Como faço o que faço e talvez inclusive o porquê

Durante muito tempo eu passava por blogs com uma expressão de desdém. Não me interessavam diários de adolescentes, porque já fui um e posso afirmar que não eram tempos tão maravilhosos assim.

Acabei escrevendo um porque percebi que podia escrever o que quisesse. Não precisava ser um diário. Podia ser qualquer coisa.

Desde o início, assumi um compromisso comigo mesmo: escreveria todo dia, não importava que não tivesse nada a dizer (como se pode ver, é o que mais acontece aqui). A princípio, a idéia era tirar da cabeça uma série de mini-temas que apenas ocupavam espaço; uma forma de desentulhar a imaginação e abrir espaço para coisas novas. Outros motivos eram escrever a palava “eu” quantas vezes quisesse, algo que raramente posso fazer, e simplesmente exercitar o texto, por exemplo escrevendo parágrafos mais longos do que costumo escrever.

Essa era a única razão, na verdade. Do contrário, não havia sentido em perder tanto tempo fazendo de graça o que normalmente cobro para fazer.

O blog nasceu, portanto, como algo extremamente pessoal. Um lugar onde eu poderia escrever “caralho”, se quisesse, onde poderia ser politicamente incorreto, onde poderia dar as opiniões mais esdrúxulas possíveis — em suma, um espaço onde eu pudesse escrever o que quisesse, como quisesse, sem me preocupar se determinada palavra estava correta e se o estilo era adequado.

As coisas não saíram exatamente como eu previa, claro. Como tudo na vida, blogs têm uma dialética própria. Alguns assuntos se recusaram a morrer sem lutar, outros surgiram do nada, quando em condições normais jamais sonhariam com isso. Acabei aceitando algo que no início via como defeito: este blog não conseguia ter uma unidade temática. Na verdade tinha, e por isso mudei o nome dele: de “Pensamentos Mal Passados” para “Rafael Galvão”.

No fim das contas, acho que acabei escrevendo uma versão torta de um diário.

6 thoughts on “Como faço o que faço e talvez inclusive o porquê

  1. o blog é uma GRANDE possibilidade de comunicação e o seu não é um diário. diário é aquele que fica: “ontem fui em tal lugar…”, “fiquei com o juninho…”, “minha cachorra passou mal…”. e você faz BEM mais que isso, rafão!

  2. Oi rafa! Bom o seu de diario nao tem nada meeesmo o meu tem muito…. mas é que eu nao consigo escrever sem ser pessoal entende? Sem que isso interfira em mim… muito pessoal… mas sei la cada um é de um jeito (e graças a Deus por isso) tentei mudar meu estilo mas nao consigo e assim desencanei…
    beijinhossssss

  3. Acho que o blog acaba adquirindo vida própria, ele tem público, fãs, críticos… No final, pensamentos que não passavam de fragmentos de idéias perdidos na nossa mente tomam forma, e são por vezes comentados. Acho engraçado ver idéias que eram bem minhas sendo expostas e discutidas. E certamente teu blog é muito mais que um diário… Talvez um livro interativo, quem sabe?

  4. Definição perfeita, tal como a correção do título mundial do Flamengo. Mas a concepção de um blog, em princípio, é essa mesmo. Sem mais constrangimentos!

    Grande abraço!

  5. eu gosto destas expressões…de tudo do Gore Vidal..e seu blog é bonzinho…
    mas o meu é mais legal
    rosiliteratura. blogspot
    abraços
    Rosi

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