Há um mistério em paleontologia que sempre me interessou: o que fez com que os neanderthais se extinguissem?
Várias teorias explicam seu fim, e elas aumentaram desde que se descobriu que eles não eram antepassados do homem, como se pensou no início, e sim que chegaram a coexistir na Europa durante algum tempo. Alguns achavam que o frio os tinha dizimado, outros que não sobreviveram ao isolamento genético. Alguns acham que houve cruzamentos com o homo sapiens, a maioria rejeita a hipótese.
A teoria que mais me agrada foi transcrita em ficção — sempre mais interessante que a realidade — por William Goldman (autor de “O Senhor das Moscas”), num livro chamado “Os Herdeiros”. Os neanderthais, tecnologicamente atrasados, teriam sido dizimados pelo homo sapiens. É um comportamento típico nosso, essa agressividade latente que nenhum lustro de civilização consegue destruir. Se um dia chegarmos a Andrômeda, chegaremos nos estapeando na nave espacial.
Essa teoria é a minha preferida porque seus elementos de tragédia épica não podem ser suplantados por nenhuma outra.
Há uma grandiosidade cruel na extinção de toda uma espécie semelhante, no ódio gerado pela mera diferença. Para que se tenha uma imagem aproximada do que isso significa seria necessário imaginar uma horda de homens embrutecidos pela ignorância e pelo preconceito, armados com paus, pedras e archotes, atacando um grupo de deficientes mentais.
Agora um grupo de 30 cientistas lança uma nova teoria: eles não conseguiram resistir aos invernos cada vez mais fortes da última era glacial, há cerca de 30 mil anos. A novidade é que o frio teria matado também a maior parte dos primeiros humanos europeus.
Em paleontologia a verdade é volátil, extremamente frágil. Um fragmento de osso, uma cárie no lugar errado ou os restos de uma fogueira milenar podem colocar de cabeça para baixo tudo o que temos por real. Essa nova teoria deve se tornar a dominante, porque quando a verdade é tão leviana o consenso assume seu papel.
O último vestígio de majestade da história dos neanderthais vai embora. Deixam de sucumbir em combate e morrem encolhidos de frio, impotentes e famintos, por não poderem compreender a idéia darwiniana de que o mais adaptado sobrevive.
Mais uma vez, a ciência mata um pouco da poesia que encontramos neste mundo e em sua grande pequena existência.
rafinha.. desde ontem me vejo obrigada a ler seu blog… nao sei se é um tipo de vício , ou porque eu ainda tenho fé de existe gente como vc na face da terra..que essas pessoas nao sao um mundo de letrinhas…e que talvez um dia a gente tenha soluçao… mas meu amado e idolatrado blogueiro… vc cometeu um erro crasso, não digno da sua sapientissima pessoa…mas como hj é segunda feira, creio ser motivo suficiente pra desculpar seu engano, uma vez que OS NEANDERTHAIS NÃO ESTÃO EXTINTOS!!!! como vc nao ve ue eles ficam inventando guerras e expulsando pobres mineiros de governador valadares de suas terras? mas em breve sua dúvida será dirimida: eles virão ao Brasil num super mega espetaculo tecno pop, com a britney spears de embaixatreca(embaixadora traveca), e tomarão a amazonia.Aí eu ganharei o nobel de arqueologia pela minha tese aqui exposta, mas ser[a tarde demais… estarei falando em ingles com aquele sotaque odioso do texas…
Eita Lu, vc por aqui?! Heheeheheh Adorei!!!
Luluzita piruliiiiita!!!!!! Rast: pq a galera não se contenta logo com Adão e Eva e prontis?
Não vamos deixar a poesia morrer não. Se os cientistas surgem com novas idéias e conceitos, a gente pega o falatório deles e transforma em arte, negando ou afirmando o que disseram. Afinal, poesia não tem compromisso nenhum com verdade mesmo… Aliás, a poesia é uma criaturinha muito esperta e sabe que “a verdade” não existe pra mente humana.
Ah… esse texto me deixou boquiaberta. A ciencia tira a poesia? Nao!! A ciencia acrescenta poesia, misterios e perguntas! Os neanderthais continuam belos, exatamente porque morreram de frio – ah, a forca dos fenomenos naturais sobre nosso fenotipo!
🙂
senhor das moscas eu vi em filme e achei muito bom, mesmo