com maos e pes de pato
Aquele que saiu cantando: “Vou-me embora pra bem longe, essa é a triste verdade, talvez algum dia encontre a paz e a felicidade”? Até onde sei, apesar de escrotos como você que se deliciam com aberrações e a miséria alheia, esse virou cisne.

bibliografia dos rolling stones
Richards, Keith: “Brown Sugar: Como Tomei Heroína Por 20 Anos e Sobrevivi — Ou Quase”.
Jagger, Mick: “Cocksucker Blues: Como Eu Caí no Golpe da Barriga”.

oque devo fazer para me torna um ator de filme porno gay??
Tire a roupa diante dos outros atores e avise que você vai ser o ativo na história. Se eles se assustarem, você está contratado.

o que significa o nome rafael
Vem do sânscrito. Significa “Aquele que tem um blog e, sem ter o que dizer, pega as frases bobas dos outros e as transforma em posts também bobos”.

que posição fazer sexo gostoso quando gravida
Depende. Ela, de ladinho ou de quatro. Ele, com a vizinha do 602.

resumo do livro o que vou ser quando crescer
Nada. (Desculpe. Foi você que perguntou. Mas é melhor ir se acostumando logo.)

fichamento do manifesto comunista
Foi em 1927, cinco anos depois da fundação do PC do Brasil. Manifesto era gráfico e estava fazendo uma atividade em São Paulo, ao lado de Diógenes Arruda. Aí chegou o Filinto Müller e levou Manifesto em cana. Foi fichado, e depois de umas boas porradas — ainda primitivas, ainda antes que tenentes americanos viessem ensinar aos meganhas brasileiros técnicas mais sofisticadas — ele foi solto na Praça da Sé.

foto de mulheres que fazem sexo com cavalos quadrupedes
Essas são difíceis, porque é complicado levar um cavalo para o motel. Mas com cavalos bípedes tem assim, ó. A mulher do Kadu Moliterno, por exemplo. E eu conheci uma moça, a Josefa, que era casada com o Tonho. O Tonho era um cavalo. Chegava em casa e já dava um tapão no pé do ouvido da Zefa. Comia e, para esquentar, dava outro tapão. Só não dava uma bordoada na hora de dormir, quando chamava a Zefa para a cama com ele. Mas aí o Tonho não tinha nada de cavalo. Pelo contrário. Não era nem um potrinho recém-nascido. A Zefa, depois de um bocado de bordoada, acabou criando coragem e foi embora. Uns dois anos depois casou com um jumento, o Gilvancarlos. Era doce, amável, mas era um jumento. A Zefa é hoje uma mulher feliz e só apanha quando pede.

como iniciar um dialogo entre um casal sem ofensa
— Seu terapeuta, diz a essa senhora aí que eu não coloco toalha molhada em cima da cama.
— Por favor, diga a esse mentiroso que ele coloca, sim.
— Seu terapeuta, diga a essa vaca que ela está mentindo.
— Por favor, diga a esse corno que mentirosa é a mãe dele.
— Lembre a ela, por favor, que para eu ser corno ela tem que ser puta.
— Se eu sou puta é porque ele não dá mais no couro.
Pensando bem, não tem jeito.

simpatias para deixar os homens broxa
Isso não é simpatia. Isso não é nem antipatia. Isso é maldade, aquele tipo de maldade tão má, mas tão má, que acaba se revelando auto-destrutiva, porque você sai perdendo no final. Minha filha, língua não resolve tudo.

fotos de mulheres que mostram a cuequinha
Cuequinha? Menino… Você vai ter uma surpresa tão grande se elas resolverem tirar a cuequinha e mostrar o que está embaixo dela…

contos eroticos so de onibus lotado
E eis aqui o encoxador em toda a sua glória e pujança. Um homem que sabe o que quer. Um homem que não se deixa levar por outros atrativos; que tem suas taras perfeitamente compreendidas e delimitadas. Se você não fosse doente, amigo, eu te consideraria um herói por sua disciplina e retidão de, err, bem, caráter.

um pouco sobre a vida de rafael o pintor do seculo passados
Diferente do seu xará Rafael, o pintor do século XVI, Rafael, o pintor do século XX, nasceu em Chorrochó, no interior na Bahia. Em vez de pintar afrescos em Roma, pintava paredes em São Paulo. Morreu de esquistossomose em 1976.

rafael morreu em 28 de janeiro de 2006
E desde então este blog é psicografado pelo filho da Zíbia Gasparetto.

como os pigmeus fazem as suas roupas?
Pequenas.

posição da igreja católica em relação ao sexo oral
A Igreja é estrita nesse ponto: só quem pode fazer são os padres, nos menininhos de Boston. E no momento eles não podem falar porque estão com a boca cheia.

quero ver fotos de pessoas de goiania para relacionar
Paga quanto?

eu desisto o google e uma merda nao presta para nada
Não diga uma coisa dessas, meu filho… Serviu para pelo menos uma coisa.

quantas vezes no dia tem que bater punheta para aumentar o tamanho do penis
171.

quero ser espirita onde procurar em goiania
Ah, finalmente. Eu sabia que Goiânia não tinha apenas putas e michês. Sabia que, em algum lugar daquela cidade planaltina, deveria haver gente decente, gente com vistas a algo mais que a satisfação mercenária dos prazeres da carne. Por tudo o que eu disse, estou com vergonha de mim mesmo.

quem foi o unico brasileiro a jogar 3 finais seguidas de copa do mundo
Cafu, pare com isso. É feio.

nomes dos animais instinto da mata atlantica
O asno eu tenho certeza de que não foi. Nem o mico.

o que a marmota faz que diferencia dos outros animais em relaçao ao sexo
Eu não tenho certeza. Mas acho que, no final, já cansado, em vez de fumar um cigarro ele vai para o computador, escreve um belo post e diz: “E eu, uma pedra“.

anal marido e mulher é preciso camisinha?
Se você não se importa com o cheiro e com a, digamos, oleosidade, por que não? (Por outro lado, tem a resposta do espírito de porco: tem, sim, por causa do Ricardão.)

casas de primeiro andar estilo suiço
Estudante de arquitetura do primeiro ano, aposto. E quer construir aquelas casas com telhados que parecem triângulos isósceles, que na Europa setentrional servem para deixar a neve escorrer e que aqui servem apenas para pegar mais sol e tornar a casa um forno. Estudantes de arquitetura são uma coisa de louco. E constroem umas estantes inúteis.

motel klaatu
É aquele em que o sujeito chega na portaria e diz para a porteira: leve-me ao quarto líder. Então ela lhe dá a chave da suíte mais cara, decorada com motivos espaciais como vibradores em forma de Apollo XI e cadeiras eróticas em forma de cápsula espacial, e onde a mulher, ao ver a mixaria que seu namorado apresenta ao tirar a roupa, exclama: “Um pequeno pinto para o homem, e que merda para a humanidade.”

ninfeta com chule
Alex, Alex…

anatomia do himen domain rafael.galvao.org
Socorro. Querem descabaçar meu blog.

O dia em que Sergipe quase se tornou uma potência camaroneira

O texto abaixo é um pedaço da coluna desta semana de um jornalista e imortal sergipano, Luiz Eduardo Costa.

Em 1964 chegou a Sergipe um americano que se dizia poderoso empresário do setor pesqueiro. Ele havia constatado que Sergipe possuía uma das maiores reservas camaroneiras do mundo. O crustáceo estava ali mesmo na costa sergipana. Era preciso apenas que alguém se dispusesse a pescá-lo. E isso ele queria fazer, trazendo para ficar baseados em Aracaju os barcos da sua imensa frota. O gringo falava pessimamente o português, mas era sempre entrevistado na Rádio Liberdade pelo repórter Silva Lima, que no seu calamitoso inglês portuário conseguia traduzir para a opinião pública as intenções do megapescador yankee.

Logo hospedado com todas as honras na suíte presidencial do Hotel Palace, o americano ampliou contatos, procurou a Federação das Indústrias, o Banco do Brasil, e ao governo manifestou a sua única reivindicação: queria que os velhos trapiches do Lima em Aracaju, e outros na Barra dos Coqueiros, fossem adquiridos pelo governo do Estado e transferidos para a sua multinacional pescadora.

Enquanto isso, começou a fazer compras no comércio, de roupas principalmente. Tornou-se alvo das atenções, das deferências na acanhada província que festejava alguém chegando assim, tão disposto a investir e a gerar empregos, explorando aquela enorme e insuspeitada riqueza. Alguns, com aquela ânsia puxasaquista que dominava a época, começaram a atribuir a vinda do empresário norte-americano ao novo clima existente no Brasil, com a vitória da “revolução democrática e redentora de 31 de março que livrou o Brasil do comunismo ateu que ameaçava a pátria, a família e a propriedade”.

Organizou-se uma visita às praias da Barra dos Coqueiros, onde o americano demonstraria o potencial que, breve, tornaria Sergipe a “terra do camarão”.

No dia da visita lá estavam as autoridades civis, militares e eclesiásticas, como era de praxe nessas circunstâncias assim tão especiais. O americano, cercado por muita gente embevecida com tanta competência camaroneira, abaixou-se, apanhou um punhado de areia molhada da praia e proclama: “Aqui está, é camarrrraaão purrro”.

Todos retornaram confiantes na nossa capacidade para capturar e exportar camarões. Mas houve um pequeno contratempo: o repórter Silva Lima, mais uma vez entrevistando o americano, perguntou-lhe o que seria feito com os peixes que viriam nas imensas redes de arrasto puxadas pelos barcos camaroneiros, e ouviu a resposta em inglês que logo traduziu: “Todo o peixe será doado às pessoas pobres”. No outro dia, a Associação dos Criadores de Sergipe publicava nota nos jornais advertindo para a crise que inevitavelmente desabaria sobre a pecuária sergipana, diante daquela imensa oferta de peixe a custo zero.

O empresário dos camarões, enquanto isso, tentava depositar no Banco do Brasil um cheque visado de um banco americano, mas insistia em receber adiantado uma parcela. Naquele tempo as comunicações eram precárias e ninguém conseguia uma ligação rápida com o Rio de Janeiro. Um funcionário do banco, já desconfiado, insistiu muito e conseguiu a confirmação de que aquele cheque a ser descontado era simplesmente falso.

Nesse meio tempo, o empresário americano fazia rapidamente as malas, desocupava a suíte presidencial do Hotel Palace e sumia, levando apenas as roupas que comprara a prazo usando o seu incontestável crédito.

Anos depois ele apareceria morto num dos apartamentos do Hotel Boa Viagem, no Recife.

Tratava-se de um agente da CIA que vendera informações secretas à União Soviética e andava fugido, aplicando golpes pelo mundo, até que agentes o encontraram e estraçalharam a sua cabeça.

Ainda as eleições

O resultado da “pesquisa” sobre as eleições me surpreendeu.

A anterior tinha sido feita antes dos escândalos que que se multiplicaram a partir do Maurício Marinho. Seria de esperar, portanto, que os votos em Lula diminuíssem.

No entanto, não foi isso o que aconteceu. Lula teve 12 votos, Alckmin 10, 11 votaram nulo e a Gralha das Alagoas teve 5 votos. Na votação passada, Lula teve 8, Alckmin, Serra, César Maia e Heloísa Helena juntos tiveram 7, e 10 votavam nulo.

A pesquisa não tem nenhum valor por várias razões. Mas como todos os leitores podem ser considerados de, no mínimo, classe média, dá para pensar em uma possibilidade curiosa.

A classe média é, de longe, o segmento onde a queda de Lula tem sido mais acentuada. É por isso que essas eleições deverão ser um pouco diferentes da de 2002: as classes mais baixas é que sustentam Lula (e agora a oposição abre a boca para gritar que o povão não entende nada; não dizia isso quando esse mesmo povão apoiava Fernando Henrique).

Seria de esperar, portanto, que justamente aqui Lula agora tivesse menos votos que na “votação passada”. Mas não foi isso que ocorreu: pelo contrário, mais gente votou do que antes. O crescimento de Alckmin, que mal era lembrado na eleição anterior, não quer dizer nada: na época ele nem era candidato. Mas o crescimento de Lula, proporcionalmente menor, é uma surpresa curiosa. E talvez possa ser considerado um indicativo que a eleição está menos feia para Lula do que querem fazer parecer.

***

Falando de pesquisas sérias: a do Ibope, em São Paulo, não é bem uma surpresa. É natural que Lula perca lá, embora a diferença deva deixar o pessoal responsável pela reeleição assustado. Mas a do Datafolha, nacional, ao não mostrar nenhuma alteração importante em relação à última diz uma coisa interessante: que a queda de Palocci não influiu nas intenções de voto. E olha uqe eles nem sabem dos bastidores tenebrosos que levaram à queda do ministro.

É cedo para afirmar isso, e Alckmin deve crescer mais com o decorrer da campanha. É a única vantagem do picolé de chuchu diet, não ter o nível de rejeição que Lula ou Serra têm e só poder crescer. Mas é bem provável que a maior parte do mal que se podia fazer à candidatura de Lula já tenha sido feita, a não ser que apareçam novos fatos, realmente graves.

***

O jeito “republicano e responsável” da oposição tem feito um bom estrago, certo. Mas é engraçado que em alguns setores ela tenha feito justamente o contrário: reforçado a adesão a Lula por um sentimento de revolta contra seus métodos — como, por exemplo, os comerciais anônimos que o PFL veiculou há algumas semanas batendo pesado no PT, tentando desesperadamente vincular Lula aos casos de corrupção.

***

Da seção de “dois pesos e duas medidas”:

Quando o governo tentava justificar seus erros, seu relacionamento incompetente com o Congresso e o caixa 2 com a alegação de que todo mundo faz isso, a oposição corria a dizer que isso não valia, que não podia justificar um erro com outro.

Agora que Serra rasga seus compromissos, o Fernando veio logo perguntar pelo Palocci. E num post que não defende o governo das acusações

Sei lá, podiam dizer que São Paulo chamou, que era um imperativo histórico, qualquer coisa.

Além disso, quando os escândalos do mensalão começaram a se suceder, reclamaram que o pessoal que defendia o governo tinha se calado. Mas agora eu não vejo muita gente defendendo as quebras de promessa de Serra ou os vestidos (40, não 400) da senhora Alckmin.

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Mas uma coisa não mudou.

Nas duas votações, o Ina falou, falou, falou e não disse em quem votava.

Ainda o golpe do film d'auteur

A comparação do diretor com o maestro, feita pela Cláudia, é interessante. Lembrei de um de que gostava muito, o Herbert von Karajan. Eu era fascinado pela mão esquerda do Karajan. Nazista ou não, ele era grande.

Mas por bom maestro que fosse, Karajan continua sem ser o autor da Quinta Sinfonia de Beethoven. Podia alterar o andamento, podia enfatizar determinadas passagens — mas era só um intérprete. Aliás, a própria definição de interpretação presume algum tipo de acréscimo pessoal à obra. Mas não lhe usurpa a autoria.

O mesmo valeria se a comparação fosse com o teatro. Por mais “iconoclasta” que seja uma montagem de, digamos, Gerald Thomas, por mais que ele subverta o texto e tente dar ou ressaltar novos significados a uma peça como “Hamlet”, ela continua sendo de Shakespeare.

A tese central do post — a de que o diretor não é o autor do filme, ao contrário do que dizem os franceses — continua em pé, na minha opinião.

Quanto ao que disse o Bia, que Hitchcock desqualificou uma trilha, etc., a pergunta é: e daí? Como disse o post, esse é o trabalho que qualquer produtor faria — e normalmente faz. O que se questionou acessoriamente no post foi a função específica de direção, e não das pessoas ou do processo de produção de um filme; até agora não vi nada que contestasse isso definitivamente.

Quanto a “Os Sonhadores”, o problema do Bia é uma generosidade excessiva, e a crença de que porque fulano fez alguma coisa boa deve haver um significado em tudo o que faça depois. Uma espécie de presunção de inocência. Deve ser o que o faz dizer que aquele é um filme “visual”, com todos aqueles diálogos pseudo-profundos. Para mim, filme “visual” (e todo filme não é visual?) é “O Clã das Adagas Voadoras” ou “Sonhos”. “Os Sonhadores” é um filme tipicamente europeu dos anos 2000, inclusive naquela nova tendência de fazer filmes “multilíngües” que apresentam como novidade, esquecendo que “A Regra do Jogo” já fez isso com muito mais propriedade e significado há quase setenta anos. “Os Sonhadores”, por mais boa vontade que o Bia tenha para com ele, é filme inconcluso e medíocre.

E quanto a imaginar o roteiro de Sin City sem Robert Rodriguez, é o que falei antes: um mau diretor pode fazer um bom filme com um bom roteiro, mas um bom diretor jamais fará um filme com um mau roteiro. Basta olhar o monte de lixo que tanto o Rodriguez e o Tarantino (que é um grande diretor) produzem. É algo na mesma linha do que falou o Ina: o Bogdanovich fez bons filmes com bons roteiros, afinal, embora nós dois discordemos do seu valor como diretor (apesar de o Ina admitir que, com exceção dos quatro primeiros, ele só fez bobagem).

Sin City, aliás, é o pior exemplo que o Bia poderia dar. Por favor, o storyboard do filme foram os próprios quadrinhos de Frank Miller. Até nisso, na definição de cenas, ângulos, etc., a primazia do “roteiro” é absoluta, maior que na maioria dos filmes; não é à toa que o título completo do filme é Frank Miller’s Sin City . E Tarantino dirigiu uma seqüência do filme. Se você não sabe antecipadamente, saberia dizer qual é ela? Improvável. (Só para constar: é o trecho do Benicio Del Toro degolado no carro.) E aí a tal história da “marca do diretor” vai por água abaixo. Se eu estivesse defendendo o ponto de vista do Bia, preferiria ter usado filmes refeitos pelo mesmo diretor, como “O Homem que Sabia Demais” de Hitchcock ou Rio Bravo e El Dorado, de Howard Hawks. Daria para argumentar melhor.

O trecho de que o Gabriel discordou é mais do que válido para o studio system, como demonstra o livro que o finado Smart Shade of Blue (que o Grande Designer o tenha em bom lugar, Adriano) citou (e que não, não foi a inspiração para aquele post; na verdade foi um ensaio de Gore Vidal e a decepção com “Os Sonhadores”). Não é questão de interpretação, é um fato histórico. Pode não valer necessariamente para o cinema feito no resto do mundo, mas aí o problema é muito mais de estrutura de produção que filosófico: nesses casos, o diretor normalmente é também o produtor e o roteirista. É aí que está o tal golpe: falar em caméra stylo nesses casos é tentar se apropriar de um mérito que não é exclusivo da função.

Quanto aos “filmes de roteiristas”, eu acho que há sempre uma grande confusão sobre a própria qualidade do roteiro e a sua importância. Acho que o que impressiona no caso de, por exemplo, Charlie Kaufman é a qualidade da trama. Mas o processo continua o mesmo, com um bom ou mau roteiro. O filme continua sendo feito a partir dele.

O trecho de Truffaut que o Gabriel citou é interessante, mas me parece um grande sofisma. Porque todas as sugestões aceitas ou não, as contribuições recebidas ou não, são posteriores à definição do fato primordial: o próprio filme. Essas contribuições só existem em função do reconhecimento de uma estrutura prévia. Elas não existem sem um roteiro que os guie. É por isso que continuo achando que cinema é arte coletiva, que cada um dá sua contribuição, e que o dono do filme é o produtor — o dono do dinheiro, como diz o Nelson. Mas que se autoria houver é a de quem o concebe. E quem o concebe é o roteirista, e não importa se ele o dirige depois ou não.