Os picaretas sobrevivem

Sempre tive uma queda por aqueles filmes que mostravam impostores no high society europeu, como Paris ou Mônaco. Um sujeito aparecia do nada dizendo ser alguém importante e enrolava os ricos e famosos durante algum tempo.

Esses roteiros eram típicos dos primeiros 60 anos do século XX, época em que monarquias era derrubadas e em que a a aparência podia ser mais fluida do que hoje. O último filme desse tipo a fazer algum sucesso, que eu lembre, foi Three Rotten Scoundrels, com Michael Caine e Steve Martin.

Eu admirava aqueles malandros que se faziam passar por príncipes lituanos ou coisa assim. Mas achava que esse tipo de golpe pertencia ao passado. Não há mais tantas monarquias a serem combatidas e seus membros exilados. E hoje, mais do que sua palavra, o cartão de visitas da “nobreza” é o dinheiro — que pode ter origem obscura, mas tem que aparecer bastante, e ser dividido ao menos entre alguns.

Além de tudo, isso parecia possível em uma época em que as comunicações eram difíceis. Era mais fácil se dizer qualquer coisa, porque era difícil checar. Mas hoje não é difícil achar quaisquer referências a qualquer pessoa. Se você existe, fatalmente está na Internet, de alguma forma. E isso é ainda mais verdadeiro caso você seja alguém muito importante em algum lugar.

Mas esta americana que se fazia passar por uma princesa saudita em Nova York mostra que, se o mundo mudou, a credulidade das pessoas continua exatamente a mesma. Elas acreditam no que querem acreditar, normalmente porque acham que vão ter alguma vantagem nisso. Esse tipo de picareta sobrevive porque os defeitos e a vaidade dos seres humanos continuam os mesmos.

É reconfortante ver que, no fim das contas, o mundo não mudou tanto assim.

2 thoughts on “Os picaretas sobrevivem

  1. Falando de gente enrolona … Tu ja reparou pra seguinte no Maluf? Tem 120 processo e nunca foi condenado!
    CENTO E VINTE ….

    FALA SEEEEEEEEEERIO!

    Beijos

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