¡No pasarán!

Uma das coisas que sempre admirei em Voltaire (cujo “Cândido” li aos 10 anos sem perceber que não estava lendo uma história infantil, o que explica o fato de até hoje não conseguir chegar perto dele) é que ele mentia.

Mentia todo o tempo, sem nenhuma vergonha. Principalmente para escapar de situações difíceis.

Estava conversando dia desses com um amigo sobre a tentativa de golpe de Estado na Espanha, em 1981. Eu lembrava vagamente disso, das imagens na TV. E ele, senhor de idade, apontou a diferença entre alguns deputados, que diante dos tiros se esconderam sob suas mesas, e outros que ficaram corajosamente em pé, grandes democratas que não estavam dispostos a se ajoelhar diante de um louco franquista. Homens valorosos, com um noção antiga e sólida de honra pessoal.

Aqueles eram homens que estava dispostos a morrer antes de serem humilhados ao aceitar a covardia daquele ato.

Eu acho isso bonito. Morro de inveja de tamanha hombridade. Admiro tanto que se estivesse lá faria questão de cumprimentá-los e carregá-los nos ombros, assim que me levantasse de baixo da mesa.

É por isso que gosto de Voltaire, e acho que compreendo seus motivos. Assim como ele, acho que valho muito mais que minhas convicções.

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