Ontem, quarta-feira, estava caminhando no centro da cidade quando ouvi uma voz me chamando:
— Ra-Ra-Rafael!!
Me viro e vejo João que não encontrava há tantos meses, um amigo de muitos anos, dos tempos de jornal e rádio, um sorriso grande mas meio assustado no rosto:
— Rafael, me disseram que você tinha morrido.
Parei, olhando para ele. Enquanto ria, lembrando da coincidência de ter postado algo sobre o assunto ontem mesmo, disse que ainda bem que não tinham me avisado.
— Eu chorei tanto quando me disseram. A gente rezou muito na Ação Solidária Santo Antônio por você. E agora eu te vejo e tomo um susto — mas pelo menos é um susto bom.
E mesmo assim eu ainda não sabia o que tinha acontecido. Agradecido pelo carinho, mas também com um certo pudor que me impedia de perguntar quem tinha sido o desgraçado a espalhar essa notícia, até onde sei muitíssimo exagerado.
— Como foi que eu morri?
Em um acidente de carro, foi a resposta. Aí entendi o que tinha acontecido. Ano passado, um rapaz chamado Rafael morreu em um acidente. Eu não o conhecia, mas conheço de vista o seu pai — e lembro de admirar a sua força e a capacidade de seguir em frente durante a campanha do ano passado. Lembrei também que alguém tinha aportado neste blog procurando mais informações sobre o assunto, e até fiz um post sobre isso antes de saber quem era ele e de, de forma muito indireta, nossos caminhos se cruzarem de maneira estranha. Não deram sobrenomes, e aí o João achou que o falecido era eu.
O que não nos mata nos torna mais fortes. Mas até agora eu não tenho certeza de que ainda estou vivo.
E eu, que fui assassinado a facadas!? Inda por cima por causa de mulher! Quando soube, procurei as cicatrizes, mas não achei nenhuma.
Nunca ninguém me matou. Será que alguém sentiria minha falta? 🙂
Depende: qual Bruno é você?
Eu já morri uma vez. Foi legal. Tem gosto de galinha.
Eu ainda não morri. Deve ser uma experiência muito excitante.
Para um morto voc~e realmente está muito bem Rafael, até escrever consegue. Quer dizer, dizer será que já temos outro Chico Xavier por aí?
Que bom que está vivinho da Silva.
Assim posso me aproveitar de você.
😉
Só ouvi um “Tu ainda existe!”.
Rafa, fique bem vivinho, viu?
Beijos, querido!
ainda bem que não apareceu o SURFISTA PRATEADO!
Você já leu “O Homem Duplicado”, de Saramago?
Esta coincidência me lembrou muito o livro.
eu ja morri me enforcaram dai euvisitei o ceu e o inferno nunca visitem la mas orrer é muito bom!!!
Já me mataram também. Graça foi ver a sensação de alívio na cara da pessoa que tinha recebido a notícia. Confesso que me senti bastante aliviado de não ter morrido. Quando era bem novinho e aborrescente achava a vida tediosa, cansativa, dolorosa… Hoje, Deus me livre… Tenho certeza de que o mundo teria perdido um cara muito legal, e muito sem pressa. Aliás, com essa crônica, dois.