Clube do Mickey

No final dos anos 70 a TV Tupi exibia o “Clube do Mickey”, às 6 da tarde dos dias de semana. Qualquer americano sabe o que é, mas não sei se ele já tinha sido exibido antes no Brasil. O programa passava desenhos animados entre outros quadros, e era apresentado por uma garotada bem interessante, os típicos all american kids.

Eu, na época, queria ter um daqueles chapéus dos mouseketeers e era apaixonado pela Mindy — que não era a mais bonita, mas era a mais jovem; imaginei que teria mais chances com ela. Eu era bem pragmático.

Em 1980 a Tupi acabou, o “Clube do Mickey” também e só ficaram as lembranças.

Em 1991, descobri que tudo aquilo de que gostava no “Clube do Mickey” — e na “Disneylândia” — datava da década de 50 (onde descobri isso? Num textinho sobre a indicação de Walt Disney ao Hall of Fame do New York Art Director’s Club; anuários de propaganda não servem apenas para publicitários preguiçosos chuparem suas idéias, são cultura também). E de tudo aquilo que li, deduzi que aquele era um programa de 1955.

Foi um choque grande, e uma das primeiras vezes em que senti em sua plenitude nociva os efeitos possíveis da passagem do tempo.

Quer dizer então que eu tinha me apaixonado por uma mulher que, àquela altura, já estava beirando os 40? Que aquelas mulheres provavelmente tinham filhos da minha idade? Fiquei imaginando o que elas seriam, naquele momento em que eu estava sonhava com o que elas tinham sido 20 anos antes. Imaginei como passaram pelos anos 60, o que não tinham tido que enfrentar naquele hiato de mais de 20 anos. Quantas tinham sobrevivido aos excessos dos anos 60, o excesso de drogas, os tantos amores mal-sucedidos, quantas se sujeitaram a tudo para subir em Hollywood, quantas tinham passado por divórcios traumáticos, quantas eram felizes e levavam vidas satisfatórias. Havia uma certa melancolia em tudo isso. Uma sensação de perda da inocência, um revolta contra o tempo que destruía algo que parecia — e de certa forma era, e tinha que ser — eterno.

Naquele momento, percebi que aquelas crianças e adolescentes que eu via não eram nada daquilo. Em 1979 tudo tinha mudado para elas; eu via apenas um reflexo com 25 anos de atraso, e isso era injusto comigo e talvez com elas. Acho que, no fundo, me senti ludibriado, como se tivessem me oferecido algo que não podiam me dar. Anos 50? Eles não tinham esse direito.

Bem, a verdade é que gastei imaginação à toa.

No final da década de 90, com a chegada da internet, descobri que estava enganado. Aquele “Clube do Mickey” que eu tinha assistido não era o original dos anos 50. Era um remake feito a partir de 1977, chamado The New Mickey Mouse Club. A Mindy, em 1979, tinha 11 anos. 3 anos de diferença era algo que ela podia aceitar. E eu nunca fui lá de ter preconceitos.

Às vésperas de completar 30 anos, eu estava feliz porque tinha voltado a ter uma chance com a Mindy.

16 thoughts on “Clube do Mickey

  1. KKKK…. eu era apaixonado pela Lisa…quando o programa acabou meu mundo caiu ..kkk. Tinha tudo que havia na epoca sobre o programa (alguem lembra da revista do clube do mickey?)

  2. Cara, finalmente achei alguem q tb era apaixonado por uma das musas do Clube…
    A minha paixão era a Lisa Whelchel. Pra vc ter ideia eu tinha na epoca 11 anos e estava decidido em ir aos EUA, a pé e de carona, só pra poder conhecer ela pessoalmente.
    Bom, como não tive coragem de ir até lá, me esqueci da paixão.
    Pois bem, depois de quase 29 anos me deu um remake do passado e lembrei dela novamente. Entrei na internet e descobri que ela tinha se tornado uma mulher com filho e tudo, cara, foi um choque, naquele momento parecia que eu estava morrendo, vi toda a minha vida passando num piscar de olhos e pensei: “porque não me arrisquei”. E pensei de novo “ainda bem”. Mas, tenho saudade do Clube de onde eu era socio de carteirinha e tudo. Good Times !!!!

  3. Putz! Desculpe a invasão, mas eu também era apaixonado pela Lisa! Tava procurando infos novas sobre o “Clube do Mickey” e encontrei o seu blog. É legal saber que eu não fui o único “nerd idiota”… huahuahua… grande abraço.

  4. Cara… Eu também era aluncinado pela Lisa (Ela é descendente de Cherowkee) Eu tenho uma foto dela atualmente… Uma mulher deslumbrante!!!

  5. Fabrício, vc não é mais um “Nerd Idiota”, eu era também apaixonado pela Lisa. Daniel, agora vc não precisa mais ir ao EUA para ver a Lisa. Ela é pastora de uma igreja pentecostar. Visite o seu site http://www.lisawhelchel.com. Josimar, eu lembro da revista, mas só comprei uma…

  6. É uma pena que ao entrar também nesse site para encontrar informações interessantes sobre esse Clube do Mickey que fez parte de minha infância, encontre comentários machistas, de mentes maldosas desde a infância. Não me importe se minha msg será apagada ou não. Pena que vocês não tenham visto outras coisas,através de olhos de crianças que deveriam ser inocentes, que não “sonhar” tão somente com as CRIANÇAS que apresentavam o programa, por mais que após anos tenham se transformados, naturalmente, em lindas mulheres, casadas, com filhos ou não.

  7. Como todos os caras aqui, vou confessar que também era apaixonado por uma delas, na época, a Kelly (Preston?), que era a escolha mais óbvia, e continua linda até hoje. Mas, olhando as poucas revista do CM que me sobraram, vejo que todas eram lindas, cada qual em seu próprio tipo. Terminando e pondo as garotas de lado(só um pouquinho), eu tenho uma saudade tremenda e de doer daquele programa, até participo de um yahoo news group americano, no qual várias pessoas, na maioria americanos, relembram-no com carinho.

  8. Caramba, eu também fui apaixonado pela lisa…kkk…achava que eu era o unico, pois todos meus amigos gostavam da Kelly.

  9. eu era apaixonado pela kelly( que se chamava na verdade coral) até derramei lágrimas no último episódio dessa fase. erá como se nunca mais fosse vê- la´. já sofria por garotas já nessa época . depois gostei de uma atriz num filme em preto e branco na sessão da tárde . acho que ela se chamava lori peters . erá sobre uma familia tendo o pai como centro . mo estilo papai sabe tudo papai pernilngo . já tentei descobrir o nome desse filme e dela pela internet más não consegui . sabia que havia muito tempo o filme , de 68 mais ou menos e ficava calculando quantos anos ela teria. ainda bem que o tempo nos faz esqueçer.

  10. é lauri petters descobri agora pouco pela internet , já tinha visto antes mas não acreditei que erá ela . tem a idade da minha mãe se fosse viva ( 1943). caramba olha só vejam as fotos dela jovem e verão que ela erá bonita de cabelo curto tem um video no youtube desse filme que falei há pouco . ela foi casada com jon voight .

    • Marcelo, dando uma olhada no iMDB fiquei pensando que o filme que você viu pode ser Mr. Hobbs Takes a Vacation, mas mais provavelmente — até por causa do ano, 1968 — é For Love of Ivy. Eu não vi nenhum desses dois.

  11. obrigado rafael o nome do filme não reparei vou ver de novo . vou ver pelo nome que você me deu .

  12. é mr. hobbs mesmo rafael . o filme está no youtube está á cores mas acho que vi em preto e branco na época, é de 1962 . valeu.

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