Teoria da reciprocidade

Encontro a moça num elevador.

Bom dia, os olhos para baixo como é praxe em elevadores, aquele o que é que eu faço com as mãos, e então a voz da moça na frente: Como está sicrana? Eu me surpreendo, como ela sabe?, faz tanto tempo, e então ela diz, Eu sou fulana, morei perto de você em tal lugar, Ah, sim, claro, Fulana, agora lembrei, como você vai?, vinte e tantos depois eu não lembraria de você nem mesmo se o tempo lhe tivesse sido mais generoso, mas sei que vou lembrar em minutos, então não estou mentindo, estou apenas me antecipando a mim mesmo, pronto, lembrei.

Tchau, legal te ver, entro no carro pensando que o Gama é que é um sábio e é quem tem razão, o tempo é um fazedor de monstros, e essa moça há vinte e tantos anos era tão gostosinha, o que aconteceu com você, moça?, como o tempo lhe foi ingrato.

E é só então que a ficha cai.

Nesse exato momento, ela deve estar pensando a mesma coisa, e com ainda mais razão.

6 thoughts on “Teoria da reciprocidade

  1. Rafeal:

    Fica traquilo, talvez a vinte e tantos anos você não fosse uma gostosinha, então…

  2. o tempo é complicado, dependendo de quanto avançamos em nossa idade.

    há 10, 15 anos atrás, nenhuma menina ou mulher dava um puto por mim. hoje em dia a situação não mudou muito, mas os sorrisos espontâneos estão mais frequentes.

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