Tenho três grandes frustrações na vida.
Uma é não falar francês. Outra é não tocar piano. A terceira é não saber cantar.
Pelo menos em dois casos essa frustração é culpa da minha preguiça baianidade. Aprendi inglês sozinho e não demoraria um ano até entender francês o suficiente para ler Balzac no original. Mais difícil seria aprender a tocar piano, mas duvido que não conseguisse, e não acho que demorasse muito até estar tocando músicas dos Beatles ou Whole Lotta Shaking Goin’ On.
Agora, cantar é que são elas.
Não tem jeito. Não vou aprender nunca. Se me matriculasse num curso de canto talvez até conseguisse cantar um pouco afinado, mas jamais seria um cantor. E as melhoras que eu conseguiria certamente não compensariam o sofrimento que impingiria aos ouvidos da professora.
É aí que, para piorar as coisas, eu lembro de Billie Holiday.
Qualquer pessoa minimamente entendida em jazz vai lhe dizer que Ella Fitzgerald era melhor cantora, tecnicamente. Vai incluir na lista uma série de outras, como Sarah Vaughn, talvez até Peggy Lee. Mas esse sujeito, quando tocar no nome de Lady Day, vai jogar para o alto toda essa conversa de técnica e se desmanchar em declarações de amor.
(Se ele não fizer isso dê as costas e vá embora. Ele pode entender de música, mas não entende de jazz. Não entende de gente, também. Eu não duvidaria que ele saísse por aí molestando criancinhas, em obediência às vozes em sua cabeça. É uma pessoa má e doente que deveria ser internada, pelo bem da sociedade.)
Tenho uma tendência esquisita a admirar principalmente gente que faz o que quero fazer e não consigo. Admiro o baixo de Paul McCartney porque nunca tocaria como ele — mas no fundo de minha pretensão acho que conseguiria tocar como John Entwistle, e por isso não o acho essas coca-colas todas. Acho Hendrix o máximo porque ele reinventou a guitarra — e sei que com um pouco de esforço tocaria como George Harrison.
Mas o caso de Billie Holiday é ainda mais grave. Porque ela tem uma vozinha de nada. Porque não tem a técnica de Ella. Em tese, é mais fácil cantar como Billie do que como Ella.
Agora tente. Tente passar em sua voz o sofrimento que ela passa, mesclada ao mesmo tempo com uma doçura marinasilviana. Vai, tenta. Cante, com toda a verdade que você puder encontrar dentro de si mesmo, que “My man he don’t love me, he treats me oh so mean.”
Tenta. Eu espero. Eu tenho tempo.
Aahahahhaha, não faria essa maldade com você.
Oi!!! Acho que essa é a primeira ou segunda vez que venho aqui. Agradeço a visita que nos fizeste e volte sempre. Emy(www.doislados.blogger.com.br e http://www.rethinking.blogger.com.br).
eu queria que vc mim desse uma dica pra saber subir na ora que tiver cantando pq eu tenho uma banda i eu sou o beke!!!!!!!! eu agradeço se vc poder mim ajudar!!!!!!!!
Amigo, respeito sua admiração por Billie mas…
que jeito de cantar chatíssimo o dela!!!