Falei daquele grande canalha, o Pessoa, e lembrei de um trecho de “Poema em Linha Reta”: “Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado para fora da possibilidade do soco”.
Há muitos anos eu ia sempre a uma cidadezinha do interior de Sergipe, Canindé do S. Francisco, onde fica a usina hidrelétrica de Xingó. Ia porque lá eu era rei: “o neto do dono da ‘rádia’ “. Não era neto, era amigo e discípulo, mas isso importava pouco.
E os forrós da região eram movimentados.
Só quem conhece a situação de ser forasteiro bonitinho e aparentemente poderoso em um cu de mundo pode saber o que isso significa. Você entra no salão e dá uma olhada. Você não se pergunta em quem vai dar em cima; você se pergunta quem vai comer, só isso. Não há dúvidas, só certezas. O único cuidado é saber se a felizarda está desacompanhada; do contrário você pode terminar a noite com uma peixeira delicadamente alojada em suas tripas.
Nesse dia fiz como sempre. Olhei em redor e escolhi. Um pouquinho de dança, um pouquinho de conversa, e lá fui eu embora.
Algumas horas depois voltei. De novo: uma olhada, uns passos de dança e uma saída providencial.
A noite estava tão boa que não custava nada tentar a sorte mais uma vez. E assim lá volta este pós-adolescente esfomeado. Já era dia claro e mais uma vez o ritual se repetia. Uma olhada e uns passos de dança.
Mas enquanto eu dançava e iniciava a litania de convencimento, um sujeito empurrou outro ao meu lado. O cabra foi ao chão. Quando levantou, uma peixeira brilhava em sua mão.
Foi tudo muito rápido. Olhei para a mulher que estava comigo e pensei: “Foda-se.” Larguei a moça nas mãos do acaso e saí correndo.
É. Sabe o Álvaro de Campos? Eu saco o cara.
Rafa… Por causa do trabalho do meu pai quase fui morar nesse lugar. Será que a gente se esbarraria por lá? Escuta: achei esse texto uma prosa poética. 😉
E o título… 🙂 🙂 🙂 🙂
cabra… num sabia que c era tão garanhão assim não. 😛
Heheheh! peixeira? Visse a morte de perto, hein?