Alsace-Lorraine

É uma de minhas imagens mentais favoritas, e torço para que tenha sido verdadeira: sempre imaginei Hitler subindo a Champs-Élysées com olhar impassível mas o coração acelerado, desdenhando das expressões de choro e medo dos franceses que o viam desfilar. Eu o imagino descendo do carro no fim do bulevar, atravessando a Étoile pela rua, por cima, mãos para trás como sempre andava, e parando diante dessa placa. Primeiro olhou em volta e viu os nomes dos soldados, imaginando se no meio daqueles tantos sobrenomes alemães não havia o antepassado de algum conhecido seu, de um marechal talvez. Pensou em como tinha sido fácil chegar ali e como nada mais poderia impedir a realização plena do seu destino. Deu mais uma olhada em direção à Concorde e se permitiu um sorriso discreto; seu coração se encheu de alegria e gratidão, e então olhou para essa placa por longos segundos, e murmurou baixinho, tão baixinho que Albert Speer não pôde ouvir: “Vielen Dank, Französisch.”

 

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