Nos tempos em que escrevia em jornal, publiquei uma cronicazinha que falava sobre um monitor com tendências, digamos, meio heterodoxas. Era apenas ficção, e das fraquinhas. Por “fraquinhas” entenda-se “ruim demais”.
Mas o coordenador dos escoteiros de Sergipe resolveu escrever uma longa carta me cobrindo de elogios, do tipo que minha mãe não gosta, e exigiu publicação. Não me incomodou muito, porque eu já tinha passado por ofensas piores — a última tinha sido um vereador de Aracaju que subiu à tribuna da Câmara de Vereadores, brandindo o jornal, para dizer que “esse tal Rafael Galvão pode ser filho de um grande jornalista, mas é um moleque”. Era mesmo: eu tinha 19 anos.
(Alguns meses depois o vereador apareceu na minha casa, com uma garrafa de uísque no lugar de cachimbo da paz, me convidando para trabalhar com ele.)
Quanto ao coordenador dos pobres escoteiros — que me ensinou que a frase sobre os imbecis vestidos de menino é de Mussolini –, eu respondi sua carta, aproveitando para debochar do escotismo, e tudo ficou por isso mesmo. Se eu conseguir achar esse artigo publico aqui; a resposta, não a crônica que deu origem à confusão, porque dela eu tenho vergonha.
Um ano depois, acho, fiquei sabendo a razão daquela reação, que na época achei exagerada. Um sujeito tinha denunciado um monitor que gostava excessivamente de meninos. Por acaso na mesma época em que saiu a tal crônica. O diretor dos escoteiros, então, achou que o pequeno “escândalo” tinha vazado. E a sua postura era exatamente a mesma da Igreja Católica em casos semelhantes: abafar o caso e fingir que nada aconteceu.
Mas consciência pesada é uma coisa terrível. Fica gritando sua culpa, e aos seus ouvidos soa tão alto que você passa a achar que todos ouvem também.
A culpa é a mãe da paranóia.
Podemos deduzir então que a grande maioria dos políticos e afins,não tem consciência de nada!
Caso contrário,não conseguiriam deitar a cabeça no travesseiro e dormir!
oi, Rafa… vi seu texto no blog da Renata, adorei e resolvi te visitar. achei o máximo!! bjocas!!