Sobre a Veja e o Nassif

Os comentários no post sobre o Luís Nassif e a Veja são interessantes. Ainda mais porque os defensores da Veja partiram para o contra-ataque com uma raiva insuspeita.

Parecem esquecer que o post não é uma defesa do Luís Nassif. Ele provavelmente tem seus motivos para bater de frente com a Veja, assim como os fornecedores de dossiês da Veja têm os seus para bater no governo. O que importa, aqui, é a veracidade dos fatos e das conexões expostas por Nassif. Se a Veja publica um dossiê verdadeiro, com fatos checados, ela está fazendo jornalismo. Se o Nassif revelou fatos reais sobre a revista, ele também fez bom jornalismo. É o que importa. Se ele bate na mãe é problema dele.

Mas em nenhum momento — repito: nenhum — o Kbção, o Malavolta, a Livia Pulido, o Adriano ou quem quer que seja se debruçam sobre o que é realmente importante: os fatos. De maneira extremamente pobre, limitam-se a falar gracinhas, a desqualificar o Nassif e a jogar fumaça, tirando o foco do ponto central da discussão: as prática da Veja.

O Kbção, especificamente, se esmera em desviar do ponto central levantado pelo Nassif e partir para o aspecto político, enquanto as reportagens do Nassif lembram é que a Veja trata mesmo é de dinheiro. Por exemplo, fala que a cruzada anti-Veja começou quando Lula chegou ao poder. É mentira. A revista sempre teve uma orientação política clara, que se poderia identificar com o PSDB paulista, e eventualmente fazia bons acordos comerciais travestidos de jornalismo, como uma matéria enorme e famosa sobre alimentos geneticamente modificados, sem nenhuma fonte mas praticamente gritando “Monsanto!”. Mas com a saída do PSDB do poder começou um processo de radicalização que ultrapassou os limites da opinião política para descer à mentira e à chantagem. A lista de matérias feitas apenas para atacar o governo, ainda que sem provas ou testemunhas, cresce a cada dia. A Veja não pára.

Por exemplo, o Kbção fala que o Dirceu era “fanzoca da revista”. Ele com certeza é mais inteligente que isso. Deve saber que essas são relações que fazem parte do jogo político, e nada é de graça. E porque se os termos desse jogo não são elogiosos para o Dirceu, são ainda piores para a Veja.

Em vez de atacar o Nassif ou falar dos “petistas” que perseguem uma revista tão boa e respoeitável, gente como o Kbção e o Malavolta deveria tentar responder algumas perguntas simples:

  • Os fatos narrados pelo Nassif são verdadeiros?
  • Se não são, quais as evidências de sua falsidade?
  • Se são verdadeiros, isso é bom jornalismo?
  • Uma revista que faz esse tipo de coisa é uma boa revista?

Não respondem, não podem responder. Então partem para o contra-ataque, ignorando a mensagem e desqualificando o mensageiro.

Com isso tentam relevar o fato de que o que a Veja faz hoje é o mesmo que qualquer pasquim de interior faz. A diferença está na “catiguria”, para citar uma conhecida colega dos jornalistas da Veja: em vez de chantagear por anunciozinhos de 10, 20 mil reais, seu jogo está na casa dos milhões. São apenas escroques de alto coturno.

Essa é a revista que se apressam em defender.

A Alessandra definiu bem o papel da imprensa. Sua função não é pegar nos calcanhares de ninguém, como a Veja não pegou nos calcanhares do governo FHC. É informar, analisar e explicar. Pegar nos calcanhares é função da oposição, qualquer oposição; é uma função política. O Kbção, o Malavolta, o Cláudio gostam da Veja por isso, porque ela é um panfleto que se sujeita a ser ferramenta de luta política; por essa razão vale a pena ignorar o fato de ela também ser um instrumento de chantagem e de negócios escusos. E se se ignora isso, pode-se esquecer também que ela faz parte do jogo político e perdeu o direito de se auto-intular praticante de bom jornalismo.

27 thoughts on “Sobre a Veja e o Nassif

  1. Ô Rafa, vamos por partes. Repito, enfaticamente: a jihad anti-Veja começou sim na era Lula. Puxe pela memória, meu rapaz. Procure no gúgol. Se achar uma declaração, umazinha sequer, no tom que hoje fazem contra o semanário, dou o braço a torcer. Discordâncias políticas não vale, pois fazem parte do jogo. Citei o Zé Dirceu por ser ele a parte mais vistosa de um bando. Só isso. Tentarei expor por que o acho ingênuo em certos aspectos:

    “O Kbção, especificamente, se esmera em desviar do ponto central levantado pelo Nassif e partir para o aspecto político”

    Ingenuidade 1: meu caro, você vai querer me dizer que essa torrente de denúncias levantadas pelo Na$$ifra não tem nada a ver com a política? Ingenuidade…O Na$$ifra está sendo regiamente pago para defender o governo e para atacar quem o incomoda. Só não enxerga quem não quer.

    “A revista sempre teve uma orientação política clara, que se poderia identificar com o PSDB paulista…”

    Ingenuidade 2: de fato, me parece que a orientação política da revista coincide com a do tucanato paulista. Tanto que na grande mídia é a mais fiel defensora da poltica econômica do Lula, continuidade da de Boca de Suvaco. Que mal há nisso? Será que há alguma publicação isenta de orientação política? Politicamente imparcial? Duvido…

    “O Kbção, o Malavolta, o Cláudio gostam da Veja por isso, porque ela é um panfleto que se sujeita a ser ferramenta de luta política; por essa razão vale a pena ignorar o fato de ela também ser um instrumento de chantagem e de negócios escusos”

    Ingenuidade 3:a luta política vai além da política partidária, meu rapaz. Todo o jornalismo, da grande mídia aos blogs, são ferramentas nessa luta. A mim, pelo histórico de reportagens investigativas de Veja, não me parece que há venalidade. Erros há, claro. A revista tem uma orientação política? Por supuesto, inclusive, como já disse, é uma das mais ferrenhas defensoras da política macroeconômica do Lula, contrariando Na$$ifra, Minhocarta e até o Carola que tem um blog em seu portal.Quanto à chantagem e a negócios escusos, meu nobre novinho de taubaté, recomendo que pesquise quem é o rei do achaque e do calote, inclusive do seu, do meu, do nosso parco e suado cacau.

    Ingenuidade 4: outra crítica dura do Na$$ifra se refere à elevação do tom no debate político que seria obra do semanário. Ora, quem tem um pouco de percepção e isenção, sabe que essa elevação não é obra exclusiva da Veja. Êni fatores têm contribuído para que O DEBATE POLÍTICO COMO UM TODO tenha se radicalizado. Vossa senhoria como dono de blog deveria ter notado isso. De minha cabeçorra agora lembro-me de dois, que acho muito importantes: a chegada ao poder do petê e a forma como este o repetiu graves erros do passado , após anos e anos em que ganhou capital político apostando num maccarthismo de sinal invertido, numa caça às bruxas moralista. O outro foi o surgimento dos blogs, onde uma linguagem mais pessoal é empregada, envenenando (no bom sentido, é claro) o grande jornalismo. Claro que há vários outros. Um dos problemas da esquerda, sempre foi e sempre será a vitimização…

    Aos fatos, pois. O único fato relevante narrado pelo Na$$ifra diz respeito às notinhas do André Fischer. Quer saber? Não duvido que a revista, ou seus chefes, tenha ganho um bom troco, apesar do acusador não ter conseguido provar nada. Ter ficado apenas num campo um pouco acima do da especulação. Provas da falsidade da acusações? Poupe-me! O ônus da veracidade recai em você sabe quem. Estou à espera. Se ele provar por a + b que tudo é verdade, ainda assim isso não leva ao questionamento das matérias de cunho político, principalmente aquelas que martelam os pés de barro da idolatria petista. Você diz: “A lista de matérias feitas apenas para atacar o governo, ainda que sem provas ou testemunhas”. Eu digo: lista aí essas matérias, que eu vos digo que todas, repito: TODAS!, tem provas mais consistentes até mesmo do que essas acusações do chapa-branca.

    Por fim, uma palavrinha sobre o papel da imprensa. Olhem (você e a Alê), não preciso dizer que ficar nos calcanhares do governo, qualquer governo, pressupõe investigações sérias, comprometidas com a verdade, né? Continuo achando que essa é a tarefa mais importante da boa imprensa. E não só expondo as relações escusas deste, como também mostrando as falhas, dando sugestões, discutindo cenários. Não é a toa que é chamado de 4º poder, fiscalizador dos outros três. O resto, como diria o nobre Millôr, é armazém de secos e molhados…

    Abraços

  2. O que eu acho ótimo é o Malavolta dizendo que o que importa é que a veja publica a verdade, assim como a tal da Lívia.

    O que a Veja publica tá longe de ser verdade. Aquilo ali já virou folheto de literatura fantástica há anos. E a revista – e os leitores dela – são tão Macartistas que falar mal da veja é, necessáriamente, sinônimo de ser petista. Não gosta da veja? Petista. Simples assim.

    E ainda defendem a revista usando termos como “verdade”, entoando chavões como “doa a quem doer”. Oras. Se a veja publicasse a verdade “doela a quien doela”, publicaria os MEA CULPA referentes às matérias que faz que são desmascaradas como mentiras deslavadas e distorção de informações em prol de interesses privados.

    Se tem uma coisa da qual a Veja sequer passa perto é da verdade. Veja e Verdade só figurariam na mesma lista em caso de seleção alfabética de verbetes. De outro modo, sem chance.

  3. Perfeito! Mas a classe média conservadora nunca teve e nunca terá argumentos sólidos. Primeiro porque a ignorância ali é mato. E segundo porque o debate não é visto com bons olhos para quem sempre demonstrou apreço pelo autoritarismo, pelo deboche e pela desqualificação de quem não pensa como ela. Quer saber minha opinião, Rafael? Acho que tentar conversar com essa gente é acender vela pra pouco defunto. Nunca haverá diálogo.

  4. Em primeiro lugar, o Kbção transferiu o debate das negociatas e chantagem empresarial da Veja para o campo político. A série de reportagens do Nassif trata disso, e até agora passou bastante ao largo da questão política propriamente dita.

    O problema é quando o Kbção envereda pela torção dos fatos históricos, ao falar da tal jihad iniciada pelos “petistas” (ou seja, todos os que não são anti-Lula) contra a Veja, invertendo a ordem dos fatos. Porque durante o governo FHC a Veja não costumava partir para a mentira e para a campanha política descarada, do tipo que marqueteiros podem fazer. Ainda mantinha um aspecto de dignidade. Mas com Lula no poder ela simplesmente partiu para a mentira. Esse é o problema. Reclama-se aqui não da linha política da revista, que aliás se posicionou firmemente a favor de Collor, FHC e Serra nas eleições presidenciais. Reclama-se da distância que tomou dos princípios jornalísticos.

    A decadência de Veja começou bem antes do que o Kbção admite. A própria filosofia da revista mudou; se nos tempos do Elio Gaspari ela evitava ao máximo até mesmo matérias assinadas, no início dos anos 2000 mudou para uma “colunização” progressiva, que reflete a necessidade de uma voz mais ativa na luta política. Política, e não jornalística. O Diogo Mainardi, que em termos de achaque e virulência é pior que Joel Silveira (que pelo menos era um grande jornalista), é o maior exemplo disso.

    A tática de dizer “ah, mas o rei do achaque é fulano” é o que em linguagem militar se chama manobra diversionista. O Kbção certamente reclamaria com o seu jeitinho fofo se, ao falar do mensalão, a gente respondesse com “mas o FHC também fazia”. Não importa neste momento quem é o rei do achaque, seja lá quem for. Importa o que a Veja fez, é isso que está em discussão aqui e no blog do Nassif.

    E dizer que “não duvida que a revista ganhe uns trocos” é, digamos, risível. Seria como dizer que “não duvido que o Marcos Valério estava envolvido até o pescoço nos esquemas de desvio de dinheiro”. O Mario Sérgio Conti, em seu livro “Notícias do Planalto”, já contava algumas das negociatas que a Veja fazia — como a história de Íris Rezende, o “ministro das boas notícias”. O Conti deve ser um daqueles petistas históricos, egresso do Sindicato dos Metalúrgicos.

    Agora, inferir que a venalidade não contamina a política é provavelmente a maior piada que alguém já disse neste blog. Mas mesmo aceitando os termos da nossa Pollyanna, em que o foco se desvia da atividade “empresarial” da revista para o embate político, é preciso lembrar que a posição política da Veja tem levado a mentiras e matérias que contrariam todos os princípios do jornalismo. Como aquela maravilhosa, sobre os dólares de Cuba — que ninguém viu, que ninguém sabe, mas que a Veja publicou como verdade absoluta. E publicou porque não importa se vai ser desmentida depois; o estrago já está feito. Isso é uma tática de marketing, não de jornalismo; mas o Kbção parece achar que isso é legítimo.

    De resto, é a mesma coisa. Muita fumaça, pouco fogo. Defender o indefensável é difícil.

  5. Rafael, eu não defendi a Veja da maneira que você diz, com uma “raiva insuspeita”…

    Repito que a os defeitos da Veja são os mesmos de todas as revistas semanais, e da imprensa brasileira em geral.

    Mas a revista também tem qualidades — se são poucas, ou se já teve mais no passado, não muda o fato de que ainda as tem.

    E como não sou maniqueísta, ainda consigo ler a revista — mesmo, por exemplo, tapando o nariz para ler o Reinaldo Azevedo.

    Eu fico com o Millor: “Imprensa é oposição, o resto é armazém de secos e molhados.”

  6. Eu não faço gracinha como disse o Galvão, não defendi a Veja, podem ler meu post. Eu simplesmente apoio quem mostra a falta de ética, caráter e vergonha na cara, desse governo federal. Eu sempre detestei o governo passado, tanto que se o Sr. Fernando Henrique fosse a opção de hoje ao governo atual eu, sem dúvida, fico com o atual. Esse não vale nada, mas não também, não esperava nada mesmo. O anterior era a maior esperança dessa republica das bananas; foi um inútil e ajudou a eleger esse incompetente descarado. Ou seja; o governo passado é o culpado da atual situação do país em toda sua tragédia. Eu somente apoio a Veja em sua cruzada anti-governo, na esperança que denunciando toda bandalheira dessa gentalha eles não sobrevivam para se perpetuar no poder. A propósito, ao contrario do que falam alguns, a Veja denunciou o Fernando Henrique e o Collor, tanto que esse aí deu o que deu, mas mesmos esses, não chegaram pés em gravidade nas falcatruas aos mandatários atuais. Dito isso só faço uma pergunta aos que “aí estão atravancando meu caminho”: (eu sei que parafrasear Mario Quintana é coisa de nego meio estranho) se a Veja ataca um governo, que não tem defesa porque tudo é verdade, as provas estão na televisão todo dia –Record, Bandeirantes, SBT, Globo – , nos jornais – Folha, Estadão, o Globo, e todas as outras emissoras de rádio, internet, etc., qual seria o interesse em não querer que seja divulgado? O que ganham com isso. Os eleitores devem saber tudo, profissional e pessoal, de todos os políticos para que fiquem na linha, ou o mais perto dela possível. Estão do lado do inimigo? Leiam Platão e vão saber que democracia não é para vira-latas, mas para as melhores mentes de um povo.
    Acordem crianças! Chega de pernósticos, nesse caso, pernósticos valendo para Fernandos, ou Moluscos.

  7. Kbeção, você é contraditório ao defender a Veja. Ora, uma revista como esta, com a tiragem que tem, que atua tão somente com “táticas de marketing, não de jornalismo” como bem disse o Rafael, e que esta “tática” é quem pauta suas matérias, então me diga, por favor (que eu sou bobinha): como é que uma publicação com estas características pode ser confiável ao “denunciar” algo ou alguém? O importante nessa história é exatamente levantar a poeira (muito suja) que rola, também, por baixo dos panos do chamado 4º poder.

  8. cara .. a gente vive em conto de fadas né
    vai lá governar vai … depois volta aqui é me diz se a “falta de ética, caráter e vergonha na cara, desse governo federal” valerá também para você, ou se você (quem quer que seja) é melhor, em termos adminstrativos, que esses que aí estão, fazendo algo, realmente, pelo país
    vá ser vendedor ou comprador de qualquer empresa privada, e depois volta aqui e me diz como é o joga tá?
    quem dirá em termos de se adminstrar o Brasil … ah, me poupe!
    Há um jogo, quem ignora? Jogá-lo da melhor maneira possível e trazer a taça pra casa é que são elas
    Quanto ao que a Veja faz eu relamente pouco posso dizer. Outros também fazem? É certo. Com o mesmo apetite granêro? Não sei … há que se defeder sua saúde financeira, e sei lá como é a cada um dos semanários ou diários deste pais, e suas respectivas emissoras/editoras.
    De resto, bem certo é que somente agora, depois de muito modorra, o país respira .. e se tudo correr bem, assim continuará ….
    Com ou sem a Veja.

  9. Para Alexandre Pinheiro:

    Com é que é? Para jogar o jogo tem que ser desonesto? Isso é não viver na ilha da fantasia? Então estamos bem arrumados.

  10. Alexandre Pinheiro:

    Me esqueci. Como aconselhei no meu post, leia Platão e veja se você está certo.

  11. Proponho, para “to level the playing field”, que você, Rafael, comece a publicar “O Príncipe” aqui no seu blog, em fascículos, antes de começar a jogar sério com o udenismo.

    Ou para eles aprenderem, ou para reconhecerem o jogo que estão jogando…

  12. Será que é, de fato, tão difícil entender que a Veja se tornou numa revista pior, menos jornalística, mais capitalista (por mais que não queira nunca que essa palavra seja pejorativa, é quase inerente à mesma ter uma conotação assim) e, portanto, de menor valor?

    Parto do princípio que seria muito difícil o Nassif vir com tanta coisa inventada de sacanagem. Não faria o menor sentido jogar tanta merda no ventilador se não houvesse fundamento para tanto.

    No mais, é realmente tão fácil assim acreditar que, pra se governar, ser corrupto, anti-ético e francamente escroto é necessário para que a máquina rode? Pqp… incrível isso.

    O dia que de verdade acreditarmos, todos, que a moral é e sempre será amoral, pra que aguentar o sofrimento?

    Dependendo da cabeça que estiver o lendo, ‘O Príncipe’ é um perigo.

  13. A velha confusão entre discurso e autor que pretexta as cortinas de fumaça.

    Como se alguma qualidade atribuída ao autor pudesse minar as verdades inscritas no seu texto. É sempre por esses atalhos, a margem do diálogo, que atua o séquito da Veja.

    Octávio Frias Filho explica a saída de Nassif da Folha numa declaração publicada no próprio blog do jornalista. Clique aqui. Mas é óbvio que isso não será suficiente para quem não se atém à lógica, mas às estratégias retóricas (muito deselegantes e puídas, diga-se de passagem, pois há que se reconhecer os que desenvolvem a retórica com graça e brilho)

  14. Pela enésima vez: todo esse imbróglio tem um pano de fundo político inegável. Basta dizer que o acusador faz parte de um portal de internet que, depois da chegada do Caio Tulio Costa, tornou-se linha auxiliar do governo e é, em boa parte, financiado com o leite de pata dos fundos de pensão estatais, dominados pelo braço sindical do PT. A Veja, na grande mídia, é o órgão que bate mais pesado no governo. Então?

    Como já disse, fujão, traga aqui um depoimento na era pré-Lula, contendo acusações nos moldes em que são feitas agora. Pode ser de político do petê ou da ishquerda em geral. Vamos lá, rapaz. Pode usar o gúgol e o caralhaquatro… Mostrou, eu me rendo. O desafio continua. O negócio ainda tá de pé, só esperando uma posição sua… Outra coisa, não sei porque a birra contra a colunização. Vejo com bons olhos, em se tratando de jornalismo político, a proliferação do colunismo na grande mídia, uma vez que, nessa área, a imparcialidade é uma quimera. Repito: ter orientação política não significa fazer mau jornalismo. Não há antítese alguma em opinar e respeitar os tais princípios jornalísticos. Primeira mentira: a revista não “se posicionou firmemente” a favor do cheiradão das Alagoas (com base em que escreves uma asneira dessas?). Já o velado apoio que deu aos tucanos coloco na conta das afinidades ideológicas, mesmo assim a revista publicou diversas matérias que desagradaram a tucanada, como os grampos do mendonção (atingindo o então governo em uma de suas maiores peças publicitárias: a privatização da telefonia) e a estranha (euifemisticamente, claro!) história da compra de votos da reeleição.

    A tal decadência a que se refere é um tanto relativa, não? O que é decadência pra você, não o é para os leitores da revista, uma das mais vendidas no mundo. Não li o livro do Mário Sérgio Conti, tampouco nego as relações incestuosas da imprensa, TODA IMPRENSA, com o poder e a luta partidária, mas creio que lá não tem nada parecido nem remotamente com as acusações que hoje são feitas ao semanário. Tem mais, diversionismo é usar dois pesos e duas medidas, afetando superioridade, para esconder o que de fato eu quis dizer: todas as acusações feitas pelo Na$$ifra contra a Veja podem ser feitas contra ele também. O que achas de um jornalista que publica em sua coluna de jornal um release de empresa, mantendo até os erros de ortografia? Lembro-me bem de um comentário seu criticando a mim e a outros comentaristas dizendo “desqualificam o mensageiro sem atentar para a mensagem”. O que fazem Na$$ifra, PHA e toda a caixa de ressonância da estapafúrdia teroria do mídia golpista contra o governo operário, entre os quais incluo vossa senhoria? A mesmíssima coisa. Tentando fazer cortina de fumaça para encobrir as merdas do atual governo, partem para desqualificar o veículo que mais o tem incomodado. Tem mais, gosto dos estilos do Mainardi e do Joel, apesar de, ideologicamente, discordar do último.

    Onde foi que eu disse que a venalidade não contamina a política? Esqueceu a hora do gardenal, filho? Ou exagerou na dose do Campari? Mostre-me, por favor. Outra coisinha: bota na roda a série de matérias supostamente mentirosas, que a gente discute se estás certo. Quando vem à tona essa conversa, a história dos dólares cubanos sempre é lembrada. Mente você, por ignorância, má-fé ou adesismo acéfalo, quando diz que a reportagem reputou a história como verdadeira. Vá buscar no arquivo e leia novamente, meu caro. Se é que algum dia já leu…Engraçado, das razoáveis críticas que ouvi sobre a matéria, pelo menos de pessoas que de fato a leram, a mais recorrente é, ao contrário do que você diz, aquela que aponta justamente o caráter etéreo dela, o de deixar suspeitas no ar e de ser um tanto inconclusiva. Mestre da tergiversação, conjecturemos: Rafa Galvão, guitarrista fã dos beatles é também jornalista do Diário Soteropolitano. Em meio a uma conversa informal no dia-a-dia da cobertura política local, ouve de um correligionário de ACM que o falecido uma vez lhe contou que, nas eleições de 1998, chegou à Baía de Todos os Santos um barco cheio de imagens de Iemanjá ocas, contendo dólares da Cia, que, apavorada com a possibilidade de ser eleito um metalúrgico pertencente a um partido de histórico socialista, resolveu dar uma forcinha monetária à campanha do Sociólogo Boca de Suvaco. Inclusive Toinho Malvadeza, à época, fazia parte da base aliada do governo tucano. Tinha à mão um depoimento do capitão do barco, confirmando toda a história da viagem, assim como do estranho carregamento de estátuas. O que faria então o repórter? Publicaria a matéria, revelando as estranhas coincidências, ou deixaria pra lá? O que o repórter de Veja tinha nas mãos era fato jornalístico sim.

    Parodiando-vos, digo: de resto, seu comentário é fraco igual a choque de lanterna. Oco. Tergiversador. Muito calor, pouca luz.

    Alê: talvez inadvertidamente, a senhora não percebna que está descumprindo o mandamento do dono do blog. Aquele da mensagem e mensageiro, sacô?

    Bruno: chamar uma revista de capitalista é xingamento? Poupe-me…

    O outro: convido vossa senhoria, que é fraquinho em ciência política, a discutir não só O Príncipe, mas todas a obra do Maquiavel, tomando umas brahminhas virtuais em algum baixo gávea internético. É só dizer a hora, tá? Mas antes o senmhor poderia me definir, sucintamente, UDENISMO?

  15. Em primeiro lugar cabe uma explicação:
    Post é o que o blogueiro escreve e publica, comentário é o nome que se dá à participação escrita que o leitor faz, depois da leitura é claro.
    É incrível como as ações rotineiras podem comprometer o raciocínio. Ler comentários, nos quais admitam, mesmo sabendo que um jornalista escreva merda, taparem o nariz e enfiarem as mãozinhas na coisa é o fim da picada.
    Fico me perguntando que proveito uma pessoa extrairia do excremento. Já que este, é em sua essência desprovido de qualquer valor nutritivo. Ainda hei de ler algo sobre coprofagia.
    O mais curioso sobre a rrivista , que pratica uma espécie de delação premiada, é o fato de quase todos seus leitores afirmarem que ela não faz nada diferente de outras publicações e mesmo diante dessa constatação plausível, dão fé únicamente a tal publicação. A tal ponto de torna-la uma vítima.
    Mais; porque reclamar as provas de acusação, coisa que é justa, já que a própria arrivista dos combativos leitores, não preza este valor?
    O termo “pés de barro da idolatria petista’ diz muito, mas muito mesmo, sobre o tipo das pessoas com a quais se debate. Estes, provalvelmente, já provaram daquele boimate de consistente e irrefutável existência. E quem não comeu, já viu, é chapa branca. Comeu algum tomate vermelho e seco comprado num armazém de secos e molhados qualquer.

  16. Ô Kbção, o desafio continua? Uai, você comenta um post falando das denúncias sobre a Veja, não mostra que o Nassif está mentindo, não faz nada mais que questionar a idoneidade dele, aí contra-ataca com essa conversa, e é para eu cair nessa? Ah, por favor.

    Hoje mesmo o Nassif (imagino que você esteja acompanhando a série de matérias dele) falou sobre a maneira como a Veja lidou com dossiê plantado por Dantas. Sabia que era falso. Mas jogou a lama. É esse o problema da Veja, se você não entendeu ainda. Ou talvez tenha entendido.

    Você também quer saber onde disse que dinheiro não influencia a política. Então lá vai, para lhe poupar o trabalho de reler seu comentário: “Se ele provar por a + b que tudo é verdade, ainda assim isso não leva ao questionamento das matérias de cunho político”. Claro, claro.

    Cortina de fumaça para encobrir as besteiras do governo? Ainda essa conversa mole?Jornais e revistas melhores que a Veja já falaram cansativamente disso, redes de TV, o diabo. Inclusive dando furos verdadeiros, comprovando os fatos, coisa que a Veja não faz ultimamente. Aqui não se está criticando alguma matéria verdadeira que a Veja tenha publicado desancando o governo. Está se criticando o fato de a Veja usar mentiras para detonar o governo, se é que você não conseguiu entender ainda.

    Com base em quê eu digo que a Veja apoiou Collor? Kbção, você tem certeza de que era vivo em 1988,1989? A Veja foi o primeiro trampolim nacional de Collor, com uma capa antológica, coisa que você deve ter esquecido ou ignora. Quanto ao resto, faça o seguinte: compare as edições da revista ao longo do segundo semestre de 1989. Leia, especialmente, a edição que circulava em 15 de novembro daquele ano, data da eleição, preparada quando a eleição de Lula passou a ser um risco real. Traz os dois na capa. E não venha citar a entrevista de Pedro Collor para mostrar que a Veja “pegava nos calcanhares”. A Veja abandonou o barco multicor muito depois do reseto do empresariado paulista. Tentou dar sobrevida ao Fernandinho até a época do Marcílio Marques Moreira.

    (Engraçado que na época a Veja divulgou o suposto caso extra-conjugal de Rosane Collor de Mello. Mas recentemente publicou uma entrevista dela, claramente uma chantagem da moça de Canapi para ganhar uma pensão melhor, e aceitou sem perguntas a versão dela. Aceitou como verdade. Afinal de contas, quando a Veja mentiu? Em 1991 ou em 2007?)

    “O que é decadência pra você, não o é para os leitores da revista, uma das mais vendidas no mundo.” Kbção, fofo, nós não estamos falando de gosto musical ou literário. Estamos falando da capacidade de se ater aos fatos, de respeitar os critérios jornalísticos. Critérios objetivos são benvindos.

    Por isso, sobre aquele longo parágrafo sobre uma hipotética reportagem baiana, eu só posso dizer uma coisa: se você ainda não aprendeu a diferença entre boato e reportagem, não sou eu quem vai te explicar. E indício não é fato.

    Ah, aproveite para ler uma entrevista recente do Roberto Pompeu de Toledo na revista Imprensa. A revista está perdendo até o respeito de seus melhores colunistas.

    E sobre o texto que você me pediu pra ler: a moça é uma anti-petista histórica, é para levar a sério?

  17. (vou tentar ser mais conciso, os comentários estão ficando muito grandes…)

    Anda exagerando no bourbon? Esqueceu? O desafio apareceu quando você disse que a jihad anti-Veja seria mais antiga que o atual governo. Refutei e pedi que fosse atrás de declarações como as que são feitas pós-Lula. Só isso. Ah, ainda estou à espera das provas do Na$$ifra,,,Como você mesmo disse, INDÍCIO NÃO É FATO!

    Também continuo esperando que vossa senhoria aponte as tais mentiras da revista contra o governo…

    Sobre o Collor, Rafa, você quer o que? O cara desponta lá das alagoas, tinha carisma, caçava marajás (hehehe), tinha um plano de governo inovador e ainda por cima era jovem e bonitão. Resumindo, era um fato novo no cenário político. Será que isso não merecia atenção da revista? Bem sei que o cheiradão, com aqulea conversa mole toda atraiu os holofotes da grande imprensa. Até a vênus platinada, seu grande trampolim, entrou na onda e depois, juntas, ajudaram a depô-lo. Mas não lembro de defesa firme alguma.

    Quer critério mais objetivo para o sucesso do que o número de leitores. Tá bom, sei do que estás falando. Então voltamos, novamente, à questão-matraca, à pergunta que não quer calar: cadê a lista de mentiras da revista contra o governo operário? Sim, lerei a entrevista com o RPT.

    Olha, qualquer estudante de 1º ano de direito sabe que indício não é fato. Até mesmo uma prova mais contundente não pode levar à certeza plena. Agora, jornalisticamente falando, o indício pode sim ser fato. Repito: todas as acusações feitas pelo Na$$ifra estão ancoradas apenas em seu depoimento e em indícios. É aqulea velha história, dois pesos e duas medidas. Indício no cêú dos outros é refresco…

    Um boato pode levar sim a uma boa reportagem, ainda mais quando vem acompanhado de fortes indícios e de prova testemunhal…

    Rafa diz: “E sobre o texto que você me pediu pra ler: a moça é uma anti-petista histórica, é para levar a sério?”

    Kbção, retruca: Faça o que eu digo não faça o que eu faço… Eis aqui o Rafa Galvão infringindo o primeiro mandamento de …………..Rafa Galvão! Do alto de sua torre, bradava o mestre: atentem à mensagem, não procurem dequalificar o mensageiro (apesar de, na minha concepção, chamar alguém de anti-petista é elogiá-lo…). Eu, eu mesmo e Irene. Esquizofrenia. Ou, como está na moda, transtorno bipolar.É muita coerência…

    FM: escreve em sânscrito que é melhor de entender…

  18. “(vou tentar ser mais conciso, os comentários estão ficando muito grandes…)”

    Kbção,
    Vc não conseguiu.:(
    Continue tentando, tenha fé!!

  19. Macrocéfalo,

    O que eu queria da Veja em relação a Collor? Que a revista apurasse os fatos e visse o que era aquele governo. A começar pelo acordo mais lesivo já feito a um Estado, como aquele com os usineiros. Ou pelos esquemas de desvios de dinheiro. Ou pela putaria generalizada, coisa que aliás admiro no rapaz. Uma parte disso está no livro do Pedro Collor. Não sei se você lembra, mas Collor foi eleito governador em 86 pelo PMDB com o apoio da maioria dos partidos de esquerda, como PCB, PCdoB e outros. Todos abandonaram o barco de Collor rapidamente, porque a coisa tinha ficado feia. Não precisava jogarsuspeitas infundadas. Não precisava de matérias “etéreas”. BAstava fazer o seu trabalhocomo órgão de imprensa. A revista, ao criar o mito de caçador de marajás, deliberadamente deixou de lado informações simples, conhecidas de todos e facilmente apuráveis. É para isso que serve, afinal, o jornalismo. A história de todo o processo de criação do mito Collor, se não me engano, está no livro do Conti.

    Sobre as mentiras da Veja, o caso dos dólares de Cuba (e o dinheiro das Farc, lembra?) é exemplar. Você tem razão ao dizer que não era verdade absoluta, como eu tinha dito erradamente. Mas é assim que funciona. Você espalha uma mentira, não se compromete e não importa que seja desmentido, porque o que você queria fazer, jogar lama, já foi feito. O último capítulo do Nassif mostra como isso funciona. Quanto à perseguição “petista”, é justamente o contrário: me mostre mentiras da revista, ou matérias desse tipo “etéreo”, contra o governo FHC. Não há. Quem mudou não foram os outros, foi a Veja. É esse, desde o início, o problema.

    E eu ainda quero saber: sinceramente, você acha que o Nassif está mentindo? 🙂

    Quanto ao texto da moça, o problema é a história dela, sim. Ela não pensa de maneira clara sobre política. É emocional, como é emocional toda aquela classe média de Ipanema/Leblon. Só porque se achou patrulhada por militantes ou porque uns idiotas do PT bateram no carro dela, algo assim. É a típica indignação de fachada que leva o pessoal a fazer campanha pra Gralhas das Alagoas.

  20. Corrigindo FM de 14 de fevereiro de 2008.

    Post, quando se trata de informática, também, significa debate, ou mensagem que foi mandada para um grupo de discussão. Se seu inglês é limitado, não fique corrigindo os outros.

  21. De fato, Laura, não consegui. Acho que agora vai, baixou um cabôco de Graciliano Ramos em mim:

    Rafa, pra quem mora num estado vizinho das Alagoas, o cheiradão nunca foi pó que se cheire…kkkk Só que o pleiba conseguiu seduzir boa parte da grande mídia, não só a Veja. Até me parece que o Conti, cujo livro pretendo ler, diz que maior parte da culpa pela criação do mito foi dos próprios jornalistas e não uma ordem de cima.
    Quem começou a apurar os dólares das FARC foi a ABIN. Custa nada lembrar também que representantes da narcoguerrilha já foram oficialmente recebido pelo governo petista do Rio Grande.
    A matéria dos grampos do Mendonção deixou muita coisa no ar, era etérea que só…
    Ainda espero que o Na$$ifra suba um degrau além da especulação/insinuação e mostre um conjunto probatório de maior estofo.

    Abç

    P.s: acho que melhorou, né Laura?! hehehe

  22. A “cruzada anti-Veja” começou com a popularização da internet. Antes, muita gente criticava, mas dentro das rodas limitadas dos círculos físicos, ou dentro de outras publicações – limitadas a quem tinha acesso à redação. Hoje, se você falar uma besteira, milhares de pessoas guglam pesqisas do assunto e divulgam suas asneiras em blogs e emails. Ponto. O bate-bola é imediato e as idéias são postas à prova instantaneamete.

    A longo prazo, ou a Veja muda, ou acaba. Colocar a questão como “lulismo” ou “psdbismo” é bobagem, de um simplismo insuportável.

    Outra coisa insuportável é a incapacidade de as pessoas discutirem um assunto sem apelarem para o viés político. TUDO agora tem que ser contra ou a favor do Governo? Será possível analisar a questão dos cartões corporativos pelo ponto de vista da falta de controle inerente ao monstro que é a administração pública? Toda cagada tem que ser resultado de um complô de alguém para esvaziar os cofres?

  23. Kbção,

    É…
    Bem…
    Veja bem…você é um garoto esforçado…
    Continua tentanto… continua tentando..tenha fé..tenha fé.

  24. Concordo com quase tudo que Rafael Galvão disse no texto. A Veja não é uma revista imparcial, ela tem um “bias”, claro, mercadista, já que ela sobrevive graças ao mercado. Dito isto, preciso reconhecer que vez ou outra ela acerta a mão em algumas reportagens.

    Só acho curioso que Galvão se esqueça de falar sobre as motivações de Nassif e as de si mesmo… afinal, não estão vocês falando das motivações de Veja e, pois, de seu mau jornalismo? Nassif mesmo já fez press release na Folha, em sua coluna, da Brasil Telecom, onde trabalha hoje (iG). Não está ele atendendo a interesses?

  25. Pois é, eu também estou esperando provas concretas do Sr. Nassif. Até agora o que ele tem publicado são ilações, análises subjetivas e informações de fontes que permanecem no anonimato. Prova ou evidência que é bom, nada.

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