Antigamente eu fazia parte da corrente que acreditava que os Beatles terminaram na hora certa, quando os anos 60 chegavam ao fim. Achava que teriam se tornado redundantes. Muita gente pega o trabalho solo dos Beatles para apontar uma possível decadência.
Hoje eu discordo disso. Em primeiro lugar, discordo de quem acha que a qualidade de Lennon e McCartney, como compositores, caiu. Para mim, continuou a mesma, até melhorou. A diferença é que, se em cada disco dos Beatles cada um deles contribuía com uma média de 6 músicas, a partir do fim da banda tiveram que encher discos inteiros. Aquelas canções meia-bomba que eram automaticaticamente ejetadas no processo de seleção acabaram sendo gravadas.
Para comprovar isso, basta pegar um disco de McCartney e outro de Lennon, selecionar 6 música de cada (e mais umas 3 de George Harrison) e juntar em um só disco.
Só isso já bastaria, mas ainda tem mais. Em cada uma dessas gravações falta, em primeiro lugar, a colaboração de Lennon ou McCartney, sempre decisiva, mesmo quando pequena, e toda a dinâmica da banda, com insights de cada membro — as batidas de Ringo, os solos de George Harrison, essas coisas.
Ainda assim, continuo acreditando que os Beatles fatalmente se tornariam ultrapassados. E isso se daria em 1977, quando estourasse o punk. Mas isso é outra história.
O mais legal é que fizeram algo tão incrível que foi suficiente para que não tivessem obrigação de fazer mais nada, né? 🙂
Ah… nem gosto dos Beatles
e acabaram, graças a Deus 😛