Dia desses vi no YouTube o primeiro programa da campanha de reeleição de Marta Suplicy para prefeita, em 2004.
O programa abre com um belo comercial. Um goleiro defende pênaltis cobrados por uma fileira de jogadores. Defende quase tudo. Mas deixa uma bola passar, uma só, e então o locutor lembra: “Não é possível vencer todos os desafios ao mesmo tempo. Mas tudo que era possível fazer em quatro anos, Marta fez. E fez bem feito.”
Por alguma razão os estrategistas de Marta acharam que a medida mais importante a ser tomada no início da campanha era defensiva: blindar a candidata contra as críticas acerca do que não tinha sido realizado pela prefeita.
Não sei como estavam as pesquisas da época. Imagino que apontassem uma sensação geral de que Marta tinha feito alguma coisa, mas que isso ainda era pouco. Não sei. Mas a partir desse comercial, escolhido para abrir a campanha inteira e portanto de importância fundamental, fico imaginando as reuniões na produtora de Marta, as discussões sobre a necessidade de blindagem da candidata. “Vão bater na gente. Vão bater muito. Então vamos sair na frente e falar a verdade, dizer que não fizemos tudo, mas que com mais quatro anos poderemos fazer. Vamos ser humildes”.
Parece um raciocínio correto; pelo menos é lógico. A blindagem é uma ação correta e necessária, para qualquer candidato. Mas a abordagem e o momento utilizados pelo programa foram um erro grave.
O problema que o programa de Marta não entendeu e não respondeu é que ninguém se elege pelo que não fez. Esse é um dos pontos positivos da evolução do eleitor brasileiro, em grande parte auxiliada por bons programas eleitorais como, por exemplo, o de Duda Mendonça para Paulo Maluf — o mesmo Duda que fazia aquela campanha de Marta, embora tenha sido defenestrado mais tarde. Hoje o eleitor brasileiro tem melhor noção do que quer e não se deixa levar facilmente por salvadores da pátria como o Collor de 1989. Está mais realista e mais pragmático. Esse fenômeno se consolidou em 1996, quando posturas políticas perderam importância para o pragmatismo administrativo, pelo menos em eleições municipais (e federais também: em 2006 os eleitores votaram em Lula apesar da maior campanha contrária de mídia que já se viu no país, maior até que em 1989). 1996 foi o ano em que o eleitor brasileiro passou a julgar seus administradores pela capacidade de trabalho e pelos resultados apresentados, não por um discurso de princípios Isso quer dizer algo muito simples: que o que o sujeito quer saber é que o administrador nos quatro anos em que esteve à frente do Executivo.
Além disso, programa eleitoral não é para reconhecer defeitos, é para reforçar e lembrar as qualidades. Para os defeitos existe a imprensa. Nenhum programa vai mudar a imagem de um candidato, se ela for muito diferente da que o povo tem dele; mas é seu dever informar ao eleitor as razões pelas quais ele deve votar em alguém. Em seu primeiro programa, em vez de se desculpar pelo que não fez, Marta deveria ter mostrado o que fez. E ela fez bastante. Marta Suplicy pode ser antipática, esnobe, pernóstica (por outro lado eu a vi na ABAV do ano passado, no Rio, e a coroa dá um bom caldo) — mas foi uma excelente prefeita para a cidade de São Paulo. Se eu votasse em São Paulo, votaria em Marta Suplicy.
Aquele comercial era cabível e provavelmente necessário em um outro momento da campanha, não naquele. Ali, passava uma mensagem clara, ruim e falsa: “Desculpe, povo de São Paulo, por ter sido uma prefeita incompetente, mas mesmo assim eu lhe peço uma nova chance”.
As falhas do programa de Marta não pararam por aí. Erraram no enquadramento das falas da moça. Pelo menos naquele primeiro programa, insistiram em um plano aberto, que mostrava Marta praticamente de corpo inteiro se movimentando diante de um cenário bonito, ainda que frio. Visualmente era muito agradável; mas reforçava o distanciamento de uma mulher que, afinal de contas, era ligada a uma família tradicional de São Paulo — e que nunca foi exatamente populista. Marta devia ter sido apresentada de maneira mais próxima, mais íntima.
O discurso dela também era equivocado. Marta usa boa parte de seu tempo — além de se justificar — para agradecer pela honra que lhe foi dada pelo povo de São Paulo ao lhe deixar ser prefeita. Ela confessa que “gostou” de ser prefeita. Diz que não deu para fazer tudo o que pretendia, e que precisa de mais quatro anos para fazer tudo o que “gostaria” de fazer.
Não é por nada, mas se Marta gostou de ser prefeita, é problema dela. Porque Maluf também gostou, Pitta também gostou, Mario Covas também gostou. Qualquer sujeito sabe que ser prefeito é bom, porque se não fosse eles não gastavam milhões em suas campanhas. Ao povo não interessa do que Marta gosta ou não. Interessa é se ela é competente para desempenhar a função de prefeita. Quando ela passa boa parte do seu tempo dizendo que gostou de ser prefeita e está honrada por isso, perde de vista o seu papel de líder e de administradora competente.
Se isso foi feito para reforçar uma humildade que Marta não aparenta, foi o remédio errado. Pelo contrário, o resultado é ainda mais personalista do que parece.
O pior é que os erros continuaram. O resto do programa de Marta foi dedicada a um de seus projetos, o CEU. Só ao CEU.
A curva de audiência de programas eleitorais pode ser resumida em uma parábola invertida. São muito assistidos no início do horário eleitoral gratuito, caem significativamente aí pela segunda, terceira semana e sobem novamente durante a reta final de uma campanha. Praticamente ninguém assiste a todos os programas.
Ao desperdiçar seu primeiro programa com um samba de uma nota só, Marta parece ter passado a idéia de que não tinha feito um governo eficiente, passando uma mensagem contraditória e reforçando o aspecto negativo daqueles pedidos de desculpas. Fazia parecer que só tinha aquele projeto para mostrar. É possível que o eleitor que só viu aquele programa tenha ficado sem noção do volume de obras de Marta. E tenha preferido Serra.
Não vi outros programas de Marta. Não sei como se desenrolaram. Não sei o que melhorou ou o que piorou. Mas se o resto da campanha foi parecido com esse primeiro programa, ele foi, com certeza, o primeiro passo de Marta Suplicy em direção à derrota.
(Pequeno update antes de publicar o texto: ouvi um dos novos jingles de Marta, “Viva Marta”. Não gostei. O jingle pede para o paulistano lembrar do tempo em que chegava cedo em casa, em que a cidade era tranqüila, em que nego chegava em casa e via a criançada brincando feliz na rua. O jingle deve estar se referindo ao final do século XIX. Certamente não foram os tempos de Marta como prefeita. “Minha velha São Paulo com nova atitude”? Marta não ficou tanto tempo à frente da Prefeitura para definir uam era, como o jingle pretende. Além disso, nenhum eleitor com QI acima de 15 vai creditar a qualquer candidato — Marta, Alckmin ou Kassab — a responsabilidade imediata pelo caos paulistano. Mas pode achar que Marta está tentando enganá-lo. Sei não, mas já começaram errado.)
Em 2006 votaram no Lula por causa do carisma do mesmo, seja lá o que isso signifique, e por causa do bolsa-esmola.
Na Marta não se tem nem um dos dois motivos para votar. É uma pessoa simplesmente desagradável, petulante e destemperada. Não há campanha, nem jingle, que resolva.
Bom, não moro em SP e tenho ódio mortal de tudo que se refere à política. Ainda tenho 17 anos e graças a Deus, ainda não voto. Só digo uma coisa: meus pais odeiam Marta Suplicy & Cia.
Besteirol da minha parte ou não, não importa. E não vou participar da palhaçada eleitoral desse ano. Só em 2010. Só espero que o atual prefeito da minha cidade poque pro raio que o parta. Ê bixo cretino, viu.
Santiago pra presidente do Brasil já! o/
As vezes você superestima demais o povo, outras subestima demais o povo….fiquei confusa. Mas acho que 90% do que falou serve somente para nós profissionais de marketing — principalmente vocês, voltados para política — a maioria não tem essa percepção…nem consciente, nem subconsciente e nem inconscientemente…
Eu sou PSDB, mas acho que o que a Marta fez para as crianças carentes foi bom. As peruas leva e trás, os CEUS — mesmo sabendo que só supriu 10% das necessidades de educação na cidade — tranquilizaram muitas mães que sabiam que seus filhos tinham como ir e voltar da escola, que lá eles viveriam e veriam outras coisas que não só a pobreza que estavam habituadas. Mesmo sendo PSDB eu digo que fiquei INDIGNADA com Serra quando tirou as peruas de circulação e encostou todas em pátios. Ninguém me disse, eu vi aquele monte de Van´s paradas, empoeiradas estragando estacionadas no pátio da sede da Agricultura e Abastecimento de São Paulo, pq nos demais pátios não tinha mais espaço. Eu não vi programa de ninguém ainda, não sei em quem vou votar, mas uma coisa eu garanto: se tivermos uma geração com pessoas com a nossa querida Carol, “com ódio mortal de política” não tem Cristo que ajude a melhorar esse país. Não tem programa político que resolva ajude Rafa…Carol, nada pessoal….
Bem, será que a Carol está errada, ou, seria a tal frase; “Vote certo!”. Mesmo assim indicar Santiago para presidente, como supostamente faz o coton rsrs boy, pelas palavras que este, escrevera, não é pensar muito diferente da Carol.
Concordo apenas, e simplesmente com o que disse Rafael Galvão, que espero não ter parentesco com o outro lá…Não há político nascido e “estudado” no país, que não traga, aliás um bom verbo quando se fala em política, no coração a vontade de ajudar a própria família… E assim sempre foi, e assim sempre será, e não adianta dizer, Raquel, que se fosse você seria diferente. Afinal, carente por carente, todos preferem ajudar àqueles que estão perto da gente. rs
Olá Pessoal, vou dar meu ponto de vista, serei radical e aí vocês me respondam: Tenho uma cidade com 1000 crianças de 07 a 13 anos, tenho um total de 300 vagas, ou seja, 700 delas estão fora da escola! Tenho também uma verba de 1000 reais para 4 anos, ou seja, 25 centavos para cada criança e vamos fazer o seguinte:
– Com essa verba dá para você fazer mais 100 vagas com (1 CEU, Transporte Escolar, Bolsa Estudante, Leite e Merenda de 1ª Linha, além de uniforme e material escolar).
– ou fazer 300 vagas com escolas menores (com 1 CEU reduzido, sem transporte escolar, sem bolsa estudo, com leite melhor que o anterior e merenda de 1ª linha, além de uniforme e material escolar e de quebra acabar com as escolas de lata)
– ou fazer o seguinte: 700 vagas em escolas comuns, sem bolsa, sem material, sem uniforme e sem transporte, ou seja, erradicar a falta de vagas.
Mas vem a minha pergunta!!! qual desses dá voto? será que as pessoas estão preocupadas com o bem estar de todos? ou olhando para seu próprio umbigo? será que não devemos encarar a política como uma empresa prestadora de serviço ao qual as vezes é necessário desfazer de coisas importantes para angariar votos? pessoal, devemos compreender que soluções existem e são possíveis, mas não é lucrativa e não funcionam em nosso pais, pois de FATO as pessoas gostam de assistencialismo, elas acham que o governo tem que dar condições dela ter filhos, dela ter casa própria, dela comer, dela passear, mas não compreendem que ela poderia é ajudar as pessoas a terem isso, ou seja, deixar de receber e aprender a contribuir e nem adianta falar de impostos, pois, enquanto o governo continuar a ser assistencialista, isto jamais acabará.
E, diga… o que Marta fez por SP? E melhor o que ela fez como ministra além do infeliz comentário que fez durante a crise aérea? Acredito que o que ela fez de bom foi somente para D. Marise, primeira dama, com nosso dinheiro tomado. A perua, fez outra perua exatamente igual a ela.
Voltando à questão política. Ela melhorou alguma coisa em SP? Se ela critica o que o atual prefeito fez e deixou de fazer, ela fez melhor? Nada vi de melhor ou nada vi do que ela fez e nada vejo do que propõe fazer. Então, melhor deixar o que já está para dar continuidade no projeto.
bom da marta nao tenho que falar nada de mal mas de lili marinho esta bruxa eterrivel ela chamou da parasita de roberto marinho acho que a parasita que esta vegetando na mansao cosme velho acho que ela
Pra quem diz que a Marta não fez nada: 08 corredores de ônibus, bilhete único, 21 CEUs, renda mínima, material e uniforme escolar para as crianças da rede pública, merenda decente nas escolas, trocou metade da frota de ônibus da cidade, construiu modernos terminais de ônibus, criou o programa bolsa trabalho…. Eh, talvez muitos desses que falaram mal dela e que afirmam que ela não fez nada não sejam moradores da periferia e não utilizem os serviços municipais. Talvez gostem de ver a cidade quese parando com os grandes congestionamentos… Ah, é claro, elas não andam de ônibus e vivem nos seus carros com ar condicionado ou mesmo que nunca tenham estudado em uma escola pública e que não conseguem enxergar o quando a educação piorou na rede municipal… Muita estupidez…