Um jornalista de Aracaju, homem entrado em seus 60 anos que escreve em um dos jornais mais influentes da cidade, fez um comentário ácido sobre uma campanha publicitária do Banco do Estado.
O redator responsável pela campanha, menino de 26 anos e cheio daquela agradável arrogância que faz da juventude o motor da transformação do mundo, não gostou. Mandou uma carta para o jornalista, com cópia para o jornal em que ele escreve sua coluna — que ocupa toda a página 5 da edição de domingo — e para o presidente do banco.
Se o comentário do jornalista foi agressivo e pesado, a carta-resposta era ainda mais. Chamou o jornalista de analfabeto, entre outras coisas, por não ter entendido a campanha (a propósito, a campanha é mesmo ruim). Provavelmente, ao colocá-la no correio o redator se sentiu com a alma lavada, certo de que tinha mostrado que com ele ninguém mexe impunemente.
Ontem, domingo, a carta foi publicada na coluna do tal jornalista, com uma “nota do redator”. E ficamos sabendo que o presidente do banco, assim que viu a carta, ligou para o jornalista dizendo que não concordava com o seu conteúdo e, pior, que concordava com o texto da crítica. Disse também que o rapaz não tem maturidade para atender a conta do banco.
Qualquer bola de cristal prevê tempos difíceis para o relacionamento entre a agência e seu cliente — ou ex-cliente.
Espero que o moço tenha pelo menos aprendido algumas lições de vida, muito úteis para qualquer publicitário:
1 – Nunca brigue com um jornalista.
2 – Nunca brigue com um jornalista que ocupa toda uma página em qualquer jornal.
3 – Nunca brigue com um jornalista que ocupa toda uma página em qualquer jornal, principalmente se for a página 5.
Conselho aos publicitários: quando algum jornalista importante criticar um trabalho seu, ouça calado, finja que não foi com você e vá chorar no ombro do seu cliente. Explique a ele novamente os objetivos e razões da campanha, e reze para não perder a conta. E depois escreva uma carta amigável para o jornalista, elogiando seu texto, agradeça a atenção, diga que suas críticas são bem vindas e explique novamente as razões da campanha.
o camarada sifu, hein? todo publicitário em começo de carreira deveria levar uma paulada dessas. para abaixar um pouco a crina, né? ;>)
A hipocrisia é necessária para salvar muita gente!!! hehehehe! Mas, enfim, o que se poderia esperar de um relacionamento entre BANQUEIRO e PUBLICITÁRIO? :c) Só faltava ter ADVOGADO, pra fazer a festa do jornalista.
Aliás, o jornalista que emite opiniões também precisa de arrogância, Rasti (em qualquer idade). Sem a arrogância, ele se torna um reles repórter – não um jornalista, propriamente dito.