Um Cara, dizer que McCartney é um chato em um blog de beatlemaníaco é não ter amor à vida… Mas eu mesmo já passei o atestado de óbito de McCartney algumas vezes aqui.
Isso não quer dizer, em primeiro lugar, que o sujeito não seja um gênio absoluto. Ele é. Isso é indiscutível. Em segundo, tampouco implica que ele não seja um baixista formidável. Ele é. Mais que isso, é provavelmente o baixista mais influente da história, e essa é a razão pela qual o coloco como o melhor (deixando de lado gênios como Entwistle e James Jamerson, só para citar alguns). Com boa vontade, poderia colocá-lo também como guitarrista (ele é ótimo), como baterista (ele é bom) ou como tecladista (ele é razoável). O sujeito é um gênio. Ponto final.
Flavio, escolas falam, sim. É para isso que elas existem. E a frase é creditada, quase universalmente, ao Van der Rohen.
Telêmaco, eu nunca consegui gostar muito do John Paul Jones. Acho o baixista mais superestimado do rock. E o Bonzo não entraria na minha banda pela mesma razão do Hendrix: geniais, mas uma banda é um conjunto em que cada peça deve funcionar em função da outra. Eu prefiro um baterista sólido mas discreto como Ringo. A mesma razão pela qual coloco McCartney no baixo: independente de ser genial, ele sabe se controlar. Só consigo lembrar de um exemplo em que McCartney exagerou no baixo: Something, de Harrison.
Se me permite uma opinião, acho que há um equívoco nas guitarras. Harrison e Clapton juntos são redundantes. Ambos são solistas. Enquanto isso, o aspecto provavelmente mais subestimado de Lennon é que ele era um grande guitarrista rítmico. Se alguém quer um exemplo, ouça Clarabella, com os Beatles. em que ele toca apenas harmônica. Falta alguma coisa. A música não tem a coesão sonora típica dos Beatles. E o que falta é justamente a guitarra de Lennon.
Além disso, me perdoe, mas Harrison não é um guitarrista genial, não. É excelente, claro. Melódico e provavelmente o rei do slide. Mas eu consigo pensar em uma dezena de guitarristas infinitamente melhores que ele.
Umberto, eu nunca vi o Rock and Roll Circus. Mas ouvi Yer Blues com Lennon. É Keith Richards no baixo, não é? Aquele baixo é fantástico.
Reginaldo, o meu é com certeza um caso de velhice. Mas há um problema. Eu não vivi os anos 60. Mas durante muito tempo ouvi com atenção boa parte do que foi feito, e é difícil ouvir muita coisa nova sem catar as referências. Que me perdoem os roqueiros, mas a coisa mais vibrante e significativa hoje em dia é um gênero do qual sequer gosto muito: o rap. Quanto ao Roberto de Carvalho… Ele matou a Rita Lee! Você quer matar minha banda também?
O Bia ouviu o Velvet Underground na adolescência e nunca mais foi o mesmo. O Bia só se apaixona uma vez, e é um amor infinito e imortal. Não importa que ele ame uma baranga.
André, bela notícia: o Intelligentsia está de volta. Fora isso, a frase do Lennon tem que ser entendida dentro do contexto: era só um ataque a McCartney (dos mais leves, considerando a letra de How Do ou Sleep?. Quis dizer que o egomaníaco do Paul estava tão alucinado que se achava melhor que Ringo.
No fim das contas, a superbanda de cada um reflete suas preferências. Essa é a graça da coisa.
Putz, perdi essa discussão — deixei pra ler o post “depois” e esqueci.
Well, o Reginaldo, a despeito da péssima sugestão para o line-up, está coberto de razão. Essa coisa de “no meu tempo era melhor” é coisa de velho mesmo. E a sua crítica ficou sem foco ao falar dos que fazem “a mesma coisa, disco após disco”, e “são aclamadas como a salvação do rock”. Você anda lendo muito NME, ninguém mais fala em salvação do que quer que seja.
Sua crítica sobre a mesmice “disco após disco” vale para Coldplay, mas não vale para Radiohead, por exemplo. E mesmo que várias ótimas bandas novas tenham referências reconhecíveis, o que interessa é a qualidade do que elas fazem. Estou pouco me lixando para o fato da primeira música do estupendo disco dos Killers parecer The Cure. O que interessa é que o Cure NÃO FEZ aquela música e lançou um disco merda que eu não quero ouvir.
Ando te lendo ultimamente… mas não ando comentando… pq nem sempre eu sei exatamente do que vc está dizendo…mesmo assim eu gosto de passsar por aqui!
grande abraço
Sim, Rafael! O The Dirty Mac que se apresentou naquele dia de 69 era formado por nada menos que John Lennon, guitarra e voz, Eric Clapton (Cream) na guitarra, Keith Richards no baixo e Mitch Mitchell (Jimi Hendrix Experience) na bateria.
Que timaço, hein???
Você tem que assistir! É sensacional esse “Rolling Stones – Rock and roll circus”. Sobretudo porque ficou engavetado muito tempo.
Logo depois Brian Jones abandonou os Stones e morreu. Fica nítido o clima tenso da banda nas apsentações (eles ficarm 2 dias sem dormir).
Enfim, mas seria bacana você conferir esse material. Ainda mais para vibrar com apresentação do The Who (sou fã chato mesmo!).
Eu trabalho no centro de São Paulo e tem como arrumar a cópia do DVD baratinho, baratinho na galeria do Rock. Se você quiser eu te mando!!!
Eu fecho sobre o JP Jones. Ainda ontem estava assistindo o show no Royal Hall e ele não brilha. O que não quer dizer que não seja um bom baixista, porque é. Mas alguém naquela banda não poderia ser 100%.
Eu costumo prestar mais atenção no canto que nos instrumentos, e queria acrescentar que também acho o Paul McCartney um belo cantor.
Ele compôs um número tão grande de clássicos, de melodias lindíssimas, que as suas músicas bobas e equivocadas não são suficientes para desqualificar a sua obra.
Na infância e adolescência, meu Beatle preferido era o John Lennon. Como personalidade, ainda o acho o mais interessante, mas como músico, o Paul era o melhor. Você vê um show dele hoje e a experiência é tão satisfatória e catártica quanto seria possível assistindo a um show dos quatro Beatles.
Rafa, o interessante é como o sessenta é também marcante em nossa música. Vivemos comparando os novos nomes aos surgidos naquela época.
marcus, o último CURE é ótimo! umberto… esse rock´n´roll circus vale só para estudos antropológicos – o disco é BEM ruim… as músicas do taj mahal, do jethro tull e da marianne faithfull são as melhores! é mole? tiagón; JPJ é discreto, mas é excelente, vai dizer?
Eu já escutei o último Cure, Bia. Ele dividiu opiniões: muita gente achou o melhor deles em muito tempo, muita gente odiou. Eu fiquei no segundo time.
Rafael,
Esse é o primeiro comentário que eu posto no seu ótimo blog (infelizmente, só conheci a pouco tempo, e graças ao Dória). Prometo que não será o último.
Quanto a superbandas, atualmente estou ouvindo muita coisa do final dos anos sessenta, especialmente CREAM.
Irretocável.
Rafael,
Por partes: John Paul Jones entraria não por sua capacidade puramente baixística, mas pelo conjunto da obra. Além do baixo, é um bom tecladista, toca mais uma penca de instrumento de cordas pouco usados no rock, e é um ótimo arranjador. Juntei ele e o Bonzo porque a cozinha já viria pronta, sem necessidade de adaptações. Mais ou menos como escalar dois zagueiros do mesmo clube pra seleção nacional.
Apesar de Clapton e Harrison serem solistas, nenhum dos dois é mau basista. E mesmo enquanto solistas, tem estilos complementares. Sem contar a grande amizade.
De qualquer maneira, a criação de uma banda como essa passa por uma avaliação que é absolutamente pessoal. Abraços.
Nunca assistiu ao ‘Circus’? Será que finalmente eu levo alguma vantagem sobre você? rs
Brincadeira, o show é genial e há um ano e pouco estava sendo vendido em bancas de jornal (lógico que o dvd era carequinha, só o show e umas fotos). Mas não só pelo Dirty Mac, o show vale tbm pelo Stones na sua fase mais fodaça e pela apresentação antológica do Who, cantando uma música pouco lembrada, mas genial, ‘A quick only time he’s away’. É de quebrar a sala.
Sem mais, sou teu fã, e isso talvez me torne doentio como qualquer fã. Basta saber que eu adoro odiar alguns de seus posts.
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