Desde a época do Napster, sempre dei preferência a músicas isoladas. Aproveitei para pegar todas aquelas músicas de que eu me lembrava mas que, nos bons tempos do vinil, não eram suficientes para que eu comprasse um disco inteiro.
Mas agora resolvi baixar alguns álbuns que nunca comprei porque, na primeira vez que os ouvi, achei que não valeriam a pena.
Alguns álbuns subiram no meu conceito, outros caíram bastante. O All Things Must Pass deixou de ser um disco cansativo para se tonar uma obra-prima. O Pet Sounds, coitado, caiu. É um bom disco, mas repetitivo. Brilhante, mas principalmente para outros músicos. Os Beach Boys, mesmo na fase mais genial de Brian Wilson, tinham um problema de excesso de homogeneidade.
Transformer, de Lou Reed, adquiriu uma força que não tinha. Eu gostava principalmente de Walk On The Wild Side e de Vicious; mas agora vejo que é um disco sólido, coeso, extremamente competente. Sempre achei interessante o jeito como Lou Reed constrói canções inteiras em torno de poucos acordes como D e G, e agora entendo um pouco da aura que o cerca.
Por outro lado, Velvet Underground & Nico foi lá para baixo. Nunca reconheci nele as maravilhas de que falam, mas agora pude ver o quanto ele é datado. É um bom disco, interessante, e é realmente vanguardista no modo como John Cale usa a microfonia e conceitos de música clássica para subverter a estrutura pop de Reed; mas é definitivamente anos 60. Não admira que tinha sido um fracasso quando foi lançado: num ano que viu o Sgt. Pepper’s e a estréia dos Doors, entre outros, as pessoas tinham o direito de exigir muito. Bem fez Brian Wilson, que quando viu o Sgt. Pepper’s pirou de vez e cancelou o Smile.
Aproveitei também para rever uma das melhores fases dos Stones, a que vai de Aftermath a Exile on Main Street.
De modo geral, continua a melhor fase dos velhotes. Daí em diante eles apenas desceriam a ladeira. Reforça a teoria de que a entrada de Mick Taylor — ou talvez mais acertadamente a saída de Brian Jones — mudou bastante o som da banda.
Beggar’s Banquet subiu bastante. Eu sempre gostei do disco, mas só agora pude ver o quanto o danado é bom. É sólido, forte, e a melhor recuperação possível depois da tragédia que foi o Their Satanic Majesties Request.
Mas nada, nada se compara ao Exile on Main Street.
Eu não gostei do disco da primeira vez que ouvi. Achei chato. Discordava absolutamente de quem dizia que aquele era o seu melhor disco, pódio que eu reservava para o Let it Bleed (que não teve alterações; continua um disco quase perfeito).
Deus do céu, como eu estava errado. Exile é absolutamente brilhante, e é certamente o disco mais consistente dos Stones. É de uma época em que eles não tinham mais os Beatles para macaquear; então definiram, de uma vez, o seu próprio som, cuja marca registrada são as guitarras de Keith Richard (com uma grande ajuda de Mick Taylor). São o equilíbrio perfeito entre sua primeira fase, aventurosa e errática, e a segunda, que se estenderia pelos 30 anos seguintes e vem sendo tediosa e repetitiva. É um disco brilhante, sem reparos a fazer.
Curioso como a gente muda em 15 anos.
Olá Rafael. Sempre fui muito ligado à MPB e, pecado, conheço pouco da música mundial dos 70 e 80. Comçei a escutar rock com bandas recentes e tô fazendo o caminho de volta, descobrindo muitas vezes músicas que estavam na minha memória e que eu não sabia de quem eram. Talvez aí eu tenha boas dicas. Abraços.
OUPA! Falou o nome de JESUS CRISTO eu tenho que comentar. Clapton is GOD, Reed is CHRIST! Transformer é ótimo e coeso, mas se vc procura um disco do Reed ÓTIMO E COESO vá atrás de BERLIN, NEW YORK e do sorturno MAGIC AND LOSS. BERLIN é tudão com cereja em cima. Quanto aos STONES, o melhor, undoubt, é Sticky Fingers. Mas Rafa… eu não consigo gostar de baixar música na internet. gosto mesmo é do disco com capinha e tudo… entro e baixo sempre música no epitonic.com. aí eu acho legal pois tem bastante coisa nova, é um site que antecipa tendências e talz.
Fiquei pensando aqui se daqui a 15 anos vou achar o Pet Sounds, que eu gosto e ouço tanto, um álbum repetitivo. Será? De qualquer forma, só me arrisco a dizer que gosto de alguma coisa depois da segunda audição. Tem muitas bandas que não gostei de primeira que aprendi a amar depois.
Por sinal, eu respondi o seu comentário no meu blog. Te chamei até de “porrento”, mas foi de brincadeira, tá? 😉 E fiquei com uma curiosidade: você chegou a ouvir o Olivia Tremor Control?