Durante a copa de 98 um desses canais esportivos exibiu todos os jogos do Brasil na Copa de 70.
E há alguns anos pude rever alguns da Copa de 82 num canal educativo.
Pude então comparar as duas seleções. E, por incrível que pareça, eu prefiro a de 82.
Claro que foram épocas diferentes, em circunstâncias diferentes. Em 70 tínhamos Pelé e um grupo de talentos individuais — Tostão, Gérson, Rivelino, Jairzinho, Carlos Alberto — que nunca mais se repetiu, tão extraordinário que se sobrepunha a qualquer deficiência tática ou organizacional.
Mas em 82 nós tínhamos a seleção mais entrosada que eu já vi. E não faltavam jogadores legendários: Zico, Falcão, Leandro, Júnior. A forma como eles tocavam a bola, como se posicionavam no campo, era mais bonita que a de 70. Parecia uma máquina bem azeitada, funcionando perfeitamente. Tinha um entrosamento que jamais vi em nenhum outro lugar. Como diziam na época, eles jogavam por música.
Talvez seja injusto comparar as duas seleções, porque o futebol tinha mudado bastante. Mas comparo mesmo assim e, para mim, a seleção de Zico jogava mais bonito.
Aquele time estava em um momento especial da história. Era um momento de transição. Ela jogava rápido, quase tão rápido quanto hoje. Mas mantinha o mesmo carinho no trato da bola que se via na Copa de 70, que pode ser personificado na elegância com que Falcão conduzia a bola. Mesmo hoje, 22 anos depois, ainda é uma delícia ver aquele time jogar.
Mas a de 70 foi campeã e a de 82 não. Talvez o diferencial seja simples sorte. Na final de 70, Clodoaldo deu de bandeja o gol da Itália. O time conseguiu se recuperar. Em 82, Toninho Cerezzo entregou o ouro a Paolo Rossi e viemos para casa. Mas isso não tira seu brilho e sua beleza. Porque é impossível esquecer momentos como Sócrates abrindo as pernas e deixando a bola passar para que Éder a levantasse com o pé direito e soltasse, com o esquerdo, aquela bomba que Dasaev mal conseguiu ver entrar no gol da URSS.
Um bocado de gente prefere a de 82. Eu também (é claro) hehehe; Essa da levantada do pé no jogo com a união Soviética mostra mesmo como o Time inteiro funcionava junto como se fosse um corpo só. Nunca vou me esquecer. E por falar em música: “Dá-lhe, dá-lhe bola. Meu canarinho vai deixar a gaiola. Vai pra espanha de mala e viola. Vai dar olé à espanhola…”
Desse jogo que vc cita por último, me lembro do frango fenomenal que o Valdir Peres tomou, inaugurando o placar.
Ele era frangueiro (ou era só fama? Se bem que quem faz a fama …), mas tinha um estilo de pular na bola (e fazer milagres) que me punha doido. Eu queria ser o Valdir Peres (além do Speed Racer), mas eu tinha apenas oito ….
Realmente algo pra não se esquecer jamais, aquela Copa (a primeira que vi e entendi), e aquele time.