Artigo de um amigo fala da rememoração do Holocausto em Israel, em contraste com os soldados israelenses, uma semana depois, usando um garoto palestino como escudo humano em suas blitze nos territórios ocupados. E faz uma pergunta simples:
Relembrando o Holocausto, estariam a pensar na humanidade como um todo ou enxergando apenas particularíssimo episódio no qual eventualmente foram vítimas?
Há alguns anos eu já tinha conversado sobre isso com ele. Tinha acabado de ler “Os Carrascos Voluntários de Hitler”, e o assunto me interessava muito. Embora concordasse plenamente com a premissa do livro, a de que o nazismo não foi um acontecimento isolado e restrito ao Partido Nazista e sim a evolução de um longo caminho de preconceito irracional compartilhado pela maioria do povo alemão, eu achava que havia uma tendência exagerada a se considerar os judeus as grandes vítimas do mundo, os depositários de todo e qualquer sofrimento. Achava interessante, embora não necessariamente ruim, que eles fossem o único caso que eu conhecia de perdedores que escrevem a história.
Ele discordou. Achava que o sofrimento judaico ao longo da história, da diáspora aos pogroms, culminando com a monstruosidade da montagem de uma máquina de matar como a Solução Final de Hitler, justificava grande parte de suas atitudes.
Pelo visto Sharon e o Likud estão fazendo que com que ele comece a mudar de idéia.
O Holocausto tornou o julgamento de atitudes israelenses algo mais delicado que o normal. É como se tivesse tornado o povo judeu absolutamente santo e impoluto, incapaz das pequenas e grandes maldades que todos sabemos fazer.
Hoje em dia, Israel é apenas um Estado predador, como os Estados Unidos. Mais que isso, é um Estado racista que proíbe casamentos de israelenses com palestinos, nos moldes de lei semelhante aplicada na Alemanha nazista contra eles próprios. Mas, mesmo com tantas semelhanças, insistimos em estabelecer uma diferença fundamental: Hitler era um monstro, Sharon é só um político de direita.
Mas a história de Ariel Sharon é um acumulado de crimes contra a humanidade. O homem sempre foi um criminoso e um assassino; como chefe político de Israel está se tornando um genocida.
As atitudes de Israel contra os palestinos estão conseguindo desfazer toda a solidariedade que os judeus conquistaram após o Holocausto. Fornecem mais argumentos para os anti-semitas distorcerem de acordo com a sua vontade e a sua burrice, e esgarçam as convicções de pessoas sensatas. Cada vez mais, ser anti-Sharon se confunde com ser anti-semita. É um retrocesso para a humanidade, mas não parece que esse panorama venha a mudar tão cedo.
Nos últimos 5 anos, Israel vem se tornando o novo Reich; e essa transformação é ainda mais indigna porque seu povo sofreu na própria carne os efeitos do preconceito e da maldade. 60 anos depois, Sharon não está deixando nada a dever a Hitler. A farsa se repete.
Oi rafa!!! bem escrito este texto…. e é mesmo a farsa se repete….os poderosos querem concentrar cada vez mais o poder em suas mãos e não medem esforços
beijos
peor: parece que nunca vai ter fim!!!