As alegrias que o Google me dá (XXIX)

como faser o penes crecer?
Meu filho, é mais fácil aprender português. E nem isso você aprendeu ainda.

onde eu posso fazer perguntas para o galvao
Onde quiser. Mas eu não vou responder.

o trabalho realmente dignifica o homem
Você realmente acredita nisso? Não quer perguntar para os universitários? Meu filho, a verdade é que o trabalho só cansa. E cansa muito. Bom, meu caro, é a vadiagem.

porque plutao nao faz mas parte do cistema solar como planeta
Porque ficou puto quando resolveram subverter a ordem natural e greco-romana das coisas e batizaram um eventual décimo planeta com o nome de uma deusa de esquimós, como se esquimós prestassem para alguma coisa. Eu apóio a revolta de Plutão.

hermafrodita sabrina
Sabrina era hermafrodita? Eu não acredito. Não posso acreditar. Quer dizer que todos aqueles suspiros dados eram para uma hermafrodita? Agora só falta a Bianca e a Júlia serem também. E, meu amigo, se você vier me dizer que Momentos Íntimos também era hermafrotdita, aí o pau vai comer.

quero carro da pejo . e com fotos de sexo . para fazer meu trabalho de escola
Em que escola você estuda? A impressão que dá é que vocês aprendem sacanagem demais e estudam de menos lá.

homens famosos batendo punheta
Quem são esses idiotas? Por que fazem isso? Se são famosos, por que perdem tempo caindo na mão quando há, para eles, uma inifinidade de mulheres à disposição, seduzidas pelo maior afrodisíaco que existe, a fama e o sucesso? Eu jamais colocaria uma foto dessas aqui. É um desrespeito à fama.

onde fica cingapura
No cu do mundo (é, hoje eu acordei de mau humor).

o que os evangelicos falam sobre os filmes da disney?
Besteiras. Mas isso é só porque a Disney não paga o dízimo para eles.

como fazer gato
Primeiro: arranje uma gata. Mas gata daquelas de fechar quarteirão, de peitão, bundão, boca que inspira pecados. Aí vai depender de você. Se você for bonito, as probabilidades são de que consiga fazer um gato, ou uma gata. Se for feio, recomendo que no momento em que estiver fazendo o gato, reze. Reze muito. E não estou falando de aimeudeusaiminhanossasenhora. Falo de uma oração de verdade, pedindo que o resultado daquilo que você está fazendo saia com a cara da mãe.

danos psicologicos da inanição
São gravíssimos. O principal deles é que todas as reações psicológicas que um ser humano pode ter, depois de algum tempo de inanição prolongada, cessam. Dão a isso o nome estranho de “morte”.

para que serve uma resenha
Para que alunos preguiçosos e burros como você saiam catando algumas prontas em tudo quanto é site e blog da internet.

a pena de morte deve ser julgada
Talvez. Mas já imaginou se ela é condenada à morte?

como ganhar uma mulher
Ué, se inscreva numa rifa.

axilas femininas
Ah, as delícias do fetichismo. O Alex gosta de pés. Esse aí gosta de sovacos. Ele só esqueceu de falar de odores. Com ou sem desodorante? Suados ou limpinhos? Para passar a língua ou colocar outras coisas? Um fetiche, meu amigo, uma tara deve ser bem explicada. Taras são coisas sérias. Devem ser tratadas com respeito.

foto daquilo que cresce na vagina
Por favor, procure por “fotos de pênis”.

estupros em homens até crianças estão sujeita a isso quais a s consequêcias disso para a saude fisica e emocional e para sociedade
Nenhum homem, nem mesmo uma criança, está sujeito a estupros, se o senhor permite a mediocridade jurídica da minha afirmação. Homens não têm vagina. Homens no máximo sofrem atentado violento ao pudor, que é o nome bonito que dão a uma enrabada. E homem que é homem tem mais o que fazer além de fazer essas perguntas idiotas ao Google.

resumo do livro infantil mamãe você me ama
“E ela disse: não. Agora sai do meu pé que eu gosto mesmo é do seu irmão mais velho.”

pudibundo
Palavra linda, né? Pudibundo. A uma mente doentia como a minha, isso lembra duas palavras lindas, puta e bunda. Só não é mais bonita que pudica, que lembra uma puta baixinha, assim, quase uma puta anã. E com licença, que o meu psicólogo acabou de me ligar dizendo que tenho sérios problemas mentais.

fazendo sexo com guei
Isso você tem perguntar ao Biajoni.

meter aumenta o penis
Olha, aumentar, não aumenta, não. Mas que é bom, é.

simpatias para separar pai e mae
Eu juro. Faz uns três anos que eu dou uma olhada nas estatísticas para ver o que o Google me trouxe. E quando eu penso que já vi de tudo nessa vida, que nada mais vai me surpreender, aparece algo que consegue diminuir mais um pouco a minha fé na humanidade. E por isso eu vou resisitir à tentação de dizer que que não me resta mais nada para ver, agora que eu vi o primeiro macumbeiro edipiano de que tive notícia.

para que servem as banheiras dos moteis
Para você olhar, se for normal. E para você entrar, se não tem nojo ao imaginar o que milhares de pessoas fizeram ali antes de você, e os resíduos dos fluidos corporais que ainda circulam por ali.

deu o cu
E gostou?

o sente uma mulher dando a bunda
Como eu vou saber? Alguém poderia responder isso?

foto de mulheres transando com bichos sem pagar
É uma das coisas mais nojentas, mais asquerosas que eu já vi. Pessoas que fazem isso não merecem ser chamadas de humanas. Não têm mais decência. Não têm mais dignidade. Porra, sair sem pagar é sacanagem. E os bichinhos, como é que ficam?

rafael galvao
Eles continuam atrás de mim. E não dizem quem são. Eu tenho medo de becos escuros por causa deles.

a historia da boneca hellokitty o paquito com o diabo
Por que você, desconhecido, lembrou de história tão triste?

Histórias como essa deveriam ser relegadas ao passado de que não queremos lembrar. E quando as velhinhas botarem suas cadeiras na porta de casa em uma noite quente de verão, e alguma delas, a mais desavisada, lembrar da história, ela vai ser recebida com olhares alarmados e desconfiados de umas para as outras, e imediatamente alguém vai mudar de assunto.

O menino morava em Nova Iguaçu. Morava muito bem, não, mas o seu verdadeiro problema mesmo era ser alucinado pela Xuxa. Alucinado. Estudava à tarde para poder ver o Xou da Xuxa pelas manhãs. Fez a coitada da mãe levá-lo ao Projac umas três vezes — três, quatro horas de ônibus em cada vez. Comprava o que podia da Xuxa. Se não fosse o pai, apontador de jogo do bicho, teria deixado o cabelo crescer para usar aquelas maria-chiquinhas que chamava de “xuxinhas”. Usava sandálias Sabri e se despedia de todos dizendo “Beijinho, beijinho, tchau, tchau” — isso quando não dava a louca e, entre trejeitos amplos, teatrais, cantava: “Foi bom estar com você, brincar com você…”

O pai desconfiava, mas não falava nada. A mãe achava o seu filho um menino doce e sensível. E um dia, um belo dia de sol — que em Nova Iguaçu significa um dia quente como o inferno –, ele apareceu com aquela conversa de ser paquito.

Nesse dia a casa quase caiu. A mãe recolheu-se a um canto para chorar e acendeu uma vela para Santo Expedito, prometendo imprimir mil santinhos se sua graça fosse alcançada. O pai, quando chegou em casa e recebeu a alvíssara em meio aos muitos soluços da mãe, encheu-lhe os cornos de pancada, gritando que “Eu não vou criar filho viado!”; e deixando o coitado esticado no chão, arfante, saiu batendo a porta para tomar cachaça num bar da esquina. Teve que enxotar os vizinhos que se amontoavam do lado de fora da casa, esticando os pescoços para ouvir a gritaria.

A partir desse dia o menino — que se chamava Vanderglêison, nome de que seu pai tinha muito orgulho e que não queria ver conspurcado — se transformou. De alegre ficou triste, e não era licença poética copiada do Vinícius. Ficou triste, mesmo; sorumbático pelos cantos, macambúzio, sempre abraçado a uma boneca da Xuxa.

Deu para sumir de vez em quando, o menino. Saía de manhã e só voltava à noite. A mãe se preocupava, e não desistia de seu Santo Expedito; apenas passou a rezar também para Nossa Senhora Desatadora dos Nós, mas ainda não tinha tido que imprimir os seus santinhos, porque a graça nunca vinha. O pai não queria saber, fingia que o menino não existia. E embora não falasse nada, nunca conseguiu deixar de sentir uma pontada no coração quando alguém ia jogar no 24.

Um dia a notícia correu no bairro: o Vanderglêison estava na Xuxa. Foi um alvoroço. Todo mundo correu para a frente das televisões, achando que era mentira; mas todos eles o viram ali, entre a Sorvetão e a Pastel. E quando, nos créditos finais, apareceu o nome de Vandy — Marlene Mattos tinha achado Vanderglêison muito suburbano para o seu gosto — toda a Nova Iguaçu explodiu em um grande grito de orgulho e felicidade.

De viadinho humilhado por todos, da noite para o dia Vanderglêison se transformou, qual borboleta saindo de sua crisálida, na grande celebridade de Nova Iguaçu. Dia sim, dia também, o jornal de Nova Iguaçu publicava a sua foto na coluna social, Vanderglêison sexy em seu uniforme preto e dourado; e o colunista, que ia ao Rio de Janeiro três ou quatro vezes por ano, falava de sua grande amizade de 20 anos (embora Vanderglêison tivesse apenas 16) e insinuava intimidade com os mais escabrosos segredos e escândalos globais.

Vanderglêison, de viadinho da rua era o orgulho da cidade. Aqueles que antes olhavam debochados para eles lembravam que o tinham visto crescer. Todos queriam ser seu amigos, o melhor amigo, amigo de infância. E o Sidney lembrava que já tinha passado a mão na bunda dele.

E nem o gosto de ter dado o nome ao novo paquito da Xuxa o seu pai pôde ter. Agora o seu filho era Vandy, nome que ele não tinha dado, não era mais Vanderglêison. Talvez por isso se explique o seu descaso pelo sucesso do filho, só assim se explica o fato de ele se referir ao seu único herdeiro como “aquela xuxete”, com um desdém que buscava mascarar sua dor — não o de não falar mais com o filho, mas de ver o sangue do seu sangue com aqueles uniformes.

Foram dois anos assim, na loucura da fama instantânea. Se alguém falasse que Nova Iguaçu era o cu do mundo, sempre aparecia um morador para dizer que “e daí, foi aqui que o Vandy nasceu”. Depois dos primeiros meses o alvoroço acalmou um pouco, Vandy — agora ele seria para sempre Vandy, nunca mais Vanderglêison — já podia sair na rua sem precisar dar milhares de autógrafos; mas ainda assim continuou sendo o grande sucesso de Nova Iguaçu.

Até o dia em que a Hello Kitty entrou em sua vida.

Foi numa gincana da Xuxa, ao que parece. A função de Vandy era segurar e beliscar aquele bando de meninos chatos que, como ele há apenas uns poucos anos, queria ver de perto a rainha dos baixinhos. O prêmio ao vencedor era uma Hello Kitty e quando Vandy bateu os olhos nela, esqueceu de tudo.

Naquele exato momento, a Xuxa tinha perdido o amor de Vanderglêison Fonseca, Vandy para os fãs de Nova Iguaçu.

Foi um menino que ganhou o prêmio. Um pivete de seus oito anos, talvez nove, magrinho e com cara de fome como Vanderglêison tinha sido um dia. Vandy não se conformou. Aquela gatinha sem boca tinha que ser sua. Enquanto esperava o programa acabar, não tirava os olhos ameaçadores do garoto, que fazia cara de enfado para o prêmio. Então se aproximou do menino desolado com o brinquedo de viado que tinha ganho e perguntou se ele não queria trocar por dois pirulitos. O menino mandou Vandy fazer algo feio. Vandyu não se alterou: deu-lhe um tapão no pé do ouvido e tomou a Hello Kitty, sussurrando em seu ouvido: “Se contar pra alguém eu quebro a sua cara e te boto para dormir com a Marlene”.

Flutuando, Vandy levou a Hello Kitty para casa. Não dormiu aquela noite, acariciando a sua Hello Kitty. Anos depois, o psicanalista Moisés Bronstein diria que a paixão de Vandy pela Hello Kitty se devia ao fato de ela não ter boca e, conseqüentemente, não poder lhe chamar de “viadinho do seu Raimundo”; palavras que os outros não mais lhe diziam, agora que era o grande Vandy de Nova Iguaçu, mas das quais ele jamais esqueceria.

No dia seguinte Vandy não foi trabalhar. Ficou deitado languidamente na cama, conversando baixinho e rindo para a sua Hello Kitty. Não iria trabalhar também no outro dia, mas a Globo mandou uma van buscá-lo. Ele foi de má vontade, ainda agarrado à sua Hello Kitty.

Ao chegar no estúdio, Vandy colocou a Hello Kitty na cadeira que era reservada à Xuxa e foi gravar a sua participação. Por alguma razão, ele estava mudado. Não beliscava mais as meninas. Não dava murros nas costas dos meninos, não empurrava ninguém. Até deixou de passar a mão nas partes pudendas dos garotos mais crescidos — que, assim como o Vandeglêison de outros tempos, também tinham um jeitinho meio estranho e sonhavam em ser paquitos.

Mas então houve uma pausa, e a Xuxa precisou se sentar.

Foi até sua cadeira e viu a Hello Kitty sentada ali, muda — porque a Hello Kitty não tem boca. Pegou, olhou e jogou descuidadamente no chão, enquanto a Marlene Mattos vinha, solícita, com um copo d’água na mão.

Foi quando se ouviu um rugido vindo de onde estavam as crianças. Vandy estava transtornado. Correu para cima da Xuxa, atropelando dois câmeras, um contra-regra e pisoteando três crianças de cerca de 4 anos. Suas mãos crispadas iriam em direção ao pescoço da Xuxa atônita e imóvel. E ali a Xuxa morreria, se a Marlene Mattos não atravessasse o caminho e desse uma porrada nos cornos do Vandy.

Vandy foi parar do outro lado do estúdio. Revoltado, olhos injetados, babando, ele teve uma idéia tesloucada. Mordeu um dos fios dos refletores e incendiou o estúdio. Matou 17 crianças e o Dengue. E enquanto o fogo se alastrava rapidamente o Vandy se erguia em meio as labaredas, gargalhando uma gargalhada de Vincent Price em música de Michael Jackson.

O que se seguiu depois foi rápido. Vandy foi demitido, e só não foi preso porque ameaçou contar que tinha sido molestado sexualmente pelo diretor do programa. A notícia vazou para os jornais, apesar dos esforços da Globo em abafar o escândalo. Mas em Nova Iguaçu todos ficaram sabendo do que tinham acontecido, no mínimos detalhes, ainda que algumas vezes exagerados. Ninguém falou de outra coisa nas semanas que se seguiram. E todos diziam a mesma coisa: Vandy estava com o diabo no corpo. Tinha feito um pacto na encruzilhada em troca do sucesso absoluto, o Sidney tinha visto com os seus próprios olhos, ele podia jurar. Agora que Vandy tinha chegado ao topo, que era um paquito, Satanás vinha cobrar sua alma. E assim ele entrou para a triste história de Nova Iguaçu: como o Paquito com o diabo no corpo.

O tempo passou, como nunca deixa de passar. As pessoas esqueceram de Vandy. Trancado em casa, ignorando as rezas da mãe — que agora rezava também para Santa Edwiges, sabe-se lá por quê — Vandy não falava. Até que um belo dia ele desapareceu.

Seu pai fingiu que não sentiu sua falta, embora lembrasse dele toda vez que alguém apostava 10 reais no veado. E sua mãe passou a rezar também para São Longuinho.

Isso foi há quinze anos. Ninguém mais toca no nome de Vandy. As novas gerações não sabem quem foi o paquito do diabo. E talvez por isso a cada dia aumente a freqüência de uma certa cartomante que atende na rua Dom Walmor. Ela chegou lá há uns 5 anos. Veste rosa em vez de vermelho, tem uma boneca da Hello Kitty no lugar da pombagira. E atende pelo nome de Mãe Vanda de Omolu.

achei esse texto lindo
Jura? Fui eu que fiz.

14 thoughts on “As alegrias que o Google me dá (XXIX)

  1. hahahahahahahha! Adorei o macumbeiro edipiano, e essa da Hello Kitty e o paquito do diabo já é um classico infantil. Muito bom!

  2. Adoro posts sobre a alegria que o Google nos dá. Quanto ao Vandy fiquei imaginando como seria interessante se essa incrível história fosse verdadeira. Beijocas

  3. Rafael, só você mesmo pra criar uma estória como essa do Vandy! Acho que cada “alegria” merece uma estória dessas.

  4. Rsrs…primeiro macumbeiro edipiano foi o máximo! E a história de Vandy já consta ao lado da minha coleção de livros do preconceituoso Lobato, verdadeira coletânea infantil.

  5. Sorte que o Vandy não estava no Xou da Xuxa quando fui. Seria com certeza beliscado e tocado levemente naquele lugar. Ia odiar ainda mais aquela porra de lugar.

    Seria uma história a mais do mini-viking though. 🙂

  6. ri demais… mas gostei mesmo do tema “foto daquilo que cresce na vagina”…

    bjs… vc é mto inteligente!!!!!!!!!

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