O túmulo do samba

Foi Vinícius quem disse que São Paulo era o túmulo do samba.

Se eu tinha alguma dúvida, sexta-feira passada ela foi dirimida completamente.

Eu vi o velório do samba. O defunto estava numa mesa, mal tocado e pior cantado. Pessoas em pé rodeavam a mesa, caladas, sérias, dando compenetradas um último adeus a esse gênero, velando aquele que tantas alegrias deu ao mundo, pelo menos no Rio de Janeiro.

(Traduzindo: uma roda de samba ruim como poucas, num lugar cujo nome leva Tabajara e que dizem ter sido idealizado por Mário de Andrade. Uma das sextas-feiras mais chatas que já se viu. Os únicos que se divertiam eram os que tocavam, provavelmente por terem perdido a vergonha.)

Saudades da Lapa.

6 thoughts on “O túmulo do samba

  1. Nunca fui à Lapa. Tampouco a muitos lugares que me fascinam. Nunca fui, mas sinto saudade. E saudade de algo que nunca vi é vontade. E por isso é mais bonita do que a saudade do que já se perdeu.

  2. Samba e a SP de hoje em dia não combinam, definitivamente… se bem que, no passado, SP produziu coisa boa: Demônios da Garoa, Adoniram (acho que era paulista), entre outros. Mas era um samba mais triste, quase chorinho. Mas vamos falar uma verdade: em SP não se toca “charm” nem “Funk”. SP não tem os extremos do bom e do mau gosto, como lá no RJ. :cP

  3. Triste comentário de Vinícius que acha que o Brasil é Ipanema. Pior é vê-lo reproduzido por cariocas e congêneres com dor-de-cotovelo de São Paulo.
    Quem diz que São Paulo não produziu bom samba, é porque não consegue olhar além da serra do mar que empareda o Rio.

  4. Ratificada por Caetano, essa expressão maldita, TÚMULO DO SAMBA, a bem da verdade serve perfeitamente para o RJ. que pode até já ter sido um reduto do samba num passado longínquo de Wilson, Geraldo, Noel, Silas e não caberia aqui outros nomes dos inúmeráveis gênios que outrora contribuíram para engrandecer aquele rítmo. Vá hoje ao Rio e procure uma casa tipo Tia Ciata ou uma autêntica roda de samba como das antigas junto às escolas de samba ou na Vila Isabel, Madureira, Estácio, Cacique de Ramos etc. Encontrará sim casas como o Carioca da Gema, entre outras igualmente boas mas, coisa para turistas. Que venham hordas de cariocas para ver em Sampa num sábado, por exemplo, mais de 40 feijoadas com samba ao vivo, dezenas de palcos abertos ao gênero, inclusive para os artistas do RJ que encontraram aqui o consumo do samba que já não existe na terra de Vinícius. Quem Bete Carvalho leva para seu shows principalmente fora do país? Eu digo: Quinteto em Branco e Preto, paulistas que prestam aqui assistência da
    melhor qualidade a todos os, ainda vivos, grandes mestre do Samba como Valter Alfaiate, Dona Ivone, Wilson Moreira, Nei Lopes e muitos outros que aqui vêm mostrar seus trabalhos. Pergunte a estes se não é a pura verdade. E isso é apenas um pequenino exemplo. Portanto, aquela frase infeliz do grande Vinícius é hoje inaceitável. São Paulo é verdadeiramente um refúgio e a grande Broadway para o Samba! Sejam benvindos!

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