Vi num post compartilhado pelo Doni que o STF está julgando a continuidade ou não da Lei de Imprensa, esse pequeno absurdo jurídico perpetrado pela ditadura e que continua até hoje. É a lei que, entre outras coisas, tornou necessário o porte de diploma para o exercício do jornalismo.
Aqui e ali as pessoas se pronunciam contra ou a favor do diploma. O André Forastieri, por exemplo, usa o seu próprio exemplo para se posicionar contra. O Sergio Leo, por discussões antigas, eu sei que é a favor.
O grande problema dessa discussão é que ela é atrasada e ineficaz. Já há algum tempo, essa lei estúpida tinha sido tornada redundante pela própria evolução do capitalismo na Brasil. E isso não começou com a ascensão da internet e o surgimento, por enquanto ainda embrionário, do jornalismo cidadão. É um processo mais antigo e consistente, que vem da própria evolução da sociedade brasileira. Já há muito tempo esse aspecto da Lei de Imprensa havia sido superado pelas leis de mercado.
Mesmo assim sobram os equívocos na defesa da lei — e talvez não pudesse ser diferente, porque é difícil defender uma lei equivocada. Um dos mais comuns é justificar a exigência de diploma pelo caráter desejável do ensino superior de jornalismo. É um equívoco porque uma coisa não é sinônimo da outra. É tão simples que chega a doer: pode-se ter ensino universitário de jornalismo sem a exigência do diploma para o exercício da profissão — como aliás ocorre em praticamente o mundo inteiro. Um dos argumentos mais fracos em defesa dessa lei é aquele que prega que, sem a exigência do diploma, as escolas de jornalismo — e aqui não vai nenhum juízo de valor sobre sua qualidade — vão fechar.
A esta altura, não são exatamente comuns casos como o do Ancelmo Góis, que chegou ainda menino na redação da Gazeta de Sergipe e foi aprendendo com a prática e com a orientação de gente boa como Zé Rosa e o grande (e digo isso não apenas porque é um amigo) Ivan Valença. Os garotos hoje decidem que vão ser jornalistas muito antes de estarem aptos ao mercado de trabalho, e é natural que nesse meio tempo entrem em uma faculdade para irem aprendendo o que podem. Bem ou mal, o ensino universitário é hoje mais acessível do que há 40 anos, quando apenas 1% dos brasileiros chegava ao ensino superior.
Além disso, todo o discurso preparado em cima da questão do ensino universitário é exagerado. No fim das contas, reportagem é ver e contar o que viu. Não é preciso ler Deleuze de cabo a rabo para aprender como fazer isso — na verdade, e sem desmerecer (pelo menos não totalmente) o arcabouço teórico que os cursos de jornalismo utilizam para justificar sua existência, é a prática que forma os repórteres. Quanto à capacidade de interpretar e analisar a realidade, outra área do jornalismo, talvez um curso de história ou economia fosse tão válido quando o de jornalismo. Ou mais. E com franqueza: alguém tem visto no cotidiano dos jornais algo que dê ao menos um vislumbre de tanta erudição dos jornalistas?
Esse equívoco é generalizado. Numa discussão sobre mudanças no curso de jornalismo propostas pelo Ministro da Educação, o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, Sérgio Andrade, se perguntou: “Um advogado vai estudar cinco anos, se formar, estudar jornalismo por mais dois anos e entrar em uma redação para ganhar R$ 1,2 mil, subir morro e levar tapa de bandido?”
Não, não vai. Só vai ser jornalista quem acha que tem vocação para isso — e esses normalmente entram em um curso universitário aí pelos 17 anos de idade. E é esse o nível da competição que os jornalistas vão enfrentar. Pode-se citar como exemplo análogo a publicidade, atividade com algumas semelhanças com o jornalismo. Não se exige diploma nesse ramo. Mas hoje em dia não há mais novos publicitários que não tenham passado por um curso de publicidade. Não foi uma lei que fez isso: foi o tempo e o progresso. E a concorrência. Mercados costumam ser mais ágeis que leis, ainda mais quando empurradas goela abaixo de um povo por ditaduras. É isso que os defensores da obrigatoriedade do diploma não entendem, porque estão empenhados em cartorializar a sua profissão e defender de maneira boba uma lei que, em seu tempo, representou um golpe pesado na liberdade de expressão no país.
É simples: a Lei de Imprensa, nesse sentido, é redundante, obsoleta e desnecessária.
Ainda que se parta do princípio de que a Lei, em algum momento, defendeu a categoria dos jornalistas, seu grande problema hoje não é o que ela inclui e permite, é o que exclui e proíbe. Por exemplo — e usando o sujeito apenas como modelo hipotético, porque ele está bem satisfeito com sua cadeirinha lá em Nova Orleans —, não custa lembrar mais uma vez o trabalho brilhante que o Idelber Avelar, com formação em Letras, fez na cobertura dos ataques israelenses à Palestina, no final do ano passado. Pela inteligência, pela capacidade de análise, pela cultura geral, o Idelber seria certamente melhor jornalista do que 80% dos repórteres brasileiros — e duvido que qualquer defensor da Lei que conheça o cotidiano das redações diga o contrário. No entanto pessoas como ele não podem ser jornalistas. A essa altura do campeonato, isso não deveria mais importar. Do ponto de vista geral da profissão, não faz diferença se uma pessoa talentosa e capaz se torna jornalista sem ter passado por um curso.
Além de tudo isso, a Lei de Imprensa sempre foi uma grande estupidez. Pela sua origem ditatorial, para começar; pela sua singularidade em um mundo que não costuma exigir diploma de jornalismo porque não vê necessidade; pela cartorialização de uma atividade econômica; e pela sua sobrevalorização — diploma não é prêmio para ninguém: é uma defesa da sociedade e, sendo o mais sincero possível, algo desnecessário na atividade jornalística. Diploma é fundamental para médicos e engenheiros, sob cuja responsabilidade estão diretamente as vidas de pessoas, e não para repórteres que não vão publicar nada sem que seus editores e patrões permitam. A fraqueza desse tipo de argumento sempre esbarrou na inexigibilidade de diploma para outras funções importantes em jornais, revistas e TVs, como fotógrafos, cinegrafistas e diagramadores. Mas repórteres, talvez reflexo do bacharelismo que é um traço típico brasileiro, sempre se viram acima deles, mesmo quando a evolução da indústria jornalística aumentou a importância desses outros setores.
Há outros aspectos curiosos nas defesas que se fazia da exigibilidade do diploma. Sindicalistas me diziam que a exigência de diploma garantia melhores salários. Era mentira. Basta ver os salários de publicitários, que mesmo sem a exigência de diploma sempre foram consistentemente mais bem pagos que jornalistas. Além disso, jornalistas valorizavam sua própria profissão falando de qualidade e coisa e tal — mas o diploma, por si só, nunca garantiu isso. O Última Hora, o Jornal do Brasil e a Folha de S. Paulo formados por não-graduados, entre os anos 50 e 60, tiveram mais importância na história da imprensa brasileira do que qualquer um posterior à lei tão defendida por jornalistas. Claudio Abramo não era formado em jornalismo. Nem Mino Carta. Nem Alberto Dines. Nem Carlos Castelo Branco. Nem… Ah, já deu para entender.
Outro problema da lei é que ela já há muito tempo não garante vantagens para jornalistas, deixando mais claro o que sempre foi, um apêndice esdrúxulo de um regime de exceção. Não há reserva de mercado nem garantia de salários — nem mesmo de, vá lá, “qualidade” — quando acampadas às portas de cada redação neste país há legiões de recém-formados topando qualquer negócio em troca de uma primeira chance. Em Aracaju as universidades despejam, por ano, mais jornalistas do que há empregados em redações. Não deve ser diferente no Rio de Janeiro ou em São Paulo. Claro que há o piso salarial dos jornalistas, mas se para conseguir isso um sindicato precisa de uma lei específica, então as coisas estão piores do que eu sempre imaginei. Agora só falta condicionarem a própria existência do sindicato a uma lei que os proteja. A múmia de Lênin, coitada, está se revirando em seu mausoléu.
Aliado a tudo isso, há a decadência do próprio jornalismo, em um processo que, agora sim, a internet acelerou. A grande diferença é que hoje a sociedade tem mais meios para fiscalizá-lo e corrigi-lo. E são esses meios que talvez estejam condenando a indústria jornalística ao seu fim.
É diante desse cenário que o STF resolve discutir uma lei que não faz sentido. Se decidir contra a exigência do diploma para o exercício do jornalismo, tomará uma decisão atrasada que não vai mudar em absolutamente nada a rotina das redações. A imprensa vai continuar a dar preferência a jornalistas formados porque eles em geral são mais bem qualificados para a profissão. E vai continuar enfrentando o possível fim de sua era, que começou há cerca de 150 anos e que agora parece estar sendo superada. O jornalismo como o conhecemos enfrenta hoje problemas muito maiores que a permanência ou não de uma lei que nasceu errada, e que hoje sequer funciona.
Não é porque a questão já deveria ter sido discutida que o stf deve deixar de lado. Isso é, no fundo, dizer que deve-se largar de lado as leis cuja a sociedade em si acredite ser obsoleta e aceitar o que todos entendem como certo na prática. Daí para essa postura ser adotada em relação a Leis novas é um pulo. Logo, tem Lei que “pega” e outras que não. Por isso, é importante que haja a discussão, afinal o processo democrático por si só é lento.
Acredito que a sua idéia era dizer que não haverá mudanças. Também achava isso, mas mais por puro protecionismo de classe. Só que é difícil pensar que os comandantes de veículos irão se apegar tanto no diploma, quando é praticamente um consenso que não se precisa dele para ser um bom jornalista. Exemplos para o contrário também não faltam. Com os canais alternativos proliferando por aí aos montes, os portfolios de quem não tem diploma são mais fáceis do que antigamente.
Vamos ver.
Abraços,
Rafael, não quero questionar a Lei de Imprensa, que é matéria desconhecida para mim. Não questiono a qualidade profissional de toda uma categoria. No entanto, algo me soa muito mal quando ouço de profissionais respeitados que é desnecessário receber treinamento formal para se excercer o jornalismo.
Minha experiência pessoal é de passar treze anos recebendo ensino formal, em graduação e pós-graduação, para exercer minha profissão. Não suficiente foi a formação teórica. Sem a prática diária, não haveria consolidação e desenvolvimento no que hoje eu posso chamar de meu ofício. Mas ninguém me jogou no meu teatro de operações sem qualquer arcabouço teórico, sem nada onde eu me sustente a não ser a opinião de um editor ou o palpite dos mais velhos. Diga-me, ser jornalista é simples assim? Entra-se no jornal, vê-se o jornalistão trabalhar e soma-se à própria ignorância o cacoete dum, o erro de outro e o acerto de um terceiro? É assim que se faz? Uma construção orgânica, aleatória, um pouco como um aprendiz da Idade Média? Nem digo que Deleuze seja necessário (apresente-me o homem), mas um pouquinho de História, Economia, Filosofia, Sociologia, Teoria da Comunicação? Nada? Nadinha? Esclareça-me sobre isso, se possível, estou perdido depois de ler seu post.
Diploma para jornalista é ão relevante quanto pra publicitario… totalmente dispensavel. O que faz um bom comunicador nao sao algumas teorias. Problema eh que o fim da exigencia desse diploma faculdades de todo o pais vao perder parte dessa mina de ouro que eh o curso de comunicação social.
Eu sempre disse que para ser jornalsita voce nao precisa diploma, precisa ler muito e ter senso crítico… e senso crítico faculdade nenhuma consegue ensinar.
Cassio,
Eu é que não entendi o seu comentário. O que eu disse que é a discussão é atrasada porque hoje jornalistas passam pela faculdade por razões de mercado, e não por causa da lei.
Além disso, acho que você não leu um trecho logo no início do post:
O erro, na minha opinião, está na mania que os defensores da obrigatoriedade do diploma de condicionar a exigência ao curso.
Quanto às matérias que você citou, até onde eu sei a maioria delas não são exclusividade do curso de jornalismo — aliás, são secundárias na grade curricular do curso. De novo, acho que você não leu o post direito:
Mas no final das contas, ser jrepórter é mais simples do que querem fazer crer, disso eu tenho certeza. Pelo menos foi para gerações inteiras de gente que não se formou em jornalismo e mesmo assim fez revoluções importantes na imprensa brasileira, como aqueles que citei nominalmente. É até hoje para fotógrafos, diagramadores e etc. E, acima de tudo, é para a maior parte dos jornalistas do resto do mundo, onde o diploma não é obrigatório.
Eu acho que foi um dos diretores da FENAJ que disse o assustador número de que há umas QUATROCENTAS escolas de jornalismo país afora. Convenhamos, isso é um desastre social de larga escala. Não há espaço nem para uma fração deste pessoal, mesmo considerando assessoria de imprensa(Que invade a area de RP, aliás).
A obrigatoriedade do diploma é ruim justamente porque cria a ilusão de garantia de emprego, que não existe. Justamente para acabar com essa mina de ouro que o fim da obrigatoriedade é necessária.
O problema da obrigatoriedade é que jornalista, em tese, não precisa da mesma formação. Muita gente se beneficia de um diploma na area de jornalismo, mas para publicações de opinião como National Review ou a The Nation(Ou, vá lá, a Novos Amigos) um diploma de ciências sociais ou de ciências políticas faz mais sentido…
André,
Eu concordo com o segundo comentário, embora lembre que colunas de opinião são livres na imprensa e, se não me engano, não é necessário ser formado para isso. Mas não tenho certeza, um jornalista poderia informar melhor. De qualquer forma, acho que para muitas áreas investigativas talvez — talvez — seja mais interessante alguém com conhecimento mais profundo na área.
Quanto ao segundo, bem, é um fato e não vejo muito sentido em brigar com fatos. Onde há procura, há oferta. O que o tal diretor queria? Que acabassem as escolas? Eu acho isso meio complicado.
Quanto à assessoria de imprensa, é para lá que vai, hoje em dia, a imensa maioria dos formados em jornalismo. Eu só queria saber pra quê tanta formação para escrever releases. 🙂
@cottonboy
cottonboy,
sou professor universitário (não de jornalismo), e a única coisa que ensino é ter senso crítico.
Acho ruim regulamentar demais, colocar muitas regras. O mercado de trabalho é muito dinâmico, ninguém sabe como vai estar daqui a 10 anos. Se precisar de curso superior para tudo, daqui a pouco vamos estar como na Alemanha, em que o sujeito com 40 anos é demitido, seu ramo de trabalho desapareceu e ele tem duas opções: se aposentar com salário proporcional ao tempo trabalhado ou fazer um novo curso superior e começar nova profissão (adivinha qual opção é mais escolhida?). E lá até cabeleireiro precisa do diploma.
Também acredito que está na hora de começar a desvincular o diploma do mercado de trabalho. Tem muito engenheiro trabalhando com vendas ou administração, muito jornalista fazendo política, muito bacharel em direito trabalhando em repartição pública, etc. etc. etc. Ninguém precisa de ir à escola para aprender uma profissão e conseguir desempenhá-la bem. Vamos à escola por outros motivos. Tudo que se aprende de teoria numa faculdade também pode ser aprendido em casa, lendo livros.
Interessante comparar jornalismo e publicidade. Nos jornais e revistas de hoje está cada dia mais difícil separar o que é jornalismo e o que é publicidade.
No fim das contas, a lei serviu apenas para exercer um controle mais efetivo sobre a informação circulante. Por isso está tão obsoleta. Se o STF não sepultá-la por incoerência com a Constituição de 1988, seria o caso de iniciar uma discussão dessa lei no Congresso (mas esse aí está mais incapaz que o STF).
Rafael,
Vou imprimir seu post e grudá-lo na parede da faculdade.
Semana passada apenas disse que não era contra, nem a favor, mas que via o diploma como algo dispensável e a sala inteira, incluindo a professora, queriam minha cabeça numa bandeja!
Um abraço!
André, o que eu quis dizer é que Senso crítico não é uma coisa que se aprende em duas horas por dia de uma materia de faculdade. É consequencia de um exercício de raciocinio continuo e diário sobre determinado fato ou ação onde a reflexão se faz necessária antes de se tomar uma posição sobre aquele fato ou ação.
Acho louvável seu esforço para tentar “ensinar” (não sei se ensinar é o termo certo para essa questão) uma pessoa a ter senso crítico. Mas a pergunta é, quantos dos seus alunos já tinham este senso crítico antes de irem por um periodo em sua aula e quantos levam esse pensamento para alem do toque da sirene indicando o final da aula?
Entende?
Quanto a questão da regulamentação. O CONAR surgiu na época da ditadura para regulamentar a publicidade brasileira (os publicitarios pensaram… antes que o governo tente nos regulamentar, vamos nós mesmos nos policiar) e é vigente até hoje. Não creio que regulamentação seja algo ruim ou limitador de fato. Mas a exigencia de diploma é completamente desnecessária.
Caríssimo, pego os argumentos do Cassio aí em cima, para enfatizar uma coisa: só na escola de jornalismo você terá oportunidade de discutir criticamente o que se faz nos jornais, e preparar os garotos para enfrentar cacoetes e visões preconcebidas de jornal que só atendem ao interesse de quem manda na empresa. O jornalista é um especialista em discursos, aplicados à interpretação dos fatos, sujeita a prazos e limites mais apertados que os acadêmicos. O idelber daria um excelente articulista de jornal, e um péssimo repórter, pela maneira com que exclui, liminarmente, visões contra as quais se contrapõe. O jornalista tem de ser, por definição, mais humilde, ainda que a maioria não o seja.
Ah, mas as escolas são uma bosta e não ensinam nada disso. Certas escolas de medicina e de direito também são uma caca, e nem por isso você defenderia o fim da obrigatoriedade do curso para exercício da profissão de médico e de advogado.
E te garanto, falacioso é esse argumento de que as empresas podem perfeitamente substituir as universidades na formação dos profissionais : com uns anos num hospital ou num escritóriod e advocacia, qualquer pessoa bem dotada de intelig~çencia praticaria uma medicina ou o direito tão bem quanto a maioria dos profissionais com que nos deparamos na vida.
Tive uma namorada que, com seis meses de curso ainda estava aprendendo onde ficam direito os órgãos do corpo humano) ajudou o tio numa histerectomia.
Minha pergunta, nesse debate é: a quem interessa o fim do diploma? À sociedade porque ele permitirá às empreass recrutar gente mais qualificada? Quaqua. O mesmo argumento que apknta a má qualidade das redações para descartar as escolas de comunciação se aplica a isso. Há muito jornalista qualificado fora de jornal. Se as escolas não são melhroes isso se deve, em aprte ao fato de que estduabntes e professores se unem num pacto de mediocridade como em grande parte da Universidade brasileira, especialmente na área de humanas; um dia, em vez de cobrar o fim do diploma, pessaos inteligentes como você encontrarão uma maneira de cobrar uma formação decente aos jornalistas _ e não vai ser tornando dispensáveis as escolas e a formação específica para o jornalista que se vai conseguir isso.
Não foi a exigência de formação profissional que execeu controle da informação circulante. Isso é uma balela das emrpeas para enganar otário. Os jornais podem publicar quem quiserem nas páginas de opinião. E algumas empresas adorariam ter um exétcito maior de mão de obra de reserva para expurgar mais facilmente das redações os jornalisats que aproveitaram direito seus cursos de jornalismo.
Quem não entende a necessidade de obrigatoriedade da formação específica para jornalista fica assim mesmo, achando que publicitário é a mesma coisa. Acaba trabalhando, mal, em alguma assessoria de imprensa.
Rafael, obrigado pela resposta ao comentário. Mas, como você mesmo me diz, eu não leio direito. Sou lento, preciso perguntar mais uma vez, como aquele aluno atrasado na escola, que todo mundo olha com pena ser tão pateta.
Em sua resposta, você cita que jornalistas não-diplomados fizeram revoluções antes da obrigatoriedade do diploma. Bem, poderíamos considerar que isso é válido para qualquer disciplina da área de ciências humanas, antes que surja massa crítica suficente para justtificar uma formação. Tentei buscar alguns exemplos de gente que fez bem seu trabalho sem diploma. Só achei em ciência sociais. Não consegui encontrar engenheiro sem formação, arquiteto sem estudo, médico prático ou dentista tira-dentes de uns cem ou duzentos anos para cá.
Talvez, ainda, por eu ser mau leitor, não vejo onde, em meu comentário, eu tenha escrito que há relação obrigatória entre o exercício do jornalismo e obtenção de “diploma”. Relatei uma experiência pessoal de formação que é compartilhada por inúmeros colegas de classe e que resulta, por fim, num pedaço de papel chamado diploma. O diploma em si é secundário, a última vez que o vi faz tempo. O que importa é o suor para chegar até ele e tudo que se aprende lendo, lendo e tropeçando. E é muito mais simples de trilhar o caminho do conhecimento, com menos tropeços, com um corpo de conhecimentos estruturado e pessoas dispostas a guiá-lo.
Entendo que há um certo romantismo, um certo idealismo juvenil em dizer que para ser um bom jornalista basta escrever bem e ter senso crítico. Responderia que dito “escrever bem” é uma técnica bastante conhecida que pode ser pessoalmente aprimorada até que se chegue a algo chamado “estilo”. A quantidade de talento pessoal em escrever de cada um é que diferenciaria o bom texto do ótimo texto. Mas até para técnica e talento tem limite. Eu nunca vou ser Dostoievski, e Dostoievski não fez oficina de redação. A maioria dos jornalistas, se depender puramente de “escrever bem”, também não.
Já em relação a ter senso crítico, isso não deveria ser uma característica de qualquer adulto frente ao mundo? Ou deve ser uma característica dos jornalistas, exclusiva e excludente? Rafal, queira observar, acho que você desviou-se de minha pergunta: no final das contas, não precisa de nada, nadinha de ensino formal, para ser um jornalista?
Rafael,
Também sou jornalista, mas nunca tive o menor temor com a “não obrigatoriedade” do diploma para o exercício da profissão. Nunca achei, que na nossa área, o diploma definisse um bom ou mal jornalismo ou jornalista. Reserva de mercado, salários ruins, falta de ética, parcialidade, qualquer pessoa escrevendo para jornais e revistas, jornalismo tendencioso, etc… Não vejo no diploma a solução para essas questões. Infelizmente, acho que tem muita coisa errada que precisa ser repensada. Quem sabe não seja o começo?
Niemeyer não é arquiteto formado, e tive de ciontartar um mestre de obras para consertar a estupidez de um engenheiro formado na estrutura de minha casa, que, se fosse seguido o projeto do cara com diploma, teria caído (já estava rachando).
A medicina tradicional condena médicos homeopatas e acunpunturistas, o que não impede que certas moléstias sejam mal tratadas por receitadores de antibióticos com diploma e curadas mais eficazmente por esses caras sem diploma (homeopatas têm diploma, minha cunhada cursou medicina e depois se especialzou; ams nem todos).
As pessoas que atacam a formação profissiional especializada obrigatória para o jornalista não percebem que estão jogando no time dos que querem reduzir o jornalismo a um trabalho de técnico mal formado subserviente. Muita gente acha que está defendendo o direito de especialisats se pronunciarem nos jornais. isso é falso. Os especialisats já têm artigos, colunas, espaço de sobra. O rep´porter, o cara que vai ent6revistar especialisats (um dia está falando com médicos, no outro cok economistas), por definição não deve ser um especialista ele também. Se for sério, vai buscar instrução, informação, estudo. Mas o que ele aprende e tem de aprender é jornalismo. E isso está na Faculdade. E é bom que seja exigido do cara que trabalha em jornal como repórter ou editor essa formação.
Aacabar com a obrigatoriedade do dploma nãor esolve nenhum dos problemas hoje apntados nos jornais. cabe ´perguntar: a quem interessa, e por que o fim da exig~encia de formação específica universitária obrigatória para o jornalista?
Assino embaixo.
Há um enbricamento entre Lei de Imprensa, Pártica profissional e Formação superior.Precisa rever o curriculum. Pq do jeito qu está, é um curso técnico furreca e sem estágio, sem produção literária. O cara sai com diploma, se achando o melhor jornalista do mundo. Não tem base teórica, não se firma na história nem configura o processo de comunicação com o processo educativo e emancipatório. Para aprender a escrever nota, filmar num sei o que, minha empregada que ainda nem tem segundo grau, faz isso, domina a internet e reporta tudinho ..Concordo que para exercer a função é preciso ter diploma de nivel superior, mas será que o curso de jornalismo atende?
Jornalista é, quem tem produção intelectual e literária pra tal, quem exerce profissionalmente, depende ainda de talento, carisma, enfim..não pode ser uma profissão meramente técnica como meedicina, engenharia, etc. Falamos de exercer e defender a liberdade de expressão, comum a qualquer cidadão.Os grandes jornalistas do pais são também advogados, economistas, professores, etc…Não me conformo com a ideia de que um professor, mestre, doutor,de qualquer área, com larga produção literária, que estuda em seus curriculuns de forma transversar todo o processo comunicacional, não possa assinar uma reportarm, um artigo, entrevistar alguém, se está totalmente equilibrado para isso. Umc ara que esecreve tese, dissertação, foruns..e por aí vai. Oua queles que mesmo não tão amplamente formados, tem o dom da escrita, da fala, do perfil para a tv. Defendo o conhecimento técnico-científico para exercer qualquer profissão. O jornalism o não foge disso, mas deveriamos encarar que esta função como multicultural, multirreferencial…essa defesa cartorializada é pobre, tão pobre quanto deixar de publciar algo so pq falta um ciploma.
Sérgio Leo, Oscar Niemeyer é engenheiro-arquiteto formado em 1934 pela Escola Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro.
JORNALISTA FABRICADO PELO NEOLIBERALISMO: ESTAMPA DO IRRACIONALISMO ECONÔMICO
João dos Santos Filho?
Que desculpem os jornalistas que são contra a obrigatoriedade do diploma profissional, mas vim para somar, com aqueles que entendem ser a regulamentação da profissão de jornalista e a exigência de diploma específico de curso superior de jornalismo instrumentos de fortalecimento sindical. Lutar por uma categoria unida, coesa, mas rica de opiniões diferentes profissionalmente dá credibilidade ao profissional, alimenta e fortalece a liberdade de imprensa contra os interesses de grupos econômicos.
Mas entendo que a discussão vai além do simples embate, entre ser contra ou a favor do diploma de jornalista, o que devemos clarificar é quais os fundamentos teórico-filosóficos que sustenta a idéia irracionalista, que pretende forçar no Brasil por meio da mão do Supremo Tribunal Federal em adotar um processo de desregulamentação de todas as categorias profissionais.
O pressuposto que permite compreender o processo de regulamentação da profissão de jornalista é histórico e produto de lutas pelas liberdades democráticas e de expressão. Localiza-se no interior da luta de classes, espaço no qual estão concentrados os interesses das elites preocupadas em prevenir e até reprimir qualquer projeto político que contribua para ampliação da estabilidade legal da força de trabalho, como é o caso da não obrigatoriedade do diploma para jornalista.
O Estado neoliberal atua na defesa inconteste do movimento de desregulamentação em todos os níveis das atividades de trabalho, como também faz uso da ação privativista, que contribui para o aparecimento de posições contrárias à obrigatoriedade do diploma. O neoliberalismo busca incessantemente destruir, limitar ou impor mudanças cada vez mais restritivas aos princípios legais trabalhistas, exigindo a abertura da economia nacional ao capital multinacional, privatizando as empresas de serviços públicos, cortando gastos, terceirizando serviços, demitindo a força de trabalho, eliminando subsídios e impondo a desregulamentação das relações de trabalho, na qual a não exigência do diploma de jornalista é uma delas.
O discurso irracionalista, caracterizado por utilizar como base o idealismo anticientífico, negando a força cognoscitiva da razão e lançando mão do senso comum. A característica deste discurso despolitizante e alienado é negar a importância do coletivo e privilegiar a individualidade como capaz de mudar a sociedade. Se observarmos com atenção, a prioridade teórica dada para o entendimento dessa sociedade baseia-se no desprezo à racionalidade e no apelo de base existencialista que sedimenta o pensamento neopositivista. Para combater qualquer tentativa que fortaleça o profissional jornalista de formação universitária, para isso, apropria-se da construção gramatical balizada no senso comum e no escracho, que tem suas raízes no campo do neopositivismo. Como podemos perceber no comentário infeliz do presidente do Supremo Tribunal Federal ao se referir na defesa da não obrigatoriedade do diploma de jornalista, comenta:
Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área. O Poder Público não pode restringir, dessa forma, a liberdade profissional no âmbito da culinária. Disso ninguém tem dúvida, o que não afasta a possibilidade do exercício abusivo e antiético dessa profissão, com riscos eventualmente até a saúde e à vida dos consumidores.
Os neoliberais consideram que os processos reguladores que juridicamente formam o corpo legal do mundo do trabalho são constituídos de instrumentos disciplinadores da força de trabalho e necessitam ser constantemente mudados. Pois devem ser flexibilizados (em favor do Capital) no campo da empregabilidade, pois alegam que as mesmas dificultam que o Capital ganhe agilidade necessária para acelerar o processo de mais-valia. Por isso, entende que toda e qualquer tentativa legal existente devam ser consideradas desnecessárias e ultrapassada para isso utiliza o discurso despolitizante, infantil e re-argumenta sua fala com base na “qualidade total” como resposta imediata assume a postura da ideologia do pragmatismo.
A defesa intransigente pela desregulamentação refere-se à implementação de um Estado que se planifique amparado por um conjunto mínimo e restrito de leis que garantam os direitos de submissão entre Capital e trabalho, o que ocasiona o fim dos direitos sociais garantidos no chamado Estado de Bem-Estar. É o fim das garantias trabalhistas, da estabilidade no emprego e dos ganhos de produtividade da representação sindical no interior das fábricas, como bem argumenta o pesquisador José Paulo Netto, ao se referir ao modelo econômico capitalista neoliberal em que as características:
[…] que está concentrada a essência do arsenal do neoliberalismo: uma argumentação teórica que restaura o mercado como instância mediadora societal elementar e insuperável e uma proposição política que repõe o Estado mínimo como única alternativa e forma para a democracia (PAULO NETTO, 1993: 77).
Os neoliberais argumentam aos brados que outras profissões não são regulamentadas e o profissional está inserido no mercado por sua competência, portanto não há necessidade de nenhuma formatação jurídica (por isso nega a necessidade do diploma), mas, sim, de pessoal qualificado capaz de garantir seu mercado de trabalho.
Há ainda os mais obedientes aos ensinamentos do neoliberalismo, aqueles que afirmam que a regulamentação da profissão limitaria o nosso campo de trabalho, deixando de lado atividades que poderão surgir e que necessariamente fugirão a nossa amplitude regulamentada. Conclusão sem nexo lógico e simplesmente força de uma construção gramatical de base no senso comum.
Enquanto essas questões vão ocorrendo, as lutas sindicais vão sendo retardadas; os profissionais fortalecem a visão equivocada de que conteúdo pedagógico e política são questões que devem ser tratadas separadamente e fora do âmbito das salas de aula. Essa cultura de separação entre o acadêmico e o político, foi sendo reforçada durante os vinte e cinco anos de Ditadura Militar. Amigos morreram por pensar diferente. Jornalistas foram caçados, exilados, torturados e mortos, pois sempre lutaram pela liberdade de poder aprofundar o senso crítico dos alunos, contra a Ditadura, a opressão e pela eterna liberdade de pensamento.
Por isso, jornalista, não se deixe levar pelas falas sedutoras daqueles que se dizem nossos amigos, mas, na verdade, lutam para que o jornalismo não amplie seu mercado de trabalho e não se reconheça como elemento transformador da realidade. Lutam para que nossa categoria não cresça e, sim, desapareça, pois na lógica dessas pessoas todos podem vir a contribuir, não necessitando de nenhum estatuto corporativo.
Diploma não é sinônimo de competência, mas sim de segurança para a sociedade que deve garantir a liberdade de expressão dentro de um código de ética pensado pela categoria diplomada e não pelas empresas jornalísticas. Portanto lutar pelo respeito ao piso salarial, contra a terceirização de nossa função e a pressão ideológica de grupos econômicos é declarar luta ao neoliberalismo, que deseja fabricar o “novo” jornalista informante e não formador de opinião.
BIBLIOGRAFIA
PAULO NETTO, José. Crise do socialismo e ofensiva neoliberal. São Paulo: Cortez, 1993.
NÃO ACREDITO QUE CURSOS SUPERIORES DE JORNALISMO, FAÇAM JORNALISTAS, PORQUE ACREDITO QUE NINGUÉM TORNA-SE JORNALISTA POR TEORIAS DE FACULDADES, UNIVERSIDADES,…ACREDITO QUE QUEM GOSTA E, CONSEQUENTEMENTE TEM UM DOM ESPECIAL (COMO UM BOM COZINHEIRO TAMBÉM TEM, SEM NECESSARIAMENTE TER SE FORMADO EM GASTRONOMIA, PARA TORNAR SE UM CHEF) , NO CASO, O JORNALISTICO, NASCE COM ELE. O QUE PODE HAVER, É UM APRIMORAMENTO, LAPIDAÇÃO DESSE DOM NATURAL COM TEORIAS, JÁ QUE O JORNALISTA NATO, É UM ESTUDIOSO ASSÍDUO.
O MÉDICO PRECISA DE TEORIAS PARA EXERCER SUAS FUNÇÕES, DENTRE OUTRAS FORMAÇÕES SUPERIORES, MAS DETERMINADAS PROFISSÕES, COMO O JORNALISTA, O ARTISTA,…NÃO DEPENDEM DE CURRICULOS DE NIVEIS SUPERIORES PARA EXERCER, DE FORMA BRILHANTE A PROFISSÃO PARA A QUAL JÁ NASCEU…ATÉ PORQUE TENHO VISTO DESEMPENHO HORRIPILANTES DE ESTUDANTES DE JORNALISMO, QUE NO MEU PARECER, NÃO TEM VOCAÇÃO. NADA IMPEDE QUE UM ASPIRANTE E AMANTE DO JORNALISMO QUEIRA UM NIVEL SUPERIOR EM SUA ÁREA, MAS O QUE É INADIMISSIVEL SÃO EMPRESAS FAZEREM EXIGÊNCIAS QUANTO A ISSO, PERDENDO A OPORTUNIDADE DE TER EM SEU QUADRO FUNCIONAL UM COMPETENTE PROFISSIONAL DEVIDO A FALTA DE UM SIMPLES PEDAÇO DE PAPEL, QUE NÃO GARANTE COMPETÊNCIA NO EXERCICIO DA FUNÇÃO!