On the catwalk

Rafael diz:
Mas eu vou começar a fazer um blog pra pegar mulher.

Rafael diz:
Vou começar a escrever uns textos leves, românticos.

Rafael diz:
Aí intercalo com qualquer bosta sobre literatura, pra parecer inteligente.

Inagaki diz:
Taí. Vc tem que fazer isso mesmo, um BLOGPRACUMÊMULÉ.

Rafael diz:
“Blog de um homem sensível, exigente e tranquilo, que só pensa em dar um mundo melhor pra seus filhos”.

Rafael diz:
Que tal isso?

Inagaki diz:
Pô cara, desse jeito EU vou querer dar pra você. 🙂

Rafael diz:
Ah, aí vai ter que entrar na fila.

Inagaki diz:
Gostesudo! 🙂

Rafael diz:
I’m too sexy for my shirt.

Linkania incestuosa

O Bruno. O Bruno é muito maneiro. E agora, de visual novo, tem-se a impressão de que saiu dos anos 70 direto para os anos 2000. O Viking virou o NeoViking. Só precisa aprender a ter bom gosto musical.

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O Smart, hein? Quem diria que debaixo daquela mente friamente analítica, ou analiticamente fria, sei lá, se esconde um saudoso amante de Grande Hotel. E então eu me pergunto que fim terão levado aquelas fotonovelas italianas. Deixaram de ser publicadas justamente quando avançavam em território novo e saboroso. Pena.

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Blog novo: Reflexões de um Homem-Ornitorrinco. Eu, que reclamava da não existência de outros blogs sergipanos, descobri dois de uma tacada só. Mas um deles mora em Sumpaulo.

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Blog novo: Plexo. O que me impressionou foi a qualidade dos seus poemas e dos seus contos. Pelo que vi até agora, um belíssimo blog. O Axel parece ser um sujeito interessante.

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E um belíssimo post da Simy, quase perdido em uma das mais completas apresentações de si mesmo que eu já vi.

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Também outro belo post do Jorge Pontual sobre os escândalos de Bush.

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O Cauê, o outro único blogueiro de Aracaju que eu conhecia, voltou a escrever no seu blog abandonado.

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E pensar que um único beijo transforma toda filosofia em pó. (Só podia ser coisa do Samurai do Amor.)

Cine Palace

Em janeiro fez 8 anos que o cine Palace, de Aracaju, fechou. Fechou sem alarde, exibindo como último filme o pouco notável “O Prazer de Matar”, filme espanhol de 1996 com Antonio Banderas e Victoria Abril.

O leilão dos bens do cinema aconteceu umas três semanas depois. No rol estavam incluídos algumas centenas de poltronas, um projetor, uma roleta, o balcão de doces que durante décadas funcionou perto da entrada (e que nos últimos anos estava ali apenas como um enfeite quase macabro, remanescente de uma época que passou). Eram apenas apenas lixo imprestável — as poltronas eram desconfortáveis, o projetor era sucata tecnológica e ninguém sabe para que poderia servir o balcão de doces.

Toda uma geração de aracajuanos deve ao cine Palace alguns bons momentos de suas vidas. Essa geração, que hoje conta entre 35 e 60 anos, viveu no Palace os primeiros namoros, gazeou ali aulas, foi tomada de paixão pelo cinema. Lá embaixo, bem perto da tela, ou na última fila do mezzanino, sempre o lugar mais indicado para namorar — essas pessoas certamente guardam boas lembranças daquele que, décadas atrás, foi o cinema mais luxuoso de Aracaju.

Os filmes exibidos no Palace, pelo menos durante o começo da década de 80, atrasavam meses em relação a São Paulo. Em alguns casos o atraso era ainda maior: “Em Algum Lugar do Passado” foi exibido em novembro de 1981 no Cine Tamoio, em Salvador; exatamente um ano depois ele entrava em cartaz no antigo Cine Vitória, que seria o primeiro cinema do centro da cidade a fechar.

Nos seus últimos anos o Palace conseguia uma média de público de 20, 30 pessoas ao dia. Seu fim foi anunciado quando chegaram os primeiros cinemas de shopping. O Palace era deficitário porque sua administração não soube lidar com a concorrência do videocassete e da força de distribuição dos novos cinemas da rede Severiano Ribeiro. Era difícil, mas qualquer empresário com mais visão de mercado saberia arranjar uma solução.

No começo da década de 90, quando o Palace passou a se tornar mero repetidor de filmes exibidos nos cinemas do Shopping Riomar, eu apontei uma solução: diminuir o cinema, criar novas atrações lá dentro — talvez uma espécie de pub, uma livraria, um espaço cultural, em suma — modernizá-lo e torná-lo ponto de encontro de um público mais adulto que não está muito disposto a assistir à matinê nos cinemas do shopping. Uma espécie de centro cultural, como tantos bares em São Paulo, mas ainda melhor. O modelo mais próximo é o do Odeon, no Rio; mas isso foi antes. Os filmes de Woody Allen, por exemplo, que nunca eram exibidos nos cinemas do shopping, poderiam ser exibidos lá. Era uma questão de definir um nicho de mercado e uma estratégia de convivência com a concorrência.

Ninguém jamais me convencerá de que eu estava errado: o sucesso do Cinema de Arte nos cinemas do antigo shopping Riomar, em que o crítico de cinema Ivan Valença aproveitava horários ingratos como as manhãs de sábado para exibir clássicos e filmes mais densos, me deixa com cada dia mais certeza disso.

A melhor idéia que a administração do Palace conseguiu ter foi dividir seus cinemas por públicos específicos e óbvios: o Rio Branco (então o cinema mais antigo do Brasil em funcionamento contínuo) como central de sacanagem, o Aracaju como ponto de filmes de ação e o Palace como um cinema mais sério para um segmento disposto a assistir reprises do que tinha sido exibido semanas antes pelos cinemas do shopping. Havia também o Plaza, morto há 10 anos para dar lugar a um templo da Igreja Universal, o mais legítimo “poeira” da cidade, com sessões duplas de filmes pornográficos e de artes marciais. Essa divisão de públicos, feita provavelmente por alguém que conseguiu ler dois capítulos inteiros de um livro de marketing, foi destruída pela popularização do videocassete.

Aracaju tem uma característica estranha: costuma queimar etapas no desenvolvimento, passar batido por fases que em cidades mais estruturadas são inevitáveis e que servem para preparar o mercado. O fim do Palace mostrou o que era o futuro e já é o presente dos cinemas em todo o mundo: apenas partes de shopping centers, mais chamarizes de público para lojas e lanchonetes ou parte de um “mix” do que marcos sólidos na vida de uma cidade.

Os cinemas dos centros das cidades têm uma dimensão que salas em shopping centers jamais poderão ter. Fazem parte da vida da cidade, são quase organismos vivos. São também empresas (e o grande mal da administração do Palace foi não ter conseguido enxergar esse clichê), mas, muito mais que isso, são instituições urbanas. E é por isso que o Palace, ao morrer quieto, sem barulho, sem ninguém para chorar o seu passamento, depois de uma agonia de mais de sete anos, pode ser comparado à perda de um órgão pouco necessário.

Para mim, especialmente, o fim do Palace doeu mais. Sempre preferi aquele cinema aos do shopping; nos seus últimos anos essa preferência era ainda maior. A tela era grande, a sensação de grandeza interna não podia ser igualada pelos cinemas de shopping. E como nos últimos anos ele estava às moscas, eu me sentia muito melhor lá; chegava, colocava as pernas nas poltronas da frente, não era obrigado a ouvir gritos de adolescentes histéricos e podia fumar enquanto via o filme.

Minha adolescência foi passada ali; nas épocas em que mais fui ao cinema, era ao Palace que eu ia. Eu gostava dali, me sentia bem vendo filmes, ainda que muito tempo depois deles serem exibidos pelo Shopping Riomar, com toda a tranqüilidade do mundo.

Mas há algo que talvez compense um pouco. O Cine Palace não virou estacionamento, como o Cine Aracaju, ou loja popular, como o Rio Branco. Virou um bingo. E de certa forma, continua fazendo a mesma coisa que fazia em seus tempos de glória: assim como as igrejas evangélicas, continua criando alguns minutos de sonhos e de catarse.

Auto de São Francisco

Talvez alguém possa me explicar a palhaçada que o bispo de Barras, Dom Luiz Cappio, está fazendo ao inventar uma greve de fome contra a transposição do São Francisco.

Segundo as informações disponíveis por aqui sua greve de fome é meio torta. Ele toma sucos (e más línguas dizem que deve encher o rabo de hóstia, caso em que se iguala à dieta básica de milhões de nordestinos famintos que também só comem farinha). Mas ainda assim é uma greve de fome.

Com isso o padre não está apenas fazendo uma palhaçada política, aproveitada por todos os inimigos da transposição e do governo federal. Está cometendo um pecado, e dos graves. Em algum lugar da Bíblia — nessas horas a Congregação Mariana de Astrólogos faz falta — Deus diz que ninguém pode dispor de sua vida. É exatamente isso o que o bispo está fazendo. É bem provável que em algum tempo receba ordens para encerrar a palhaçada, vindas de um superior, e sua greve acabe. Ninguém sabe.

Talvez o pior na atitude do padre seja o fato de denotar, principalmente, teimosia. Mesmo morando em um dos dois Estados diretamente afetados por qualquer coisa que atinja o baixo São Francisco, eu ainda não tenho certeza sobre a transposição. Há tantas opiniões conflitantes, tantas justificativas técnicas de ambos os lados, que tudo isso acaba virando um palco de debates — ou de teatro, no caso do bispo de Barra.

É quase certo que a transposição seja realmente necessária. O problema da obra é que há outras soluções intermediárias possíveis, a maioria mais barata. Como o uso das águas subterrrâneas em alguns lugares, como o Piauí, ou aproveitamento mais racional dos açudes cearenses — muitos deles sub-utilizados. Engenheiros hídricos dão dezenas de soluções, embora nenhuma seja definitiva. De qualquer forma, nenhuma dessas obras custaria mais do que a transposição. Mas nenhuma daria, tampouco, a visibilidade que a transposição dará a qualquer governo que a realize.

Essas soluções menores talvez fossem preferíveis diante de um fato simples: hoje o Velho Chico é um rio quase exaurido. Nenhum outro tem seus recursos tão utilizados em escala tão gigantesca — de hidrelétricas a projetos de irrigação. A região do baixo São Francisco está, já há alguns anos, assustada com a degradação do rio. Se ninguém nega que a transposição seria útil para os Estados do Nordeste que se empenham em sua realização, ninguém nega também que o rio precisa urgentemente de revitalização. Ele está morrendo, e é esse medo que motiva uma parte dos protestos contra a transposição.

(Mas grande parte desses protestos é política, como foram suas motivações. É bem provável que, ao anunciar o projeto, a única motivação de Fernando Henrique Cardoso fosse dividir a bancada do Nordeste, principalmente Antônio Carlos Magalhães, e não tivesse intenções reais de realizar a obra. Lula parece ter embarcado no projeto para atender compromissos com Ciro Gomes — e talvez empolgado diante da perspectiva de fazer uma obra estrutural de grandes proporções.)

É uma questão de ordem, principalmente: a revitalização deveria vir antes da transposição. Tirar água de um rio exaurido é temerário, ainda que o canal vá sair da represa de Sobradinho, o que em teoria oferece mais possibilidades de controle. Por isso já há algum tempo se fala em uma outra transposição: a do Tocantins, que se ligaria ao São Francisco e garantiria a transposição para o Ceará, além de resolver parte dos problemas que o S. Francisco já enfrenta. Essa poderia ser a solução mais importante, em um conjunto necessário. É uma obra cara, talvez mais cara que a transposição do São Francisco. E a água teria que ser subsidiada durante muito tempo.

Enquanto isso, em uma atitude de vigário de interior com delírios napoleônicos de grandeza, Dom Cappio continua seu auto. Mas o mais engraçado em tudo isso é que já tem religioso no Ceará, desde sempre o Estado mais interessado na transposição, ameaçando fazer greve de fome também — mas dessa vez a favor. E há poucas coisas que eu gostaria tanto de ver como um duelo desses.

Phillip Larkin

Annus Mirabilis

Sexual intercourse began
In nineteen sixty-three
(which was rather late for me) –
Between the end of the
Chatterley ban
And the Beatles’ first LP.

Up to then there’d only been
A sort of bargaining,
A wrangle for the ring,
A shame that started at sixteen
And spread to everything.

Then all at once the quarrel sank:
Everyone felt the same,
And every life became
A brilliant breaking of the bank,
A quite unlosable game.

So life was never better than
In nineteen sixty-three
(Though just too late for me) –
Between the end of the
Chatterley ban
And the Beatles’ first LP.

This Be The Verse

They fuck you up, your mum and dad.
They may not mean to, but they do.
They fill you with the faults they had
And add some extra, just for you.

But they were fucked up in their turn
By fools in old-style hats and coats,
Who half the time were soppy-stern
And half at one another’s throats.

Man hands on misery to man.
It deepens like a coastal shelf.
Get out as early as you can,
And don’t have any kids yourself.

High Windows

When I see a couple of kids
And guess he’s fucking her and she’s
Taking pills or wearing a diaphragm,
I know this is paradise

Everyone old has dreamed of all their lives–
Bonds and gestures pushed to one side
Like an outdated combine harvester,
And everyone young going down the long slide

To happiness, endlessly. I wonder if
Anyone looked at me, forty years back,
And thought,
That’ll be the life;
No God any more, or sweating in the dark

About hell and that, or having to hide
What you think of the priest. He
And his lot will all go down the long slide
Like free bloody birds. And immediately

Rather than words comes the thought of high windows:
The sun-comprehending glass,
And beyond it, the deep blue air, that shows
Nothing, and is nowhere, and is endless.

E pensar que desperdicei 34 anos da minha vida sem saber quem era Phillip Larkin. E que continuaria mais uns tantos, não fosse o Ina.

Philip Larkin

Por que vou votar a favor da comercialização de armas

O problema com o referendo sobre a comercialização de armas é a demagogia da iniciativa do governo e a desonestidade das justificativas a favor da proibição.

Os argumentos a favor da proibição são, em sua maioria, falsos e parciais. Disseram que vai diminuir a violência doméstica, por exemplo. Bobagem. Se um casal quer se matar, faz isso com facas ou, se necessário, com as mãos. Na verdade, a maioria dos casos de violência doméstica é de agressões físicas. É um clichê antigo, mas armas de fogo não matam ninguém; quem mata é quem atira. E se alguém quer matar outra pessoa, mata como pode. As pessoas já se matavam antes da invenção da pólvora e vão continuar se matando quando as armas forem extintas.

Quanto à violência urbana, aí só pode ser piada. É preciso lembrar que o verdadeiro problema do assaltante que carrega uma pistola não é o fato de ele ter uma arma — é ele estar com ela na rua. E não sei de nenhum bandido ou traficante (com exceção dos policiais) que tenha porte de arma ou, pelo menos, armas compradas legalmente. Dizer que boa parte das armas legais são desviadas para o crime é verdade, mas a conclusão a que ela leva é falsa. Imaginar que se não houver mais comércio legal no país os bandidos vão ficar menos armados é uma grande imbecilidade. É como achar que, porque a maconha é ilegal, as pessoas vão deixar de fumar.

É muito mais fácil comprar uma arma ilegalmente. Não apenas as permitidas, mas também armas que sempre foram de uso exclusivo militar. Quer comprar uma granada? Não é difícil. Uma pistola 9mm com o número de série limado? É mais barato que uma arma igual que você compre legalmente — ah, desculpe: você não pode comprar uma pistola 9mm legalmente.

É esse desconhecimento das leis de mercado que faz com que a alegação de que a proibição do comércio legal vai diminuir a criminalidade seja, na prática, uma bobagem.

O referendo também busca proteger de si mesmas pessoas comuns que, em um momento de desatino, matam outra — uma briga de trânsito, por exemplo. Tudo bem. Só não custa lembrar que provavelmente essa pessoa não tem porte de arma. Mas carrega uma mesmo assim. Para ela, em um comportamento razoavelmente semelhante aos dos bandidos, o fato de estar na ilegalidade não é um empecilho real. Se ela está disposta a carregar uma arma, vai carregar, pura e simplesmente. O mais provável é que aconteça o mesmo com a posse de armas em casa.

As pessoas andam armadas porque acham que assim estão mais protegidas. Muitas vezes estão erradas, e os argumentos em favor da proibição batem insistentemente nessa tecla.

Mas às vezes estão certas.

Para algumas pessoas, ter armas em casa é uma necessidade real. O discurso do “sim” é bonitinho para a classe média urbana empilhada em apartamentos, que não precisa e não deve ter armas; mas o Brasil é muito mais que isso. Quem mora em uma fazenda ou um sítio, por exemplo, não vai deixar de ter, independente das leis em vigor. Por uma questão cultural, por uma questão de segurança ainda que putativa; não importa e não adianta. Eu não deixaria, se tivesse uma.

Mesmo quem mora em casas na cidade acredita ter suas razões para manter uma arma, e age em função disso. Um amigo, dono de uma pistola registrada, já se conformou em deixar o seu registro caducar, porque não está disposto a pagar as taxas que passarão a ser cobradas (mais ou menos 300 reais por ano, 30% do que hoje se paga para ter porte, o que dá uma pistola nova a cada cinco anos) nem seguir as outras exigências que o projeto de lei faz, extremamente restritivas a quem pretende continuar com sua arma em casa. Também se conformou com a perspectiva de precisar recorrer ao mercado negro para comprar munição. O sujeito, que sempre andou dentro da lei, sabe que vai alimentar a criminalidade. Mas acredita que a sua segurança e de sua família é mais importante que isso.

Esse incentivo à ilegalidade é preocupante, e eu duvido que seja o único problema com essa proposta. O divórcio da realidade concreta não costuma levar leis a nenhum bom lugar, e talvez seja esse o principal problema prático do projeto. O comércio ilegal, aquele que faz parte do círculo vicioso do crime organizado e que já é relativamente forte, vai florescer ainda mais. Com o perdão do trocadilho absolutamente infame, parece ser um tiro que vai sair pela culatra.

Mas o que mais me incomoda nesse referendo é a demagogia embutida nele. Se a proibição passar, provavelmente vai contar como uma das iniciativas do governo em segurança. É piada. Prioridade, sempre, deveria ser desarmar os bandidos. Não há discussão sobre isso. E a maneira como os governos vêm lidando com o aumento crescente da violência é preocupante.

O volume de recursos e de esforços mobilizados nesse referendo seria mais bem utilizado em convênios com os governos estaduais. Deveria ser utilizado em policiamento preventivo. Em iniciativas de requalificação das polícias, e em ações efetivas de combate ao crime. É simples assim.

Há alguns anos um amigo meu, radialista, foi assassinado a mando de um prefeito. Ele nunca andou armado, o que talvez — talvez não — tenha facilitado a ação do pistoleiro que o matou. Por ironia aquele prefeito está hoje na cadeia, mas não por esse crime. Esse é um dos fatos que me dão a impressão de que estão colocando os carros adiante dos bois, e o que o desarmamento deveria começar pelo outro lado. Há aí uma inversão de prioridades, uma penalização desnecessária.

É por isso que eu vou votar pelo não à proibição do comércio de armas de fogo no Brasil.

As alegrias que o Google me dá (XXV)

o que significa o sinal de stop colocado no chão?
Significa que você deve seguir em frente. Por favor, faça isso.

o que inspirou agatha christie a escrever morte na mesopotamia
Eu não leio essa mulher nem com Vito Corleone me fazendo uma proposta irrecusável. Mas deve ter a ver com o marido dela ser arqueólogo, algo muito útil para a velha dama indigna à medida que os anos passavam.

desejo ver fotos de homens nus como vieram ao mundo
Seu pedido é uma ordem:

como eliminar fatores bons e ruins numa organização
É isso que ensinam nos cursos de administração hoje em dia. Olha, amigo: se você quer acabar tanto os fatores bons quanto os ruins faça o seguinte: acabe com a organização. Isso eu tenho certeza de que você sabe fazer.

conclusao de uma pessoa sobre o livro de capitaes de areia
Assim você mata a Cipy do coração. É “Capitães da Areia”.

madame inglesa puta e devassa vestida a rigor – fotos gratis
Se ela vai estar vestida a rigor na foto que você quer, muquirana, me diz uma coisa: como você vai saber que ela é puta e devassa? Há maneiras de identificar tão belas qualidades, é o que me dizem, mas confessa: você não entende tanto assim de mulher, não é? Por isso, no seu lugar eu me restringiria aos videozinhos pornôs, que ainda sairia ganhando.

fotos de putaria que aconteceu no mundo
Olha, amiguinho, vamos ter uma conversa séria. Esta série de posts depende menos de mim do que de você. É, é isso mesmo. Se você continuar me fazendo perguntas bobas como essa, como acha que vou poder fazer meu trabalho? Você acha que é fácil? Por favor, colabore um pouco.

o meu rabo ardendo
Já sei. Você seguiu o meu conselho para evitar uma gravidez indesejada. Boa garota.

quantidade de pessoa permitidas dentro de um onibus em salvador
Dez contra um que você não é baiano. Se for, é daqueles que vivem da Barra para lá. Vilas, talvez. Porque se fosse baiano, mesmo, daqueles que palmilham as pedras irregulares do Jogo do Lourenço ou da Roça do Galo, você saberia que esse limite não existe. Eu, por exemplo, já vi gente subindo pela janela de um ônibus no Terminal da Lapa, no carnaval de 1989. Uma velha gorda batia na cabeça de um rapaz que guardava um lugar no banco para a namorada. Se você tirasse o pé do chão, não acharia espaço novamente. Meu cunhado, aliás, não vai me perdoar nunca por isso. Um ingrato, o rapaz: eu dei a ele algumas das lembranças mais intensas que ele tem de qualquer carnaval, como aquele momento inesquecível em que, depois de horas caminhando debaixo de um sol miserável sem conseguir achar onde comprar água, implorávamos o pouco de ar frio que saía de um caixa eletrônico no Largo da Barra. E ele é incapaz de me agradecer por essas memórias indeléveis.

poemas quando você termina uma relação e ama ainda a pessoa
A cada hora que penso em ti
E minh’alma pouco a pouco se corrói
Só consigo lembrar que sofri
E que aquele pé na bunda inda dói

eu quero nome de games de barbie para mim jogar
Você devia, em vez de perder tempo com a anoréxica do cabeção, estudar um pouquinho mais.

demonio fodendo mulheres
O membro da Congregação Mariana de Astrólogos saiu da missa enlevado, tendo sentido a mão do Espírito Santo em sua vida. Mas um calor lhe subia pela virilha, um calor tão grande que abafou as santas palavras do padre, e diante do computador — com um belo wallpaper mostrando o Sagrado Coração de Jesus — ele digitou as palavras que materializavam a sua mais recôndita perversão. Veio parar aqui, coitado, onde ninguém come ninguém, e esse deve ter sido um castigo divino e me faz ter o orgulho de dizer que eu posso até ser herege, mas sou mais decente que esse aí.

o que fazer com a lingua durante o beijo
Tire e guarde no bolso, para não perder.

fotos putas da ponte grande
Acho que você digitou errado. Não é “puta do peito grande”, não?

frases para colocar atras de um carro socado com turbo
“Eu sou babaca e você não me pega.”

como eu posso explicar sobre aborto com minha filha de 9 anos?
“Minha filha, sabe os tantos mil reais que eu gasto com as mensalidades do seu colégio? O dinheiro do plano de saúde? Sabe as horas de sono que eu e sua mãe perdemos quando você era pequena? Sabe aqueles vestidinhos da Joana João caríssimos que você perde em seis meses porque não pára de crescer? Sabe a manha que você sempre faz no shopping center? Sabe a encheção de saco que é fazer você comer verdura? Pois é, minha filha, se a sua mãe tivesse feito a porra do aborto que eu pedi, eu não tinha passado por nada disso.”

casos de sexo anal entre os astecas
Questão pertinente e muito justa, meu amigo. Pelo que se sabe da cultura asteca, eles deram origem ao que hoje chamam mexicanos. Por isso fui pesquisar nos alfarrábios do grande historiador asteca Txlmaltec. E confirmei plenamente as minhas suspeitas: os astecas caíam no sexo anal para não ter que ver as carantonhas de seus parceiros. Sabe como é. Mexicanos.

doutor quero fotos de penis de garotos pois o do meu filho parece ser diferente
O doutor Rafael Galvão responde: “Minha senhora, depois de ver as fotos do seu filho, tudo o que posso dizer é que ele é um hermafrodita”. Espero que isso ajude e lhe tranqüilize.

como descobrir nome de motel na conta de cartão de crédito
Olha, eu não devia fazer isso. Mas se seu cônjuge é tão burro a ponto de pagar conta de motel com cartão de crédito, ele merece se ferrar. Eu sei que você, meu senhor ou minha senhora, não é uma pessoa ciumenta, está fazendo isso apenas por precaução. Sei também que a bela pessoa que mora ao seu lado e agüenta seus maus humores seria incapaz disso. Por isso, e só por isso, eu vou dar uma dica: é só procurar o nome. Normalmente é algo que não tem nada a ver com motel. Procure pelo nome mais insólito possível. Por exemplo, se você mora no Rio e vem no extrato algo como “Parque da Mônica”, desça o sarrafo que ele ou ela andou pulando a cerca.

papai noel anda de trenó ou de helicóptero
Que dúvida tão bonitinha. Eu quase tenho vergonha de dizer que você devia criar juízo e deixar de acreditar nessas besteiras.

putas goiânia
garotos programa goiania

Viu só? Depois dizem que é implicância minha, que eu tenho cisma com Goiânia. É nada. Eles que me perseguem.

redação se a vida lhe der um limao faça dele uma limonada
Se lhe der dois, faça uma caipirinha e beba para esquecer, porque ela anda lhe tratando muito mal.

titulo original jejum de amor
“Matando Cachorro a Psiu”, BRA, 1947, Tizuka Yamazaki. Com Zezé Macedo, Russo e Wilson Grey.

professoras que fodem com alunos
Virtualmente todas as minhas professoras tentaram fazer isso comigo. Você precisava ver as provas que me passavam, as vezes que me expulsaram de sala de aula, os desaforos que fui obrigado a ouvir. De onde você acha que vem o meu rancor contra as balzacas mal amadas?

juntos chegaremos lá fé no brasil
Eu tenho fé no Brasil. Eu não tenho é fé nos brasileiros. E vai afastando aí que eu não quero ser visto com você.

fica tranqüilo posso imaginar o quanto você deve estar cansado
Não, você não imagina. Você não sabe o que é correr mil frases em busca de algo que preste, você não sabe o que é se deparar com um bocado de gente pedindo sempre a mesma receita milagrosa pra aumentar a mixaria que mal balança entre suas pernas, não sabe o que é se bater com pedófilos e punheteiros e tarados que fariam Sade se assustar, você não sabe. Saia daqui. Agora.

historinhas com moral espirita
Zíbia e André Luiz se amavam. Amor puro, casto, amor desses que parecem ter sido conjurados pelos anjos, se anjos existem. Mas como toda história de amor tem que mostrar os percalços que os amantes enfrentam, como bem sabem Sabrina, Júlia e Bianca, necessário se faz dizer que André Luiz morreu. Desencarnou. Passou para um plano espiritual superior.

O sofrimento de Zíbia foi imenso e genuíno, como são os sofrimentos de quem ama. Zíbia de alegre ficou triste, seu viço esmaeceu, sua tez perdeu o brilho.

Foi quando vieram as vozes na sua cabeça. A princípio confusas, mas logo se fizeram mais nítidas, e de repente algo tomava conta de Zíbia e a fazia escrever coisas que ela sabia não serem suas, quando sua consciência voltava e ela lia o que havia escrito. Mas apenas quando André Luiz passou a lhe mandar notícias do além — essas coisas que todo amante diz, independente de onde esteja — Zíbia retomou sua alegria.

Com a alegria de volta a vida continuou para Zíbia, como sempre continua para os vivos.

Então Zíbia conheceu Chico, rapaz doce com problema de vista mas também com tão bons princípios quanto os que André tivera. Ela se apaixonou por Chico, e nisso não viu quebra de promessas e juras. Mas não pôde evitar a angústia diante das mensagens que continuava a receber de André, e tomou uma atitude drástica: decidiu ignorar as mensagens que psicografava. Entregaria tudo no centro espírita sem ler, porque não podia fazer mais nada, não queria sofrer por um amor que não mais podia retribuir, e o espírito de André Luiz precisava evoluir e superar o apego às coisas terrenas.

Naquela noite, quando chegava ao Bezerra de Menezes, um rabecão cujo motorista carregava coroas de flores para uma funerária com que o necrotério tinha um acordo atropelou Zíbia. Ela voou 5 metros, rolou mais 12 no chão: ao parar na sarjeta havia desencarnado.

E entre os papéis que voaram de suas mãos ensangüentadas estava um bilhete que dizia: “Zíbia, puta ingrata, nós vamos nos encontrar novamente, ainda hoje. André.”

Moral espírita da história:

Psicografou, não leu, o pau comeu.