Este cartaz francês para uma marca de absinto, do início do século passado, é de uma crueldade absurda.
É como se o artista, morando numa mansarda em Montparnasse, revoltado por finalmente perceber que seus quadros nunca venderão e que como ilustrador ele jamais chegará aos ombros de um Toulouse-Lautrec, tivesse decidido demonstrar todo o seu desprezo à burguesia na sua encomenda. E com que prazer ele deve ter conseguido convencer aquele comerciante abrutalhado de que essa peça era sensual e lhe traria lucros estupendos. Com o dinheiro no bolso, dirigindo-se à casa de ópio, ele deve ter se sentido reconfortado por sua pequena vingança.
O honrado e elegante senhor parece estar dizendo com o olhar coisas indizíveis à moça que bebe com circunspeção. Espera sua presa com uma calma antecipatória do prêmio. E traduz o lado obscuro da Belle Époque — ou talvez o mais brilhante deles.
Olá, como vc pode ter tanta certeza ???? rsrsrsr. Voltarei mais vezes.
Bela descrição.